Garotas jogam sim! escrita por Maga Clari


Capítulo 1
Garotas jogam sim!




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— Por que a Eleven não pode jogar?

— Alô-ô! Ela é uma garota.

— E daí?

— Garotas não foram feitas pra jogar RPG, Mike.

— Olha, eu sinceramente não estou entendendo o motivo dessa discussão. Mike, tem pudim na sua geladeira?

— Dá pra você parar de pensar em comida só um minuto?! Estamos no meio de uma discussão importante aqui!

— Discussão importante, Lucas? Ah, dá licença.

— Eu acho que a gente devia votar.

— Ótimo. Quem acha que meninas não devem jogar RPG levanta a mão.

Somente a mão de Lucas permaneceu no ar, enquanto Mike e Dustin se envolveram em gargalhadas.

Eleven se limitou a um sorriso discreto e logo voltou a morder desesperadamente um biscoito de waffles.

— Viu só, Lucas? É bem óbvio seu motivo pra não querer que ela jogue.

— Ah, é? — Lucas cruzou os braços e ergueu a sobrancelha — Então diga, sabichão.

— Hum... Vejamos... — Dustin alisou o queixo teatralmente — Será que não é porque você está com... ciúmes?

— Será que não é porque ela é maluca?! — Lucas apontou o dedo para Eleven, arregalando os olhos.

— Maluca? — pela primeira vez no dia, Eleven abriu a boca. Ao falar, balançou a cabeça — Não.

— Lucas, El não é maluca e vamos todos jogar — como sempre, Mike era o mais sensato — Quem sabe assim achamos o Will. Precisamos de duplas, precisamos da El!

— Corrigindo... Você precisa da El porque tá apaixonadinho!

— Eu não tô apaixonado pela Eleven! — Mike gritou, aborrecido.

— Uou, uou, uou! — Lucas riu, sentando-se à mesa — Ninguém aqui disse que era pela Eleven.

Mike sentiu as bochechas corarem, mas ignorou o fato para se juntar ao amigo na mesa de RPG.

— Olha só, vocês parem de brigar. Quando eu voltar da cozinha não quero mais ver discussão nenhuma, e se continuarem, não dou nem uma colherada do pudim do Mike.

— Ninguém quer saber sobre pudim, Dustin, senta logo na porcaria da mesa!

— Tá bom, tá bom, já estou indo! Ei, cadê a Eleven?

Os três meninos viraram a cabeça para trás, procurando pela amiga que estava no sofá minutos antes, mas agora o lugar estava vazio.

Mike enterrou as mãos no rosto, com um suspiro enorme:

— Ah, não. De novo não.

— Será que o demogorgon pegou ela e levou até o Will?

— Acho que não, Dustin. A gente teria visto as luzes piscando.

— Será que ela subiu? — Dustin perguntou apontando para a escada.

— A porta está trancada — Mike foi categórico.

Dustin arrastou a cadeira e se dirigiu as escadas que levam o porão à sala.

— Aonde você vai? — Mike e Lucas perguntaram ao mesmo tempo.

— Dãã. Procurar a Eleven antes que ela suma de verdade. Vocês vêm?

— Não acho necessário.

— Lucas — Dustin olhou-o sem paciência — Não é porque você está com ciúmes do Mike que tenha que deixar a Eleven ser pega pelo demogorgon!

— Eu não estou com ciúmes!

— Então vamos todos!

— Ai, tá bom, tá bom!

Lucas se levantou e foi seguido por Mike.

Os três já estavam próximos ao hall da sala quando um barulho deixou-os receosos de abrir a porta.

— O que foi isso? — Mike foi o primeiro a perguntar.

— Acho que veio da cozinha.

— Dustin, você não consegue mesmo parar de pensar em comida por um segundo? — Lucas atalhou, de olhos arregalados — Obrigado.

— Mas Lucas — Mike deu um passo a frente — Acho que veio mesmo da cozinha.

Então, de repente, as luzes começaram a piscar até a eletricidade ter sido cortada de vez.

— AI MEU DEUS, SERÁ O DEMOGORGON?!

— Calma, Dustin — Mike segurou o braço de cada um deles, direcionando-os para a cozinha — Vamos ter certeza.

Quando os meninos chegaram na cozinha, a luz voltou misteriosamente a piscar ao redor de um vulto bem no meio do cômodo.

— Se esse for o demogorgon e ele for nos levar para o Will, ou pior: nos matar!, não podemos em hipótese alguma nos separar, ouviram? Em hipótese alguma!

— Okay, Dustin, já entendemos! Não precisa gritar — foi o Lucas, tremendo de medo.

De olhos fechados, dando um passo de cada vez, alcançaram a figura nas sombras, e só abriram os olhos quando uma explosão aconteceu, deixando o lugar completamente iluminado.

Eleven segurava um balde de pudim de chocolate e a cozinha estava suja do chão ao teto.

Havia um pedido de perdão em seu olhar perdidamente infantil e doce.

— Desculpa — foi tudo o que ela disse.

Mike piscou os olhos pesadamente e direcionou-os para os amigos. Dustin, sem cerimônia, aproximou-se de Eleven para raspar um pouco de chocolate do ombro da amiga, e então lambeu o próprio dedo:

— É claro que está desculpada.

Dustin apertou os ombros de Lucas, olhando deslumbrado a infinidade de pudim nas mãos de Eleven:

— Olha, cara, nem adianta mudar de ideia. A Eleven já tem dupla.


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