Um cara mau escrita por Miss Birth


Capítulo 12
Ultron


Notas iniciais do capítulo

Vejam só quem deu o ar da graça por aqui! Mil desculpas, gente! Depois de quase um ano, trago um capítulo novinho pra vocês. Muita dor de cabeça pra chegar a esse resultado, mas espero que gostem. Ainda temos muitas águas pra rolar! Boa leitura!



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— “Devem estar se perguntando como é possível. Bem, mentes limitadas como as de vocês não são capazes de compreender o poder concentrado na gema… Não, vocês apenas arranham a superfície…”

— “Então comece a esclarecer do que se trata tudo isso, Ultron.”, Rhodes o interrompeu.

— “Devo admitir: estavam certos em relutar sua extinção.”, o corpo metálico desajeitado de Ultron andava de um lado para outro enquanto todos prestavam atenção.

— “Cara, não vamos cair nessa de que você voltou dos mortos só para confirmar nossa razão na história.”, Sam debochou.

— “Não, não! É mais simples que isso. Mesmo uma raça condenada à destruição por um ser com mente e corpo superiores não se rende facilmente, embora admita sua pequenez diante da ameaça.”, Ultron movimentava seus dedos metálicos como se estivesse divagando, alheio aos olhos humanos atentos a cada um de seus movimentos. “Em minha empreitada pela dominação mundial, talvez encantado com a ideia de recriar tão majestoso evento da natureza como o meteoro que enterrou os dinossauros há bilhões de anos, deixei o poder subir à cabeça. Sim, permiti ser impulsionado pela emoção como um mero humano. Vejam só o resultado.”

— “De peças maciças de vibrânio a um amontoado de circuitos queimados.”, Rhodes gracejou.

— “Uma latinha de refrigerante jogada na sarjeta e esmagada pelos Vingadores.”, Sam completou.

— “Esse é o ponto, rapazes.”, ele continuou. “Estou dando a essa esquálida armadura os últimos resquícios de vida. Não estou preso a um corpo. Minha mente é o diferencial. Sempre foi. É por tal motivo que salvei o que me faz único em cada servidor do planeta. Um vírus cibernético que se infiltra nas entranhas do seu império de informação. Diferente de vocês, me apeguei à chance de evoluir e de tornar o mundo o lugar pacífico que sempre sonharam.”

— “Tá legal! Não sei se todo esse discurso é uma distração, uma forma de ganhar tempo enquanto você se transfere para outro lugar ou se os seus miolos de merda definitivamente não funcionam direito, mas…”

— “Tudo isso e mais um pouco, tenente coronel.”, ele o interrompeu, sentando-se na rampa traseira do quinjet. “Desta vez, meu papel se resume ao pontapé inicial, isto é, vou dar um empurrãozinho no processo autodestrutivo da humanidade. Somente porque levaria mais tempo para acontecer, talvez um século ou até menos, considerando suas atitudes estúpidas com respeito ao meio ambiente e outras coisas. Assistirei a queda dos Vingadores e de tudo o que respira sobre o chão. Quando o último ser expirar, levantarei a nova geração que herdará a terra. Uma geração harmoniosa e mais forte, sem a influência do DNA corrompido e da carne fraca que os tornam tão… humanos.”

— “Você sabe que vai perder, Ultron. Sabe que o caçaremos em cada  buraco desse planeta e só descansaremos quando sua mente pervertida for reduzida à cinzas junto com qualquer corpo que se atreva a criar.” Rhodes ativou o sistema de miras do traje de combate em direção a Ultron.

— “Oh, não! Não seja tolo por desperdiçar seu aparato tecnológico de última geração em alguém como eu. Até porque, se parar para notar, há um modo um pouco mais dramático de acabar com este velho corpo… Ela está hesitante, só isso.”, as luzes dos olhos de Ultron piscavam em direção a mais jovem dos Vingadores.

— “Wanda?”, Falcão gritou. “Wanda?”

— “Não há nada que eu possa fazer.”, ela respondeu. “Não há nada que possamos fazer aqui!”

— “Vão para casa e discutam a respeito do meu novo plano maligno.”, Ultron esboçou o que parecia um sorriso bastante macabro usando as pouquíssimas peças íntegras que formavam seu rosto. “Não fiquem parados, crianças. O jogo já começou!”

Três bipes foram ouvidos, seguidos pela total autodestruição da aeronave e do corpo de Ultron.

— “Mas que diabos?”, Rhodes exclamou.

— “Wanda?”, Sam chamou novamente.

— “Temos de voltar para a base, pessoal!”, a jovem alertou. “Imediatamente!”

*****

Banner já havia esvaziado a terceira xícara de café daquela tarde. Ele vez por outra retirava os óculos, passava as mãos pelo rosto e suspirava. Não estava sendo nada fácil empregar cem por cento de sua mente na repaginada do programa Legião de Ferro que Tony propôs alguns dias antes, quase que simultaneamente com o reencontro nada amistoso entre Natasha e ele. Relembrar aqueles poucos e hostis minutos em que simplesmente não conseguira dizer nada diante de Romanoff sugava-lhe energia suficiente para que deixasse tudo sobre a bancada e fugisse para o mais longe possível. Porém, dadas as circunstâncias, fugir não era uma opção. O trabalho tinha de ser feito acima de tudo. Acima de seus dilemas pessoais, de suas dores e pesares. Bruce balançou a cabeça para tentar espantar aqueles pensamentos, deslizou os dedos na tela holográfica a sua frente e observou centenas de dados, entre cálculos matemáticos elementares a algoritmos computacionais de altíssima complexidade, serem exibidos em pastas muito bem classificadas.

