Droga, mil vezes droga! O que há de errado comigo? Por que a vida vive me empurrando em direção a um abismo? O que Nathan Heavensbee faz no aniversário do MEU filho, e melhor... O que ele faz tão perto da MINHA mulher?

Bom, depois da hora em que eu confeitei o bolo, como esperado, só voltei a ver Katniss de novo quando os convidados começaram a chegar, ela não parecia desconfortável, na verdade, estava muito sorridente e dando atenção a todos, até que Cressida, Pollux e o Heavensbee chegaram em um aerodeslizador. Katniss pareceu um pouco perdida, quando Cressida foi falar com ela e eu logo contei para ela e Pollux que Katniss havia perdido a memória, para assim, evitar algum incomodo para Katniss. Mas, logo ela e Cressida juntamente com Johanna e Effie engataram uma conversa descontraída. Annie brincava com Finn e Lily em um cantinho, Pollux gesticulava alguma coisa para Gale e Haymitch estava por aí. Eu estava conversando com Nick, um dos meus melhores funcionários até que de repente, vi Katniss sozinha, porém, antes que eu fosse para seu lado, o Heavensbee apareceu, com aquele sorrisinho que ele pensa ser charmoso e com aquela pose de conquistador.

Logo que eles começaram a conversar, vi Katniss ficar um pouco desconfortável, mas na hora que ela deu um risinho sem graça e corou, foi a gota d’água para mim, pedi licença para os meninos e me aproximei de Katniss, mal tinha falado algumas palavras com ela desde o início da festa, mas isso não importa. Não agora. Assim que parei ao seu lado, coloquei minha mão na base de sua coluna e puxei seu corpo para perto do meu, ela não pareceu se importar, até deu um sorriso leve para mim. Beberiquei meu copo que continha alguma bebida e olhei para Nathan.

— Que surpresa, você por aqui. – Digo, fingindo simpatia.

— Não poderia perder o primeiro aniversário do filho do Tordo. – Ele disse.

— Katniss não gosta que a chamem assim. – Digo, semicerrando os olhos para ele.

— Ah, mas bom. Como ela perdeu a memória, não deve se lembrar disso. Assim, como não deve se lembrar de muitas coisas, deveríamos fazê-la recordar não? – Seu tom tinha um quê de malicia. Apertei o copo tão forte em minha mão que pensei que ele fosse quebrar, mas ainda assim, sorri.

— Com certeza, mas isso não cabe a você. – Digo.

— Hora Peeta, pelo visto, você continua o mesmo ciumento de antes. – Ele me olhou e disse com sarcasmo.

— E você, com o mesmo atrevimento. – Devolvi e ele deu de ombros.

— Diferente de você. Eu sempre serei um conquistador. – Ele sorriu.

— Porém meu caro, não se pode conquistar algo que já foi conquistado. – Katniss, colocando um de seus braços em minha cintura e o outro sobre meu peito. Meu ego foi as alturas. Por mais que, ao mesmo tempo, meu peito doeu. Ela está atuando.

Nathan olhou para ela e maneou a cabeça, saindo de perto de nós. Pensei que Katniss fosse se afastar mais não, ela apenas retirou sua mão do meu peito, mas seu braço continuou ao meu redor. Olhei para ela, sua expressão estava impassível. Até que ela olhou certo ponto no meio das pessoas e sua expressão ficou transtornada, vi uma sombra de raiva passar por seu rosto e olhei na mesma direção que ela. Delly segurava Rye nos braços e o menino sorria para ela. O corpo de Katniss ficou tenso e eu posso jurar que a vi cerrar os punhos. Katniss se separou de mim e começou a andar em direção a eles, seus cabelos estavam soltos e com ondas lindas espalhadas por suas costas, seu vestido preto era solto e suas costas ficavam parcialmente nuas com ele. Nada muito extravagante. Mas ela estava linda. Fui atrás dela até que ela parou de frente para Delly e pegou Rye dos braços dela.

— Calma Kat, eu estava só pegando o seu filho. – Delly disse se aproximando de mim. — Mas tudo bem. Se eu não posso pegar o filho. Eu pego o pai. – Ela sorriu e antes que eu pudesse prever deu um selinho em meus lábios.

No segundo seguinte, ela se afastou bruscamente de mim. Katniss havia a puxado discretamente pelos cabelos e agora sussurrava em seu ouvido. Mas ainda assim, eu, Johanna, Effie e Haymitch que estávamos ao redor delas, pudemos ouvir.

— Se não quiser que eu envie uma flecha no meio da sua testa, é melhor sair daqui. E nunca, ouviu bem? Nunca mais toque no que é meu. – Senti os pelos do meu corpo se arrepiarem, nunca, nunca mesmo em toda a minha vida, eu tinha ouvido Katniss ameaçar alguém, muito menos, com a voz tão perigosamente ameaçadora. Troquei um olhar sugestivo com Haymitch e ele pegou no braço de Delly, fazendo Katniss soltá-la e guiando-a para fora de casa.

Katniss pegou Rye que estava nos braços de Gale e sorriu para nosso filho.

— Acho que está na hora dos parabéns. E me lembre de te ensinar a não falar com estranhos. Você se vende fácil demais. Não puxe tanto o seu pai. – Dito isso ela saiu, sem nem me olhar e foi anunciar os Parabéns.

— O que foi exatamente isso? – Johanna perguntou com as sobrancelhas quase juntas.

— A antiga Katniss que vocês não conheceram em ação. – Gale sorriu orgulhoso. — Se eu fosse Delly, tomava meus cuidados.

E assim passou uma parte da festa, cantamos os parabéns para Rye que se pareceu bem animado pela atenção que recebia, sorrindo e agitando os bracinhos. Como previsto, Pollux e Cressida gravaram alguns momentos para levar para a Capital. Katniss não falou mais comigo depois que Delly foi embora.

A maioria das pessoas já tinham ido embora agora, restavam apenas Haymitch, Effie e Lily aqui. Estávamos arrumando a bagunça que ficou na cozinha. Katniss jogava os itens descartáveis fora, ela não pode ficar me ignorando a noite toda. Eu nem tive culpa. Vi Haymitch com uma garrafa de Whisky na mão e me aproximei dele, tomando-lhe a garrafa e bebendo no bico mesmo, sentindo a bebida queimar a minha garganta.

— Vai com calma garoto. – Ele disse. Dei de ombros.

— Acho que eu estou precisando disso mesmo. – Disse. — Encher a cara.

— Problemas com a docinho? – Ele perguntou.

— Muitos. – Digo, dando um suspiro e bebendo um pouco mais da garrafa.

— Desse jeito, vai acabar bêbedo. – Ele murmurou dando um sorriso.

— Você entende bem disso. – Digo, sentindo minha visão oscilar um pouco. Estou ficando bêbedo? Talvez, mas as vezes, isso parece ser uma boa opção. Principalmente quando tudo parece dar errado. — Você não estava em um tipo de dieta com a bebida?

— Ainda estou. O único bêbedo aqui é você. Eu estou bem sóbrio. – Ele sorriu. Dei de ombros novamente. Se ficar bêbedo for a única forma de sair um pouco dessa angustia que estou vivendo. Que seja!