Treat You Better. escrita por Liids River


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Eu sei
tô ouvindo os pensamentos de um montão de vocês daqui da minha mesinha : mas o que comassim a liids voltou
EU SEI
eu sumi um bocadin,mas eu já cansei de dizer meus sweeties : eu não vou sair daqui nunca
vcs vão ter que me engolir
sdds de vcs
não vou enrolar ninguém aqui
Fanfic baseada em Treat You better do Miiiinhaw Mendes, ideia da Kay ♥
fanfic dedicada pra ela,essa coisinha doce pumpkin pie da minha vida ♥
e pro Ivo que só ele me cobrando,já me deixa com a consciência pesada
obrigada por isso Ivo
meu bb ♥


FALO COM VCS LÁ EMBAIXO
FALO MESMO
NÃO ME DEIXA NO VÁCUO BRASIL



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Ela morava no apartamento do lado.

E você está stalkeando a garota,seu babaca.

Eu estava. Estava mesmo e não vou dizer que me orgulho disso. Muito pelo contrário : eu já tinha era idade para ser preso por um bom tempo se fosse pego fazendo isso. Nós moramos na área menos legal de Manhattan. Eu sei que os jornais e revistas fazem parecer que Manhattan é o melhor lugar do mundo,mas acreditem quando eu afirmo dizendo que não é.

O melhor lugar do mundo não é nem nesse mundo. Anotem isso.

Não é o melhor lugar do mundo,mas também não é tão ruim. É...agradável. Eu acho.

Quando você é um garoto na casa dos 18-19 anos essas coisas não importam muito. Quando você é um garoto na mesma faixa etária,que mora apenas com a mãe e o irmão pequeno,repetente : isso é um caos.

Não há nada que eu queira mais do que sair de Manhattan.

Pelo menos,isso era o que eu pensava antes de conhece-la.

Annabeth Chase. Ela havia se mudado para o apartamento do lado havia pouco tempo. Dois meses,para ser mais exato.Morava com os pais,Frederick e Rose. Tinha dois irmãos mais novos e eu ainda me perguntava com essa gente toda cabia naquele apartamento pequeno. Eu a conheci no elevador enquanto ela carregava uma caixa enorme nos braços com uma folha colada.

“Discos”.

Engraçado. Ninguém tem essas coisas hoje em dia....talvez ela seja diferente.

E era.

Não ofereci ajuda nem nada. Estava concentrado demais no meu celular,fingindo que estava passando minhas músicas.Não havia reparado tanto nela,mas uma coisa eu posso afirmar : ela tinha os cabelos loiros.

— Ela é bonitona hein! – minha mãe havia comentado. – Parece que o nome dela é Annelise...Annabeth,algo assim.

E deveria ser mesmo. Como eu disse,não havia reparado nela.

Até aquela quinta-feira,quando ela apareceu na porta da minha sala de aula atrasada.

Eu estava jogado na minha carteira rezando para que um prédio caísse do lado de fora para que eu pudesse pelo menos ir para casa mais cedo. Eu odiava a maioria dos professores e o sentimento era recíproco : nenhum deles tinha paciência.  Nenhum deles respondia e saciava a dúvida.

Eu tinha muitas dúvidas,sendo assim : não nos dávamos bem. Era horrível.

Mas era rápido. Eu iria embora no final. Eu passaria em uma faculdade e iria embora.

Ela entrou na sala atrasada.O cabelo preso em um coque mal-feito. Vestia uma calça preta e uma camiseta clara. A mochila jogada no ombro esquerdo,enquanto ouvia as orientações do único professor decente da escola. Rapidamente,ela desviou os olhos para os lugares vagos. Eu captei a cor de seus olhos por um segundo mas não.

Não podia ser. Os olhos cinzentos como essas nuvens carregas de final de tarde de outono,como se estivesse prestes a cair a maior chuva do universo.

Robert apontou para o lugar ao meu lado e a garota veio andando até o meu lado. Sentou-se,jogando a mochila no chão,já tirando seus livros e cadernos com agilidade. Eu deveria parecer um maníaco observando todos os seus movimentos.

E eu não era o único.

I won't lie to you
I know he's just not right for you

Ela prestava atenção na aula de forma inquieta. Mexia as mãos constantemente e olhava para os lado. Ela sorriu para mim alguma vezes e eu retribui,eu acho.Algumas pessoas da frente olhavam para ela,deixando a garota ainda mais desconfortável.

Eu queria mandar todos eles cuidarem de suas respectivas vidinhas.

Dave Cleawater olhava para ela o tempo todo. Ele parecia um desodorante rolon. Havia raspado a cabeça na ultima semana,dizendo que já estava com os dois pés dentro da faculdade e que já haviam feito o trote com ele.

