Não demorou muito para que Sanji e sua família tivesse chegado no castelo onde eles iriam esperar ali até o casamento do cozinheiro acontecer. Depois de muita zombação dos seus irmãos e reclamações de seu pai, Sanji foi levado a um quarto por um dos empregados que trabalhavam naquele castelo, como ele era o noivo do casamento, claro que ele teria um quarto naquele grande aposento só para ele.

Quando logo entrou no cômodo, ele dispensou o empregado dizendo que não precisava de mais nada e em seguida fechou a porta rapidamente. Ele encostou suas costas na porta de madeira e escorregou até sentar no chão, finalmente sentiu as lágrimas que escapavam do seu rosto que antes ele fazia ao máximo para segurara-las quando estava na frente de seus irmãos e de seu pai.

Sentiu um frio na barriga e uma dor em seu peito, ele se segurou para não gritar ou fazer qualquer barulho para ninguém o escutar. Ele colocou uma de suas mãos sobre seu rosto e tentou se acalmar, o que era impossível naquela situação.

Aquele reencontro com o Luffy tinha sido a pior coisa que tinha acontecido naquela ilha. Talvez Sanji já esperava por ele, porque quando se tratava de Luffy, o garoto fazia o impossível por seus companheiros, Sanji não tinha nenhuma dúvida disso, por isso que confiava tanto em seu capitão.

Só que dessa vez Sanji não poderia pedir ajuda para seu capitão, e assim, em frente de Luffy e sua amada Nami, ele começou a dizer coisas que jamais pensou que iria falar algum dia, palavras que combinavam mais com o palavreado de sua família. Ele conseguiu ser um Vinsmoker naquele momento. Ignorantes e incompetentes, era o que eles eram, e o que ele foi quando naquele momento falou com o Luffy.

Ainda sabendo que seu capitão não desistia fácil, o cozinheiro fez o que não queria ter feito, deu vários chutes no garoto, e Luffy acabou não revidando nenhum. Ele só ficou parado ali, apanhando, e quando logo ele caiu no chão e Sanji se voltou a sentar na carruagem perto de seus irmãos, Luffy se levantou mais uma vez.

As palavras de Luffy ainda mexeram com Sanji. Já não bastasse o cozinheiro estar sofrendo por ter batido sem eu próprio capitão, e depois, ter ouvido aquelas palavras de Luffy fez o cozinheiro sentir mais dor do que antes, mais dor do que Luffy sentia naquele momento depois de tanto apanhar.

E só de lembrar daquela cena que tinha ocorrido momentos atrás, fazia Sanji sentir uma mistura de sentimentos que ele não conseguia decifrar quais eram. Sentia dor, raiva, tristeza... Ele levou suas duas mãos para seus cabelos e segurou com força seus fios loiros, sentindo a dor.

A imagem dos seus irmãos rindo da situação veio logo em sua mente, ele levou sua mão esquerda até seu pulso direito e apertou. Se não fosse por seu maldito sangue, sua maldita família, nada disso estaria acontecido, e ele se culpava por isso.

Sanji levou mais uma vez sua mão para seu rosto, mas dessa vez em sua bochecha. Ele ainda sentia arder seu rosto, no lugar onde Nami tinha lhe dado um tapa. Sanji já não chorava mais, mas quando aquela cena passava por sua cabeça, de ver a Nami chorando, por culpa dele ainda, de ver ela lhe dizendo adeus, a tristeza o controlava de novo.

O cozinheiro por fim se levantou no chão, caminhou pelo grande quarto e se sentou em uma cadeira que estava perto de uma mesa. Pegou seu maço de cigarro e colocou um na boca, mas antes de acender ele, logo desistiu de fumar, por incrível que pareça. Ele jogou o maço de cigarro sobre a mesa de qualquer jeito e apoiou seus braços sobre a mesa.

Se lembrava quando Robin tinha partido sem explicações, e o que ele sentiu foi irritação, mas acima de tudo, preocupação por ela. Anos se passaram e ele conseguiu fazer a mesma coisa que a mulher tinha feito anos atrás, porém bem pior. Sem explicar nada, ele apenas foi embora de Zou, e quando ele reencontrou com seus companheiros, ele não conseguiu dizer a verdade sobre a situação.

Talvez Luffy o estivesse xingando naquele momento, e Nami estaria arrasada, era o que ele imaginava. As palavras de Luffy voltaram em sua mente e por fim Sanji acabou sorrindo de leve. Luffy confiava em Sanji, como seu cozinheiro, como seu companheiro, e o capitão não iria tão fácil ir embora sem Sanji.

Sanji olhou para a algemas que estavam em seus pulsos e respirou fundo. Talvez ele não ligaria em perder seus braços para poder fugir da ilha, do casamento e da sua família, porém, se ele fosse voltar sem suas mãos, como ele iria cozinhar para Luffy? Para toda tripulação? Se ele voltasse sem as mãos, seu papel na tripulação como cozinheiro não faria mais sentido, por isso ele não poderia arriscar.

Então Sanji sabia, se ele dissesse alguma coisa sobre as algemas que prendiam suas mãos, Luffy não pensaria duas vezes e correria até a Big Mom para lutar contra ela, tudo para libertar o cozinheiro. Sanji não queria aquilo, não queria ver o capitão se envolvendo em uma briga com um dos quatros imperadores do mar por causa dele.

Sanji se perguntava se ainda tinha uma gota de esperança dentro dele, se ele ficaria bem, se ele iria conseguir sair de lá antes do casamento. Se sim, se ele descobrisse um jeito de fugir a salvo, quando ele reencontrasse com Luffy a primeira coisa que ele iria fazer seria pedir desculpas. Desculpas pelos chutes desnecessários, pela luta desnecessária e o pior, por zombar dos sonhos de seu capitão.

Lembrou de todos os momentos que Luffy tinha feito algo por ele, e assim, se lembrou quando o garoto de cabelos castanhos o tinha chamado para entrar na pequena tripulação dele, Sanji sorriu quando ele recordou da memória.

Quando Sanji e Luffy se reencontrassem, será que mais uma vez, Luffy iria recusar a recusa de Sanji? Na verdade, ele já estava recusando, pois Luffy não iria partir sem resgatar seu companheiro daquela ilha.