O fantástico mundo de Eldarya escrita por Tsukikage Yuri


Capítulo 5
Capítulo 5- Partiu


Notas iniciais do capítulo

Oee! Depois de um século e meio, voltei com um grande... ENORME capítulo da fic. Fiquem felizes, porque essa porra tem praticamente 60 KB só de palavras. Enfim, é isso. Novo capítulo só fim do ano agora (nas minhas férias). Até loguinho ♥



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Fiquei sem notícias do fedorento depois que o levei para a enfermaria. Como poderiam descontar mais maanas meus caso desse merda, decidi ir até lá verificar. Quando de repente, tudo ficou escuro e um gato apareceu na minha frente.

— Olá, Acsa!
— Que isso? Vou ganhar maanas? Moedas?
— Você se lembra de ter feito uma escolha para definir o rapaz que faria a decoração do seu quarto?
— Ah, o elfo maldito..._ respondi, revirando os olhos._ Deixa ele lá se fuder.
— Perfeito... Eu não posso te ajudar no momento, pois uma força me impede de modificar o tempo, mas da próxima vez, eu poderei modificar a sua escolha.
— Só se for pra fazer ele arrumar de novo.
— Se você desejar, eu posso mudar o rumo do seu destino.
— Caralho, porque eu tô sofrendo tanto então? Me junta com o Nevra logo!
— Eu te explico os detalhes em outra ocasião...
— Olha lá, já tá arregando. Vivem me deixando na merda... ¬¬

O gato sumiu logo depois e a iluminação voltou. Olhei ao redor, coçando a cabeça.

— "Mano, será que essa personagem só fumou os cogumelos mesmo e tá imaginando tudo?"

Esquecendo essa teoria maluca mas que no fundo tinha sentido, fui até a enfermaria. Estava vazia, de novo. O fedôzinho estava dormindo em uma cama. Senti até um pouco de inveja, queria dormir... Me aproximei um pouco para vê-lo melhor e senti um forte cheiro.

— Puta merda, que horror._ disse baixo, tampando o nariz. Infelizmente, foi o suficiente para acordá-lo._ Fudeu. ¬¬
— Aaaah!
— Ah, para de gritar._ ele me olhou, sorrindo._ Olha, eu tenho que te agradecer pelo episódio passado. Me livrar do Mery é uma grande prova de amizade. Parabéns._ ele respondeu com outro sorriso, logo nos surpreendemos com a voz da himedere.
— Oh, você está aqui?
— Não, tô lá na puta que pariu. Que foi?
— Eu quis ver como ele está.
— Hm.
— Ele é muito jovem, talvez tenha apenas alguns meses. Um bebê... Não sei como ele conseguiu chegar até a nossa região.
— Vai que ele fumou os cogumelos também.
— Ha, ha, ha! Não, é impossível. Você ainda não entendeu...
— Moça, você não sabe como é fácil fumar um cogumelo._ cruzei os braços.
— Mas onde está a enfermeira da guarda?
— Também queria saber.
— Humm... pff._ xingou na linguagem da putaria novamente, logo depois olhando para mim e o fedorento._ Acsa, você se incomodaria de cuidar do pequeno agora que ele está acordado? Vocês dois parecem se dar bem.
— Me incomodo sim. '-'
— Sua ajuda é importante. Você pode ficar com ele, eu direi para a responsável que ele está em boas mãos. Eu venho te ver quando tudo estiver pronto._ ela foi embora.
— Gostei da confiança, mas minha resposta foi não. '-'_ suspirei.
— Aaaaah!

Enquanto nos olhávamos, eu pensava em uma forma de distraí-lo.

— O que eu posso fazer pra você ficar quieto enquanto vou dar uns pegas no Nevra?_ ele começou a fazer barulhos de bebê._ Ah, para. De mimado já tem o Mery.
— Você acha mesmo que ele vai te responder?_ alguém surgiu do inferno.
— Porra!_ virei, sorrindo em seguida._ Nevra. Já que está aqui, não precisamos de rodeios. ¬u¬
— Eu estou procurando curativo e pomada, você sabe onde a enfermeira está?
— Sinceramente, eu acho que ela morreu. Se machucou? Eu curo._ sorri maliciosamente.
— Eu não, foi uma jovem membro da minha guarda. Ela feriu a perna e achou que eu não iria sentir o cheiro de sangue, que idiota!
— Trágico._ olhei para baixo, fingindo drama.
— Eu não gosto quando alguém me esconde algo que pode ser perigoso, é um comportamento idiota.
— Seu comportamento comigo no episódio passado também foi bem idiota, mas eu te perdoo.

Ele pegou o que precisava e foi até a porta.

— O que você está fazendo aqui? Esqueci de perguntar.
— Inicialmente, vim ver o pirralho aqui. Mas agora, tenho que cuidar dele._ revirei os olhos, com tédio.
— É uma criança, você deveria tentar o básico: passeio, comida, banho, essas coisas.
— Vamos de banho! Me ajuda, Nevra?_ olhei fixamente em seus olhos.
— Estou ocupado agora, boa sorte!_ ele foi embora, sorrindo. Fiquei uns 3 segundos olhando para a porta.
— Fica pagando de cu doce! Foda-se! Vamo se molha, fedô! Fiquei pistola agora!

Começamos a caminhar pelo QG, eu procurava por um lugar para um banho. Logo, ouvi os mesmos barulhos irritantes de bebê.

— Ah, começou. Que que você quer, caralho?_ ele colocou a mão na barriga, chorando._ Tá com diarreia? Meu Deus, socorro! Eu não sei onde fica o banheiro! Vamos pra prisão, lá tem um laguinho! Não vai dar tempo... mano, se ele normalmente já é fedido imagine depois de cagar._ eu andava de um lado para o outro. Logo, ouvi outro barulho._ É o seu estômago?
— Aaah!_ afirmando com a cabeça.
— Ufa, é só fome._ suspirei._ Tá, vem encher o bucho logo.
— Opa! É você, Acsa!_ a coelha me surpreendeu, aparecendo de repente.
— Não, é a Miiko. Que foi? ¬¬
— Puxa, que horror! Você poderia deixar ele num canto? Eu preciso falar com você...
— Até queria, mas esse coiso não larga mais de mim. Fala logo que eu vou embora e o cheiro some.
— Foi você que comprou a comida para o Kappa?
— Euzinha.
— Está faltando alguma coisa nas suas rações.
— Mano, não fala ração. Parece até que a gente é tudo animal.
— Bom, é uma criança, e um Kappa ainda. Então os kukumis vão servir, mas...
— "Kukumis? Pra mim são pepinos." Espera, você tava falando do pirralho? Então é ração mesmo.
— Desculpa...
— Tá vendo, fedô? Ela te pediu desculpas, você aceita? Eu não aceitaria.
— Você sabe que o Kappa não é um mascote, né?
— Sei, o Purreru me falou. Ele é faery então?
— Exato! Então, precisa saber que nós, os faerys, não comemos a comida daqui.
— Como assim, cara? Então eu como o quê? Tô me envenenando sem saber?
— Não é nada nutritivo... nós até podemos comer, mas isso não vai nos trazer nada: nem energia, nem vitaminas, nada.
— Tipo comer ar. E o que eu como então?
— Pão, mel, legumes...
— Hambúrguer, pizza, lasanha... só coisa boa._ relembrei os restaurantes do meu mundo._ Quero voltar pra casa. ;-;
— Hahaha...
— Não ri, cretina.
— O Kappa! Então eu te deixo preparar o que você comprou, mais os pepinos.
— "Então essas porra são mesmo pepinos."
— Como eu te disse, ele é pequeno e como todas as crianças faery, não gosta do gosto da comida humana. Você encontrará na despensa.
— E os pepinos? Dou pro Keroshana comer? '-'
— Não se preocupe, eu comprei mais pepinos e Karuto vai preparar um estoque de mingau para a viagem. E o que restar na caixa, eu acho que poderá servir como um ótimo presente para o povo Kappa.
— Tá, se você acha... Se eles não gostarem, vou falar que foi você quem mandou.
— Eu espero que o pequeno Kappa goste._ sorrindo.
— Vai gostar._ olhei ameaçadoramente para o fedorento. A coelha foi embora sorrindo._ Ainda acho que seria melhor dar pro Keroshana comer. Enfim, vamos para a despensa, pirralho. Antes que a fome vire vontade de cagar.

Entramos na despensa, quando me virei e vi a Geléia e Miiko na Sala das Portas.