Estavamos em Agosto. Então,obviamente,ele estava mentindo.

Ele tinha a cara de uma fuinha. O nariz de rato e parecia mesmo uma lontra de tão engraçadinho.

Pelo menos,é isso o que eu penso.

Não é o que se fala nos corredores da escola :

“Dave está mais bonito” “Dave está mais másculo”  “Dave está mais charmoso” “O narizinho dele é tão perfeito” Dave,Dave,Dave....

Dave tinha má fama também. Obviamente,quando você é popular na escola,essa má fama some completamente. Minha amiga,Rachel,costumava sair com ele até o cara se transformar em um babaca ainda maior e eles terminarem.

Foram muitas conversas com lencinhos e chocolate até ela se dar conta de que quem perdia,era ele.Eu não sabia muito sobre Annabeth,mas sabia uma coisa que ela não deveria fazer : se envolver com Dave Cleawater.

E no exato momento em que eu pensei nisso,ela virou o rosto e sorriu para ele.

And you can tell me if I'm off
But I see it on your face
When you say that he's the one that you want

Não demorou muito para que os boatos nos corredores mudassem de “A Sra. Grendene tá ficando com o diretor” para “ A novata está ficando com Dave Cleawater”. Não havia uma boca naquele lugar que Dave Cleawater não tivesse beijado. Talvez,apenas a minha se salvasse.

E eu digo isso com certeza. Há boatos sobre Dave com outro rapaz e mais outros...mas são boatos.

E era nisso que eu estava acreditando : são apenas boatos.

Até Annabeth me confirmar todos eles,saindo da sala de aula de braços dados com ele.

Ela parecia tão inteligente. As aparências enganam mesmo..

Eu estava na sala de estudos/biblioteca desfrutando da wifi para ver meus gameplays. A sala não era tão cheia quanto deveria.Poucas pessoas que frequentavam aquele lugar ou estavam realmente perdidas na escola,ou estavam desfrutando da wifi livre. Você encontrava – dificilmente – um ou dois asiáticos ajudando alguns outros asiáticos,mas isso não vem ao caso.

Esperava enquanto meu celular arcaico tentava carrega meu vídeo. Reparei que naquele dia em especial,a biblioteca estava vazia a não ser por mim e mais três pessoas : Annabeth,Dave e a velhota que fica na coordenação. Eu juro,por todas as notas azuis que eu já tirei nessa escola – foram poucas,confesso – que não estava prestando atenção na conversa deles.

— Você é muito burra,sua imbecil ! – ele murmurou para ela,enquanto pegava em seu braço de forma nada educada.

Não se meta.

Ela se encolheu por um momento,franzindo a testa.

— Eu não fiz nada disso,Dave! – ela sussurrou. – E se eu tivesse feito? Qual o problema? É a Thalia!

—Eu não gosto dela! – ele murmurou com raiva,batendo o punho na mesa.

— Ela nunca te fez nada,pelo amor-

—Ela não gosta de mim – ele murmurou ainda mais agressivo – Eu sou obrigado a retribuir.

—Ela nunca disse isso – Annabeth tentou passar o braço ao redor do pescoço dele,porém o babaca se afastou com um tapa na mão dela. – Dave!

Não se meta. Não levante. Não quebre a cara dele.

— Eu não acho que a amizade dela seja saudável para nós dois –ele murmurou,cruzando os braços feito uma garotinho mimado. Ele desviou a cabeça para mim,e eu rapidamente voltei a atenção para o meu celular.

Nada % carregado.

— Ela não tambem nada a ver conosco,Dave – ela sussurrou também desviando o rosto,só que para o outro lado – Pare com isso!

— Na próxima vez que ela se intrometer em nosso relacionamento-

— Que relacionamento,seu idiota? – Annabeth alterou a voz,praticamente gritando – Você não tem coragem de assumir nem um cachorro no seu nome,quanto mais um relacionamento.

Ouch. Essa doeu até em mim.

Eu não consegui conter um risinho baixo,chamando atenção dos dois.Dave Cleawater levantou a sobrancelha pra mim,ameaçadoramente.

Uau.Que medo dessa sobrancelha,uau ela vai atrás da parceira dela para me bater. Que medo.

Revirei os olhos apontando para o meu celular.

—Videos engraçados de cachorrinhos – murmurei,voltando a atenção para o meu celular ainda carregando meu gameplay.

Ambos voltaram a atenção para si mesmos.

Dave levantou-se devagar,dando a volta por trás da cadeira de Annabeth. Ele se abaixou,passando a mão esquerda no cabelo,até ficar na altura do ouvido dela. Annabeth estremeceu um pouco –acredito que não do jeito bom – quando ele sussurrou alguma coisa em seu ouvido e apertou-lhe o antebraço.

