Desenhando Futuros escrita por R_Che
Depois de ter escapado a Valentina, ambas se dirigiram aos respectivos carros.
Já perto do carro de Quinn, a brisa estava fria e Rachel abraçou-se a si própria.
— Bom, está na minha hora. Entretanto mantenho-te informada sobre os avanços da colecção. - Rachel esboça um sorriso encantador, brilhante e nada subtil. Quinn sente-se desconfortável automaticamente.
— Obrigada pela companhia, gostei muito do jantar. - respondeu a estilista. - Principalmente dos momentos em que te sentiste incómoda. - e gargalhou simpática.
— Realmente acho um bocado egoísta da tua parte que continues a provocar esses momentos de propósito. - Rachel rapidamente mudou de expressão.
— Desculpa se te faço sentir mal, essa não é de todo a intenção. - e estica a mão na direcção de Quinn com uma expressão de arrependimento no rosto. Quinn dá-lhe a mão e o seu cérebro processa sozinho uma informação incontrolável, envia-a à sua voz, e sai-lhe pela boca sem ela dar conta.
— Eu não gosto de mulheres. - e quando se apercebe do que acaba de dizer, faz uma tentativa de largar a mão de Rachel de modo instintivo, mas sem sucesso. A estilista agarra-a a tempo e leva a mão de Quinn à boca para depositar um beijo. Quinn sente que todas as vezes que esteve incómoda na vida tinham caído em cima de si naquele momento. Rachel não conteve o sorriso.
— Eu também não gosto de pluralidades, mas não te preocupes... - e fez uma pausa dramática. - mensagem recebida!
—x-
Insónias eram sintomas que não assistiam a Quinn até àquele dia. Ela podia dar três mil voltas à cama e não arranjava uma posição que a deixasse suficientemente confortável para adormecer.
Depois de duas horas, desistiu de tentar e pegou no seu MacBook. Talvez distraída lhe entrasse o sono. Ao abrir o computador saltou-lhe o número de e-mails que tinha por ler. Abriu essa notificação e assustou-se com o último email recebido, era de Rachel. Fechou os punhos e os olhos ao mesmo tempo e pensou que era um disparate assustar-se com um e-mail. Já mais descontraída, contudo com a curiosidade a picar, abriu o e-mail.
Olá Quinn, desde há pouco. Em anexo deixo-te as fotos que faltavam do desfile e que não me tinha dado conta. Além disso, vai um documento com uma lista de sugestões referentes ao catálogo que gostava que desses uma vista de olhos. Mantemo-nos em contacto. Beijo (na mão) :)
Foi inevitável sorrir, e ali podia porque ninguém a via. Aquele era o mundo dela, onde a frieza não entrava, mas o medo sim. Decidiu responder de maneira simples e directa, sem qualquer tipo de rodeios, e sabia que não se arrependeria mais tarde.
Olá Rachel. Confirmo a recepção do email. Fica combinado. Boa noite.
Não foi que o sono avisasse que estava a chegar, mas pelo menos o corpo dela já não se sentia tão tenso como há minutos atrás. Realmente o que estava a moer-lhe a cabeça era a sua, tão pouco subtil, afirmação de despedida.
—x-
4 dias... 96 horas sem saber nada de Rachel. Quereria isso dizer que afinal a sua preocupação naquela noite fazia sentido? Podia ter afastado a morena cortando o mal pela raiz?
Quinn não tinha ainda nenhum pretexto para falar com ela, aliás, qualquer chamada, e-mail ou visita seria naturalmente notável que eram sem assunto. E isso não era verdade. Se havia certeza que habitava no cérebro de Quinn era que não gostava da convivência com Rachel, a sua única dúvida era porque é que ela lhe despertava tanta curiosidade. Perguntou-se muitas vezes e a conclusão a que chegou foi sempre a mesma: Russell Fabray. Aquela mulher revelava um homem que ela não conhecia como pai, mais liberal, respeitador e simpático. No fundo, aquilo incomodava-a.
O telefone de mesa de Quinn apitou em como estava a receber uma chamada da sua recepcionista.
— Sim Mina? - atendeu ela cansada de dar voltas à cabeça.
— Dra. tem uma chamada na linha dois.
— Quem é?
— Rachel Berry - e o cansaço passou de repente, Quinn pediu a Mina que passasse a chamada e assim foi.
— Olá Quinn. - cumprimentou Rachel com o mesmo entusiasmo e simpatia de sempre. - Como estás?
— Olá Rachel. - e notava-se um semi-sorriso na voz da designer. - Estou bem, e tu?
— Também, obrigada...
— Aconteceu alguma coisa? - interrompeu Quinn curiosa.
— Não. Como vai o trabalho? - perguntou Rachel gerando ainda mais curiosidade em Quinn.
— Bem, estou a trabalhar de dia e de noite nisto, mas segundo o meu calendário vai ficar tudo pronto a tempo.
— Temos de decidir uma data, eu tinha uma marcada mas assim sendo temos de combinar.
— Sim, a minha ideia era o dia 8 de Abril. - disse Quinn sem duvidar.
— Por alguma razão especial? - perguntou Rachel, agora ela curiosa.
— Porque gosto do número, e porque é um Sábado. Mas se a tua ideia for outra podemos chegar a um consenso.
— Por mim pode ser nesse dia. - respondeu a estilista simpática.
— Perfeito então.
— Mas liguei-te para outra coisa também. - riu-se Rachel sabendo que Quinn queria perguntar o quê mas mordeu a língua para não demonstrar a curiosidade. - O Gustav abriu um bar numa galeria recuperada na Broadway a semana passada, e hoje vai dar um cocktail para os amigos.
— Eu sei, ele mandou-me o email a convidar.
— Vais?
— Não. Não é o meu tipo de ambiente.
— Oh, vá lá Quinn não sejas assim. Vem comigo, que eu não tenho nenhuma pretensão nem vontade de passar por esse tédio sozinha. - Quinn sorriu de leve mas não quis aceitar de imediato.
— Vai estar cheio de gente do mundo das artes. - disse a loira com uma cara de quem comeu e não gostou.
— Realmente vai estar gente que acha que é artista, sim. - riu-se Rachel em resposta, acabando por fazer Quinn sorrir. - Estou a contar contigo. Jantamos antes? - e a designer tremeu.
— Não posso, tenho uma coisa combinada para o jantar. - disse ela esquivando-se. - Mas obrigada pelo convite.
— Pronto, não te chateio mais. Às 23h00 lá?
— Vou tentar. Se calhar prefiro 23h30. - respondeu Quinn pensando que assim seria mais credível que tinha um compromisso, mas embora Rachel não demonstrasse não acreditava nisso.
— Combinado. Até logo então. - Quinn despediu-se de Rachel e pousou o telefone. Recostou-se na cadeira e pensou que, ou passava uma vaca a voar à sua frente agora ou estava louca. Não passou.
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