— Aff, duas falsas.
— Você tinha toda a razão nessa história do colchão, Miiko. Nós entregamos um quarto e ela ainda reclama com todo mundo... Isso não é legal!_ falou a enrugada.
— Ih, ó lá a cobra! Vagabunda!_ falei, apertando a madeira do armário.
— Mas você estava lá com os outros quando ela veio pedir um colchão, né?
— Muito bem lembrado, himedere.
— Sim... é verdade... Eu deveria ter escutado seu sinal... Sinto muito. Ela veio falar comigo e eu realmente pensei que...
— Entendi._ a kitsune respondeu.
— Mano, eu vou arrancar as guelras dessa piranha e enfiar no cu dela!_ estava prestes a sair quando o coiso gritou._ Ah, cu. Esqueci dele. -.- Sorte dela que você tá aqui, já teria matado ela. Vamo procurar esse mingau logo.

O mingau estava em cima da mesa, nós saímos logo depois pra procurar um lugar calmo para comer. Sem piranhas ou raposas filhas da puta. No meio do caminho, trombei com o "Ser Místico que aparece até na puta que pariu".

— Ai, caralho!
— Cuidado._ disse o platinado.
— Cuidado uma porra!
— Cuidado com o pequeno, Acsa!
— O quê? Já cagou? Não deu tempo? Fudeu!_ perguntei enquanto olhava o fedorento em todos os lugares.
— Tenha cuidado para não perder o líquido.
— Agora é mijo também? Porra, fala onde fica o banheiro que é mais fácil.
— O líquido que ele tem na cabeça.
— Ah, tá._ olhei para a cabeça do pirralho._ Não tinha reparado nisso. Meu Deus, você é horrível._ olhei com pena para o Kappa.
— O líquido é a força dele. Ele fica fraco se perder. É por isso que todos dizem que é bom saudar um Kappa se você for atacado.
— Ah, entendi. Aí ele cumprimenta e toma no cu. A menos que ele seja mau educado como eu.
— Eles são educados.
— Menos mau, então. Sou só eu mesmo._ olhei para o pirralho._ Ouviu, fedô? Se mijar, se fode!
— Não, não foi isso que eu...
— Vamos embora, esse mingau vai criar vida._ eu disse, arrastando o Kappa comigo.

Achamos um lugar perto da Grande Porta do QG, parecia calmo. Decidi que seria lá mesmo, já estava cansada de andar naquela caralha.

— Porra! Aquieta o cu, pirralho!_ ele começou a querer chorar._ Caralho, eu mereço..._ revirei os olhos de tédio._ "Eu vou matar aquela kitsune desgraçada." Vem comer essa gororoba, antes que ela crie mãos e me estrangule até a morte.

Ele finalmente havia se acalmado e aceitou comer aquele troço. Parecia minhas primas pequenas quando iam me visitar, era um inferno. Bom, não sei como mas ele aguentou comer tudo. Por alguns instantes, olhei para o céu em busca de algo diferente do meu mundo. Não tinha nada, era tudo azul naquela porra.

— "O jogo foi muito bem feito."_ ao rir, o Kappa me tirou daquele transe._ Ok, o que quer fazer agora?_ ele sorriu._ Aff, muita felicidade para os meus olhos._ coloquei a mão na frente do rosto._ Acho que um passeio cairia bem._ ele riu.

E então, começamos nossa jornada dentro do QG. Fomos até a porta do meu quarto, onde dava pra escutar os resmungos de um certo elfo maldito.

— Olha lá, pirralho. Atrás dessa porta tem um filho da puta tomando no cu._ comecei a rir._ Isso é ótimo, é muito bom!_ limpei as lágrimas que as risadas me causaram._ Tá, vamos ver o resto dos lugares.

Começamos nossa jornada fora do QG. Uau, que emoção. Enfim, mostrei o monte de mato que tinha lá fora.

— Aqui tem ervas de tudo quanto é tipo, desde cogumelos até maconha._ ele pegou uma e começou a cheirar._ Essa não, tem que pegar da boa._ dei um cogumelo pra ele._ Como é criança ainda, pode começar com esse aqui._ Ele comeu._ Não era bem assim, mas cada um tem seu jeito de usar então..._ dei de ombros.

Depois nós passamos pela Grande Porta e os resmungões avisaram para não irmos muito longe. Bom, não tinha nada de emocionante lá mesmo. Na real, não tinha nada de emocionante em lugar nenhum. Fomos visitar a porra da toca, aquele lugar me trazia lembranças que eu queria muito esquecer.

— O maldito chorão, Mery._ olhei fixamente para a toca, quando de repente o Kappa soltou da minha mão e entrou no buraco._ Amigo, você vai ficar entalado aí, porque eu não vou te ajudar. Só tô avisando._ depois de alguns minutos, olhei para dentro do buraco._ Ei, tá vivo ainda?_ de repente, ele se jogou na minha cara._ Ai, porra! Sai! Você ainda não tomou banho! Caralho, que fedor!_ disse, colocando ele no chão. Suspirei._ Chega de passeio por hoje.

No Caminho dos Arcos, encontramos vários mascotes. Os mesmos que foram massacrados pela piranha da Geléia naquele dia.

— Vocês estão vivos! Ah, meu Deus! Isso é um milagre!_ eu comecei a abraçar um por um._ Vocês são verdadeiros guerreiros, meus parabéns.
— Não tocar. Mascote já ter mestre. Roubar não pode!_ o suíno gritou, me afastando dos mascotes.
— Caralho, tá certo que o Senpai é burro, mas eu não roubaria esses. Meu foco é outro._ disse, me lembrando do Black Dog do episódio passado.
— Grrrr...
— Ah, vai grunhir lá na puta que pariu vai. Deixa o suíno aí e vamo bora, pirralho.
— Suíno hiii!_ o fedô repetiu.
— Ih carai._ ri.
— Nooooo!_ depois dessa, comecei a chorar de rir.
— Ai, mano. Você é o melhor. Vou te ensinar meu vocabulário pra você voltar pra sua terra bem afiado.
— AAAAAH!_ ele sorriu, me deu a mão e continuamos a caminhar. Alguns minutos depois, eu comecei a me sentir incomodada._ Caralho, pirralho. Você tá fedendo muito! Não tem jeito, vamos ter que te lavar._ suspirei, logo depois entrando de novo no QG.

Ao adentrar o QG, encontramos a Ykhar. O Kappa foi logo na perna dela fazer um carinho.

— Aaaaaaaaaah! Me solta!
— Quanto mais você correr, mais ele vai querer te pegar. ¬¬
— Que cheiro, mas o que eu fiz para merecer isso?!
— É o que eu venho me perguntando desde a hora que comecei a cuidar dele.
— Você deveria achar algo para ele fazer... Quem sabe assim ele para de ficar no meu pé!
— Aaah, folgada. Faça carinho o quanto quiser, pirralho. Ela A-DO-RA!_ me sentei no chão, observando.
— Aaaaah, desculpaa! Tá, sabia que os Kappas jogam Shôgui?_ o fedô olhou fixamente para a coelha.
— Shô- cu?
— Shôgui. É um jogo de tabuleiro jogado por dois seres.
— E?
— Bem... Tem algumas peças no tabuleiro e cada um joga até conseguir pegar o rei do outro.
— Isso é xadrez. Eu sou horrível nisso, sei nem as regras.
— Deixa eu pensar, xadrez... Sessenta e quatro casas, com um pouco menos de peças._ dizia, segurando o queixo e olhando para o alto.
— Se eu não conseguisse te ouvir, diria que está invocando a Miiko.
— A peça pode se tornar uma rainha, a torre, um cavalo ou bispo... Eu li isso em um livro, sim, é parecido. Mas eu acho que no xadrez uma peça nunca pode ser recuperada. Ninguém pode colocar no jogo depois que foi "roubada".
— Se você diz, deve ser. Tô entendendo nada.
— Então é um "quase" o mesmo jogo, com algumas diferenças.
— Tá, e pra quê me falou isso?_ ela foi embora sem me dizer nada._ Porra, fala uma bíblia pra mim e quando faço uma pergunta vai embora. Vem, vou te lavar. Não encontrei o Nevra mesmo..._ disse, angustiada.

Antes de tudo, comprei um sabonete líquido da Jequiti porque todo o fedor não iria embora sozinho. E então, com toalha e perfume em mãos, fomos para o laguinho do parque.

