Loving Can Hurt escrita por Rafaela, SweetAngel


Capítulo 59
Desaparecidos e Amaldiçoada


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura gente, espero que gostem!



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P.O.V Hazel

Nico sumiu.

Essa frase vem me atormentado desde nossa chegada de Califórnia. Depois da festa de Annie e Percy, dormimos no hotel e de manhã fomos para o aeroporto. Nico e Will chegaram atrasados e as passagens para o nosso avião estavam esgotadas. Eles falaram que não tinha problema, que iriam pegar o próximo.

Abracei meu irmão antes de embarcar. Bem, e esse foi meu último contato com ele. Nico prometeu me ligar quando chegasse e isso nunca aconteceu, me fazendo ter uma série de crises de ansiedade.

—Ele deve ter esquecido, amor, relaxa —Frank fazia a janta enquanto eu estava sentada no sofá ligando para Nico pela milésima vez.

—Titio tá bem? —Chloe levantou os olhos para mim. Ela estava sentada no tapete, desenhando em uma folha de papel.

—Sim, querida —sorri, tentando a tranquilizar.

Me levantei e fui para a cozinha, para Chloe não ter que escutar.

—Já são oito da noite, Frank —o olhei falando baixo, enquanto ele cortava a carne. —Deveria ter chegado às seis.

—Já ligou para Will?

—Thalia está ligando para ele, até agora nada também. —me joguei na cadeira da bancada, colocando minhas mãos em meu rosto.

De manhã, fui no aeroporto perguntar sobre o voo que eles teriam pegado e me falaram que o avião chegou em perfeito estado. Cara, os dois nem chegaram a embarcar!

No outro dia, fui até a clínica em que Nico trabalhava, ele era perito criminal, o que é a cara dele. Meu irmão sempre me disse que se sentia melhor com ‘’seres inexpressivos’’, o que para mim era ‘’seres mortos’’. Depois de cursar bioquímica, ele passou no concurso da polícia. E adivinha? Nada dele lá também. Depois procurei Will no hospital que ele era residente, sem respostas, decidi ir até sua casa. Sua mãe também estava desesperada pelo seu sumiço. Ninguém tinha notícias.

—Meu Will sempre foi tão atencioso —Naomi Solace, sua mãe, chorava. —E agora se foi, igual ao pai...

Saí de lá pior do que quando cheguei. Se não fosse por Frank e meus amigos, eu já teria tido um ataque de pânico. Acionamos a polícia, tanto de Manhattan, quanto a da Califórnia. E bem, por Nico ser parte da corporação, eu sabia que iam se esforçar para o encontrar, mas isso não me aliviava nenhum pouco.

Toda noite eu chorava e rezava para que meu irmão estivesse a salvo. Minhas energias estavam se esgotando... Eu mandava mensagens constantemente para ele, na esperança que em qualquer minuto Nico me responderia. Ver sua foto no WhatsApp, com um sorriso fraco ao lado de Will, que fazia um sinal da paz para a câmera, fazia meu coração doer.

Eu tentava parecer bem e feliz na frente da minha filha, mas ela tinha começado a notar que algo estava errado.

—É o tio? —ela me perguntou um dia quando eu a colocava para dormir.

Suspirei, ajeitando o cobertor sobre ela e sentando ao seu lado.

—Não precisa se preocupar com isso —acariciei seu cabelo.

—Ele vai voltar? —os olhos de Chloe se encheram de lágrimas.

—Claro que vai —sorri, me segurando para não chorar. —Agora durma, seu tio está bem.

Beijei sua cabeça e sai do quarto, fechando a porta e me escorando nela. Frank estava no corredor, ele me conhecia bem para saber o quanto eu estava destruída.

—Vem cá —Frank me puxou e me abraçou. Desabei em seus braços, não aguentando mais segurar as lágrimas.

—Nico nunca faria isso —solucei. —Aconteceu alguma coisa, Frank.

—Você precisa descansar —ele me envolveu e me levou para nosso quarto. —A polícia já está ciente, vão achá-lo.

E os dias se passaram, dez para ser exata. Nada do meu irmão. Quis me comunicar com Bianca, minha meia-irmã mais velha, mas ela não tinha celular. Sério, que tipo de pessoa vive viajando com um bando de garotas e não tem um celular?

