Passaram-se alguns dias desde o pedido de casamento de Fitzsimmons. A morena exalava felicidade pelos corredores, o que não foi percebido por ninguém além de Daisy, que sabia o exato motivo para todo esse entusiasmo. Cada dia que passava a deixava mais ofendida pelo descaso da amiga de não lhe contar a grande novidade.

Depois do jantar obrigatório da equipe, a maioria dos agentes seguiram para sala de TV para assistir mais um episódio de Sherlock, algo que tinha virado uma febre na base. Jemma aproveitava cada segundo de sotaque britânico para matar a saudade de casa, sentada no sofá nos braços do seu namorado - agora noivo - e não percebeu a inquietude de Daisy.

— Jemma, você não tem nenhuma novidade a me contar? - ela finalmente perdeu a paciência e perguntou.

A confusão atingiu os olhos da cientista, antes que voltasse a razão.

— Desculpe Daisy, eu e Fitz não localizamos nenhum inumano essa semana. - Jemma sorriu para a amiga, retomando sua atenção para a tela.

Daisy, possuída pela raiva, saiu como um raio em direção à porta, mas antes de atravessá-la, voltou a olhar para o casal totalmente alheios à sua reação.

— Eu sei do casamento! - ela cedeu ao impulso, bem no pequeno intervalo entre comerciais. Todos voltaram sua atenção a ela, que cruzou os braços teatralmente na frente do corpo, esperando uma resposta.

Jemma sorriu complacente para a amiga.

— Você aguentou muito tempo, Daisy! - ela estendeu a mão para Fitz- Agora meu dinheiro!

Ele pescou a carteira no bolso de trás com certa dificuldade e tirou uma nota, a pousando na mão da noiva. Daisy observa a cena, incrédula.

— Espera... Vocês apostaram sobre mim? - Daisy parecia que ia furar o chão devido a frequência que o pé batia no chão.

— Desculpe Daisy... Depois do pedido de casamento, eu contei sobre o episódio da roupa suja...

—E eu disse que você não aguentaria esperar uma semana para perguntar sobre o casamento... - Jemma sorriu. - Fitz duvidou, e assim eu ganhei vinte dólares! - ela mostrou a nota para a amiga antes de guardá-la.

Daisy bufou e se esforçou para não gritar como uma criança em crise. Todos riam da cena, meio surpresos com a notícia sobre o casal de cientistas.

—Então, parece que o Turbo vai se casar. - Mack constatou, dando um soco leve de comemoração no ombro do amigo, que mesmo assim gemeu.

Todos da sala se dividiram para dar os parabéns ao casal, que se sentiam felizes em finalmente anunciar para todos.

— Eu preciso falar algumas coisas. - Jemma disse, alguns tons mais alto. - Primeiro eu gostaria de convidar Daisy para ser minha dama de honra! - a garota começou a pular em volta da amiga assim que as palavras foram pronunciadas:

—Eu sabia!! Temos que começar logo, temos muita coisa para decidir!!! Seu vestido, meu vestido, os pratos que serão servidos... E o Bolo! O bolo é a melhor parte!

— Daisy. Acalme-se! - Jemma pousou às mãos no ombro dela para evitar os pulos. -Bem, como minhas madrinhas, eu quero convidar você, Yo... Elena - a latina sorriu. O apelido que o namorado lhe dera durante a primeira semana tinha se alastrado como fogo em palha seca na organização. - Eu espero que a Bobbi possa vir também. E May. - Jemma vasculhou a sala em busca da asiática, fracassando. -Bem, depois eu dou a notícia a ela.

— E o padrinho, Fitz? - Elena perguntou ao noivo, todos o olharam com curiosidade.

— Ainda não decidi. - ele se jogou no sofá. - Escolher entre Hunter, Mack e Coulson é quase declarar uma guerra.

Jemma sentou-se ao lado no noivo, feliz por ter contado ao time a grande novidade.

— O que você pensa que está fazendo? - antes que se acomodasse nos braços de Fitz, Daisy a puxou.

— Voltando a assistir Sherlock? - Jemma respondeu ingenuamente.

— Não! Temos muita coisa a decidir, a organizar... Temos que começar agora!

Daisy saiu puxando a bioquímica pelo braço, que só teve tempo para dar um selinho no noivo e acenar para os colegas antes de seguir a amiga pelos corredores. Em poucos segundos voltou gritando Elena, que girou os olhos para Mack antes de seguir as duas garotas.

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Melinda May escutara o burburinho sobre o grande evento que aconteceria em breve na base. Por mais que se sentisse feliz pelo casal - e um pouco ressentida por não ter sido comunicada pessoalmente - não mudou sua rotina por causa disso. Assim, Jemma a encontrou no lugar onde devia tê-la procurado em primeiro lugar: a sala de treinos.

Foi difícil convencer Daisy que teriam tempo suficiente para planejar todos os detalhes da forma que ela quisesse. Quando conseguiu, já era o final da noite e todos se recolhiam. Ao entrar na sala, May batia furiosamente em um saco de areia pendurado no teto.