— Deus de Eldarya, Oráculo, o caralho que for, me perdoe por faltar com respeito a este lugar. Mas a culpa é dele por feder tanto, é impossível aguentar._ disse, apontando para o pirralho, que sorria sem parar. Suspirei, o colocando na água._ Sem brincadeirinhas, tá ouvindo?
— É o seu mascote? Ele é terrivelmente fofooo!_ disse uma puta com guelras.
— Essa voz..._ me virei, com um olhar que até eu ficaria com medo._ Geléia._ falei, trincando os dentes.
— É Alajéa._ respirei fundo, me controlando o máximo que podia.
— Não tá vendo que ele é um Kappa?
— Um Kappa? Eu não conheço, como é esse mascote? Quais são suas capacidades?
— Vai estudar. Enche a sua cabeça vazia com conhecimento em vez de falar dos outros. Um Kappa não é um mascote.
— Ah, é? Eu realmente não conheço os Kappas.
— Percebi. Felizmente pra eles que você não os conhece.
— E o que você pretende fazer?
— Vou afogá-lo no lago e você será a próxima._ ela me olhou, assustada._ É só um banho. -.-
— Me diz uma coisa, Acsa... Eu... eu posso te ajudar?
— NÃO._ respondi, num tom firme.
— Mas... por quê?
— Porque eu não quero. Mais alguma pergunta?
— Por que as pessoas não confiam em mim?
— "Aaaah, por que será?"_ sorri, balançando a cabeça negativamente.
— Sei que eu faço besteiras o tempo todo... Eu sou muito desajeitada.
— Como se esse fosse o maior dos problemas.
— Mas é verdade. Todos me dizem a mesma coisa.
— É porque é verdade.
— Você acha mesmo?
— Você ainda duvida?
— Você é muito legal!_ ela pulou em cima de mim, me abraçando.
— "Qual o problema dessa piranha desgraçada?!"_ me soltei do abraço, me afastando logo depois. O Kappa nos olhava, quase chorando._ Eu quase caí em cima do fedô, sua burra! Quer matar ele de verdade?
— Desculpe...
— Desculpe um caralho!_ comecei a ensaboar o pirralho, ignorando a puta que ainda estava lá.
— Acsa, você vê sereias na sua terra?
— Hã? Que pergunta é essa de repente?
— Você já tinha ouvido falar de sereias como eu?
— Já, mas não imaginava que eram tão putas. Exceto a pequena sereia, mas só porque é história de criança.
— História de criança? É sobre o quê?
— Uma iludida que abandona sua calda pra ter pernas por um filhinho de papai.
— E como termina?
— Depende do meu humor.
— E qual você prefere?
— Aquele em que ela morre e o príncipe se suicida de depressão.
— Que horror._ olhou-me horrorizada.
— É, adoro meu senso de humor._ olhei para cima, sorrindo, enquanto tirava a espuma do pirralho. Depois de alguns minutos, o tirei da água e o sequei._ Vamos._ peguei na mão do fedô e fomos embora, sem olhar para aquela desgraçada.

Andávamos tranquilos, logo depois do trauma de ver a Geléia, voltando para o QG. Até que começamos a ouvir vozes, pareciam ser do moleque ruivo e da himedere.

— Poxa, Chrome! Em toda missão, é sempre a mesma coisa._ reclamava a kitsune.
— Não foi minha culpa!_ se defendeu o ruivo.
— Nunca é sua culpa. Você sempre tem uma boa desculpa para perder tempo.
— Tá bom, ok?! Eu já sou bem zoado por todos, não precisa reforçar.
— Eu tento te ajudar e te entender, só isso!

Por mais que eu adore tretas, não queria escutar essa. Estava procurando pelo Nevra, meu mozão. Decidi seguir em frente e perguntar depois, talvez o moleque me contasse. Ou não, sei lá. Voltei a caminhar quando...

— Hum... bom... ok. Você pode acompanhar Acsa na cidade dos Kappas._ a himedere disse, me fazendo parar subitamente.
— "Como é?! Eu não vou com o mozão?! Que porra de palhaçada é essa?!!"_ pensei, indignada.
— Eu prometo que dessa vez tudo vai dar certo._ o ruivo sorriu.
— Não prometa o que você não poderá cumprir. Conclua sua missão sem mais atrasos...
— Qual é o prazo?
— Eu diria..._ de repente, um barulho interrompeu tudo. Era o pirralho, havia se batido em alguma coisa. Aproveitei a deixa para me distanciar e entrar no QG.
— Brincar!_ o pirralho gritou.
— Brincar o caralho, vamo dormir._ ele começou a gritar quase igual o Mery._ Chega porra, desisto. Tá, do que você quer brincar?_ perguntei na menor animação possível.
— Aaaah!
— Uau, ajudou pra caralho._ bati palmas._ Ok, vamos brincar de amarelinha então.
— Amarelinha?!
— É, taca uma pedrinha no chão e pula feito trouxa. Adoro ver os outros brincando disso._ sorri.
— Amarelinha! Amarelinha!

Fiz uns borrões no chão com um pouco de sabão e peguei uma pedrinha que estava ao lado.

— Pode pular feito retardado, fica a vontade._ e ele realmente começou. Várias e várias e várias vezes. E não cansava._ Puta merda, dorme logo._ fechei os olhos por alguns segundos e suspirei. Ao abri-los, vi o pirralho no chão._ Fudeu!!_ o peguei no colo, havia pouca água em sua cabeça._ Tomei lindo no cu agora, mano!

Fui correndo para dentro do QG, cuidando para não cair nem mais uma gota da sua água. Encontrei Miiko e os outros na Sala das Portas.

— Acsa, nós estávamos falando de você. Seu quarto novo está pronto. Mas o quê...?
— "Logo agora ficou pronto?" É o fedô, ele caiu enquanto brincava de amarelinha. Pelo amor do Oráculo, não tira minhas maanas.
— O QUE VOCÊ FEZ?_ ela gritou, como sempre.
— Eu disse desde o começo que não queria cuidar dele._ cruzei os braços, a himedere me encarava com indignação._ Agora é sério. Eu não queria que isso acontecesse, estávamos só brincando. Ajuda esse pirralho logo e depois você me pune._ falei olhando fixamente nos olhos da kitsune.
— Valkyon! Pegue o Kappa e venha comigo até a enfermaria... Ezarel, dê um jeito de encontrar uma pomada especial. Nevra, diga a Ykhar para analisar nossas opções. Se você encontrar o Kero, diga para ele cuidar desse caso também._ todos saíram sem dar um piu._ E o Leiftan que saiu para procurar pistas do Black Dog... Por que isso está acontecendo agora?_ eu a observei, apenas esperando minha punição. Mas, para minha surpresa, ela foi embora juntamente com o platinado, ambos me olhando com um ar sombrio.

Certo, eu fiz burrada. Admito isso, é um fato. Mas não iria ficar me desculpando até falarem comigo como sempre fizeram. Iria achar um jeito de ajudar. Se não quisessem mais olhar para a minha cara, paciência. Mas teriam que admitir que eu ajudei. No final, só esperava que o fedô pulasse como um trouxa de novo. Quando voltei a realidade, percebi que alguém me observava.

— Keroshana?
— Oh Acsa, é você... Eu sinto muito pelo que aconteceu.
— Eu também... Foi tudo... tão rápido.
— Não, você não deve se culpar.
— Claro que devo. É o mínimo que posso fazer: admitir meu erro. Quero fazer alguma coisa pra ajudar aquele fedorento.
— Você não pode fazer mais nada. Isso poderia ter acontecido com qualquer um.
— Isso não muda o fato de que sou culpada.
— Talvez eu tenha uma ideia para que você possa suavizar um pouco a fúria da Miiko. Nós fizemos várias pesquisas com Ykhar e nós gostaríamos de pedir ajuda a Alajéa.
— Logo da puta da Geléia?_ perguntei fazendo uma careta.
— Sim, ela é uma sereia, ela pode nos ajudar, mas é impossível encontrá-la... Se você nos ajudar, vamos ganhar muito tempo, com certeza.
— É sério?_ o encarei por alguns segundos._ "Eu encontrei ela agora pouco. Ele deve estar dizendo isso pra me deixar melhor." Ok, é algo que só eu posso fazer mesmo._  empinei o nariz, sorrindo.

E lá fui eu para o laguinho do parque novamente, onde tinha deixado a puta falando sozinha.

— A Geléia, preciso falar com você.
— Ah, é?
— Não, tô mentindo._ suspirei._ "Paciência, Acsa..." Eu fiz uma besteira maior do que as que você faz normalmente e o Keroshana acha que você pode nos ajudar.
— O que você fez?_ ela me olhou meio impaciente.
— O fedô se machucou e... bem...
— Deve ser grave, é por isso que você está me pedindo ajuda?
— Meio óbvio, né? ¬¬
— Não se preocupe, vamos lá ver o pequeno.

Eu sorria enquanto caminhava junto de Geléia até a enfermaria. Ao chegarmos lá, encontramos todos estavam agitados em volta do fedorento. Ao nos notarem, Miiko me fuzilou com os olhos.