Era terça-feira e eu já havia faltado do trabalho segunda. Por ser uma sócia da Tiffany & Co., uma importante joalheria, eu não precisava cumprir horários. Mas como eu cuidava dos negócios da empresa em Manhattan, decidi ir trabalhar, até mesmo para me distrair.

Annabeth e Percy voltaram da lua de mel ontem e nosso grupo decidiu almoçar juntos hoje. De manhã, passei no galpão da Tiffany, onde era selecionado as pedras para confecção de anéis, colares, pulseiras e etc. Descartei várias só de olhar, eu sempre fui boa para selecionar joias, por isso eu me destaquei tanto.

 Comecei apenas como uma funcionária, há cinco anos, enquanto fazia faculdade de geografia. Sim, eu queria ser professora, mas para pagar os estudos eu precisava trabalhar. Depois de apontar vários defeitos que estava percebendo nos produtos e ajudando a empresa a crescer ainda mais, foram aumentando meu cargo. Acabei sendo chamada para ser sócia no ano passado.

Fiz uma ronda por lá e fui até uma das lojas da Tiffany, no centro de Manhattan, em que costumava ficar.

—Bom dia, senhora Levesque —Beatrice, uma nova atendente me recebeu.

—Só Hazel, por favor —sorri fraco para ela e fui até minha sala, me sentando na cadeira.

Tentei ver os catálogos, mas minha cabeça não me deixava focar. Peguei meu celular, na esperança de alguma mensagem de Nico. Nada. Decidi conversar no meu grupo com as meninas, para me distrair.

Thalia: Não se assustem quando eu explodir a cabeça do Jason.

Sorri, eu amava as ameaças matinais que Thalia sempre fazia a Jason, Luke ou Percy.

Piper: Tá maluca?

Thalia: Eu e Sally falamos para ele não assinar a merda de um contrato, ele foi lá e fez

Piper: Sendo assim, tudo bem então

Annabeth: BOM DIAAA

Calipso: Bom dia ~emoji de sono~

Annabeth: Vamos almoçar todos juntos, não é? Vou fazer o pré-natal hoje, quero contar pra vcs como foi ~emoji de corações~

Eu: Vai dar tudo certo, Annie :)

Thalia: E aí Hazel, como você tá?

Eu: Péssima

Piper: Nada do Will e Nico?

Eu: Nada

Annabeth: O que tem Will e Nico?

Eu: Não apareceram mais depois do seu casamento.

Annabeth: QUÊ?

Annabeth: Pq vocês não me falaram, gente?

Calipso: Você estava em sua lua de mel, a gente não queria te incomodar.

Eu: A polícia está atrás deles, mas até agora nenhuma notícia.

Thalia: Vão encontrá-los, Hazel, eu sei que sim.

Suspirei e bloqueei a tela, voltando a ver os catálogos, mas meus pensamentos não estavam nada concentrados em novas pulseiras ou colares.

—Senhora... Quer dizer, Hazel —Beatrice abriu a porta e eu a olhei. —Tem uma garota aqui, quer falar diretamente com você.

—Bem, mande-a entrar —suspirei e coloquei o catálogo na minha mesa. Não estava com cabeça para escutar reclamações.

Mas então meu coração disparou quando vi Bianca di Angelo entrando na minha sala. Eu não a via deve ter uns... Oito anos? Depois que ela saiu com as garotas viajando (e eu não faço ideia de quem a bancava, já que a mãe de Bianca e Nico morreu um ano antes dela sair de casa e quem ficou com eles foi uma senhora bem esquisita, que para mim não apoiaria esse tipo de aventura), eu nunca mais a vi. E agora, ela estava exatamente do mesmo jeito que eu me lembro.

Parecia ter dezessete anos (o que era muito estranho porque ela é mais velha que eu), seu cabelo preto estava trançado, seus olhos negros e sua pele morena estavam com um leve prateado. Usava um casaco de inverno e uma calça camuflada. Parecia alguém que vivia em um chalé no meio de uma floresta, suas roupas não combinavam com alguém de Manhattan.

—Oi Hazel —ela sorriu.

—B-Bianca... —me aproximei incrédula.

—Escute, não temos muito tempo —seu rosto se tornou sério. —Trago notícias de Hades.

Me apoiei na mesa, quase caindo. Hades? Meu pai? 