—...entendeu? – ele terminou. – Você vai me pedir,você vai ver,docinho.

Annabeth só balançou a cabeça com os olhos fechados e suspirou.

Dave lançou mais um olhar em minha direção e eu acenei com a cabeça. Ele não revidou e saiu da biblioteca.Annabeth cruzou os braços irritada,recostando-se na cadeira e suspirando. Ela franziu as sobrancelhas e balançou a cabeça negativamente.

Vai. Pergunta.

— Tá...tudo bem? – perguntei,tirando um dos meus fones de ouvido. Não ia carregar mesmo.

Ela levantou a cabeça,fixando seus olhos cinzentos em mim. Tinha o nariz vermelho,talvez estivesse gripada. As bochechas estavam coradas e o meio sorriso que ela me lançou me pareceu muito mais do que um meio sorriso.

Se aquele era o meio sorriso...eu pagaria para ver o sorriso inteiro.

— Tudo bem – ela saiu,deixando-me sozinho.

Balancei a cabeça.

Negação.

I know I can treat you better

Than he can

Estavamos sozinhos no elevador. Ela sorria para o celular,parecia alegre. Eu queria mesmo acreditar que daria tudo certo para ela...

...mas era impossível.

Não com um cara como Dave.

 x

Eu não era nenhum especialista em saber como garotas se sentem. Na verdade,eu acredito que ninguém especialista nessas coisas,mas eu tinha certeza de que aquilo – aquele relacionamento – não seria boa coisa para a novata.

Sabia também que eu não tinha nada,absolutamente nada a ver com aquilo....

And any girl like you deserves a gentleman

Tell me why are we wasting time

On all your wasted crying

When you should be with me instead

... então por quê diabos eu não conseguia parar de pensar nela? Não conseguia parar de pensar no aperto que ele havia dado em seu braço...?

I know I can treat you better

Better than he can

Então por quê diabos eu fui me meter?

x

Ele a empurrava violentamente pelo corredor. Parecia mais babaca que o normal,os cabelos bagunçados,a camiseta manchada com sangue.

Sangue inocente,obviamente. Ele não se deixava sangrar,por mais que se metesse com os mais valentões – os caras que já estavam em faculdade e que faziam visitas ao colégio. Ele era encrenqueiro,não do tipo bom. Do tipo : Novata,não se mete com ele.

Mas ela foi. Cabeça dura.

— Você vai marcar o meu braço – ela murmurou,a voz chorosa. O corredor vazio,só deixava ainda mais claro de que eu também não tinha nada que estar ali,olhando a vida alheia.

Já era hora do jogo. Nosso colégio jogaria contra os Henthors,que era o colégio vizinho. Havia esse programa esporádico,onde escolas praticavam esportes umas contra as outras e quem ganhasse levava um potão cheio de zero coisas.

É sério. Ninguém ganha nada com isso. Eu não entendia a movitação,a arrumação e o treinamento de todo o colégio quando era semana de Inter Esportes. Até me recusava a entender.

As garotas usando saias curtas demais já haviam feito seus caminhos para a quadra. As salas,os professores e coordenadores também. O time de Handbol inteiro já havia se dirigido até lá...menos o capitão do time.

Dave ainda apertava Annabeth a empurrando com violência.

E você espertão? Está fazendo o que aí?

Eu havia esquecido minha blusa na sala. Os jogadores não podem jogar sem as blusas com os números descritos.

...

...

Eu sei, também faço parte do time.... e acreditem,ainda assim não sei qual o propósito disso tudo.

Eu vi a cabeleira loira se soltar do coque quando Dave a empurrou contra um dos armários do corredor. Eu tive que fazer algum esforço e ter algumas conversas comigo mesmo para não sair correndo e tirar aquele brutamontes de cima dela.

O que diabos ela estava fazendo? Ninguém nunca havia lhe dito que nesse tipo de situação você...hn,não sei.... você corre,diabo.

Ela se encolheu enquanto ele lhe apontava o dedo no rosto.

— Eu não quero ouvir você dizendo isso de novo,me entendeu? – eu pude ouvir a voz nojenta de Dave.

— O que? O que você vai fazer,hun? –ela disparou.

Fica quieta. Pelo amor de todas as divindades do universo. Fica quieta.

Continuei me aproximando devagar enquanto ele a prendia no armário. Eu pude ver suas mãos presas por uma das dele. Ele aparentava ser mais forte – como eu já havia pontuado – mas não tanto.

— Eu posso não responder por mim na próxima vez que você me enfrentar,Chase – ele murmurou enquanto socava o armário atrás dela.

Apressei os passos.

Ele não faria isso...ele não bateria nela.

— Eu não tenho medo de você – ela murmurou também. – Você é do tipo que ladra e não morde.