— O que você está fazendo aqui?_ perguntou a kitsune, furiosa.
— Vim ajudar, é o mínimo que posso fazer._ respondi firme.
— O que está acontecendo com o pequeno?_ perguntou a piranhona.
— Ele perdeu uma grande parte da própria água. Nós colocamos vários bálsamos no corpo e o deixamos repousar, mas ele é muito jovem e não vai aguentar..._ explicou a kitsune.
— Deixe-me ver..._ a sereia se aproximou do fedô.
— Eu acho que o frasco que você tem pode nos ajudar.
— Oh, você acha?!_ perguntou esperançosa.
— Vamos tentar._ concluiu a himedere.
— Eu vou derramar um pouco nele... Só que eu vou precisar me reabastecer logo, você entende, não?
— Humpfr... Isto não é o mais importante agora.

A Geléia começou a derramar algumas gotas do seu frasco na cabeça do pirralho. Depois de vários minutos, ele abriu os olhos e o povo ficou mais calmo.

— Isso vai nos dar tempo para podermos preparar um bálsamo reparador._ falou uma mulher muito estranha, me lembrava o elfo maldito.
— Ele ainda não está totalmente bem?_ perguntei.
— Não, a poção da Alajéa é certamente eficaz, mas é somente um paliativo. É preciso adaptar a nova água ao seu organismo._ explicou a kitsune.
— Ewelein, você acha que temos quanto tempo pela frente?_ o elfo maldito se pronunciou pela primeira vez.
— "Essa é a enfermeira que tava morta mais cedo?"
— Três... Quatro...
— Dias?
— ... horas.
— "Puta merda."_ olhei para baixo, mordendo meus lábios de indignação.
— Calma, chorona._ disse o avatar de merda.
— Ezarel, do que você precisa para o bálsamo?
— Peixe-libélula, erva ácida, água, seiva de bigoron...
— Ok. Atenção todo mundo. O Ezarel vai dar a todos uma lista de ingredientes, cada um terá a sua. Enviem seus mascotes em exploração, vão à feira, se virem, mas encontrem tudo rapidamente!_ ordenou a puta master.

O avatar pirata pediu para todos colaborarem, até a kitsune himedere. Quando chegou a minha vez.

— Eu preciso de um peixe-libélula. Normalmente eu os encontro quando eu envio meu mascote à praia.
— Ok, precisa de mais alguma coisa?
— Sim, um copo de precipitação.
— Caralho, viramos químicos agora? Você não tem um monte dessas porcarias?
— Tinha... Uma burrinha quebrou todos.
— "Gostaria muito de saber quem foi a abençoada." Tá, vou comprar essas bagaça.
— Obrigado! Encontre-me no laboratório de Alquimia logo que você tiver tudo._ ele disse sorrindo. Eu me virei bruscamente para ele, surpresa.
— "Elfo maldito agradecendo? Queria ter um celular decente para gravar isso."_ continuei caminhando, saindo da Enfermaria. Agora teria que encontrar esses bagulho pra que o pirralho ficasse bem. Que saco, só me vem dor de cabeça.

Primeira coisa que comprei foi o maldito copo, lá no mercadinho da esquina. Só nessa brincadeira gastei 18 maanas. Eu chorei, cara. Chorei bastante. Sobre o peixe, coloquei o senpai pra trabalhar.

— Anda senpai, hora de mostrar suas habilidades na caça. Me traga um peixe-libélula!_ gritei, apontando para o mar. Ele ficou paradão, me olhando com cara de cu._ Anda logo, porra!_ o chutei para a água. E bem, achei que ele tinha morrido, mas acabou me trazendo o peixe._ Ah, valeu. Agora, vamos voltar para o QG e esfregar esse peixe na cara do desgraçado azulado._ disse, sorrindo.

Ao chegar no laboratório, ele já me esperava.

— Trouxe os bagulho pra fazer a droga.
— Eu só estava esperando por você.
— Hmm, eu esperava que fosse o Nevra quem me diria isso._ sorri cinicamente.
— Você tem tudo?_ a kitsune surgiu do inferno.
— Caralho amiga, de onde você saiu?
— Sim._ respondeu o elfo.
— Bom, nós vamos te deixar preparar isso. Junte-se a nós quando tiver terminado.

A kitsune e eu fomos para a enfermaria, esperando pelo desgraçado ao lado do fedô. E ele demorou pra caralho, já estava imaginando se ele teria morrido no processo. Ah, esquece. Bom demais pra ser verdade. Enfim, quando chegou, colocou outro líquido na água do pirralho e parecia estar dando certo.

— Fique tranquila, ele vai melhorar. Nós temos que aguardar um pouco, ele vai melhorar com o tempo._ a ex-falecida tentou me animar.
— Que bom..._ sussurrei, sorrindo.
— Miiko... você se importaria em nos deixar sozinhos... o kappa, Ezarel e eu?
— Não, façam o que precisam fazer. Eu tenho que falar com a Acsa de toda a forma.
— "Hein?"_ olhei para a kitsune. Em seguida, fomos para a Sala das Portas.
— Vamos sair. Desculpe-me por ter falado daquele jeito com você.
— Oi? '-'
— Quando eu vi o kappa, assim nos seus braços, eu pensei em toda a repercussão que isso teria na Guarda. E nós não precisamos disso... não agora.
— A mais culpada foi eu, que deixou toda a merda acontecer.
— Fui eu quem te dei esse fardo. Eu deveria ter sentido que talvez ele fosse muito pesado para você.
— "Me senti ofendida agora, muito mesmo." -.-
— Enfim... assunto encerrado, agora que ele já está bem. Vamos ver seu quarto novo?
— Ahhh, meu quarto..._ sorri como uma criança._ "O que será que aquele desgraçado fez lá?"

Caminhamos juntas até a porta do meu quarto.

— Você está pronta?
— Abre logo essa porra!_ apertava os punhos de tanta ansiedade.

A kitsune abriu a porta e o que vi depois... ah, vocês vão saber.

— '-'
— E então, o que achou?_ perguntou a himedere.
— É... dá pra dormir né? Tem colchão e tudo mais. BEM mais.

Tava uma merda! Simplesmente uma merda! Tudo o oposto do que eu sou. Flores, folhas caindo na minha cara? Ah, por favor. Se fosse assim, dormiria na floresta ao lado do Black Dog. Suspirei. Eu pedi por isso, ele se vingou do jeito dele. Maldito elfo desgraçado. E quem diria? Ele apareceu, junto aos outros dois.

— "Desgraçado." ¬¬
— O que é?_ perguntou o azulado.
— Nada não._ com as mãos nas costas, cerrava os punhos de raiva.
— Obrigado pela cópia das chaves, pessoal!_ agradeceu o moreno.
— Oi?_ me virei para ele, surpresa.
— Isso mesmo._ ele girou as chaves do meu quarto nos seus dedos.
— Hmm... O que pretende fazer? Entrar no meu quarto durante a noite e me atacar?_ sorri maliciosamente.
— Eu..._ ele me olhou surpreso.
— "Oh! Será que pela primeira vez ele está me levando a sério?"_ meus olhos brilharam com o pensamento.
— Desde que a gente disse para o Nevra que os vampiros são populares com os humanos, não conseguimos mais segurá-lo. Eu acho que o pior é quando me trazem esse livro com o cara que brilha ao sol, com a garota que faz umas coisas diferentes... Sabe, Valkyon..._ a coelhinha explicou. Ao ouvir isso, o moreno ficou meio abalado e saiu do quarto.
— Aquele livro...?
— Onde ele se transforma em lobo?_ perguntou o platinado.
— Não, este é genial! O outro... onde eles podem...
— "Acho que eles tão falando da droga do Crepúsculo."
— Aquele bem ruim?
— "Ah, é isso mesmo."
— Sim! Ele era realmente péssimo...
— Bom, apesar de ele ser um gato do caralho, acabou se baseando na pior história...
— Ah não! O livro só deu a ele a noção do impacto da sua raça sobre os humanos. Ele também detestou o livro! Ha ha!_ explicou a coelha.
— Ainda bem, porque se tivesse gostado, desistiria dele agora. Mesmo assim, gosto dele por quem é, não por ser um vampiro.
— Desde que ele descobriu de um certo alguém que vampiros são famosos..._ o azulado arregalou os olhos para a Ykhar._ ...não para de flertar. Até com membros da guarda.
— Ele nunca foi rejeitado esse moço lindo dos Deuses?
— Não muito. Ele sabe escolher seus alvos.
— "Uau, ele é calculista." Então, isso muda um pouco as coisas.
— Melhor assim, não vai fazer mal pra ele uma pequena decepção._ concluiu o azulado.
— Sim, é verdade que você não parece uma garota fácil.
— Ele vai acabar aprendendo.
— Certo, então vamos começar com a tortura._ olhei para o azulado, que deu um passo para trás, surpreso._ Ezarel._ ele me olhou fixamente._ Venha me visitar durante a noite, seu maldito.

