Acordo-me com alguém pulando em cima de mim e ouço a risada de outra pessoa.

— Assim você vai deixar sua mãe sem andar Rye. – Distingo ser a voz de Peeta. Forço-me a abrir os olhos e sinto Rye montar em minhas costas.

— O que é isso? – Pergunto fechando os olhos com força.

— Rye estava te chamando. – Peeta se aproxima e se deita ao meu lado na cama.

Olho para ele, já não é mais tão estranho e fato de tê-lo em minha cama, mas, no entanto, nunca dormimos juntos, as únicas vezes que dormimos juntos foi na Gruta e na noite da nossa “primeira vez”. Isso é meio estranho contando com o fato de que, nós já “consumamos nosso casamento”. Talvez devêssemos dormir juntos, talvez isso não seja tão estranho, na verdade, eu gostei das vezes em que acordei com seus braços ao redor do meu corpo. Suspiro.

— Tudo bem? – Ele pergunta levantando a cabeça para me olhar.

— Sim. – Ele podia me puxar para seus braços né?

— Já fiz o café, vamos descer? – Ele pergunta passando a língua nos lábios para umedecê-los.

— Adoro quando você faz o café. – Digo. — Espera, você sempre faz o café.

Ele sorri, e eu paro para pensar em como o que eu disse não faz sentido. O que estou tentando fazer?

— Vamos? – Ele vai se levantar, mas eu pego em sua mão, fazendo-o deitar-se novamente na cama, chego perto dele e cheiro seu pescoço sentindo sua pele se arrepiar, beijo sua bochecha e sussurro:

— Vamos.

Levanto-me da cama e vou ao banheiro apenas escovando os dentes, assim que saio, vejo Peeta colocando Rye no chão. Seu olhar desce descaradamente por meu corpo e eu sinto minhas bochechas arderem quando me lembro que estou apenas com uma camisola laranja pôr do sol. Ela não é muito exagerada, eu diria que é até muito simples. Mas então eu ligo os pontos, Peeta adora laranja, a maioria dos quadros no seu ateliê possuem o pôr do sol.

— É sua cor preferida. – Murmuro olhando para ele.

— É. – Ele sorri, aproximo-me dele sorrindo e deixo um selinho em seus lábios.

— Agora sim. Bom dia. – Digo sorrindo e ele sorri também.

— Bom dia, meu amor. – Ele diz. Sorrio e me abaixo pegando Rye nos braços.

— Bom dia, meu pingo de gente. – Digo beijando sua bochecha e ele sorri mostrando seus dentinhos.

Descemos para tomar café, a mesa já estava servida, então eu coloquei Rye na cadeira alta e servi chá sem açúcar em uma xícara para Peeta e um pouco de suco em um copo para mim, mas antes que eu me sentasse em uma cadeira, Peeta me puxou para seu colo, me sentei de lado em seu colo para não atrapalhá-lo a tomar café.

— Octavia e Vênia vão embora hoje? – Ele pergunta colocando um pedaço de pão na boca, enquanto eu também me sirvo.

— Sim. – Respondo. — Parece que Octavia teve algum problema na Capital e vai ter que voltar para resolver.

— O ex namorado dela tem ficado aqui?

— Ele foi embora assim que ela e Mandy saíram do hospital. Ela ficou bem chateada com isso. – Digo citando o nome da filha de Octavia, um nome muito bonito na minha opinião.

— Humm. – Peeta sorri e eu o encaro.

— Sabe de algo que eu não sei? – Pergunto apertando suas bochechas, fazendo sua boca se formar em um biquinho bonito. E eu tive que me segurar para não o beijar de novo. É viciante.

— Absolutamente nada, amor. – Ele me deu um selinho, apenas me deixando com mais vontade de beijar seus lábios.

— Podíamos sair hoje. – Digo.

— Quer ir para onde? – Ele pergunta.

— Não sei, a floresta talvez. – Digo dando de ombros e colocando um pedaço de morango na boca.

— Humm. – Ele me beija mordendo um pedaço do morango dentro da minha boca. Faço uma careta, nojinho. — Podemos fazer um piquenique então.

— Sim.

— Quer chamar os outros para ir conosco? – Ele pergunta.

— Se você quiser. – Dou de ombros.

— Podemos fazer isso depois que Octavia e Vênia forem embora?

— Podemos. – Digo. — Quer se despedir delas?