Ele riu de lado,olhando para mim. Continuei meu caminho tranquilamente,ainda assim,ele soltou as mãos dela quando me viu.

— A gente resolve isso depois – ele disse,assim que os alcancei.

Dessa vez,eu não me contive :

— Tudo bem? – perguntei,olhando diretamente nos olhos cinzentos. Ela estava tremula,tentava disfarçar mas... bem,era como se alguém pedisse para Jesus não transformar água em vinho : era impossível. As mãos tentavam esconder os pulsos que antes estavam presos por Dave. Ela cruzou os braços,jogando metade do cabelo por cima do ombro.

— Porque você vai ver uns vídeos de cachorrinhos e nos deixa em paz,hein? – Dave zombou.

Continuei olhando-a. Ela não me encarava de volta e aquilo estava quase me fazendo de doido.

— Tudo bem?

—Ei cara – Dave me empurrou contra um dos armários contrários ao que ele empurrava Annabeth – Eu disse pra você nos deixar em paz.

Continuei encarando-a. Com a movimentação de Dave,os olhos alarmados vieram para mim e ela balançou a cabeça desesperada em forma de “sim”. Moldou com os lábios sem voz : “Tudo bem.”

Dave me deu um tapinha no rosto e murmurou :

— Vê se fica fora do meu caminho,Jackson – voltou-se para Annabeth,pegando uma de suas mãos com violência e correndo com ela pelo corredor,em direção a quadra.

Ela olhou para trás duas vezes.

E nas duas vezes,eu tive certeza de que não estava nada bem.

Would be everything I need

And this could be so different

Tell me what you want to do

 

— Passe direito e sem pausas pro Jonathan – disse o treinador – Levanta pela esquerda e joga de mão direita para o Kelvin – ele apontou para o Kelvin – Escuta aqui,Sr.Zero Absoluto,não deixa nada passar por você,ouviu?

Kelvin sorriu de lado e acenou.

— Dave,você faz os pontos – ele pediu. Dave encarava a mim , mas acenou para o treinador – Perseu,você só preenche o time.

Claro. Essa é a minha função.

Se tem uma palavra que pode descrever  a quadra,essa seria : bagunça.

Se tem uma palavra que pode descrever o time,essa seria : competitivo.

Se tem uma palavra que pode descrever Dave,essa seria : imbecilidade.

E se tem um nome que não saia da minha cabeça,esse seria : Chase. Annabeth Chase.

Ela estava na arquibancada,junto a Thalia e Nico. Fingia cantar a letra estupida junto com as líderes de torcida. Estava de braços cruzados escondendo os pulsos. Olhava diretamente para mim,como se não tivesse me visto a menos de quinze minutos. Pelo menos ela não tremia mais.

Não era a mesma garota. Não parecia a novata.

O jogo começou e foi um lixo. Eu fiz 25 pontos,levei oito boladas e derrubei um cara seis vezes. Eu fui expulso no final do primeiro tempo.

O cara que eu havia derrubado seis vezes também.

Era Dave.

Ele sabia : eu estava no pé dele. E não pretendia sair sem que Annabeth saísse comigo.

I know I can treat you better

— Eu sei que você não tem motivos pra me ouvir – sussurrei. Estávamos mais uma vez os dois no elevador. Por que eu me importava tanto com ela,afinal? – Mas sai dessa,Annabeth.

—Ele não é daquele jeito o tempo todo – sussurrou.

Aproximei-me dela o bastante para que eu conseguisse ver suas pupilas dilatas.

—Por favor – sussurrei – Sai dessa.

Ela colocou uma das mãos no meu pescoço,sorrindo de lado.

—Tá tudo bem,vizinho. Não se preocupe. – ela saiu assim que as portas abriram.

Mas eu consegui ver o roxo em seu pescoço.

Isso não é gostar.

Não é.

And any girl like you deserves a gentleman

Ela corria pelos corredores,parecia infeliz.

Trombei com ela propositalmente,derrubando seus livros no chão.

 - Eu sou um desastrado,desculpa – sussurrei.

Ela riu de lado,os olhos marejados.

— Você é – ela soltou um soluço – Mas eu sou mais.

Levantou-se e saiu correndo.

Tell me why are we wasting time

On all your wasted crying

 - Percy,faz de novo – Tyson pediu. – Faz,faz,faz!

Revirei os olhos para o meu irmãozinho. Carregavamos as compras nas sacolas de papel marrom. Minha mãe falava no celular,enquanto esperávamos o elevador. Tyson tinha seus cinco,seis anos. Para mim,ele vai ter eternamente três.

Tinha os olhos como os meus,mas fora isso não éramos parecidos em nada. Ele tinha os cabelos cacheadinhos e a pele mais escura.

