Out Of The Woods... escrita por Day Alves


Capítulo 6
Perdida...


Notas iniciais do capítulo

Oii Tributos! Tudo bem? Espero que sim!

Boa leitura! ♥



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A noite cai como uma pluma, Rye não vai vir para casa hoje, pedi para que Haymitch e Effie cuidassem dele para mim, só por hoje é claro, não quero que Katniss sinta que estou usando a presença dele para pressioná-la ou algo do tipo. Pergunto se ela aceita jantar e ela diz que não está com fome, só que ela não comeu nada o dia todo, vejo ela se encostar no sofá da sala, seu desconforto é palpável e eu vi que ele só piorou com o cair da noite, só então me lembro de uma das suas conversas com Vênia e Clara, onde ela dizia se sentir desconfortável por pensar que eu poderia querer ter relações com ela. É claro que quando eu soube que eu poderia ficar 24 horas por dia observando cada passo que ela dava, eu não desperdicei a oportunidade, não fui visita-la nenhum dia, por que tive medo, medo que ela rejeitasse a minha presença. E mais algumas coisas também..., mas quando vi aquela conversa, tive a certeza de que ela não é mais a minha Katniss, é a Katniss autossuficiente de três anos atrás, ela não me conhece, me senti mal por ver que ela pode pensar que eu faria uma coisa dessas, nem quando ela era, bem, quando ela se lembrava de mim eu a cobrava sexo, ainda mais agora vendo como a nossa situação se encontra. Eu nunca faria uma coisa dessas. Será então que é isso que ela teme? É isso que tem tirado sua tranquilidade? Aproximo-me dela com passos lentos e calculados, não quero que ela se assuste e pense que vou agarrá-la aqui. Não sei se começo a rir ou a chorar, a mulher que até semanas atrás me procurava quase todas as noites, procurando esquentar seu corpo com o meu, agora se sente inquieta e desconfortável somente por estar sozinha comigo. Isso é bem pior do que qualquer um dos meus pesadelos.

— Katniss? – Chamo e ela levanta seus olhos cinzas para mim. Como era bom admirá-los antes e ver seu amor por mim transbordar em sua íris. Agora, tudo que vejo neles é inquietude, medo e receio. — Você quer dormir?

Ela não responde, apenas assente desviando o olhar. Ando em direção as escadas subindo-as com Katniss em meu alcanço, entro no nosso quarto.

— Bom, a porta a esquerda é a do banheiro e essa aqui a direita é a do closet. – Digo sinalizando para ela. — Boa noite. – Digo, e não posso evitar lembrar de quando depois de consumirmos nosso amor, Katniss deitava sua cabeça em meu peito e eu podia sussurrar essas palavras para ela, sabendo que ela era minha e pensando que nada nunca mais iria tirá-la de mim. Como eu estava enganado! Sem que eu perceba lágrimas se formam em meus olhos e eu viro as costas tentando sair daqui antes que faça algo estupido como chorar na frente dela. As pessoas já me viram chorar muito por esses dias.

— Hm, er... e onde você vai dormir? – Vejo nervosismo em sua voz e quase rio.

— Não se preocupe, posso dormir no quarto de hospedes ou no quarto de Rye. Durma tranquila Katniss. – Viro-me para ela. — Nunca desrespeitei o seu espaço antes, não pretendo fazê-lo agora.

 

O dia amanhece com uma nevasca terrível, levanto-me tomando um banho quente e vestindo uma roupa quente e confortável. Desço para reparar o café da manhã, o dia mal amanheceu e presumo que Katniss ainda esteja dormindo, ou apenas retardando o momento em que ela terá que sair do quarto. Assim que termino de arrumar tudo ouço batidas na porta, é o pessoal. Haymitch e Effie trazem meu filho com eles como foi combinado.

— Entrem, deve estar congelando lá fora. – Digo fechando a porta.

— Como ela está? – Pergunta Annie com um sorriso gentil no rosto.

— Perdida. – Dou de ombros dando um suspiro sôfrego.

— Ela vai melhorar. – Diz Effie se aproximando com meu filho nos braços. Os olhos azuis de Rye brilham e ele dá um sorriso com dois dentinhos quando me vê, rapidamente me lembro como eu e Katniss sofremos com isso, noites em claro, febre e muito choro, consigo retribuir seu sorriso tomando ele em meus braços.

E eu sinto. Tudo pode estar perdido, mas eu ainda tenho meu filho, nem tudo pode me derrubar. Aninho ele em meus braços sentindo seu cheiro de bebê, como senti sua falta, acostumei a dormir com ele quando estávamos na Capital, afinal, esse era o único jeito de eu manter a sanidade. Tendo Rye perto de mim. Ouço passos na escada e o rosto de todos empalidece. Sei que é Katniss, e sei também que eles temem a reação dela. Mas não podemos mais adiar isso. Viro-me em direção a ela e vejo seu rosto perder a cor. Fecho meus olhos por alguns segundos, rezando para que ela não saia correndo.