— Claro. – Ele me olha e sorri. Deus! Que boca é essa? Desvio o olhar. — Pode me beijar se quiser.

Encaro seu rosto, ele está sorrindo fazendo com que o buraquinho em seu queixo apareça. Pego seu rosto com as mãos e junto nossos lábios, e em uma sincronia perfeita, aprofundamos o beijo juntos, o gosto de chá predomina em sua boca, mas isso não a deixa menos saborosa. Mordo seu lábio inferior no mesmo instante que escuto Rye resmungando alto.

— Acho que alguém está se sentindo excluído. – Peeta murmura sorrindo.

— Também acho. – Sorrio.

— Mas, só para frisar. – Peeta me encara. — Você pode me beijar sempre que quiser Katniss, sai dessa de ter vergonha. Eu te amo, e amo seus beijos. O único motivo para eu não te beijar a cada instante, é o fato de achar que talvez você não queira isso. Facilita pra gente amor. – Ele beija meu ombro e eu sorrio. Idiota.

— Tá bom. – Reviro os olhos e saio de seu colo colocando suco em uma mamadeira para Rye. — É para tomar tudo.

Ele me encara com seus olhinhos azuis e depois volta sua atenção para seu prato com frutas e pão. Dou graças a Deus por ele ter ao menos parado com a mania de jogar tudo no chão. Volto a tomar meu café e assim que terminamos eu subo para dar banho em Rye e quando termino, coloco ele no berço indo tomar meu próprio banho. Estou distraída lavando meus cabelos e me assusto quando sinto duas mãos em volta da minha cintura e alguém beijando minhas costas.

— Oi. – Ouço Peeta sorrir atrás de mim e me viro para ele.

— Quer me matar de susto? – Coloco uma de minhas mãos sobre meus seios e a outra tampando minha intimidade e ele me encara com um sorriso no rosto, ele também está nu.

— Não, mas não quis tomar banho no quarto de Rye, então, eu me lembrei deste banheiro aqui. – Ele responde entrando embaixo da água.

— Este banheiro está ocupado. – Encaro seu corpo por um breve momento.

— Não seja egoísta Katniss. – Ele fala.

— Ok Peeta, pode tomar banho. – Digo indo pegar a toalha para sair quando ele me puxa de volta.

— Qual é, Katniss. Eu já te vi nua milhões de vezes, pelo amor de Deus. – Ele revira os olhos.

— Tudo bem então... – Volto para debaixo da água, tentando ignorar a presença de Peeta, mas assim que eu pego o sabão para ensaboar meu corpo, ele escorrega de minha mão e cai no chão. Praguejo baixinho e me abaixo para pegá-lo. Quando me levanto, sinto as mãos de Peeta em minhas costas e ele me empurra levemente contra o vidro do box.

— Você gosta de brincar com fogo, realmente. – Falou beijando meu ombro e pescoço.

— Sou a garota em chamas, não? – Murmuro sentindo um calor já familiar subir por meu corpo. Não dá para não se animar com um Deus do Olimpo nu ao seu lado. Atrás de você para ser mais exata.

Mas não é hora para isso, não que isso tenha hora na verdade. Mas temos que sair e Rye está nos esperando.

— Peeta, não! – Murmurei/gemi, quando senti ele entrar dentro de mim. — Não temos tempo para isso agora.

Ele gemeu baixinho e eu o acompanhei. 

— Vamos ser rápidos. – Ele murmurou e começou a se mover dentro de mim, mantive minhas mãos no box enquanto ele segurava minha cintura, suas estocadas eram fortes e rápidas e eu já podia sentir o orgasmo chegando, porem, Peeta saiu de dentro de mim e me virou para ele, me pegando no colo e colocando nós dois embaixo do chuveiro.

Nessas horas eu já não sabia o que era mais quente, a água do chuveiro ou a temperatura do meu corpo. Peeta voltou com os movimentos e eu mantive minhas pernas ao redor dele, sentindo-o sugar um de meus seios sem muita delicadeza. Não é possível que nessa altura do campeonato comecemos a fazer sexo selvagem. Sai dessa linha de pensamentos bobos e me deixei levar apenas pelo o que eu estava sentindo. Peeta nos tirou debaixo do chuveiro e eu senti minhas costas baterem na parede fria. O choque térmico fez meu corpo estremecer, mas eu não liguei muito. Peeta começou a se mover mais rápido eu já podia sentir o ápice chegando.