—Por favorzinho! – ele pediu,apertando minha mão.

—Calma aí baixinho – sorri para ele - Calma lá,essas coisas tem de vir de forma espontânea.

— Percy,o que é espontânea?

— É algo que você ...– cutuquei sua barriga rechonchuda – tem de sobra.

Ele virou a cabeça de lado,enquanto encarava os números em cima da porta de entrada do elevador.

— Espontânea é o mesmo que buchinho? – perguntou. – Por que você cutucou meu buchinho?

Eu sorri para ele e balancei a cabeça.

— Buchinho é o mesmo que barriga – expliquei – Espera.... eu tô sentindo....

—Tá vindo???? – ele pulou,quase deixando a sacola pequena cair das mãos.

— Vocês dois! Façam menos barulho – mamãe pediu,enquanto ria ao telefone.

Revirei os olhos,vendo em seguida o pequeno fazer o mesmo. Eu tinha que tomar muito cuidado com o que eu dizia e fazia perto de Tyson. Ele me via como Kevin Bacon em Footloose.

Radiante e quase um Deus.

O elevador marcava o sexto andar.

— Tá vindo...tá vindo Tyson,se prepare – eu brinquei mudando a voz.

— Quem vem dessa vez?? Woody? – ele perguntou ansioso.

—Você sabe que eu não controlo essas coisas,meliante! – brinquei – Meu Deus,tá vindo Tyson! Fuja!

O elevador marcava o quarto andar.

— Mamãe tá vindo! Mamãe é vilão ou herói dessa vez? – Tyson puxava a mão de nossa mãe rindo. Mamãe revirava os olhos e sorria para ele.

O elevador marcava o terceiro andar.

— Contagem regressiva,Tyson! Corre! – engrossei a voz e olhei fixamente para ele – Quem você acha que vem agora baixinho?!

— Optimus Prime! Lider dos Autobots! – ele gritou animado. Eu adorava vê-lo tão animado.

Nem que para isso,eu tivesse que bancar o bocó.

O elevador marcava o primeiro andar,já vindo para o térreo.

— Eu sou Optimus Prime – imitei – Líder dos Autobots e mando essa mensagem para qualquer autobot vivo no espaço entre as estrelas : Corre Tyson! – gritei,fazendo-o correr para dentro do elevador.

No momento exato em que eu corri para junto dele,eu trombei com alguma coisa. Minhas latinhas de regerante caíram junto com as latinhas de milho e ervilhas da minha mãe. O elevador fechou a porta comigo e a pessoa bem no meio delas.

—Ai cacete – reclamei quando a porta forçou meu dedinho.

— Percy! – mamãe reclamou.

—Percy! – Tyson gritou.

—Percy? – a pessoa embaixo de mim sussurrou. A voz doce e trêmula.

Eu levei no mínimo uns seis segundos para processar o que havia acontecido. Você aí é esperto,já deve ter sacado.

Tyson correu para dentro do elevador passando por trás de quem estava saindo,claro. Minha mãe deve ter feito o mesmo,porque até ela estava dentro – muito bem acomodada – no elevador. Eu era o único idiota no chão entre as portas.

Quer dizer,éramos dois. Eu e a moça a quem eu derrubei.

E sim DING DING DING pra quem disse que a moça era minha vizinha.

— Annabeth – sussurrei olhando horrorizado para o seu rosto.

Antes eu não tivesse feito isso.

Volta lá onde eu descrevo Annabeth.... visualiza essa descrição.

Ela parece o tipo de pessoa para a qual nós olhamos horrorizados?

Give me a sign

Take my hand, we'll be fine

Ao redor do olho direito tinha uma mancha enorme. Vermelha,como se ela tivesse...tivesse levado...

...eu senti meu sangue ferver...

Ela vestia uma blusa de gola alta,mas eu pude ver manchas roxas em seu pescoço. Eu podia ver a marca amarelada nos pulsos e podia ver o quão vermelha sua boca estava. Podia ver tudo,até o que ela não dizia.

Os olhos cinzentos se arregalaram e ela tossiu.

— O que aconteceu com você? – sussurrei.

Ela desviou os olhos e riu baixinho quando a porta apertou me mindinho de novo.

Passei uma das mãos pelo seu machucado ao redor do olho. Ela se afastou como se eu fosse bater nela. De qualquer forma,forcei meus dedos ao redor do seu machucado de forma delicada,acariciando-lhe. Annabeth arregalou os olhos e inclinou a cabeça para minha mão,como se...como se não recebesse carinho há um bom tempo.

Entrelacei uma mão na sua,mas ela puxou de volta,olhando ao redor.

— A porta vai machucar você – sussurrou.

