Um cara mau escrita por Miss Birth


Capítulo 4
Levante-se, lute!


Notas iniciais do capítulo

Caros leitores, saudações!
1- Estou trabalhando pra diminuir o tempo de postagem, assim sempre haverá novos capítulos por aqui;
2- Por favor, participem, comentem! (os leitores fantasmas também);
3- Boa leitura! :)



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“Como consegue esquecer de si mesma? Como pode deixar que lembranças ínfimas, de momentos impensados,  derrubem tudo o que você reconstruiu com tanto esforço? Você não foi feita para se prender a alguém. Para salvar, talvez. Se prender, não. Engula isso de uma vez e siga em frente. Apenas siga em frente. Enfrente.”

Era o que Natasha ouvia repetidamente enquanto dormia. A noite inteira – não houve sonhos, pesadelos, nada. Somente a voz do seu subconsciente martelando este mesmo discurso até o primeiro raio de sol atingir o solo e iluminar tudo ao seu redor.

Num salto repentino, levantou-se da cama, automaticamente se preparando para a rotina que lhe aguardava portas afora. Mente vazia, coração quieto. Tudo lhe parecia tão esquisito! No dia anterior, estivera abatida, sem forças sequer para lembrar da própria existência. Hoje, no entanto, haveria de ser diferente. Energia pura lhe percorria o corpo, dando-lhe disposição para cem batalhas.

Do lado de fora do edifício, expirando o ar puro e sentindo o aroma da mata úmida que cercava o terreno, iniciou sua corrida matinal, cruzando com outros colegas durante o percurso. Alguns sorriam e acenavam, outros pareciam extremamente concentrados no caminho a diante e por isso nem notavam quem passava por perto. Frequência cardíaca aumentada, suor pingando de suas têmporas e respiração ofegante – o exercício dava-lhe um resultado imediato; ela pode sentir o efeito prazeroso da endorfina em cada célula, a satisfação de testar seus limites no pleno sentido da palavra.

O relógio mostrava que já era o momento oportuno para tomar o desjejum. Caminhando de volta para dentro, Natasha esboçava um sorriso discreto, porém significativo. Ao chegar na cozinha, deparou-se com a cena de sempre: todos sentados em seus costumeiros lugares, sorrindo das bobagens habituais. Ver o semblante alegre de seus amigos aumentou ainda mais sua animação, fazendo-a sentar-se em meio ao grupo e dizer:

—“Bom dia, Vingadores! Parece que todo mundo dormiu muito bem essa noite, não é?”

Todos responderam juntos.

—“Bom dia, agente Romanoff!”

—“Como se sente? Você parece ótima!”, elogiou Wanda, sorrindo docemente para a companheira.

—“Estou bem, obrigada!”, respondeu. “Como foi a noite da pizza?”

—“Divertida e deliciosa, srta. Romanoff.”, disse Visão. “Embora eu não tenha comido nenhuma fatia.”

—“É verdade, foi ótima.”, inteirou Rhodes, apanhando uma porção de panquecas e a pondo num prato.

—“Teria sido melhor se você estivesse conosco, Nat.”, Steve falou, olhando para ela com toda a sua simpatia.

—“Na próxima eu não perco!”, ela prometeu. “Eu só precisava de um bom descanso. Tirei meu atraso e agora estou firme e forte.”

—“Bom saber. Nosso primeiro treino oficial em equipe se inicia hoje. Temos muito a fazer.”,  informou Sam.

—“Muito mesmo. Ou acharam que se tornar um vingador seria fácil?”, indagou Steve. “Sokóvia foi o primeiro desafio de vocês. O próximo pode ser muitíssimo pior.”

—“Não assuste os novatos, Rogers.”, brincou Natasha. “Essa é a minha missão.”

*****

Torre dos Vingadores, Nova Iorque.

