Irmãs escrita por Garota de Capricórnio


Capítulo 10
Plano


Notas iniciais do capítulo

Depois de um longo período de pausa e falta de criatividade estou de volta, espero que vocês não tenham desistido de mim e nem da fic. Queria pedir desculpas por esse longo período sem postar e por deixar a fic sem novos capítulos, queria também informar que esse é o nosso penúltimo capitulo e que em breve trago novidades para todos vocês.
Agora que já pedi desculpas, vamos ao capitulo e boa leitura.
Vejo vocês la embaixo :)



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~I~

Eu não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que fomos presas novamente por Regina, tudo que eu sabia era que eu queria que tudo aquilo acabasse o mais rápido possível. A ruiva já tinha trocado de esconderijo três vezes nesse tempo e cada vez mais nos afastávamos da cidade e entravamos na mata, duas das casas que ficamos eram tão bem escondidas que só conseguia chegar ate elas quem já conhecia sua existência. Havia boatos de que em breve nos mudaríamos de novo, mas eu não sabia se era verdade, apesar de meu quarto não estar trancado como acontecia na mansão eu não sentia vontade de sair e dar de cara com as outras pessoas daquela casa, principalmente Manuela. Minha irmã se tornara a copia infantil de Regina, sempre seguindo a mulher de perto e participando de suas loucuras, a ultima delas foi pedir para que a chamássemos de mãe. Manu obedeceu prontamente e eu disse que nunca faria isso, o que me resultou em dois dias sem comida e água, eu preferia morrer de fome e sede a chamar aquela ruiva maluca de mãe.

Eu sentia que cada vez mais eu me afastava de Manuela, cada vez que ela vinha até meu quarto cumprindo ordens ou apenas para checar como eu estava eu percebia que a nossa ligação sumia e isso me matava. Todo o carinho e amor que eu imaginei que ela tinha por mim sucumbiram diante do meu jeito complicado de ser, eu perdi a minha irmãzinha e isso tirava todas as forças que eu possuía para poder bolar um plano para sumir desse lugar, tudo que eu queria era acordar no quarto que dividíamos na casa da nossa família do Vilarejo com ela tagarelando sobre o dia e me dar conta de que tudo que se passou foi apenas um pesadelo para me fazer enxergar que minhas atitudes egoístas me fariam perder o nosso laço.

Olhei para a janela percebendo que mais um dia chegava, mais um dia naquele inferno que parecia nunca ter fim. Sentei-me na cama e involuntariamente as lágrimas desceram pela minha face, nesse exato momento eu poderia estar em casa tomando café com a minha família, ouvindo minha mãe perguntar sobre os planos para o dia, sentindo o aroma delicioso dos bolos da Vó Nina, implicando com a Manu quando ela falasse do Joaquim e, talvez, a tia Helena aparecesse com o jeito doce dela chamando a gente para ver alguma coisa nova com os bichos. Eu sentia falta desses pequenos momentos, sentia falta de estar com a minha família, dos meus amigos, do Vilarejo, dos momentos incríveis que eu vivia naquele lugar que eu aprendi a chamar de lar. Escondi a cabeça entre os joelhos e deixei que as lágrimas levassem tudo aquilo de dentro de mim me apegando na esperança que algum dia aquilo teria fim.

~M~

Eu estava parada novamente em frente ao quarto de Isabela, podia ouvir os soluços de minha irmã e tudo que eu queria era entrar lá dentro e poder enxugar suas lágrimas e dizer que em breve tudo acabaria. Eu sabia que não podia colocar tudo a perder naquele momento, mas o sofrimento de minha irmã acabava comigo, ela parecia acreditar fielmente que eu a abandonaria daquela forma tão cruel e eu não entendia porque essa certeza pairava em sua mente, eu seria incapaz de fazer algo assim, apenas queria que Regina acreditasse que eu estava ao seu lado para poder executar meu plano sem constante vigilância. E eu consegui, eu só precisava de uma brecha para que tudo fosse findado e escaparíamos daquele inferno. Senti uma mão no meu ombro e congelei, não poderia ser pega quando estava tudo pronto.