Take my hand, we'll be fine

Promise I won't let you down

—Quem machucou você? – perguntei. - Foi ele?

Ela piscou diversas vezes,os olhos ficaram marejados e eu senti uma mão puxando-me de cima dela.

—Deixa a menina respirar,Percy! – mamãe me empurrou,puxando a mão de Annabeth,ajudando-a a levantar.

Por sorte – ou...azar? – minha mãe não percebeu o pescoço,e com certeza não quis falar nada sobre o olho ou as marcas nos pulsos. Ela ajeitou a blusa de Annabeth e sorriu,perguntando se eu havia machucado-a.

— Percy? – Tyson me cutucou.

Eu respirei olhando-o.

—Quem bateu nela? – perguntou baixinho.

Annabeth olhou para Tyson,colocando a mão no olho manchado,sorriu de lado para minha mãe e se desculpou diversas vezes por ser uma desastrada.

Foi só um deslize – eu queria dizer – Não precisa se desculpar como se eu fosse te bater por isso.

Mas eu não o fiz.

Ela saiu,olhando para trás...duas vezes. Nada bem.

— Quem machucou a vizinha,Percy? – Tyson perguntou na sua inocência.

Respirei fundo,bagunçando-lhe os cabelos.

—Eu não sei,baixinho – sussurrei – Não sei.

Mas eu sabia.

Just know that you don't

Have to do this alone

Promise I'll never let you down

 

Ela não apareceu na segunda. Ela não foi na terça e nem deu as caras na quarta-feira. Eu me demorava no elevador,eu olhava ao redor no hall de entrada do nosso prédio. Eu ficava horas encarando a sua porta pelo olho mágico da minha porta. Nada.

Ninguém sabia dela. Ninguém para quem eu perguntei...isso seria,as tias da biblioteca.

Na quinta-feira,eu me dirigi a Thalia.

“Ela não atende minhas ligações. Os pais dela foram viajar,levaram os meninos...ela não me avisou ou disse que iria junto. Eu estou preocupada,mas Annabeth é esperta. Ela vai ficar bem” – ela dissera. Mas se nem mesmo ela me pareceu convencida,porquê eu estaria?

— A vizinha sumiu né? – mamãe comentou no jantar de quinta-feira. –Ela estuda com você? Tem ido a aula?

— Não reparei,mãe – sussurrei,mexendo nas minhas vagens e brócolis,sem um pingo de fome.

—Vai comer os verdinhos? – Tyson perguntou,já colocando a mão no meu prato e roubando meus brócolis. – O Optimus Prime não aparece tem tempo né,Percy? Onde tá ele? –perguntou com a boca cheia de brócolis.

—Hoje não,baixinho – apertei os olhos com as mãos e suspirei. – Hoje não.

—Ela tá encrencada não é? – mamãe suspirou,puxando minha mão para a sua.

Dei de ombros e suspirei.

—Eu não como ajudar.

—Sabe – mamãe olhou-me nos olhos – Sabe sim.

I know I can treat you better

Eu dei a volta pela quadra,correndo. Se ela estivesse onde me disseram que estaria,ela estava encrencada. Eu corria o mais rápido que conseguia. Eu sentia meus pulmões arderem,sentia minha camiseta molhada de suor,eu sentia o vento frio cortar o meu rosto.

Eu sentia. Eu sentia,cara.

Por que ela não sentia o mesmo?

Era sexta-feira. Era tarde,muito tarde. Tarde o bastante para que nem a policia estivesse nas ruas. Era tarde o bastante para que se a minha mãe desse uma olhada no meu quarto e não me visse lá,eu não veria a rua por um bom tempo. Era tarde o bastante para que Annabeth Chase estivesse na escola. Ou melhor,no pavilhão atrás da escola.

Ela sumiu a semana inteira. Ele sumiu a semana inteira.

— Pra esquerda! – Thalia gritou.

Ah,é ela estava comigo.

— A entrada é pela frente,Percy! – Nico gritou ao lado dela.

Ah...é,ele também.

Como não havíamos percebido isso antes? Como?

“Ele levou ela pro pavilhão cara! Mas isso foi no domingo a noite! Eu não sei de mais nada! – um colega de Dave havia dito. Quer dizer,havia falado depois de uns bons chutes no saco.

Domingo a noite. Então ela estava fora desde o nosso encontrão no elevador? Ela estaria se alimentando direito? Ela estava bem? Sentia frio? Ela...ela estava com ele?

A minha cabeça parecia um gif. Um gif daqueles que travam e não voltam,mas quando você percebe na verdade não era um gif e sim uma foto mesmo sem movimento. Mas você tinha certeza que era um gif e BANG : sua cabeça explode.

Era assim que eu me sentia.

O pavilhão estava aceso. As luzes amareladas faziam parecer dia de distribuição,como se fosse horário comercial.