Pov Katniss.

Desço as escadas atraída por um maravilhoso cheiro de pão e também por alguns murmúrios de conversa que ao que parece vem da sala. Assim que chego até lá sinto meu sangue gelar em minhas veias, meu coração falha uma batida e fico trêmula. Lá estão os nossos “amigos”, Effie Trinket, Haymitch Abernathy, Johanna Mason, Gale, uma ruiva que eu reconheço por tê-la visto em um dos vídeos que me mostraram na Capital, mas não me lembro de seu nome, três bebês e um em especial atrai minha atenção, e isso não tem nada a ver com o fato dele estar nos braços do meu “marido”, o que me chama a atenção são seus olhos incrivelmente azuis, os cabelos negros, o sorriso que ele envia em minha direção assim que seus olhinhos capturam minha presença e seus bracinhos de bebê erguidos em minha direção em um convite silencioso para que eu o tome em meus braços. Fico constrangida instantaneamente, encaro os olhos do bebê e vejo uma alegria tão pura, como se ele estivesse sentindo minha falta e estivesse feliz em me ver, instintivamente como eu teria feito com qualquer bebê na mesma situação, levo-me até ele e o tomo em meus braços, um calor indescritível cresce em meu peito e se espalha pelo meu corpo, fazendo com que involuntariamente eu soltasse um sorriso quase débil para o bebê em meus braços.

— Como se sente Catnip? – Gale pergunta e pela primeira vez em dias, eu consigo sorrir alegremente, nem tudo está diferente, eu ainda tenho Gale por perto, meu único e solene amigo.

— Um pouco melhor. Como vai Gale? – Pergunto.

— Ainda estamos nos recuperando do susto que você nos deu. – Ele suspira. — Nunca mais faça isso novamente. Achei mesmo que você ia dessa vez.

— Logo, logo as coisas vão melhorar. – Diz a ruiva com um sorriso.

— Assim espero. –Digo olhando para ela. — Você é?

Sinto seu sorriso desvanecer, ela desvia o olhar para o chão, só então reparo no bebê de olhos verdes e cabelos loiros em seus braços. Automaticamente o rosto de alguém vem em minha mente. "Finnick!"

— Annie Cresta não é mesmo? – Pergunto.

— Você se lembra? – Seu sorriso volta com força total, sinto-me quase constrangida por ter que dizer que não.

— Não, ouvi seu nome algumas vezes enquanto assistia a reprise dos Jogos Vorazes. Você é esposa do Finnick, não é? – Ela balança a cabeça em concordância. — Sinto muito que ele tenha morrido.

Um silencio constrangedor se espalha entre nos. Sinto os dedos de Rye enlaçarem meus cabelos mais não me importo com isso, porém, inevitavelmente lembro-me de quando Prim era apenas um bebê e ela fazia a mesma coisa, de repente sinto como se tudo isso fosse errado, até mesmo segurar essa criança no colo.

— Bom, venham para a cozinha, acabei de preparar o café da manhã. – Diz Peeta. Ele me olha por alguns minutos e pela expressão em seu olhar sei que ele sabe o quanto estou desconfortável com tudo isso, de forma que ele vem em minha direção de tira o bebê de meus braços. — Venha Rye, sua mãe precisa tomar café.

— E com certeza ela não se lembra como faz isso com você no colo. – Diz uma morena, Johanna Mason. — Oh! Desculpe, eu não me apresentei. Sou Johanna Mason, madrinha do seu casamento e também madrinha do seu filho. – Ela estica a mão para mim de forma debochada, mas logo a puxa de volta.

— Amor... – Gale a repreende. — Não liga para ela Catnip.

E assim, com um silencio ainda mais constrangedor seguimos para a cozinha, onde encontramos uma farta mesa com pão, café, e tudo o mais. Um pão em especial me chama a atenção, é o pão com massas e nozes. O mesmo pão que Peeta jogou para mim aquele dia e salvou a minha vida. Encaro ele que está sentado na ponta da mesa tomando seu café enquanto coloca pequenos pedaços de pão na boca de Rye, que insiste em levantar as mãos e tentar agarrar o cabelo loiro de sua nuca. E então percebo que não posso simplesmente virar as costas e querer ir embora, essa não seria a solução.

Muito pelo contrário, ao ver uma pequena troca de sorrisos entre Peeta e Rye, percebo que essa é a vida que eu escolhi levar, e em um juramento secreto, prometo enquanto tomo um gole do meu café, que farei de tudo para tê-la de volta. Devo isso a eles. Devo ao menos a chance de tentar. Devo ao menos uma esperança.


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Notas finais do capítulo

Oii de novo! Então, a Kat viu o baby Mellark. Eu realmente pensei em fazer ela sair correndo, mas pensei: "não seria mais emocionante se ela o pegasse nos braços?" então eu fiz isso! Espero que tenham gostado. Não deixem de comentar! Até o próximo!

E que a sorte, esteja sempre ao seu favor! ♥