—Menina você não deveria esta aqui – Vargas disse me encarando contrariado – Se fosse o Navarro ou a Dona Regina você estaria perdida.

Suspirei aliviada, o ex-capanga estava do meu lado desde o dia em que me pegou chorando em frente à porta do quarto de minha irmã. Desde então ganhei um companheiro que me ajudava a colocar meu plano em pratica e escapar das perguntas de Geraldo e Mauricio, aqueles dois estavam planejando dar a volta na ruiva e ela nem imaginava que logo teria um punhal cravado em suas costas.

—Eu sei, mas eu não aguento mais escutar os soluços dela sem fazer nada – ele me olhou compreendendo meu sofrimento – Eu não suporto mais essa situação.

—Se acalma e vamos descer, a ruiva quer você lá embaixo para tomar café em família – revirei os olhos e ele riu – Nossa sorte foi que ela me mandou vir atrás de você.

—Coloca sorte nisso meu caro amigo.

Afastei-me acompanhada do único amigo que eu tinha naquela casa e com a sensação de que hoje seria um dia diferente dos outros. Desci as escadas com a mascara da felicidade estampada no rosto e encontrei todos me esperando na mesa.

—Teve uma boa noite de sono filha?

—Sim, mãe – eu tinha que controlar minha cara de desgosto ao dizer aquelas palavras – Eu sonhei que estávamos viajando pela Europa como você prometeu que aconteceria quando pegássemos o dinheiro.

—Então você ficará feliz em saber que estamos prestes a conseguir o que queremos – ela sorriu – Ficaremos o dia fora hoje resolvendo os últimos detalhes e você passará o dia com Vargas.

Eu quis sorrir naquele momento, a minha brecha perfeita havia aparecido, mas coloquei a minha melhor expressão emburrada e a encarei.

—De novo? O Vargas passa o dia fazendo ronda e vigiando a casa e eu fico sozinha – disse fazendo bico – Eu queria ir com vocês.

—Você e sua irmã ainda estão com os rostos estampados em todos os jornais minha querida – Mauricio disse calmo, se eu não soubesse a cobra que ele é até acreditaria em seu tom carinhoso – O papai e a mamãe vão com o tio Geraldo resolver o resto das coisas para nossa mudança definitiva.

—Sendo assim, eu fico se prometer me trazer um presente – eu disse sendo a filhinha mimada que Regina queria que eu fosse – E um sorvete.

—Tudo que a minha filhinha quiser – a ruiva disse carinhosa, a loucura dela chegava ao ponto dela acreditar que era sim a minha mãe – Agora termine o seu café e sirva o da sua irmã no quarto, por favor. Ela ainda não se sente confortável para tomar café conosco.

—Pode deixar que eu faço isso e tento a convencer que essa seria a melhor vida que poderíamos ter.

—Agora nós temos que ir, te vejo mais tarde minha querida.

Ela beijou a minha bochecha e saiu acompanhada dos outros três homens, assim que o carro deles sumiu na estrada eu sorri para Vargas.

—É hoje – eu disse feliz como há muito não me sentia – Esse inferno finalmente terá fim.

~I~

Acompanhei o carro sumir na estrada querendo ser eu a ir embora daquele lugar, porém a minha sorte nunca foi das melhores e eu ainda estava presa naquele inferno. Sai da janela e me sentei na escrivaninha que havia no quarto, ali havia papeis e canetas e eu sempre desenhava coisas aleatórias, meus desenho enchiam as paredes daquele quarto e representavam os momentos que eu sentia falta, representavam os dias mais felizes da minha vida. A porta se abriu e por ela entrou minha irmã, apesar de estar vestida exatamente como Regina vestiria uma filha ela aparentava ser a Manuela de antes, tão radiante e feliz quanto eu me lembrava.