Horário comercial das três da manhã.Claro.

O pavilhão era espelhado então não conseguíamos ver nada de dentro. Eu corri ainda mais rápido,o coração disparado,como nunca antes.

Quem diria que a área menos legal de Manhattan me proporcionaria esse momento.

Qualquer um diria. É a área menos legal de Manhattan,amiguinho.

A porta de vidro do pavilhão não era mais um porta de vidro. Os cacos estilhaçados no chão faziam parecer que alguém havia quebrado propositalmente. Corremos para dentro,através do que um dia fora uma porta.

Haviam lendas no colégio. Lendas que diziam que o pavilhão era vazio por dentro.

Bobagem. Os corredores cheios de caixas provavam isso. Oito corredores no total,e a área aberta atrás. Apesar da minha pressa,eu consegui pensar antes de falar :

— Nico,entra aí – empurrei-o para a direita. – Thalia,lá. – empurrei-a para esquerda – Eu não quero ver o rosto de nenhum de vocês se não estiverem com Annabeth.

Saí correndo pelos corredores do meio. O ar me faltava,me faltava paciência, me faltava tudo. Menos a fé de que encontraria Annabeth.

Promise I'll never let you down

Eu ouvia os passos de Nico a direita. Ouvia a respiração de Thalia a esquerda. Um claustrofóbico não conseguiria ficar mais do que dez minutos ali. Silencioso. Sombrio. Solitário.

— Annabeth! – Nico gritou.

—Annabeth! – Thalia gritou também.

Annabeth,Annabeth.

Onde está você?

Eu ouvi um estrondo pelo lado esquerdo.

—Percy! – Thalia gritou.

Nico passou por mim como se tivesse ouvido um tiro. Corri atrás dele,derrubando algumas caixas ao meu redor. Algumas delas tinham o símbolo do dono do pavilhão : Cleawater S.A.

É claro que o pai dele é dono disso. É claro.

Babaca.

Familia de babacas.

A esquerda,as caixas estavam todas no chão. A luz era mais fraca,por conta da altura as estantes,que eram também mais largas.Todas elas com o símbolo dos babacas. Thalia vestia vermelho aquela noite. Um conjunto de corer vermelho,ela parecia o demônio no meio do corredor. Ela se jogou no chão perto de um pontinho preto e eu corri ainda mais rápido. Eu ouvia meu batimento nos ouvidos. Eu sentia o gosto de sangue na boca,mas eu não deixei de correr.

Nico se abaixou assim que chegou aos pés de Annabeth. Eu não olhei para ela.

— Ele correu! – Nico gritou,puxando a mão de Annabeth – Pra lá –ele apontou para onde eu vi um vulto.

Eu corri.

Ei,eu sei...tá parecendo Maze Runner.

Eu ouvia Annabeth soluçar e chamar por mim,mas eu não liguei. Não ainda.

Eu corria atrás do babaca Cleawater. Eu daria uma surra nele,uma surra que iria ter a repercussão da vida dele. Toda fama que ele tinha,seria destruída. Ele ficaria conhecido como o covarde que batia em meninas.

Eu corria ainda mais rápido movido pela fúria de ver Annabeth jogada no chão.

Dave correu para a área aberta e parou de repente,fazendo me trombar com ele,e rolar pelo chão.Ele caiu de cara no piso de madeira,e eu senti uma satisfação enorme em ver seu nariz virado de um ângulo que não deveria.

Seu narizinho perfeito.

Ele se levantou trotando,os olhos vermelhos.

Drogado de merda.

— Isso é invasão – ele acusou sem ar,tendo a audácia de apontar o dedo para mim. Deuses me dá paciência. Me dá muita paciência,porque se me der força....eu quero esse dedo em três. – Eu vou contar pro meu pai!

Eu avancei dois passos,fazendo-o cair no chão. Ele parecia uma lesma agora.

— Babaca – murmurei,sentindo minhas mãos fechadas em punho – Seu babaca,covarde!

—Você não me conhece,Jackson! Fica longe de mim! – ele gritou.

 Eu ouvi passos atrás de mim e nos viramos para ver Thalia e Nico com uma Annabeth sonolenta nos braços. Ela tinha os nós dos dedos roxos,como se tivesse tentado socar alguma coisa....ou alguém.

Menina esperta.

— Vamos,Percy – Thalia chamou,passando as mãos nos cabelos de Annabeth – Ela vai ficar bem,vamos embora.

— Vão na frente,eu já alcanço vocês. – virei-me para Dave,abaixando-me o suficiente só para pegá-lo pela gola da camiseta e jogá-lo no chão de novo. Ele gemeu e gritou de dor por ter caído de mau jeito em cima do próprio pé.

