A discussão da juventude escrita por Pudim de Menta


Capítulo 1
Único - " Tú tens é que ganhar dinheiro".


Notas iniciais do capítulo

Oieee, sejam bem vindos.



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Sentei-me no chão da sala da casa dos meus pais com um copo de refrigerante na mão e hoje a casa estava cheia.

Era um daqueles típicos churrascos de fim de ano, não!Não era natal, era nem ano novo, acho que era a comemoração de férias ou aniversário de alguém.

No churrasco estavam meus pais, obviamente, por que eles são os donos da casa, minha irmã era a única familiar que não estava presente, pois ela morava no Canadá e deve ter achado que não valia o esforço de vi apenas por um churrasco.

Estavam lá os meus três tios e minha tia por lado de mãe, de lado de pai eu tinha apenas dois tios.

E também estava a família do Álvaro, que nosso vizinho a mais de 20 anos e quase é da família.

Eu não tinha muitos primos e dos poucos que tinha a maioria estavam na faixa dos 12 anos e provavelmente estavam admirando o carro novo do Augusto, um dos poucos primos na minha faixa etária, a outra era a prima Renata.

As mulheres mais velhas estavam num circulo conversando lá na cozinha, eu não quis ir lá, por que provavelmente estavam conversando sobre assuntos de mulheres, sobre os maridos e talvez as experiências de partos.

Por isso acabei decidindo ir me sentar perto dos meus tios, que ocupavam a sala.

O televisor estava ligado e passava alguma reprise de algum jogo de futebol, devia estar no canal esportivo, mas como ninguém torcia por ambos os times ninguém parecia acompanhar.

Logo os homens engataram em uma conversa sobre a situação político-econômica do país e tentei me envolver.

Tio Araponga (Não pergunta o nome dele, chamamos ele assim e não sei porque.). Era o irmão mais velho do papai, ele tinha uma aparência com um que latino, o cabelo com alguns rastros de calvície, ele também tinha um rastro de gordura sobre o abdômen, ele não era casado e tinha uma lojinha de materiais de construção no centro, ele decidiu se manifestar.

―Ai André, fica quieto em vez de falar besteira, tu é mó novo para entender dessas coisas. ―

E o tio Araponga tem um habito de falar algumas gírias e tentar ser jovem.

Eles continuaram a conversar e logo depois decidi emitir minha opinião novamente e dessa vez fui contrariado pelo irmão mais novo do papai e o vizinho Álvaro fez cara feia.

O irmão mais novo do papai, o Guilhermino,ele devia ter uns 38, ele era branco com os cabelos castanhos e bem magro.

― Guri, você está dizendo isso por que seu pai vive repetindo isso e se tivesse minha idade entenderia que sua ideia é meio absurda. ― Contrariou meu tio, obvio que ele não sabia muito sobre o meu pai, que é ainda seu irmão mais velho, por que a gente sempre discordava, principalmente ideologicamente.

―Sobre idade falou o tio Guilhermino, o miss Matusalém. ― Comentei sem me conter e os outros deram risada exceto tio Paulo, o outro irmão do papai.

―Mas ele é bem mais vivido que você  garoto, a gente passou por umas coisas nesse país aqui que você nem lembra. ― Um homem mais corpulento e careca comentou, o irmão mais velho do papai, o tio Paulo.

―Ah,Paulo esses guris hoje em dia tem acesso a internet e lê sobre essas coisas e ficam informados, mas espera só garoto quando você chegar na nossa idade vai achar essas suas ideias loucura, anota o que eu estou falando.  ― Disse o irmão mais jovem da mamãe, o Manuel.

―Na realidade André a gente sabe que os jovens de hoje são tudo doutrinados pela faculdade e seus professores. ― Acresceu Felipe, um dos irmãos do papai, que não falará nada até o momento.

―Mas ele cursa Medicina! ― Tio Guilhermino lembrou. ― Acho que não tem como um professor de Medicina doutrinar os alunos politicamente.

―Tu não tinha trancado garoto? ― Lembrou o vizinho Álvaro.

― Ele vai é largar, que é cursar relações internacionais! ― Meu pai entrou na conversa com visível desgosto, era o sonho dele ter o filho médico ou advogado ou outra profissão de renome.

Ele depositou a fé dele na pessoa errada, devia ter depositado na minha irmã, que agora está no Canadá cursando engenharia e Álvaro devia ter calado a boca e nem ter lembrado meu pai disso.

―Larguei, eu não estava me sentindo a vontade no curso. ― Respondi calmamente. ― Não é minha área.

