— O que acha de darmos umas voltas no Festival? Estou super animada em conhecer as pessoas medievais. — Amanda exclamou bastante empolgada.

— Vamos então. — Concordei.

— Primeiro, você precisa trocar de roupa. — Milena sugeriu.

Ergui minha mão para o céu e desenhei uma rosa no ar. Toquei nela e no mesmo instante, luzes saíram do desenho e começaram a voar ao meu redor. Rodei no mesmo lugar e meu vestido vermelho foi mudando de baixo para cima em outro. Com decote quadrado e saia lápis que se solta ao descer. Rosa claro uma estampa simples. Manga longa e cintura marcada.

— Uau... quero essa mágica. — As meninas sorriram e pisquei para elas.

— Vamos? Jovens damas...

Ashafe se curvou diante de nós em brincadeira. Lorraine se aproximou dele de forma graciosa e esticou a mão, dizendo: “Vamos, meu querido amigo”. Rimos da atuação deles e os dois envolveram os braços. Caminhamos na direção do Festival que ocorria no lado de fora do Reino, próximo a cachoeira.

— Não irá convidar o príncipe Légolas? — Samara questionou.

— Não. Depois que terminamos a Reunião, ele parecia irritado e me afastei para ficar no quarto. Acho que desejo um pouco de privacidade e diversão agora.

— E como sairemos sem ser vistos? — Anny pergunta.

Um sorriso dança em meus lábios. Olho para Oryn que está sobrevoando a minha cabeça e ele percebe a ideia.

— Tem certeza disso? — Ele desaprova a ideia.

— Certeza absoluta!

Ele suspira frustrado. Esfrega as mãos e num segundo, um pozinho mágico e branco, começa a ser feito. Ele sobrevoa a cabeça minha e dos meus amigos, derramando esse pó e quando guardas caminham na nossa direção. Não conseguem no enxergar e nem ouvir.

— Pronto. — Oryn diz. Ele descansa no topo da minha cabeça.

— Sabe, Lorraine e Ashafe não parecem combinar? — Mary supôs em sua cabecinha.

Observo Lo e As andando a nossa frente de braços enlaçados e sorrindo um para o outro. Realmente, eles pareciam combinar muito bem. Mas, Ashafe diz que não confia em Lorraine e não sei se ele daria alguma chance para ela. Ele tenta me convencer a ficar sempre com um “pé atrás da orelha”, porque tem medo que eu me machuque se não tomar cuidado.

— Talvez... — Respondi.

— E o Elendil? — Pergunto a Amanda.

Ela fica corada.

— Ah... a gente está conversando.

Percebo que ela está se retendo por dentro.

— Pode falar... — Digo com um sorriso malicioso.

Ela para no meio do caminho e começa a dar pulinhos de alegria.

— A gente quase se BEIJOU! Uiiii.

As meninas caiem na gargalhada. Sabia!

— Como assim... “quase”? — Samara pergunta.

— Acontece que na hora do beijo, o capitão dele apareceu de repente. Que raiva. — Ela lamenta.

— Deixa para uma próxima vez... mas deu para perceber que vocês estão num “Love”. — Mary comenta.

— Só tome cuidado. — Milena censura.

— Okay... irmãzona. — As duas se abraçam.

Sorrio.

Queria que Légolas estivesse aqui... de verdade! Mas ele pareceu não muito bem hoje, após conhecermos o Rei Caspian. Sabe, eu nem sei muito bem o que pensar. Porque são duas pessoas que irei amar e apenas um deles é o escolhido de Aslam e meu grande amor. Mas quem? Não quero magoar Légolas e muito menos chorar por outro alguém. É muito confuso!

— Shara? — Anny chama.

— Oi? — Ela me olha confusa.

— Chegamos no Festival. Podemos ficar visíveis agora?

Olho para minha frente e vejo um monte de barracas medievais montadas. Uma multidão caminha por entre elas e observo vários acrobatas e artistas dançando. Malabaristas e diversos outros que divertem as pessoas. Tem até mesmo o homem que engole fogo! Fadas e Feiticeiros fazendo magias impressionantes e um deles, é Gandalf O Branco. Ele está sentado numa carruagem e dentro dela, tem vários fogos de artifícios que ele vai acendendo conforme avança com o transporte no caminho. Vejo dragões se formando no céu pássaros voando. Ele é demais.

Eu e meus colegas nos escondemos nas árvores e Tibia joga seu pozinho mágico verde que nos faz visíveis novamente. Saímos do esconderijo e voltamos ao Festival. Realmente, era um evento muito divertido que exigiu bastante esforço de Thranduil, ainda mais por ele ser orgulhoso, eu sabia que ele faria tudo no mais perfeito estado. Muitos irão lembrar desse evento.

Vejo alguns narnianos caminhando entre os camponeses. Então, quatro jovens vestidos com roupas nobres, vem cavalgando no meio do povo. Duas meninas e dois meninos. O que me chama a atenção é Ashafe. Ele está olhando diretamente para a jovem mais nova de cabelos lisos castanhos. Ela tem um jeito doce de sorrir e é muito bonita. Ela troca olhares com eles e os dois parecem estar em uma câmera lenta.

Seria amor à primeira vista?

— Rainha Lúcia! — Um fauno se aproxima do cavalo da jovem.

— Senhor Tumnus! — Ela sorri alegremente.

O cavalo interrompe os passos e o fauno auxilia a jovem a descer. Os dois se abraçam amigavelmente e para minha surpresa, Caspian aparece para recepciona-la ao lado de Professor Cornelius.

— Caspian! — Ela corre na direção dele e os dois se abraçam como velhos amigos.

— Caspian. — Um dos jovens meninos diz. Com cabelos negros e olhos brilhantes com o céu da noite.