Visualizar em panorama a grande fileira de arranha céus que circundava a Torre dos Vingadores nunca perdeu a graça para Bruce. Desde a primeira vez em que esteve ali, tal visão privilegiada lhe chamou a atenção – até mais do que os “brinquedinhos” que Tony orgulhosamente possuía nas instalações quase que intermináveis. Olhar para a imponente e, ao mesmo tempo, frágil cidade, trazia-lhe um contentamento único. Obviamente, pelas boas lembranças que carregava na memória; por conspiração do universo, estas não foram soterradas por todos os recentes acontecimentos catastróficos que de algum modo lhe envolveram.

Bruce costumava levantar cedo, preparar sua própria refeição e tirar poucos minutos para meditação. Enquanto ainda preparava o café da manhã, o casal de amigos se juntou a ele na cozinha. Pepper viajaria dentro de duas horas para cuidar dos negócios, mas Tony permaneceria na torre para levar a diante seus projetos científicos pendentes. É claro que Banner se juntaria ao amigo no laboratório – desta vez, dez vezes mais atento e não era à toa. Evitar que Stark se metesse em outra confusão por causa das suas ideias um tanto perigosas se tornou ainda mais importante depois que Ultron surgiu e, por pouco, não extinguiu da face da terra a humanidade com todos os seus erros.

Na hora da despedida, Bruce observou como o relacionamento com Pepper era parte fundamental na vida de Tony. Os dois se abraçaram ternamente, olhando fixamente nos olhos um do outro, sorrindo e trocando palavras carinhosas. Dava pra ver que se existia alguém capaz de fazer Tony uma pessoa melhor a cada dia, era a srta. Potts. Ninguém mais causava tanta influência em Tony Stark do que aquela mulher. Quando ela finalmente cruzou a porta e acenou para os dois, Tony virou-se e disse:

—“Hora de trabalhar, irmão.”

—“Sim, é claro.”, concordou Bruce. “Vai ficar o dia inteiro com essa cara de bobinho, Tony?”

—“Agora que você já viu que sou um manteiga derretida perto da Pepper, não há nada que eu possa dizer.”, retrucou Tony, esboçando um sorriso em seus lábios brincalhões. “Apenas que sou um cara de sorte. Quem, em são juízo, me amaria tendo que suportar meu jeito insuportável?”

—“Pois é. Que sorte...!”

—“É por isso que eu penso: se deu certo comigo, por que não com você? Deixar a Romanoff caídinha foi a maior proeza que você já fez, doutor. Merece um prêmio Nobel, cara!”, disse Tony, divertindo-se.

—“Eu prefiro não falar sobre isso... Você sabe que não é tão simples assim.”

—“Qual é, Banner? Vai amarelar? Pensei que sua cor favorita fosse o verde.”

—“Tony, Tony... Sorte sua eu ser tão bom em manter a calma!”, brincou ele.

—“Sorte nossa!”, retrucou ele.

*****

Toda a concentração de Natasha se firmava sobre o oponente, que lançava de volta um olhar desafiador, sinalizando com o indicador que a ruiva se aproximasse sem hesitação. Sorrindo de canto, ela correu e ameaçou desviar-se para a direita, mas inclinou-se para a esquerda e elevou o corpo adversário num rápido movimento, jogando-o sobre o chão acolchoado e ouvindo com satisfação o barulho da queda. Um pequeno número de recrutas assistia tudo, abismado. A vingadora parecia não mover um único músculo durante suas lutas, tão fácil que era para ela terminar um round.

—“Então, qual foi erro?”, questionou ela, esperando as respostas dos seus alunos. “Além do fato de que o Johnatan ainda está paquerando o chão.”

Todos sorriram. Apenas um levantou a mão.

—“Benny...”

—“A distração.”, respondeu o rapaz, que aparentava não ter mais que vinte anos de idade, mas já fazia parte da academia de treinamento do complexo. “Johnny foi traído pela distração.”

—“Exato. Na hora do vamos ver ele esqueceu de direcionar uma parte da sua auto confiança para o sentido da visão e não conseguiu acompanhar meus movimentos. Acabou na lona!”, Natasha exclamou, novamente arrancando risadas dos jovens que atentamente a escutavam. “Obrigada por se voluntariar, sr. McGowan!”