―Que mané coisa de área moleque. ― Meu pai ergueu a voz. ― Tu tens é que ganhar dinheiro, depois que tu tiver bem, tu estuda sua área.

―Ah José, deixa o menino fazer o que gosta. ― Interviu Paulo e meu pai se virou para ele e fez sua típica cara de não se meta, tio Felipe que era o que mais frequentava a casa e já estava acostumado com as discussões minhas e do meu pai se preparou para qualquer intervenção.

―Que mané fazer o que ele gosta, não banquei colégio caro para ele e nem levei de carro todo dia na escola para ficar pulando de curso em curso, banquei para ele ser médico, engenheiro ou advogado. ― Meu pai geralmente não saia dizendo tudo isso abertamente, mas nos últimos dias ele estava furioso por eu ter trancado a faculdade no 3° período.

―José, quem ta assando o rango? ― Interrompeu meu tio Araponga e meu pai fez uma expressão que mostrou que ele até tinha esquecido a carne no espeto e ele saiu correndo da sala em direção aos fundos da casa e eu me mandei para o jardim, que ficava o mais longe possível, não estava a fim de protagonizar uma briga.

No jardim tinha algumas pestes de 12 anos correndo para lá e para cá, e prima Renata, filha do tio Manuel.

E o primo Augusto, filho do tio Paulo estava por lá também.

Renata estudava Design e tinha os cabelos longos e castanhos com uma mecha azul na lateral e a pele bronzeada, já Augusto, era magrelo e tinha o cabelo crespo e os olhos castanhos e cursava Veterinária.

―Vish, o clima ficou tenso lá dentro? ― Perguntou Augusto, que sabia a tempestade que estava sendo minha casa desde que eu decidira largar o curso de medicina.

―Um pouco, a conversa começou com política e começaram a me questionar, dizendo que eu era muito jovem, que estava louco e que estava sendo doutrinado pela universidade e blá,blá e entrou no assunto que eu larguei.

― E você Renata, não estava lá dentro, conversando assunto de mulherzinha com as tias? Por que está aqui fora? ― Questionei.

―Defina assunto de mulherzinha. ― ela pediu.

―Sei lá, casamento, marido, filhos, namorados, partos essas coisas.

Ela disfarçou entre uma tosse e outra a palavra machista e Augusto revirou os olhos.

―Na realidade a tia Marina estava falando que vai começar a cursar economia ano que vem! ― Ela ressaltou, na realidade tia Marina nem era tia dela, por que ela era esposa do tio Guilhermino que eu meu parente por lado de pai. ― Sua mãe ta falando que quer fazer outra faculdade também, já a mãe do Augusto estava falando de um livro muito bom que leu, acho que era conde de monte Cristo e a tia Sarah diz que quando terminar o mestrado em Ciências Políticas vai para Bangladesh por causa do trabalho, era esse o assunto de mulherzinha.

Tia Sarah é a irmã mais nova da mamãe, ela não é casada e é a tia rica da família, a tia Sarah é diplomata e aparece de três em três anos trazendo os melhores presentes.

Continuamos a conversar qualquer coisa e paramos no assunto política, Renata é de centro-esquerda, enquanto o Augusto tem um pensamento voltado para direita com uma tendência um pouco liberal.

Ninguém brigou e nem nada, eu politicamente não me catalogava, para mim importava se ideia era benéfica, importava o gol, não quem vestia a camisa.

―Vocês já perceberam que os nossos pais e tios, sabe essa galera mais velha diz que a gente tem que debater política e tals, mas é só a gente começar a debater e já vem o papo de que a gente é novo, que nossas ideias são malucas, que a gente aprende tudo errado por causa da internet e rede sociais, que a gente tem ideia X por que não pegou no pesado que nem a geração deles e que somos doutrinados nas universidades, sabe não dão lá muito credito. ― Observou Renata, eu e meu primo concordamos.

Saímos de lá quando chamaram para comer, nos sentamos no tapete do chão da sala, com o prato de comida no colo, meus tios estavam por lá e dessa vez a TV não estava no canal esportivo e sim num canal de noticias e passava algum documentário a respeito de política.

―Vocês deviam assistir, vê se criam cabeça, nem sei por que jovem não se interessa por política. ― Comentou tio Guilhermino e os outros presentes concordaram com ele, eu e meus primos nos entreolhamos e reviramos os olhos.


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Notas finais do capítulo

Caso alguém tenha lido, obrigada ♥
E desculpem qualquer erro ortográfico



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