Lost In Time escrita por VitóriaWolf


Capítulo 1
Lost In Woods


Notas iniciais do capítulo

Mais uma história se inicia
Boa leituraa



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Corro pela floresta o mais rápido que consigo. Sei que estou suja e machucada, minha sapatilha jogada longe e meus pés descalsos batem no chão seco sem fazer muito barulho. Sei que estou perdida e sei que correr provavelmente não é a melhor das ideias, mas a única coisa que consigo pensar é que eles me encontraram e podem me encontrar novamente. E se fizerem isso, não acho que me revenciarão.

    Entro cada vez mais para dentro entre as árvores e vou perdendo minha visão enquanto corro. Consigo ouvir passos atrás de mim, barulho de metal batendo contra metal. Olho para trás desesperada, eles não podem me ver novamente.

Em como toda cena de filme eu caio. Porque é muito natural simplesmente cair do nada exatamente na hora que alguém te persegue. Mas dessa vez eu não simplesmente caio nas folha e  continuo correndo. Eu permaneço caída, o barulho atrás de mim se intensifica, mas o que me assustou foi no que eu bati. Duro e maciço, mas não como a terra que a pouco tempo corria.

    Esta escuro, então não consigo ver muito, mas começo a limpar as folhas e plantas no lugar, jogando tudo para o lado, cavando a terra. Tenho total consciência da minha situação, seja la o que for isso, a curiosidade é maior do que o medo em ser pega. Agora é possível escutar as vozes mais perto. Começo a trabalhar mais rapidamente e quando percebo estou tocando uma placa de metal, como uma escotilha. Ao contrário do que pensava, não é tão pesado. Vai ver não é metal como eu pensava.

    O quarto é mau iluminado, mesmo já estando acostumada ao escuro, não consigo ver muita coisa. O que teria aqui dentro? Porque existiria um alçapão no meio da floresta do palácio? Perdida do jeito que eu estou, qualquer um que tente chegar aqui nunca seria visto por guardas ou qualquer funcionário. É isolado e seguro, menos em ataques rebeldes. Nesse caso nenhum lugar é seguro.

      Sigo o pequeno feixe de luz e me deparo com uma escada. Me encosto na parede e desço lentamente, com cuidado para não cair. Ando por alguns minutos, por corredores escuros e frios, escadas escorregadias e não encontro nada. Ás vezes é só um túnel velho ou o esgoto, foi o que disse para mim mesma. Até que em um momento a luz se intensifica, ouço vozes distantes, marteladas e o som de... Seria uma furadeira? 

    No fim do corredor, o túnel da lugar a um quarto grande, não sei se isso seria um quarto, é quase do tamanho do grande salão, só que redondo. O teto é baixo e dele, lâmpadas dão iluminaçao para o lugar. No centro, descendo uma pequena escada, há um câmara, toda feita de vidra e acrilico. Não sei o que é, mas é bonita. Ao redor dele, uma rede de computadores e aparelhos tecnológicos os circunda. Há algumas pessoas sentadas em cadeiras e mexendo nos aparelhos, outras trabalham na cabine central,  e alguns, que parecem ser o líderes da operação, vestem um jaleco e inspecionam o lugar com uma prancheta.

      Tento me manter nas sombras do corredor, simplesmente olhando e tentando entender o que está acontecendo.

— Caraca Jhonny! Agora vamos ter que comprar outro vidro!- o outro homem xinga enquanto tenta recolher os pedaços da placa que caiu no chão.

— Relaxa Freddie. Clarkson não ficará sabendo disso. Vamos encontrar outra.- o outro diz tentando acalmar a si próprio mais do que o amigo.

Freddie e Jhonny continuam discutindo. Ninguém parece se importar com os dois, parecem acostumados com as brigas. Mas o que ele disse antes? Que Clarkson sabe disso tudo? O que aquele homem está tramando? 

Decido que já corri risco demais vindo até aqui, que independente do que acontecer, não vou conseguir descobrir olhando do meu esconderijo. Me levanto e viro para trás. Só não esperava encontrar um rosto me olhando.

— O que está fazendo aqui? - o homem me pergunta e eu gelo. Quando não o respondo  ele volta a me perguntar- Quem é você? O que está fazendo aqui? 

      Eu gaguejo e gaguejo mas não consigo formular uma resposta. O homem que tem por volta dos setenta anos me olha sem entender nada. A barba gigante e o cabelo branco liso escorrido até a altura dos ombros combinam com seu ar louco e misterioso.

— Eu sou America Singer.- digo finalmente

— O que uma selecionada faz aqui?- ele me pergunta e me conduz pela corredor escuro.

— Houve um ataque rebelde- começo a me explicar- corri para a floresta para tentar fugir, mas eles vieram atrás de mim. Encontrei essa portinhola e achei que seria o melhor jeito de sobreviver.- termino de dizer com um olhar assustado esperando que ele caísse. 

Ele não disse nada sobre a minha situação, simplesmente continuou andando, ou mancando pelo escuro. Tudo se passou pela minha cabeça nesse momento. Ele poderia ser um rebelde me levando até seu líder, um ladrão que me mataria, ou pior, um funcionário do palácio que me entregaria. Estremeço.