—“É sempre um prazer ser nocauteado pela Viúva Negra.”, respondeu ele, saindo do tatame e juntando-se aos colegas.

—“Antes de voltarem ao alojamento”, prosseguiu ela, “Verifiquem o painel holográfico do corredor A2. Seus respectivos pares para o exercício simulado de amanhã já foram escolhidos e a lista disponibilizada no sistema. Até mais, mocinhas!”

Natasha observou atenta a saída dos recrutas pela porta dos fundos da sala de treinamento do segundo andar, que ficou vazia em poucos segundos. Entretanto, não viu que Steve esteve parado na porta principal durante toda a aula.

—“Está gostando de cuidar das crianças, Nat?”,  perguntou ele, indo ao seu encontro.

—“Steve!”, disse ela, surpresa. “Não vi que estava aí. E sim, estou curtindo essa coisa de ensinar. É melhor que ficar na cozinha lavando os pratos.”

—“Que bom! Você leva jeito pra isso. Seus alunos nem piscam.”, Rogers elogiou, fazendo-a sorrir.

—“E como estão os outros?”

—“Sobrevivendo. Ainda estamos no primeiro dia e, ainda assim, parece que a equipe já trabalha junta há anos. Devia ver Wanda desviando dos projéteis. Ela é muito centrada.”

—“Imagino. Depois da morte do Pietro, ela se tornou mais forte.”, Natasha comentou. “Decidida a fazer o seu melhor.”

—“É verdade. Mas ela sempre fala dele... Sente muita falta do irmão.”

—“Todos nós sentimos falta de alguém, não é?”, sussurrou ela. Steve havia escutado e ficou curioso.

—“Sim,  nós sentimos.”, concordou. “Aliás, alguma notícia do Banner?”

Natasha parou. Por simplesmente ouvir o sobrenome de Bruce, as memórias angustiantes se fizeram presentes – o que poderia levar por água abaixo o dia maravilhoso que estava vivenciando. Porém, conforme sua intuição lhe dissera mais cedo, ela precisava engolir a seco e seguir em frente.

—“Banner? Não... Isso é trabalho pros nerds da Inteligência.”, respondeu ela, indiferente.

—“Puxa, pensei que estivesse por dentro das buscas.”, Rogers justificou.

Ela lançou um olhar fuzilante na direção dele, como que dizendo: ‘Você acha mesmo que eu quero falar disso?’

—“Desculpe se falei algo que você não queria ouvir... Só estou preocupado...”

—“Preocupado?”, perguntou ela. “Ontem eu estava em cacos, eu sei. Fui idiota e extremamente dramática. Isso não combina comigo. Mas hoje é outro dia, certo? Natasha Alianovna Romanoff retornou. Então não há motivos pra se preocupar.”

—“Você sabe muito bem que isso não é verdade.”, Steve rebateu. “E claro, você tem o direito de negar o que quiser.”

—“Não estou negando nada. Só aceitando o óbvio.”, retrucou.

—“E eu continuo dizendo que estou a sua disposição. Independentemente do que aconteça.”

—“Obrigada, Rogers.”, agradeceu ela. “Agora, que tal fazermos um sanduíche?”

Steve assentiu, seguindo-a para o refeitório em silêncio.

Nada podia ser feito, afinal. Nenhum belo discurso ou pensamento, por mais lógico que fosse, mudaria que Natasha, debaixo de muitas lágrimas, persuadiu a si mesma que Bruce não lhe era mais importante.

Steve, porém, sabia que ao redor dela fora construída uma barreira aparentemente impenetrável de orgulho e autossuficiência, visando proteger a fragilidade excessivamente escondida e menosprezada que possuía.

Esse tipo de construção, no entanto, tem prazo de validade.

E o de Romanoff, por ironia do destino, era demasiadamente curto.


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Notas finais do capítulo

Tensão, tensão e mais tensão no próximo capítulo... Aguardem!



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