Eu me lembro vagamente dele, nunca foi alguém presente, nunca se casou com a minha mãe. Única lembrança que possuo é de um homem alto de pele muito branca, cabelos pretos que chegavam no ombro, com olhos exatamente iguais ao de Bianca e Nico.

Ele me visitou uma vez quando eu tinha uns cinco anos, eu acho, era meu aniversário e ele me deu um bloco de desenho e uma caixa de lápis de cor. Mal falou comigo, parecia ser alguém bem frio. Lembro também de uma discussão com a minha mãe, Marie, nesse dia... Ela arremessava vasos nele enquanto chorava e eu observava tudo detrás da porta.

Mamãe nunca mais foi a mesma depois desse dia. Começou a beber e fumar, gastava todas as nossas despesas com isso. Mas Hades, sempre mandava boas quantias de dinheiro através da senhora que cuidava de Nico, o que eu achava realmente estranho.

Há três anos minha mãe me pediu para ser internada em uma clínica de reabilitação, disse que estava cansada de tentar chamar atenção de meu pai, o que eu não entendi muito bem como ele saberia que ela havia virado uma alcoólatra/fumante, mas Marie implorou tanto que assim eu fiz. Ela está feliz hoje, pelo menos é o que meus colegas que trabalham na clínica falam. Eu não a vejo desde então, minha mãe antes de se internar me disse para não a visitar, pois eu a fazia lembrar de Hades e isso não era seguro para mim.

Tentei argumentar, mas ela me ordenou a fazer isso. Aquilo partiu meu coração, ainda mais que Chloe estava com um ano e queria que ela tivesse contato com a  avó. Mas eu obedeci.

—Hazel? —Bianca me chamava e eu voltei para a realidade.

—Hades mandou um recado? —franzi as sobrancelhas.

—Preste atenção —o rosto de minha irmã agora estava mais sombrio. —Você precisa parar de procurar Will e Nico. Eu já falei para a polícia cancelar a busca, também pedi demissão dos dois em seus serviços.

—Ficou louca? —arregalei os olhos. —Como você sabe que eles estão desaparecidos? E como você fez isso? —a olhei inconformada.

—Acredite em mim, eles estão bem. Mas para continuarem assim, você precisa fazer o que pedi. Invente uma desculpa para seus amigos, fala que eles foram morar em outro lugar, ou coisa do tipo.

—Bianca... —senti vontade de socar sua cara. —Eu nunca vou desistir do meu irmão.

—Mas você precisa. Pro seu bem e de Nico —Bianca suspirou. —O mundo está mudando... Pra você ainda vai demorar um tempo, mas ainda assim, precisa saber de certas coisas.

—Você aparece do nada depois de anos e agora fala que o mundo está mudand...

—Não temos tempo —ela segurou minha mão. —Escute, você tem... Habilidades. Nosso pai esteve retardando isso sua vida toda, mas não está conseguindo mais.

—O que...

—Você é amaldiçoada, Hazel.

Juro que parecia que eu estava conversando com uma pessoa drogada. Que tipo de história é essa? Não precisei perguntar, meu rosto já demonstrava o quanto eu estava confusa.

—Sua mãe pediu algo para nosso pai, há muito tempo. Isso gerou consequências. Hades te protegeu, mas agora ele não pode mais —Bianca parecia triste. —Apenas saiba que se algum diamante, ouro... Qualquer pedra preciosa, surgir perto de você não deixe que ninguém a toque. Apenas você pode, certo?

—Bianca...

—Por favor, Hazel —ela disse impaciente. —Sou sua irmã, estamos te protegendo, mas você precisa fazer o que eu falei. Por favor, confie em mim —ela suplicou. —A vida de Nico depende disso, a de Chloe, Frank, seus amigos... Tudo depende de você. Promete me escutar?

Um calafrio percorreu meu corpo. Não sabia do que ela estava me protegendo, mas seu olhar de desespero me convenceu que era verdade.

—Prometo —falei com lágrimas nos olhos. —Por favor, diga a Nico que eu o amo.

—Ele sabe —ela me abraçou rapidamente. —Agora preciso ir.

Bianca se virou e saiu da minha sala. Me joguei na cadeira, completamente confusa e com a cabeça doendo. 

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Comentem!!
Um beijo, até o próximo!



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