— Quebrou? – perguntei para ele.

Os olhos de Dave – os olhos que a escola inteira cobiçava – estavam marejados.

—Não! Mas tá doendo! – ele reclamou,gritando em seguida.

Opa.

Eu acho que pisei em seu pezinho de princesa.

—Quebrou?! – perguntei novamente.

Dave só gritou de dor.

—Percy,vamos! – Thalia pediu novamente. Annabeth se remexia nos braços de Nico. Apertava a blusa dele com a mão machucada.

Tell me why are we wasting time

On all your wasted crying

Pisei novamente.

—Percy! – Thalia me puxou. – Vamos embora.

— Você viu o que ele fez com a sua amiga – gritei com ela,puxando meu braço com violência. Nico se aproximou atento. – Você tá vendo...- apontei para Annabeth – Qual é a sua?

Thalia suspirou,chutando Dave entre as pernas. Respirou fundo algumas vezes e olhou para Nico.

—Vamos,Percy – Nico pediu – Não vale a pena.

—Vai valer – afirmei,pisando no pé de Dave de novo – Eu vou fazer valer a pena.

Dave gritou mais uma vez.

— Leva ela – pedi para Nico,abaixei-me novamente,pegando Dave pela gola da camiseta – Eu vou dar um jeito nisso aqui.

Dave teve a audácia de rir.

Eu disse pra vocês o quão audacioso Dave era no início desse relato? Não?

E como eu sou pavio curto? Eu cheguei a comentar?

— Qual é  a graça,seu babaca? – Nico perguntou.

Dave mostrou os dentes cheios de sangue de novo.

—Ela até tentou,sabe Jackson – ele murmurou – Mas o soco dela parece um carinho.

Eu joguei-o contra uma das estantes. Eu juro que não foi a intenção,mas eu o fiz de saco de pancada...

A quem eu estou querendo enganar,foi a intenção sim. E eu faria de novo.

E de novo.

E de novo.

Quando Dave caiu no chão,os olhos roxos,os pulsos marcados e os nós dos dedos avermelhados,eu parei.

Os machucados que ela tinha.

Agora ele tinha também.

—Vai deixar ele aí? – Nico perguntou sentando no banco do ponto de ônibus,em frente ao pavilhão. Annabeth estava acordada e silenciosa,sentada em seu colo. Os olhos atentos,as mãos fechadas em punho,pronta para lutar.

Talvez ela não fosse tão dependente assim.

—É propriedade do pai dele. – sussurrei,tentando não assustá-la.

Annabeth desviava os olhos para o chão,para Thalia e para Nico. Ela não me olhava.

— Vamos? – Nico sussurrou para ela.

Annabeth só assentiu,e levantou-se.

Nico entrelaçou os dedos nos de Thalia.

Ahn,isso explica muita coisa.

Annabth andava ao meu lado. Silenciosa.Sombria.Solitária.

—Fala alguma coisa. – pedi baixinho. Thalia e Nico pegaram alguma distancia de nós,talvez...nos dando privacidade.

—Eu tô com fome – sussurrou,olhando-me pela primeira vez,desde domingo. – Tô com fome mesmo.

Eu sorri,dando graças aos Deuses pela vida da novata.

—Posso te pedir uma coisa? – sussurrou,a voz rouca.

—O que quiser,Annabeth – sussurrei de volta.

A mãozinha gelada e roxa se entrelaçou com a minha,pegando-me de surpresa.

Ela deitou a cabeça no meu ombro e pediu baixou :

—Imita o Optimus Prime pra mim também.

I know I can treat you better

Better than he can.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá
se você de alguma forma se identificou com a Annabeth,me chama de MP pra gente conversar,ok?
como que vcs estão,meus docin?
eu tô assim numa pilha de nervos,de problemas e de um monte de coisa na cabeça ;/
mas tô viva
vamos ao que interessa :
eu tô com ones prontas e capitulo de keep u safe,tudo pra postar.
só que : eu escrevo pelo celular,no trem de volta pra casa
então o formato tá péssimo
preciso editar direitinho e postar aqui,darei isso ainda essa semana.
sobre a Nina e o Anthony : ACALMA OS NERVOS VCS VISSE
tenho fics da minha familia Jackson todinha pronta,falta-me tempo,como já dito.

sobre as MPS de plágio > eu ainda nem cliquei nos links que me mandaram,farei isso agora,tipo >> agora

eu não revisei,então desculpa tudo que for erro,viu amôzins

hn,quê mais

ah sim,amo vcs ♥




BTW - vou responder comentários agora mesmo das ones anteriores
não lembro quem me perguntou mas sim : eu tô com 3/3 pronto e a continuação de 97,7 também
hn quê mais


Anfan
amô vcs
de verdade