Memórias de um garoto apaixonado escrita por Chão


Capítulo 7
Sem nome!




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Querido Amigo!

Já percebeu como eu deixei de escrever as datas em você? Sabe o motivo? Eu simplesmente não quero lembrar das datas, quando ler isso tudo novamente, mas sim lembrar de todas emoções e sensações que eu estive sentindo enquanto rabiscava em você.

Eu sei, faz algumas longas semanas deste que estive aqui, mas aqui estou eu. Sentado na mesma cadeira da escrivaninha, enquanto o mundo desaba lá fora. E eu sei que preciso narrar os fatos que aconteceram enquanto estive fora.

Hoje esta escuro. As gotas de chuva estão batendo violentamente contra o vidro, e o cheiro da terra molhada esta me deixando relaxado. Ta tocando uma musica no fone, e eu preciso anotar o nome dela, acho que irei rabisca-la aqui em cima, em meio a esses desenhos de tridentes e relíquias da morte.

Irei retornar até o ultimo dia, em que escrevi em você. Bem, como era de se esperar, ele não retornou no dia seguinte. Sim, eu passei metade do dia checando o Facebook, com o medo de ele aparecer e eu não estar online. Mas, quem não veio foi ele. Isso me deixou triste por alguns longos minutos, meia hora no máximo, e então veio aquele vazio, que eu estou chamando de “Buraco Negro Interno”, e levou todas as emoções embora. Isso me fez ficar encarando a lousa da sala, enquanto a professora tagarelava sobre o assunto novo, e eu simplesmente não ouvi nada.

Bem, ele também não retornou nos dias seguintes. Mas isso não me surpreendeu tanto assim. Acho que eu comecei a aceitar o fato de que nunca seremos algo a mais do que meros amigos que se falam algumas vezes. E acho que tudo bem, as nunca duram muito para mim. Nunca entendi porque eu persisto tanto nas coisas, sendo que no final elas vão ser tiradas de mim de uma forma cruel.

Outra coisa também aconteceu, e eu vou tentar narrar ela de um jeito bom, apesar de não ser.

Ela voltou, como se estivesse rastejando pelo chão, até me alcançar, subindo em meus pés e me puxando lentamente para baixo. E eu deixei. Por quê? Vamos admitir, não havia muitos motivos para eu continuar na superfície. A luz ficou me machucando, e fazendo com que tudo doesse de um jeito, que a própria morte me pareceu boa novamente.

Ontem, eu acredito que foi ontem, ainda estou meio confuso. Deve ser efeito dos remédios. Enfim, eu cedi e não me arrependo disso. Fazia tanto tempo deste que meus dedos formigaram, tanto tempo deste que a ardência no pulso fez com que eu me sentisse vivo novamente. Lembro de me sentar no box do banheiro, enquanto a água quente me fazia relaxar. A casa estava silenciosa, como sempre. O brilho da lamina nunca me pareceu tão belo, era algo hipnotizante, como se cada célula do meu corpo e cada pensamento ansiasse por ela sobre minha pele. Sabe quando você tem aquela vontade de comer sua comida favorita e pode desfrutar do sabor dela, após muito tempo a desejando? Eu comparo o prazer daquele momento, exatamente com isso. Quando o primeiro corte se abriu e o sangue deslizou lentamente pela minha pele, antes de ser levado pela água, eu sorri, não por estar saciando meu desejo, mas por estar me sentindo mais leve. Os cortes seguintes me proporcionaram o mesmo prazer. E ver o sangue sendo carregado pela água, foi tão prazeroso. Com um pouco mais de força, e talvez tudo tivesse terminado ali, e então me encontrariam sentado, com um sorriso no rosto e os olhos fechados. Juro que consigo imaginar cada cena, os gritos, as possíveis lagrimas e como todos iriam dizer que me amavam e que eu havia sido um garoto incrível, que não teve muitas chances de aproveitar a vida do jeito que devia, e depois que tudo passasse, alguns ainda se pegariam chorando ao verem alguma fotografia, ou ouvirem alguma musica.

Infelizmente isso esta me fazendo ficar com blusa de manga, dentro de casa, e estar usando algo enrolado em torno do pulso. E ficar evitando fazer movimentos que possam fazer as mangas abaixarem e revelarem meu segredo. O que apenas me renderia mais sessões na terapia, e gente enchendo meu saco e me vigiando todos os dias.

Eu sei que eu havia prometido escrever mais coisas sobre ele, mas afinal. O que eu devia escrever exatamente? Não existem mais muitas coisas que por aqui. E vamos ser sinceros, eu simplesmente não poderia ficar inventado histórias que eu amaria que acontecessem, porque isso não seria justo comigo, nem com você e afinal, eu preciso lembrar as emoções, da alegria que eu sinto quando ele aparece, do vazio quando ele some novamente e da pequena parte que fica irritada comigo mesmo por ama-lo e sofrer.  

Enfim, acredito que devo parar por aqui. Estou ficando com sono, e não quero apagar sobre você.

Eu prometo voltar, nem que seja apenas para rabiscar alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

Eu só queria pedir desculpas. E dizer que ta foda.
Se vocês acharem algum erro, me perdoem ok? Os remédios tão acabando comigo, e eu revisei isso aqui umas 3 vezes, mas sei que vai passar algo.
Enfim. Tio Chão ama vocês.



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