O elfo maldito me olhou como se eu fosse uma louca, então simplesmente comecei a rir.

— Ainda estou sã._ fiz uma pequena pausa._ Mas falando sério, pode entrar no meu quarto quando precisar. Você arrumou, então acho que devo pelo menos isso. Apesar de ter ficado uma porcaria. '-'
— Você está falando sério?_ perguntou, ainda sem acreditar.
— Olha, eu não vou repetir, ok?_ saí do quarto, encostando na porta._ "Se quero começar uma tortura, preciso pegar aquelas chaves."

Sim, eu fui atrás do mozão. Mas desta vez, seria diferente. Ele olhava para todas? Pois agora ele olharia só para mim. Eu domaria aquele vampiro. Sorri com o pensamento, caminhando a procura do moreno. E então, nos encontramos no corredor das guardas.

— E então, vocês se divertiram?_ perguntou, indignado.
— O que quer dizer?_ não estava mentindo, acabei esquecendo depois de ter aquele objetivo em mente._ Ah, já entendi. Sobre a conversa com eles?
— Sim.
— Estou procurando uma cura para o seu alto ego. u.u
— Dizendo por aí que vai me ignorar e pegar o Ezarel?
— "Opa, isso é um sinal de ciúmes?" A parte em que eu falo que você é um gato nem passou pelo seu ouvido, né? Porra viu.
— Para sua informação, os vampiros tem uma excelente audição.
— Então você tem um problema, querido.
— Você não negou que me ignoraria.
— Porque você é um frouxo! Gato, mas frouxo.
— Então é assim._ ele se virou de costas e foi embora. De repente, se virou bruscamente em minha direção._ Que saco! Você também!
— Oi?
— Sim... você sabe, quando você... deixa pra lá!
— "Do que ele tá falando?"_ suspirei._ Ok, peço desculpas pelo que disse.
— Não, tudo bem, não é com você.
— Mas é comigo que tá metendo o louco._ ele apenas ficou quieto._ Você não gosta quando as garotas resistem a você, não é?_ ele me olhou de cima a baixo antes de se aproximar e segurar meu queixo entre as mãos.
— Você vai ver, daqui algum tempo sou eu quem vai dizer que vou te ignorar.
— Hm, isso eu quero muito ver._ sorri cinicamente. Ele foi embora, parecendo menos nervoso que antes.

E a partir deste momento, comecei a achar o jogo bem mais interessante. Mas, não havia pegado as chaves.

— "Oh porra, viu."_ suspirei, procurando pelo moreno novamente.

Acabei não encontrando-o, então desisti. Pegaria mais tarde, talvez. Ainda pensaria melhor sobre isso. Enfim, a paz reinou naquele momento. Nada para fazer e a viagem havia sido adiada devido a burrada que eu fiz, o fedô precisava se recuperar. Então, tinha tempo de sobra para fazer tudo o que quisesse fazer. Passeei pelo QG e por entre as casas dos habitantes, fiquei no laguinho durante a tarde (sem encontrar a Geléia, graças ao Oráculo)... foi bem relaxante. Enfim, a véspera da viagem chegou e então fui falar com a Miiko.

— Oe, Miiko!_ sorri.
— Olá Acsa, você veio por causa da viagem?
— Isso mesmo. Você me disse para procurá-la, mas não vim antes porque parecia ocupada.
— Desculpe... Mas nesses últimos tempos eu tive muitas coisas para resolver.
— Sem problemas. Se me lembro bem, vamos viajar amanhã, né?
— Exatamente! Você vai partir com o Chrome.
— Isso vai dar certo?_ a encarei descrente._ Você parecia desconfiada outro dia.
— Outro dia?
— É, quando vocês estavam discutindo porque ele estava..._ me interrompi, arregalando os olhos._ "Fudeu, falei demais!"
— Você estava nos espionando?_ pronto, já ficou escandalosa.
— Nada a ver, estava passando por ali com o pirralho.
— Humm..._ me olhou, desconfiada._ Vocês dois partem amanhã de manhã?
— Vocês dois?_ a olhei, confusa.
— Eu não posso colocar mais pessoas à disposição de vocês... E as únicas que poderiam ir não são aptas para essa viagem.
— "Aff, o mozão poderia ir..." Não é meio arriscado? O moleque sabe controlar um navio?
— É um barco pequeno, muito fácil de manobrar, fique tranquila. O Chrome já utilizou ele várias vezes.
— "Não confio muito naquele ruivo, mas se a himedere diz..."_ dei de ombros, me virando e indo direto para o meu quarto. Mas, um loiro brotou no caminho.
— Olha só quem está aqui.
— Leiftan. Achei que tinha morrido. ¬¬
— Eu andei bastante ocupado...
— Com o Black Dog?
— Exatamente!
— "Ainda quero aquele bicho como mascote..."_ suspirei._ E como tá indo?
— Hum... Não encontrei muitas pistas no local e meus informantes não me disseram nada. A presença daquela criatura continua inexplicável.
— "Tão eu..." Bem, pelo menos você tentou.
— ...sim. Eu fiquei sabendo que você vai viajar amanhã...
— É, com o moleque. Se eu não voltar, já sabe que morri.
— Oh, eu espero que tudo dê certo.
— Eu mais ainda. Enfim, se não se incomoda, vou para os meus aposentos. u.u

E finalmente, consegui chegar no meu quarto. Ou o que era para ser um. Olhei ao redor, ainda sem acreditar.

— "Aquele maldito vai se ferrar na minha mão."_ sentei na cama, jogando as flores e folhas no chão._ Olha que nojeira, deve tá cheio de inseto nessa porra. Que inferno!_ batidas na porta interromperam meu momento estresse._ Quem é, caralho?
— Hiiiii!
— Esse barulho irritante, 10x pior que o Mery... Fedô!_ abri a porta rapidamente, encontrando o pirralho sorrindo._ Porra, não me assusta mais assim. A sua amiga aqui quase foi esquartejada por uma kitsune.
— Acsa! Acsa!
— Que belo nome você aprendeu, hã?_ sorri, voltando a feição anterior logo depois._  Espera, você não tinha que estar na enfermaria?_ suspirei._ "Eu não vou dormir hoje, Senhor."

E então, fui levar o pirralho até a enfermaria. No caminho, encontrei a puta.

— Oh Acsa, é você! Faz um tempão que não nos vemos!_ disse a Geléia, sorrindo.
— E vamos manter assim._ comecei a caminhar novamente, parei em seguida e me virei para ela._ Obrigada pela ajuda com o pirralho.
— Ei, ei! Fiquei sabendo que ganhou um quarto novo, você me mostra?
— "Ela é surda?" Você não tem nada pra fazer não?
— Posso tirar 5 minutinhos pra você._ sorriu.
— Aff. ¬¬ _ suspirei, voltando para o meu quarto. Quando chegamos lá, os olhos da sereia brilharam.
— Uau, não tem nada a ver com o outro.
— Real. Melhorou mas ainda está uma droga, foi feito pelo elfo maldito afinal.
— Haha, mas você mereceu depois da história do colchão. Não foi nada legal o que a Miiko fez... Você fez bem em insistir.
— "Falsa... veneno de cobra."_ revirei os olhos.
— Bom, eu tenho que ir. Até mais tarde e boa viagem!
— Tá, tá._ acenei, levando o pirralho para a enfermaria mais uma vez.

Chegando lá...

— Acsa, você está aqui... Com o kappa, ufa!_ a kitsune me abordou.
— Não, tô lá na puta que pariu. ¬¬
— Como é possível que ele esteja com você?
— O kappa bateu em minha porta e eu, abri! Senhoras e senhores..._ a himedere me olhou confusa, então parei de cantar._ "Estraga prazeres..." Tá aí, ó._ estiquei os braços, entregando o fedô para a kitsune. Ele não parecia feliz e começou a ameaçar de chorar._ Ah, não! Puta que pariu, tudo menos isso!
— Hiiiii!_ gritou.
— Ô inferno! Me larga, porra! Vai, sai!
— Haaaa!!!
— PODE GRITAR PROS QUATRO CARALHO, TU VAI FICAR AQUI E PRONTO PORRA!_ ele me olhou assustado.
— Eu acho que ele quer ficar com você..._ deduziu a raposa com um QI elevadíssimo.
— Uau, como você é esperta hein? Tô abismada com tanta inteligência. -.-
— Você poderia dormir com ele?
— MAS NEM FUDENDO!
— Se não te incomoda, então você pode!
— EU ME INCOMODO, SUA SURDA DO CARALHO!
— Hiiii! História! História!
— Vou te contar uma bela história de como uma tartaruga perdeu seu casco e morreu.
— Se você quiser, você pode pedir um livro para a Ykhar.
— Vou contar a minha história mesmo.
— Ela tem vários livros na sua língua!_ olhei para a kitsune por alguns segundos antes de responder.
— Foda-se._ peguei o pirralho no colo de novo, levando ele para o meu quarto.