—Bom dia irmãzinha – ela sorriu verdadeiramente me surpreendendo – Trouxe o seu café da manhã com tudo o que você mais gosta – apontou a bandeja que carregava repleta das minhas coisas favoritas me deixando ainda mais surpresa – Agora coma direitinho que você precisa esta forte para o que acontecerá hoje.

—Dá pra me dizer o que houve com você? – eu disse fazendo o sorriso dela sumir aos poucos – Numa hora age como se me odiasse, na outra volta ser a Manu que eu me lembro, o que esta acontecendo com você Manuela?

—Você acreditou mesmo que estava com raiva de você, não é? – aquilo parecia mais uma afirmação, ela depositou a bandeja em cima da cama que seria dela e suspirou – Isabela nós precisamos ter uma conversa séria!

—Você vai me dizer o porquê te está agindo tão estranha durante todo esse tempo?

—Sim – ela sorriu e me encarou – Senta aqui comigo que eu vou te contar tudo o que aconteceu e o que acontecerá hoje à tarde.

E ela contou cada detalhe do plano que ela bolou dentro do carro enquanto íamos para o primeiro esconderijo, de como ela conseguiu a confiança de Regina e de que Vargas era nosso cumplice dentro daquela casa, contou o que ela fez e porque hoje seria o dia de nossa libertação. E finalizou dizendo que precisava que eu acreditasse para que ninguém suspeitasse dela.

—Espera! – eu disse assim que ela acabou de me contar tudo – Você está me dizendo que nunca me odiou?  Que esse tempo todo você só estava fingindo?

—Claro que sim, Isa – ela sorriu – Eu seria incapaz de odiar você, você é minha irmãzinha, minha melhor amiga e a minha ligação mais forte nesse mundo.

—Eu não sei se te abraço ou te bato – minha irmã riu das minhas palavras – Você tem noção do que eu passei achando que você me odiava? Eu quase pirei Manuela!

—Desculpa Isa, não foi a intenção – ela sorriu – Eu também sofri muito ao escutar você sofrendo e não poder te contar a verdade, ver que você chorava e não poder enxugar suas lágrimas, meu coração doía cada vez que você me encarava tão triste – os olhos dela já estavam marejados e ela piscou tentando evitar as lágrimas – Mas isso acaba hoje, fique preparada porque a qualquer momento eu venho te buscar.

—Eu nunca pensei que seria eu a dizer isso, mas... – eu relutei e ela me encarou confusa – Eu estou com medo Manu, medo por mim, por você, pela nossa família – algumas lágrimas rolaram e minha irmã as enxugou – Você sabe do que eles são capazes, eles passariam por cima de qualquer um pra conseguirem o que querem.

—Eu sei e eu também estou com medo, mas juntas somos fortes – ela sorriu e eu consegui me acalmar um pouco – Já enfrentamos muitas coisas juntas e enquanto formos irmãs e cumplices nada vai nos parar!

—Quando foi que aquela menininha medrosa cresceu? Quando foi que a minha irmãzinha que sempre precisava de mim para protegê-la passou a me proteger? Quando foi que você amadureceu tanto?

Ela sorriu e me abraçou daquele jeito todo Manuela e pela primeira vez depois que aquele sequestro começou eu me senti em paz, era como estar em casa novamente, era como se todo o temor que eu tinha estivesse desaparecido quando eu soube que nada mudou. Mas ao mesmo tempo eu temia pela vida da Manu, ela estava o tempo todo junto daquelas pessoas tão perversas que se suspeitassem da verdade não hesitariam em machuca-la e eu não poderia fazer nada.  Porém a determinação nos olhos dela me fez crer que tudo daria certo, que logo estaríamos em casa novamente.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? Ainda estou um pouco enferrujada, mas prometo que vou dar o meu melhor pra fechar a fic com chave de ouro. Opiniões e críticas sempre bem vindas.
Até o próximo :*



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