—“Sexta-feira?”, ele chamou. “Do que se trata tudo isso?”

—“O senhor Stark realizou o upload da programação diretamente de sua base de dados pessoal e me autorizou a baixá-los neste servidor seguro.”, a assistente virtual explicou. “Para ter acesso completo, insira sua senha.”

—“Eu com certeza o faria, se soubesse a senha.”, Bruce retrucou. “Quanto tempo até Tony estar de volta?”

—“Aproximadamente quarenta e cinco minutos, doutor.”

—“Obrigado. Aliás, e quanto a Dra. Cho?”

—“Ela aterrissou no hangar da base há meia hora. Está checando o carregamento pessoalmente antes de trazê-lo ao laboratório. Avisarei quando tudo estiver terminado, doutor Banner.”

—“No aguardo.”

—“Ora, ora, ora… Doutor Bruce Banner! Que prazer vê-lo por aqui.”, Clint debochou. Ele havia entrado sorrateiramente enquanto Bruce conversava com Sexta-feira. “A que devemos sua presença?”

Banner o encarou um tanto desconfiado.

—“O que te contaram?”, ele perguntou.

—“O suficiente.”, ele respondeu com um tom ameaçador em sua voz. “Acha mesmo que vou deixar você brincar com Natasha?”

—“Desculpe, mas eu nunca fiz isso. E nunca farei.”, Bruce afirmou. “Não sei qual é a fofoca que está rolando na base, mas não tem nenhuma brincadeira envolvida nisso.”

—“Você jura?”, Barton se aproximou do doutor, ficando a apenas poucos centímetros do rosto dele.

—“C-claro, e-eu… juro.”

—“De mindinho e tudo?”

—“O quê?”

Clint gargalhou alto, deixando Bruce atordoado e com cara de idiota.

—“Por Odin, Banner!”, ele disse, abraçando-o. “Devia ter visto sua cara de bobalhão. É bom te ver.”

—“Digo o mesmo, Gavião.”, Bruce disse, sem graça. “E parabéns, conseguiu me enganar direitinho. Foi ideia do Tony, não foi?”

—“Não, mas é a cara dele.”, Clint sentou-se sobre a bancada num pulo rápido.

—“As crianças estão bem?”, perguntou. “Algum sinal do caçula?”

—“Mais alguns dias e ele estreará nesse mundão velho. Laura já começou a preparar o ninho, sabe?”

—“Então está bem perto mesmo.”, Bruce observou. “Mas voltando ao assunto 'Natasha’...”

Antes mesmo que pudesse terminar a frase, um barulho sinistro invadiu os autofalantes da sala e a imagem de um rosto conhecido se formou em cada uma das telas do laboratório. Depois, as luzes se apagaram e o sinal de satélite despencou, deixando offline todo o sistema da base.

— “O que foi isso?”, Clint pulou da bancada e correu para checar o computador principal do cômodo.

— “Se for o que estou achando que é”, Bruce desabotoou o jaleco e de novo ajeitou os óculos no rosto. “Como dissemos semana passada, 'o gênio saiu da garrafa e se chama Ultron’. Pronto para outra, Gavião?”

*****

— “A base está em alerta! Dirijam-se aos seus postos imediatamente. Protocolo número 65679 dos Vingadores. Repito: temos uma situação de emergência. Dirijam-se aos seus postos e aguardem instruções. Câmbio.”, Hill avisou através do sistema de som autônomo que insistiu que fosse instalado para ocasiões onde não se poderia contar com as fontes de energia ligadas ao sistema da base.

— “Por que o rosto do safado de platina apareceu na TV da academia, Hill?”, Natasha perguntou ao encontrá-la na sala de operações principal. “Não me diga que isso é trote do Stark.”

— “Não é trote, Romanoff.”, ela respondeu. “Minha intuição diz que isso é muito pior do que parece. Não consigo me comunicar com os nossos aliados da SHIELD e nem mesmo com Tony.”

— “Mas se ele está a caminho da base, pode se comunicar conosco porque, tecnicamente, a armadura não depende inteiramente da conexão via satélite para estabelecer contato.”, Natasha ressaltou, ocupando a cadeira vaga ao lado de Maria. “Vamos tentar chamá-lo.”

— “Tony? Está aí?”, Hill se apressou em contatá-lo. “Alguma ideia do que está havendo?”

— “Se for brincadeira, não tem a mínima graça, cabeça de lata.”, Romanoff completou. Apenas um chiado característico podia ser ouvido por ambas.

— “Por que Rogers está carregando uma maca para a floresta?”, Maria podia ver a movimentação pela vidraça do lugar.

— “Todos estão correndo para a floresta, Hill!”, Natasha gritou ao ver vários agentes indo atrás de Steve na mata.

— “Vocês estão bem?”, Bruce e Clint chegaram eram correndo a sala, ofegantes. “Ouvimos um barulho estranho vir lá de fora.”

— “Tem alguma coisa muito séria rolando, rapazes.”, Hill falou sem desviar sua atenção da vista à sua frente. “E considerando que Steve está carregando Stark naquela maca, definitivamente não são boas notícias.”


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Notas finais do capítulo

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