— May. - ela a chamou, mas não foi escutada. A mulher estava plenamente focada na tarefa de fazer aquele objeto inerte sofrer. - MAY. -Jemma a chamou mais uma vez, mais alto.

Em resposta ao grito, Melinda se virou rapidamente em posição de defesa. Jemma levantou as mãos teatralmente, mostrando-se desarmada.

— O que você precisa, Simmons? - May perguntou, alcançando uma toalha em cima da cadeira para limpar seu rosto coberto de suor.

— Bem... O Fitz me pediu em casamento. - ela começou.

— É, fiquei sabendo de um pequeno escândalo que Daisy fez sobre isso. Parabéns! - ela se largou na cadeira.

— É... Obrigada! Mas além de te comunicar isso, May , eu gostaria que você fosse uma das minhas madrinhas. - Jemma mordeu o lábios, insegura.

Melinda ponderou por alguns segundos, surpresa. Não estava esperando tal convite, já que Jemma era muito mais próxima das demais meninas da equipe e um pouco mais profissional quando o assunto era lidar com ela. Porém, se sentiu extremamente honrada por ter sido convidada.

—Ah.. Okay. - respondeu seca.

A bioquímica sorriu, e deu um pequeno pulo de vitória, antes de sair saltitando para o corredor. -Jemma. - May a chamou, fazendo-a parar na porta. - Eu não uso vestidos rosas.

— Informarei isso a Daisy - Jemma assentiu e saiu para seu quarto.

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Por volta das três da manhã o alarme da base soou, anunciando uma invasão. Faltavam um pouco mais de duas semanas para o casamento. Jemma só teve tempo para vestir uma blusa do noivo por cima da lingerie, antes de seguir Fitz, que segurava uma arma, pelo corredor.

Todos os agentes se encontraram no corredor, todos em alerta e vestidos de uma forma ridícula. Daisy usava um pijama de criança, Melinda May - saída do quarto do diretor - usava uma camisola de seda que ninguém jamais imaginaria vê-la usando. Os homens estavam todos sem camisa e Elena saiu atrás de Mack usando algo bem parecido com o visual de Jemma.

— Queridaaaaa, cheguei. - um sotaque britânico conhecido no fim do corredor. Todos se viraram em direção ao som, encontrando Lance Hunter carregando uma pequena mala de mão sendo seguido por Bobbi Morse, que carregava malas imensas.

Todos relaxaram, as meninas deram pequenos gritos de empolgação e Jemma saiu de trás do noivo para dar um abraço na amiga que chegava.

— Eu pensei que vocês chegariam só na próxima semana. - Jemma exclamou ainda pendurada no pescoço de Bobbi.

— Acha que eu ia perder a reta final para o casamento do século? - Bobbi respondeu, abraçando Daisy dessa vez. - Terminamos a missão mais cedo e viemos direto para a base... Eu queria esperar até o amanhecer e tocar a campainha como uma pessoa normal, mas Hunter queria fazer uma entrada triunfal. - Bobbi olhou feio para o parceiro.

— Em minha defesa, queria dizer que estava com muita saudades da minha família! - Hunter abriu os braços em direção a Melinda May. A mulher o encarou feio por alguns segundos e se virou para voltar ao quarto.

— Hunter, Bobbi... É um prazer recebê-los aqui. O quarto no final do corredor ainda é de vocês... - Coulson começou a seguir para o quarto, atrás de Melinda. - Mas eu realmente preciso voltar a dormir...

Assim que o Diretor abandonou o corredor, todos se entreolharam, alguns confusos e outros maliciosos.

— Desde de quando isso está acontecendo? - Bobbi apontou para a porta do quarto que acabava de se fechar.

— Acredito que há alguns meses... Mas estávamos apenas tendo suspeitas... -Daisy olhava para a porta ainda abismada.

— Mamãe e papai estão transando? - Hunter gritou.

— HUNTER. - todos exclamaram ao mesmo tempo.

— Tem muita coisa acontecendo nessa base. Depois que eu vestir algo mais confortável, podemos te colocar em dia. - Jemma sugeriu e Elena concordou. - Não se atrevam a sair daqui.

Ela se esforçou para escolher algo rápido, e chegou ao mesmo tempo que Elena no corredor. Os meninos desistiram de esperá-las e partiram para cozinha para buscar algumas cervejas. Quando as garotas chegaram, assumiram seus lugares na grande mesa de jantar, e Jemma se sentou no colo do noivo, a pedido de todos os presentes.

Informaram o casal sobre quase tudo que acontecera depois que eles saíram da base: como derrotaram Hive, como tiveram que perseguir "Quake" por todo país, como puseram um diretor inumano para correr, a loucura que foi a revolução dos Watch Dogs e sobre o pequeno problema com o cara do crânio flamejante. Quando estavam perto do fim da conversa, e também das cervejas, o sol já iluminava uma parte da mesa. Coulson e May, recém acordados, se empuleiraram na porta da cozinha e passaram algum tempo observando os agentes, que faziam bagunça com pipoca e se dividiam em pequenas conversas ou cochichos.

— Parece que finalmente nossa família está unida. - Coulson constatou, passando os braços em volta da asiática e depositando um beijo em sua cabeça.