Quando chegamos lá, deitamos um ao lado do outro.

— Minha história vai ser bem curta. Uma tartaruga trouxa estava brincando na floresta, quando três retardados apareceram e roubaram seu casco. O jovem trouxa tentou resistir, mas foi morto por eles antes de conseguir tocar em seu casco uma última vez. Fim, hora de dormir._ antes de conseguir me cobrir com as folhas, o fedô começou a gritar.
— Hiiiii!
— Ah, caralho mano! Eu quero dormir, porra!_ suspirei._ Ok, vou fazer melhor. Era uma veizinha, uma jovem tartaruga que sonhava em dançar balé. Tentava de tudo, imitava a mesma dança que via na televisão, mas nunca tinha o equilíbrio. E então, ela descobriu que seu casco atrapalhava. Estava confusa, aquilo que fazia parte dela a impedia de realizar o seu maior sonho. Quando decidiu então, em um momento de frustração, que arrancaria seu casco. Ao fazer isso, a jovem tartaruga pôde se mover livremente, realizando todos os passos que mais sonhava fazer. Porém, apenas em seu mundo, pois ela havia perdido totalmente o movimento de seu corpo._ olhei para o pirralho, que agora dormia tranquilo._ "Caralho, foi a melhor história que eu já criei na vida."_ sorrindo, me cobri com o mato e adormeci.

E logo amanheceu, um sol bem forte que passou pelas cortinas de flores e acertou os meus olhos.

— AAAA CARALHO, MEUS OLHOS! TÁ ARDENDO, PORRA!_ me levantei rapidamente e coloquei folhas por cima da cortina._ Que merda, viu.
— Hiiii!_ o outro também se levantou, só que sorrindo.
— Esse seu ânimo me irrita. -.- Vamos logo.

E com as mãos dadas, fomos até a Sala do Cristal parecendo duas crianças do presinho. E lá, encontramos todo mundo. Praticamente todo mundo.

— O que os intrometidos estão fazendo aqui?_ cruzei os braços, batendo o pé direito.
— Nós viemos te dizer até logo!_ disse a coelha, sorrindo.
— Parem com isso... Eu vou chorar, cara._ limpei lágrimas invisíveis.
— Miiko me pediu para preparar alguns remédios e pomadas, caso necessário._ disse o azulado.
— E eu afiei o punhal do Chrome já que a Acsa ainda não tem armas._ se pronunciou o platinado.
— Espere e verá, Valkyon. Terei uma bela arma._ disse, sorrindo._ Ah, e Ezarel._ o azulado me olhou surpreso._ Está me devendo uma visita ao meu quarto no meio da noite._ sorri maliciosamente.
— Vai embora logo._ me respondeu o azulado, sem expressão.
— Ahh, como ele é malvado!_ não suportei e acabei rindo, enquanto o moreno observava toda a situação com uma cara amarrada._ E você, mozão? Não vai dizer nada?_ descruzei os braços, esperando ansiosa por uma resposta. Até que ele se aproximou e beijou a minha mão. Naquele momento, acabei corando de verdade.
— Volte... inteira. Tá bom?_ o moreno disse, sorrindo. Eu o olhei espantada, sem saber direito o que dizer. Então, simplesmente fiz o de sempre.
— ISSO É TÃO SHOUJO, PORRA!! LOVE NO KAZE! Te amo, mozão! ♥_ meus olhos brilharam o fitando enquanto dizia isso.
— Acabaram? Será que vocês poderiam parar com o sarcasmo, por favor?_ e chegou a himedere, interrompendo tudo.
— Tinha que ser, viu. Ô porra... ¬¬ _ Miiko fez um gesto com as mãos para que todos fossem embora, feito cachorros. E eles obedeceram, aqueles frouxos.
— Jamon e eu vamos te escoltar até o barco.
— Uau, agora me sinto mais segura. E onde tá o moleque ruivo?
— Ele está com o Kero te esperando na praia.
— Hm, menos mal. Vamo logo então.

Para chegar lá, atravessamos a puta que pariu. Enfim, foi longo. Mais longo do que imaginava. Desci uma escada de pedras cheia de limo, quase caí de cara no chão mas me recompus. E então, estávamos todos lá em frente ao navio.

— Chegou a hora, mano. Tá toda a mercadoria aí?_ perguntei ao ruivo.
— Do que essa louca tá falando?_ o moleque perguntou confuso.
— Esquece, ela é assim mesmo._ a kitsune respondeu.
— Vocês poderiam ser um pouco mais humorados, né? Assim fica difícil!_ cruzei os braços, emburrada.
— Bem, vou explicar as melhorias que fizemos no navio._ se pronunciou o Keroshana, meio tímido. E depois da explicação dada apenas ao ruivo..._ Você entendeu tudo, Chrome?
— Sim, vai dar tudo certo, eu acho. Ele não é difícil de dirigir, eu já conduzi ele várias vezes.
— Sim, mas existem novas funcionalidades._ disse o unicórnio, com receio.
— "Caralho, eu vou morrer."
— Vai dar tudo certo... eu sei o que estou fazendo._ respondeu o ruivo, cheio de confiança.
— Miiko, eu acho que está tudo certo da minha parte.
— Perfeito. Chrome, você vai se lembrar do nosso combinado?
— Hummm, sim. ¬¬ _ foi a melhor cara que o moleque fez até agora.
— Nós vamos indo então. Kero, Jamon, sigam-me._ a kitsune começou a caminhar.
— Acsa..._ o suíno grunhiu.
— Boa viagem Acsa... Chrome, não a atrase._ Keroshana se despediu do jeito dele.
— Voltar. Vivos._ o suíno concluiu sua frase.
— Quero, meu amigo javali.
— O quê? Mas..._ o ruivo começou a reclamar.
— Viagem! Mar! Mar!_ o pirralho parecia animado, enquanto eu o olhava com tédio e os outros se distanciavam. Me virei bruscamente e corri para a frente do navio, gritando o mais alto que pude.
— SE EU NÃO VOLTAR EM 7 DIAS, ME VINGUEM!! ACHEM MEU CORPO E ME ENTERREM NO QUARTO DO NEVRA!!_ os três, inclusive o ruivo, me olharam surpresos. Mas continuaram a caminhar, enquanto o moleque me olhava como uma descontrolada.

Depois de alguns minutos do imenso mar, o garoto começou a conversar. Mais ou menos conversar, eu acho.

— Olha, o que é isso lá longe?
— Parece um pedaço de madeira com uma garrafa._ dei de ombros.
— Está brilhando. Vamos ver?
— Vai, vira essa porra logo._ suspirei.

E como eu havia dito, era madeira e uma garrafa de vidrinho barato.

— Podemos continuar agora, senhor moço? ¬¬
— Oh... me desculpe. Eu pensei que fosse alguma coisa importante.
— Tá. Quanto tempo perdemos?
— Meia hora, eu acho.
— "Ai, caralho."_ suspirei._ Vamo continuar essa porra logo.

Voltamos então a nossa viagem, que já duravam algumas horas. Nunca pensei que embarcaria em um navio. Cara, como odeio isso. Nunca mais vou usar na minha vida. NUNCA! E quando pensei que não poderia ficar pior...

— Era só o que me faltava..._ bati a mão na testa, indignada.
— Está chovendo!
— Uau, outro gênio de Eldarya._ bati palmas, logo parando de repente._ "O tempo virar de repente é normal nesse mundo? Bem, no meu é uma loucura também então..."
— Olha lá, eu acho que isso explica essa mudança brutal. Vamos?_ o ruivo apontou para algo que parecia uma criatura, logo mais a frente.
— "E se não for de novo?"_ suspirei._ Vamo cair de cara na merda!_ não demoramos muito para nos aproximar e bem... era gigantesco._ Ok, vamos deixar de lado que o tempo tá um cu e voltar para nossa rota.
— Isso é um Kraken.
— Kraken? Aquele bicho cheio de coisinhas que passa nos filmes?
— O quê?
— Esquece, vamo voltar logo.
— Malvado! Malvado!
— "Ele é um ótimo candidato para mascote também. As criaturas sombrias daqui são bem interessantes."_ sorri enquanto voltávamos para nossa rota._ E então, onde devemos ir?
— Hum... espera... a bússola indica o... Norte... Sul, não, Oeste!_ o ruivo dizia indeciso.
— Tá perdidão, moleque?_ cruzei os braços, batendo o pé esquerdo.
— Nada a ver! Claro que eu sei! É que essa daqui é um pouco mais difícil de ler do que as outras.
— Uhum, ok... E então, pra onde? ¬¬
— Por aqui!_ o ruivo levou o barco para uma direção qualquer.
— "Pronto, vou morrer no mar com dois idiotas."_ bati a mão na testa.
— Saco! Desviamos da rota!
— Puta que pariu...