— Oh meu Deus, Peeta! – Murmurei e depois de um tempo chegamos ao ápice juntos. Peeta me tirou de seu colo, mas não parou de me beijar até ouvirmos um barulho na porta.

— Katniss, você viu o Peeta? – Ouvi a voz de Haymitch. — Preciso falar com ele.

Peeta me dá um selinho saindo do box do banheiro e se enxugando em uma toalha.

— Daqui a pouco eu desço. – Murmurei e ele assentiu com um sorriso no rosto. Lindo.

Ouvi barulhos de Peeta se vestindo e logo a porta do banheiro se abrindo.

— Agora entendi o que houve com você. – Haymitch murmura.

Desci para a sala depois de um tempo, eu usava um vestido bege e uma sapatilha simples. Se fossemos para a floresta, isso não seria muito inconveniente. Assim que entrei pela porta, vi que todos estavam na sala, contando com Vênia e Octavia, que possuía a pequena Mandy nos braços.

— Como vocês estão? – Perguntei me aproximando deles.

— Bem, muito bem. – Octavia sorri. Sinto Peeta vir atrás de mim e enlaçar minha cintura com os braços.

— E então? Vamos fazer o piquenique ou não? – Haymitch pronuncia.

— Vamos uê. Vocês que sabem. – Johanna fala.

— Infelizmente eu e Octavia não podemos ir, o aerodeslizador já deve estar chegando. – Diz Vênia.

— É uma pena. – Effie se aproxima de Octavia. — É tão bom ter um bebê recém nascido por perto. Sinto falta de quando Lily era assim. – Ela sorri e encara a menininha loira de olhos verdes no colo de Haymitch.

— Eu não. – Haymitch murmura. — Espere só até vir os choros durante a noite, as fraudas sujas, os dentes nascendo, os...

— Haymitch! – Effie o repreende e nós rimos.

— Mesmo com tudo isso. – Digo. — Deve ser uma sensação maravilhosa.

Todos me encaram em silencio por alguns momentos, senti Peeta ficar um pouco desconfortável atrás de mim. Eu nem devia estar assim, mas, poxa. Eu tenho um filho, e nem sequer me lembro de como foi seus primeiros dias de vida. Isso pode acabar com qualquer um. E eu não aguento mais essa angustia.

— É maravilhoso sim, amor. – Peeta murmura depois de um tempo.

Ouvimos o barulho do aerodeslizador.

— Está na hora de partir. – Vênia sorri tristemente.

Saímos todos para fora e os rapazes ajudaram Vênia e Octavia com as malas. Quando paramos de frente para o aerodeslizador e suas portas se abrem, um lindo rapaz de cabelos pretos sai de dentro dele. Mas, aquele não é o ex da Octavia e pai da Mandy?

— O que faz aqui, Robert? – Octavia pergunta.

— Eu demorei muito, bem mais do que eu queria, para criar coragem de vir falar com você. Octavia eu pensei muito, muito mesmo esses últimos meses, eu sei que nunca fui um cara bom, nem certo com você. Mas quero que você saiba, que não parei de pensar em você nos últimos meses, e quando a nossa filha nasceu, foi como se eu passasse a enxergar as coisas de forma mais clara, vocês duas são as mulheres da minha vida. Não posso ficar sem vocês. – Ele se aproximou dela e se ajoelhou no chão, minha boca se abriu em um perfeito "O" quando ele tirou uma caixinha do bolso. Ele está pedindo ela em casamento! — Por isso, eu sei que pode demorar muito, mas eu prometo mudar, por vocês duas e por nós três. Mas antes, eu preciso saber. Quer casar comigo?

Olhei em volta, todos pareciam estáticos. Provavelmente eles sabiam que ele tinha abandonado Octavia quando ela engravidou. Isso é mesmo uma surpresa. Octavia estava bem emocionada, Vênia pegou Mandy de seus braços.

— E então? – Robert insistiu. — Vai me dar essa chance?

— Só mais essa. – Octavia disse sorrindo entre as lagrimas, todos pareceram respirar fundo essa hora e eu sorri. Não existe outra resposta quando se trata de amor.

Eles se abraçaram e se beijaram apaixonadamente.

— Espero que você não tenha feito menos que isso quando me pediu em casamento. – Murmuro para Peeta.

— Espero que você não fique decepcionada quando se lembrar disso. – Ele murmurou de volta.

Ah não, eu não irei.