    Depois de andar por um tempo chegamos em uma porta, que não havia notado antes. Ele a abre e pede que eu entra. Não há nada demais no lugar, parece um escritório qualquer. Tem uma mesa abarrotada de folhas e imagens da máquina que vi a pouco tempo lá fora. Dois armários, um em cada lado da parede. Não há decoração, fotos ou qualquer coisa, como se ele tentasse dizer que o lugar não é dele. Ele vai para trás da mesa e se senta na poltrona, continuo na porta sem entender o que devo fazer. Ele faz um sinal de que eu devo me sentar também e assim o faço.

— O que você viu lá dentro? - ele me pergunta sério. Devido a muitos fatores, achei que minha melhor chance era mentir.

— Nada demais. Tinha acabado de chegar quando você apareceu.

    Ele parece pensar nas minhas palavras, tentando detectar um tom diferente ou algo que o diga que não estou dizendo a verdade, mas assim que desiste, prossegue.

— Suponho que contará para o rei o que viu aqui hoje. Uma grande experiência para falar a verdade.- ele supõe enquanto me analisa.

— Para falar a verdade estava pensando em guardar segredo.- eu respondo e ele se assusta.

— Vai mentir para o rei sobre onde esteve? Porque faria isso?

— Digamos que Clarkson não morra de amores por mim.- eu respondo e ele abre um sorriso e bate palmas, claramente feliz.

— Agora estamos falando a mesma língua! Não contarei que esteve aqui, se prometer não dizer nada para ninguém, isso inclui seu namoradinho.

Sorrio para ele e aperto sua mão estendida. Eu com certeza não pretendia contar para Maxon sobre isso, pelo menos não agora. 

— Posso perguntar o que está fazendo aqui? - eu pergunto com a esperança de que ele respondera visto que nos entendemos bem.

— Ele já tem minha família mesmo, não acho que pode piorar de algum jeito.- ele começa triste e meu instinto é abraça-lo. Sei como é perder alguém que ama.- Clarkson me paga para estudar viagens no tempo e espaço.

— Espera ai, viagem no tempo? Porque está mentindo para mim? 

Meu primeiro instinto é rir, mas não acho que seria educado. Viagem no tempo não existe, Clarkson deve ser maluco se acha que algum dia conseguira. Quando percebo que ele não compartilha da minha brincadeira, me calo.

— Ahh, você está falando sério.- eu digo mais para mim mesma.

— Sim. Clarkson está muito focado em conseguir fazer a máquina funcionar. Mas nem eu acredito que seja possível.

— O que houve? - pergunto tentando conter minha curiosidade

— Um acidente ano passado. E 5 meses atrás e semana passada. Toda vez que achamos que a máquina funcionará, ela nos surpreende. Perdi vários amigos para ela.- ele diz de cabeça baixa e juro ter visto uma gota escorrer por sua bochecha. Se isso realmente aconteceu, ele tratou logo de seca-la e botou um sorriso no rosto.- Eu te levaria lá, mas nem todos e estão do nosso lado. 

— Esse é o futuro, minha cara! Se funcionar é claro.- ele debocha de seu próprio trabalho.

      Então o futuro é passado? Claro porque isso faz muito sentido. O futuro da humanidade está nas mãos de um cientista louco? Claro, porque não?

— Você não quer que funcione, quer?

— Acredito que a humanidade não está pronta para isso ainda. Pelo menos Clarkson não esta.

— Se funcionar, teria algum jeito de me avisar?- pergunto esperançosa e ele ri.

— Se tudo terminar como todos acho que vai, você será minha chefe.- ele diz alegre por se livrar de Clarkson. Demoro um tempo para entender, mas assim que consigo, me alegro. Ele torcia para mim, assim como todos os outros que ele conhece.

— Acho que devia ir agora- ele diz e eu concordo. Já passei muito tempo longe, eles devem estar se preocupando. Lanço um meio sorriso e me viro para os túneis. Quando entrei aqui, não lembrei que teria que voltar. Andei tanto que não tenho ideia de onde estou. Ouço a risada de Mikail e me viro.

— Não sabe como voltar, não é? 

— Não!- digo honesta.

— Siga reto por uns 500 metros. Primeira a direita e segunda a esquerda. É bem fácil.

    Não é bem fácil. Mas acho que consigo. Ando pelos corredores pensando no que acabei de presenciar. Imagino tudo de ruim que aconteceria se Clarkson conseguisse o que quer. Tenho a sensação de que Maxon não sabe do que acontece aqui em baixo, e infelizmente, não serei eu que contarei. 

      Ando pela floresta por um tempo, na esperança de que alguém apareça. Já tinha praticamente esquecido do motivo para qual estava na floresta, do ataque rebelde e da segurança dos outros que estavam comigo. 

— Lady America!-  gritam ao longe- Lady America! 

    Minha felicidade em reconhecer a voz é maior do que pensei. Corro desesperada em direção a Aspen. Tropeço em galhos, chuto todas as pedras possíveis, mas a felicidade em ver alguma coisa que eu conheça, foi maior do que a dor.

Enquanto volto para o palácio com minha escolta particular penso em minha vida se eu pudesse ter mudado alguma coisa no meu passado, ou de outra pessoa. Penso no que teria sido da minha vida se Aspen nunca tivesse terminado comigo, se eu não tivesse conhecido Maxon aquele dia no jardim. O que seria da vida das pessoas que amo, se eu nunca tivesse nascido?


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Notas finais do capítulo

Até a proximaaa



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