Enfim, navegamos por muito tempo. Até que a noite caiu, olhei para o céu e as estrelas brilhavam como nunca vi no meu mundo. Era lindo.

— Nós deveríamos passar por aqui._ disse o ruivo, me fazendo acordar.
— Hein?
— Eu sinto isso.
— E a bússola, meu querido? -.-
— Confia em mim!_ suspirei.
— Faz o que você quiser._ sentei no chão, cruzei as pernas e fechei os olhos. Senti o barco virar e o moleque reclamou.
— Me parecia ser mais curto o caminho por aqui...
— É tudo mar, porra!_ mais um tempo depois navegando, o ruivo reclamou de novo.
— Ahhhhhhh, tô com fome, caramba!
— Então vai comer, caralho!
— Hum... não temos grande coisa, pra variar... mas olha o que eu peguei na despensa. Bom... ok. É roubo, mas valeu a pena._ ele mostrou uma salsicha. Calma, salsicha de cachorro quente, não é outra coisa não.
— Que roubo, isso é sobrevivência.
— Tenho certeza que você nunca viu nada mais bonito. Sente o cheiro... Hum, já me dá água na boca!
— Moleque, cuidado com essas falas de duplo sentido. Enfim, é só uma salsicha.
— Essa é a sua reação quando te digo que vamos comer salsicha? Você não compreende o valor desse prato delicioso?
— Não é ruim, mas tem melhores.
— Ahhh, sim._ ele me olhou contrariado._ Eu não sei como é na sua casa, mas aqui a comida não cai de árvore. ¬¬
— Meu bem, se no meu mundo fosse assim eu não ficaria esperando o lançamento de um dating game com tanta empolgação. ¬¬
— Você não sabe o que está falando!_ o moleque se exaltou.
— Calma, migo! Tá parecendo a kitsune...
— MAS É IMPORTANTE! E de toda forma... Você vai ter que se virar. u.ú
— Oi?_ ele entrou na cabine com a salsicha e se fechou._ Você tá de brincadeira..._ resmunguei, batendo na porta._ Abre logo essa porra, tô com fome!
— Você me enche o saco! Vai embora!
— Ah, claro. Vou me jogar aqui no mar só porque me pediu, fofo. ¬¬ _ o silêncio reinou e me enfureci._ Abre, Chrome._ falei em tom firme, logo depois o pirralho gritou como sempre. E então, o ruivo saiu de onde estava.
— Desculpa... eu tinha esquecido que ele existia.
— Como assim? Ele fede e grita sem parar._ olhei-o confusa.
— Haaaaaa!_ o fedô começou a querer chorar.
— Ah, para. Você sabe que é verdade, fedô. ¬¬

Pensando que o pirralho poderia estar com fome, peguei um pouco de comida para ele e quando retornei o ruivo me ofereceu a salsicha. Mas não "aquela" salsicha. Vocês sabem...

— Ainda irritado pela salsicha?_ perguntei.
— Sim... Ainda estou.
— Pode me explicar o porquê?
— Eu não sei se você sabe, mas aqui a comida é racionada...
— Sei, o Keroshana me falou. Eldarya tá em crise também?
— Não é bem isso. Podemos dizer que a vida ficou um pouco mais difícil depois que o cristal foi quebrado. Nós temos muita dificuldade em achar comida.
— Então tá em crise, amigo. Vocês não plantam maco- quer dizer, vegetais e tal?
— E você acha que nós não tentamos plantar trigo e milho? As terras de Eldarya são estéreis para a comida de vocês... Nós também não podemos criar gado, o capim daqui não é muito nutritivo e eles acabam morrendo.
— Pelo Oráculo, vocês estão condenados. Foi bom ter te conhecido._ suspirei, dando tapas leves no ombro do ruivo.
— Não vamos morrer. ¬¬ Nós nos viramos para fazer estoques da comida de sua terra.
— Espera um pouquinho pra eu raciocinar aqui. Quer dizer então que vocês conseguem ir até o meu mundo pra catar comida?
— Eu ainda não pude sair para procurar comida com o grupo... Eu não saberia te dizer mais do que isso...
— Mas é uma porra mesmo, viu. "Se isso for verdade, a Miiko vai ter que me levar pro meu mundo querendo ou não. Essa vagabunda himedere do caralho." Enfim, peço desculpas se te chateei. Mas acho que exagerou um pouco.
— Não venha me dar lições, sua idiota._ o ruivo contrariou, mostrando a língua.
— Se for pra insultar faça isso direito, cheira cu.
— E você não acha que está me insultando?
— Agora? Com certeza. Mas não te tratei como o cachorro que parece.
— Um cachorro?! UM CACHORRO?! Você é pior do que o Ezarel!
— Que maldade! Isso foi um insulto de verdade!_ coloquei minha mão em frente a minha boca, fingindo estar surpresa e ofendida.
— Eu NÃO sou um cachorro! Eu sou um lobisomem! Um LOBISOMEM! Eu tô realmente cansado, é  visível, caramba! Eu sou um lobo!
— Ah, foda-se. É tudo cheira cu mesmo._ dei de ombros.
— Humppfr..._ resmungou emburrado._ Coma antes que não reste mais nada.
— Não, pode comer. Perdi a fome._ ao recusar, o ruivo não pensou duas vezes e comeu._ "Nossa, vai engasgar essa porra."
— Obrigado.
— De nada, mano.
— Não, não por isso.
— Ué, buguei. Pelo que então?
— Bom... Você confiou em mim para o trajeto e eu fiz com que nós perdêssemos muito tempo. E você aceitou ir ver essa parte do mar. Eu tinha certeza que lá havia algo precioso!
— Sem problemas. Além disso, tenho que admitir que foi divertido._ sorri.

Conversa vai e conversa vem, acabamos nos conhecendo melhor naquela noite. O barco balançava lentamente, o que me fez dormir rapidinho. Mas o dia não demorou a amanhecer e me fazer descobrir mais uma coisa sobre o ruivo.

— Eu não estou me sentindo bem... Acsa...
— Vai deitar, meu filho. Se for vomitar, vai lá pro lado do mar. Já tem o fedô do pirralho aqui, mais um eu não aguento.
— Você tem certeza?
— É, vai logo. Eu conduzo essa porra de boas._ sorri.
— Água! Água!_ gritou o fedô.
— Ok..._ sem muitas opções, o ruivo escolheu deitar mesmo.

E ele passou o DIA INTEIRO deitado. O DIA INTEIRO! Cara, quero um salário. Ele apareceu só quando a noite surgiu, de novo.

— Pode deixar que eu cuido agora.
— Tá._ dei de ombros, me sentando no navio.

Totalmente distraída, sonhando acordada, parei meus olhos no brilho da água. Eram luzes muito bonitas. Me levantei, fui até a borda e me estiquei para ver melhor.

— "Caralho, isso é muito louco..."
— Tome cuidado para não cair, hein?_ me virei, indignada.
— Não sou o pirralho, não me subestime. ¬¬
— Você não deveria ir dormir?
— Tá preocupadinho demais, não acha?_ olhei para o mar, de novo._ Quero ver isso mais um pouco.
— É um cardume de peixes-libélula!
— O que eles estão fazendo?
— Eles estão flertando e se preparando para o período de reprodução._ continuei a observar o mar, sem deixar de prestar atenção no ruivo._ Eu gosto do mar quando ele está calmo, sem ondas...
— Se sente bem?
— Sim._ sorriu.
— Deve ter sido a salsicha que desceu torta na barriga. '-'
— Sem dúvida.
— "Ele concordou mesmo..."_ acabei rindo, até que uma dúvida surgiu na minha mente._ Olha, a lua está cheia faz alguns dias. Então, você vai se transformar?
— Haha, isso é normal.
— Como assim?
— Não é apenas no seu mundo que a lua nos deixa assim.
— Já foi pro meu mundo?
— Não, nunca... Mas a minha mãe esteve, e minhas tataras... tataras... tataras... Eu não sei quantas tataras... vós nasceram lá. Elas viveram toda a vida lá até o dia do Grande Exílio.
— O grande cu?
— Quando quase todos os faerys deixaram o seu mundo para morar em Eldarya.
— Quando que foi isso?
— Há muito tempo, eu te disse, meus tátara, tátara, tátara...
— Entendi, mas quanto tempo na cronologia do meu mundo?
— Não conheço nada do seu mundo... me desculpe.
— Tá._ voltei a olhar para o mar, mas o cardume estava indo embora._ Volta aqui, caralho! "Agora que estou vendo tudo tão parecido, o quanto que tudo isso tá conectado? E quando eu vou conseguir voltar pra casa? Será que meu computador está funcionando normal e gastando energia?"_ desesperei e acabei indo dormir depois de tanto filosofar sobre meus gastos. O ruivo ficou no controle do navio, estava nas mãos dele se eu viveria só até aquela noite ou por mais um tempo.