— Edmundo. — Caspian o chama e o jovem desce do cavalo. Os dois se abraçam.

— Estamos atrasados... acha que a Rainha ficou brava? — Edmundo o questiona.

— Com certe...

— Esperem! — Os interrompo e os olhares caiem sobre mim. — São os Reis e Rainhas da Era de Ouro.

— Majestade. — Eles ficam boquiabertos e se ajoelham diante de mim. Todos os camponeses começam a observar a cena e olho desesperadamente para Caspian que nota a situação e se ergue, influenciando os outros.

— Nos perdoe. — Pedro, O Majestoso, se aproxima de mim e beija as costas da minha mão.

— Sejam bem-vindos. Não se preocupem... espero que a viajem tenha sido boa.

— Sim. Nada muito cansativo, apesar de que é a primeira vez que estamos na Terra Média após ela ser descoberta por Caspian. — Pedro olha para o amigo.

— Em seu reinado, nunca souberam daqui? — Questionei.

— Nárnia e Terra Média eram separadas. Seu avô que me contou sobre ela e ordenou que esperasse Sua Majestade retornar, para que pudéssemos nos aliar novamente. — Caspian explica.

— Bom. — Olho para Pedro. — Sou a Rainha dos dois lados e espero que sejam amigos também.

— As suas ordens. — Pedro se curva e depois se ergue.

Olho para Lúcia e depois para Ashafe. Os dois se entreolham de um jeito diferente. Acho que o amor está no ar...

— Divirtam-se, mas retornem aos seus quartos daqui duas horas. — Falei aos meus amigos.

— Relaxa... — Amanda diz.

— Olha quem fala. — Respondo.

— Obrigada pela parte que me toca. Vamos galera? — Amanda chama o pessoal e logo os percebo se espalhando pelo evento.

— Oryn, Tibia, Layen e Aryne. — Chamo meus pixies. — Divirtam-se, mas prestem atenção neles, não quero ninguém perdido ou machucado.

— Pode deixar conosco. — Oryn responde.

— Lá vamos nós... ser babás. — Layen retruca.

— Vamos logo seu reclamão. — Aryne o empurra e eles se afastam.

— Esperem por mim! — Tibia corre atrás dos amigos.

Sorrio.

— Posso acompanha-la? — Caspian pergunta e sinto um frio percorrer a espinha. Os olhos dele são tão sedutores e profundos.

— Sim.

Ele fica ao meu lado no Festival. A noite está brilhante com várias estrelas no céu e uma enorme lua cheia que parece sorrir para nós. Quando olho para ela, lembro que é igualzinha à que eu observava do meu quarto em casa. Todas as noites, antes de dormir, ficava vendo o céu a noite. Saudades que tenho do meu lar e dos meus pais.

Até agora não os consegui encontra-los. Parece que ocorre um bloqueio dentro de mim e eles estão em algum lugar longes de mim. A Feiticeira Verde os sequestrou e escondeu muito bem e agora, preciso encontra-los.

— Porque está triste?

Me desperto dos pensamentos, ao ouvir a voz serena de Caspian.

— Penso nos meus pais.

— Aconteceu algo com eles? Soube que cresceu em uma família adotiva.

— Eles foram sequestrados pela Feiticeira Verde e não importa o que eu faça, sempre ocorre um bloqueio na minha mente que impede de acha-los. Estou ficando desesperada. — Digo frustrada.

— Não se preocupe dessa forma. — Ele me encara. — Me permita ajudar a encontra-los. Sei como é ficar sem os próprios pais e a dor que se sente.

— Não posso aceitar. É perigoso demais e já tem Nárnia para cuidar. — Nego.

De repente, ele pega na minha mão e várias memórias me vem na mente. Tudo num milésimo de segundo. Sinto uma dor forte no coração e solto um gemido. Caio nos braços do Rei e ele me abraça fortemente assustado.

— Shara! O que houve!? — Ele chama desesperado.

Respiro com dificuldades. Estamos isolados da multidão. Minha visão parece estar rodando e de longe, ouço passos. Sinto meu corpo sendo erguido do chão e posso sentir o toque delicado de Caspian me segurando em seu colo.

— O que fez com ela? — Ouço uma voz raivosa. Légolas!

— Não crie acusações precipitadas, Alteza. — Caspian retruca.

— Se eu soube que ela se machucou por sua culpa... você se arrependerá de ter nascido.

De repente, sinto o toque da mão de Légolas em minha testa e tudo parece voltar ao normal. Pestanejo os olhos e observo os dois homens a minha volta, com olhares mortais um para o outro.

— Légolas. — Murmuro e me solto dos braços de Caspian, para ser abraçada por Légolas que me analisa da cabeça aos pés. Ele acaricia meu rosto e repouso minha cabeça em seu ombro.

— Nunca mais saia sem me dizer nada. — Ele diz mansamente.

— Me desculpe...

— Vocês dois... — Caspian diz.

Antes que ele termine a frase, o interrompo.

— Somos apenas amigos. — Afirmo.

Ele arqueia a sobrancelha.

— Parecem mais que isso.

— E isso te incomoda, Alteza? — Légolas o provoca.

— Um pouco... porque? — Caspian responde e sinto uma tensão entre os dois.

— Parem com isso! — Grito e eles se silenciam. — Vocês dois parem já. Eu não tenho tempo para essas coisas...

De repente, uma explosão ocorre no festival e ouço o som ensurdecedor das pessoas correndo apavoradas. Atrás de nós três, aparecem enormes Trolls que começam a esmagar a multidão com seus pés e sobrevoando nossas cabeças, está a Feiticeira Verde.

— Essa não... — Murmuro.