O dia amanheceu e acordei feliz porque o ruivo soube conduzir o navio sem nos matar. Aproveitei para observar os seres fantásticos marinhos de Eldarya. Seriam Eldaryanos? Enfim, a viagem parecia eterna, quando acabei avistando algo de longe.

— TERRA À VISTA, PORRA!!
— Você acha que é uma personagem de livro?
— Livro não, mas jogo... talvez.
— Mas que resposta! Espere, deixe-me adivinhar, o seu mentor é o Ezarel?
— ... "Ele não é meu mentor, só estou na Guarda dele. Infelizmente."
— Hehe...
— Cala boca._ suspirei._ Tá muito longe essa caralha?
— Algumas horas eu diria, o vento não parece estar à nosso favor e eu prefiro desligar os motores. Nós precisaremos deles em perfeitas condições mais tarde, para voltarmos.
— Hm, que esperto._ me virei para o pirralho._ Viu? Finalmente estamos chegando.
— Hiiiii!_ gritou o fedô.
— Já fez uma missão nas terras de Jade, moleque?
— Ainda não...
— Então por que me acompanhou?
— Porque eu sei pilotar este navio... e...
— E só. '-'
— Eu sei, não tem jeito, é sempre assim.
— Você é da Guarda de Eel, vigia Eldarya toda. Então por quê?
— Nós fazemos como podemos! A maior parte de nós não teve a chance de ter um treinamento ou uma formação... Miiko, por exemplo, ela aprendeu tudo na marra, ela não teve escolha.
— A Guarda é a única que protege este mundo, não é?
— ... Sim._ respondeu o ruivo, emburrado.
— Então vocês tem que se virar mesmo, ué.
— Nós não somos muito bons, mas nós tentamos... Enfim, eu acho.
— Já é um começo, moleque.
— Somos uma turma cheia de defeitos, mas a gente se ajuda! E nós chegamos bem. E é isso que importa, né?
— Claro! Pensei que ia morrer até._ olhei para a terra que se aproximava._ Carai, quanto mato!
— Isso não me espanta, eles são bem tradicionais na maneira de viver.

Finalmente chegamos e escondemos o navio no meio de uns matagal. O ruivo pegou as oferendas. Com as duas mãos na cintura e as pernas levemente afastadas, eu gritei.

— CHEGAMO NESSA CARALHAA!!_ quando comecei a andar, bati a cara numa folha._ Eita porra. Doeu.
— Eu confesso. Eu me sinto realmente pequeno agora...
— Eu já sou pequena no mundo normal, nesse aqui eu sou anã.

Nós fomos até a entrada da floresta e no caminho vimos umas estátuas.

— "Que bagulho feio, mano."
— Você está pensando em quê?
— Como essas porra são escrota. Mas enfim, são terras de outros, a gente tem que respeitar, né?

Continuamos caminhando, o ruivo na frente e eu o seguia. Enquanto andávamos, eu olhava para cada canto. Era um lugar novo e diferente, e já que estava presa por tempo indeterminado, tinha que aproveitar de todas as maneiras. Me sentia uma anã, aquilo estava me incomodando.

— O vilarejo é ali, vamos logo.
— Fique aqui, eu vou primeiro.
— Ué, por quê?
— Os humanos são muito raros por aqui... Eles podem interpretar a sua presença como um mau agouro.
— Eu não sou fadona? Tá de boas.
— Não sei não, eu prefiro não correr riscos._ o ruivo foi sozinho enquanto eu cuidava do fedô.
— Esses são os momentos finais, pirralho. Logo nos despediremos igual as novelas dramáticas do final da tarde.
— Hiiiii..._ o fedô quase chorava.
— Isso, mais emoção!_ ele se aproximou e me abraçou._ Não, caralho! Assim eu vou feder também!_ me irritei um pouco mas não o soltei. Ele me atrapalhou mas me ajudou também. Um abraço não era nada._ Flw, mano. A gente se esbarra.

De repente, um homem meio tartaruga ninja versão monge gigante se aproximou da gente. E ele falou em japonês.

— Hajimemashite.
— "Finalmente, é o meu momento!" Hajimemashite! Watashi no namae wa Acsa-desu! Douzo yoroshiku onegaishimasu!_ me curvei, sorrindo.
— Você não é originária das terras sagradas, então... Estou encantado em conhecê-la.
— "Aaah, ele parou..." O prazer é meu, moço.
— Meu nome é..._ e foi blábláblá porque eu não entendi porra nenhuma.
— "Vou chamar ele de moço, mais fácil."
— Mas não se preocupe em pronunciar corretamente o meu nome.
— "Uau, isso foi muito reconfortante."
— Oh, vovô! Tudo bem com você?_ o ruivo perguntou se aproximando de nós. Tive que me conter bastante para não rir. E o moço o olhou bem... irritado.
— Hiii!_ o clima tenso foi quebrado pelo ânimo do fedô. E os dois começaram a conversar, eu acho. Era o que parecia.
— Então é por isso que vocês vieram até aqui?_ o moço perguntou e eu olhei instantaneamente para o ruivo.
— Você não disse nada pra ele, moleque?
— Eu não queria perder tempo, então eu pedi a ele que viesse o mais rápido possível.
— E vocês encontraram outros?
— Oi? Pode me explicar, moço?
— Vários de nossos recém-nascidos foram capturados hà algumas semanas...
— Mas que caralhos tá acontecendo?
— Onde vocês o encontraram?
— Perto do QG da Guarda de Eel, apenas ele._ pensei um pouco e comecei a contar como o pirralho caiu. Deveria contar, afinal era a família dele._ Preciso me desculpar por uma coisa. O fedô acabou caindo enquanto eu cuidava dele. Foi um acidente mas não muda as coisas, continua sendo a minha culpa. Sinto muito.
— Fedô?
— Ah, é. Um apelido carinhoso que eu dei. "Meio carinhoso meio verdadeiro."
— Fedô! Fedô! Fedô!_ o pirralho falava animado.
— Se ele gosta, é tudo o que importa. E eu vi o machucado... não se preocupe minha jovem, o principal é que ele tenha voltado inteiro...
— "Nossa, como ele é passivo... Menos com o Chrome."
— Como isso aconteceu?
— Ele estava brincando e caiu.
— Caralho! Filho da puta!_ o fedô falou.
— "Eita! Fala isso agora não, pirralho!"
— Eu vejo que você o ensinou algumas palavras... é uma ótima iniciativa.
— "ELE É MUITO PASSIVO!" Bem, trouxemos algumas oferendas para demonstrar nosso interesse em manter uma boa relação com o povo Kappa. "Uau, falei chique. Isso nunca mais vai acontecer tão naturalmente."
— O que será?
— Pepi- quer dizer, kukumis aquosos. Sabemos que pela tradição ainda os comem.
— Permita-me dar-lhes algumas oferendas de nossa terra em sinal de nossa gratidão. Eu volto em alguns minutos.
— "Ótimo! Tô com uma fome da porra." Ah, obrigada. Eu ficaria...
— Nós aceitaríamos com muito prazer, mas devemos voltar o mais rápido possível._ o ruivo me interrompeu.
— Eu entendo._ o moço se concluiu.
— "Ele tirou minha chance de comer!!"_ olhei com raiva para o ruivo._ Quero fazer uma pergunta antes de ir.
— Qual pergunta?
— Eu e o fedô vamos nos esbarrar algum dia?
— Não posso prometer nada, só o tempo dirá.
— "Enigmático..." Então é isso fedô, até mais ver._ acenei enquanto caminhava.
— Adeus, Acsa..._ parei bruscamente e me virei, surpresa.
— Sabia que você até que é fofo?_ sorri, voltando a caminhar.
— Enviem nossas honras à senhora Miiko.
— Pode deixar, moço.
— Nós faremos._ o ruivo concluiu.

Nos despedimos e caminhamos até onde havíamos deixado o navio.

— Vamo embora dessa porra que eu já não aguento mais de fome.
— Onde está o barco?_ o ruivo gritou.
— E você pergunta pra mim? Quem colocou ele foi você!

Procuramos por mais de uma hora aquela caralha e tinha sumido! Puft! O ruivo garantiu que jogou a âncora e eu sabia porque tinha visto. Não tinha nada de pegada, vestígios de um possível roubo... Tava virando quase CSI aquela merda.

— Agora já era, vamo tudo morrer nessa porra. ¬¬


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Notas finais do capítulo

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