23 demissões, quem é demitida 23 vezes?! Eu! Mas não me julguem, em todas as 23 vezes NÃO FOI CULPA MINHA! Eu juro com a fé de quem não é é lésbica mas mesmo assim quer comer a Pussy da Lana Del Rey! Afinal, que culpa eu tenho de não saber a operação de divisão? Ou ter quase envenenado três clientes ao confundi alguns frascos e colocar detergente no molho!

   A do detergente foi sem querer, eu juro que não estava planejando envenenar a perua e as filhinhas gazelas dela! E se a culpar for de alguém...É do homem que faz esse detergente estranho, de cor vermelha, gente tem que ter um padrão para tudo! Detergente azul, sabão de prato amarelo ou verde, molho vermelho. Se não dar merda!

   — Ai meu Deus, sua vadia não brinca com isso! — Gritou Alice se apoiando na mesa e levantando a cabeça. Dei risada colocando meus porta-retratos dentro da caixa de papelão.

   — Não estou brincando! É sério — Disse tomando a minha bolinha de Ping Pong da mão dela — Vou me casar com o Damon!

   Ao perceber que eu estava falando sério ela franziu o censo.

   — Elena, eu soube na hora que você tinha uns parafusos a menos quando me apresentou o seu gato de estimação, Sr. Cabeça de Batata...

   — Ei — Tirei a mão dela do meu ombro — Qual o problema com o Sr.Cabeça de Batata? Que preconceito é esse com ele?

   — Ele é um animal imaginário! Não séria mais fácil você comprar um gatinho de verdade?

   Fiz cara de ofendida e coloquei a mão no meu peito em sinal de espanto, dei uma corridinha ridícula até o canto da sala e me abaixei pegando o Sr.Cabeça de Batata e cobrindo as suas orelhas.

   — Alice! Você o ofendeu! — Ela revirou os olhos. Olhei para o canto da sala onde tinha umas bolinhas pretas e ergui o gato o fazendo me encarar — Que coisa feia! Você fez cocô na sala da mamãe?

   — Aquilo ali não é cocô! — Ela foi até o canto e passou a mão no chão — É só uma bolinha de Bombril!

   — Bombril? — Ela assentiu, sacudi o gato — Você anda se alimentando muito mal, em? Coisa fofa da mamãe! — Falei apertando mais ele e o sacudindo no ar. Alice balançou a cabeça e rapidamente se endireitou quando olhou para a porta.

   Me virei vendo Damon parado na porta ele estava com alguns papeis na mão e com uma cara estranha.

   — Você tem um gato de estimação imaginário? — Perguntou incrédulo.

   — Ei! Já disse, ele é se magoa quando falam que ele não existe — O trouxe para mais perto o colocando sobre os meus seios e dando um pequeno beijo em seu pelo macio.

   — Ah entendi! — Ele trocou olhares penosos com Alice — Ele é um gato invisível, mas ele existe. — Assentiu passando a língua sobre os lábios.

   — É! Eu sou a única que consegue enxerga-lo! — Disse contente, finalmente alguém que me intendesse

   — Já parou para pensar que ele pode ser um gato de uma dimensão controlada por demônios com coroas de abacaxi que causa cólicas menstruais? — Abri minha boca em um “O” perfeito.

   — An? — Falou Alice.

   — Ai meu Deus! Eu tenho um gato infernal! — Disse abrindo os braços e deixando ele cair no chão. Gatos como sempre, majestosos! Ele caiu e pé, e miou voltando para o canto da sala.

   — Olha! Quer saber? Vocês dois se merecem! É Um mais pirado que o outro! Realmente... — Disse Alice andando até a porta da sala e passando por Damon, quando estava quase no corredor ela deu meia volta e voltou correndo! — Eu não quis dizer isso, quero dizer...O senhor não é pirado — Disse para Damon que arqueou as sobrancelhas — Você é um líder, CEO de uma mega empresa — Ela assentiu colocando as mãos em seu ombro — Você é um homem incrível, sério, bem incrível — Ela olhou ele de cima.

   — Tá Alice, Tá, ele entendeu, você não vai perde o seu emprego mas vai perde a sua vida se não tirar as mãos se cima do MEU NOIVO! — Ela puxou as mãos e saiu correndo da sala.

   — Ui Ui Gilbert — Ele se aproximou mais — Cuidado, posso achar que você esta se apaixonando por mim!

   — Hahaha querido — Neguei — Nunca!

   Disse realista.

   — Cuidado para não pagar com a língua — Ele mordeu sedutoramente os lábios e colocou a sua mão em meu queixo — Pagar literalmente com a língua!

   — Seu descarado! — Tirei a mão dele do meu queixo — Já pensando malicia? Que nojo, Salvatore!

   — Não foi eu quem estava fazendo “A Performance de Mia Kalifha ao Boquete” em frente a um Supermercado — Deu um sorriso de lado e eu corei.

   — Você é muito mente poluída sabia? — Perguntei virando-me de costa, para volta a empacota os meus pertences.

   — Antes mente poluída do que mente desconfigurada — Me virei para encará-lo, ele se encostou na mesa de Alice que fica em frente a minha e levantou alguns arquivos — Ou...Configurada para o Coreano!

   — O que é isso? — Ele arqueou as sobrancelhas algumas vezes e eu me aproximei, arrancei a pequena e fina pasta a sua mão a abrindo. Era a minha pasta de funcionaria da empresa, com meu currículo e meus dados. — Que coisa feia...Tava me Stalkeando a moda antiga?

   — Isso é o de menos! Você não fala coreano! — Cruzou os braços.

   — Falo sim! — Também cruzei os braços e empinei o nariz.

   — Ah é? — Assenti — Prova!

   — Prova? Como assim?

   — Fala coreano!

   — Humm, tudo bem — Ergui os ombros, e ficamos calados por alguns segundos, enquanto eu surtava internamente e bolava um plano pra fugir dessa situação constrangedora — Aru tokoro ni, chiisana yume ga ari-mashita dare ga mita-noka wakara-nai, Sore wa chiisana yume deshita

   — Você acabou de cantar uma parte da musica do The Vocaloid!

   — Que bom que eu sei cantar uma parte da música da The Vacaloid!

   — Não é Vacaloid é Vocaloid!

   — Que seja! — Dei de ombros.

   — E isso também não é coreano e sim...Japonês!

   — Ata — Revirei os olhos

   — Você não pode colocar coisas desse tipo em seu currículo! Poderia acabar prejudicando a empresa...

   — Desculpe, mas quando você tem que sustenta a sí mesma e a sua irmã caçula que esta gravida e presa, e um detetive de esquina inutil que está procurando a sua mãe a 4 anos, a mínima coisa que você tem que se preocupar é com uma empresa multi milionária que é comandada por pessoas arrogantes e superficiais!

   — Ah, então eu sou arrogante e superficial?

   Ele se aproximou ficando perigosamente perto.

   — Não, eu diria que não — Assenti — Você é arrogante, mas é uma das pessoas mais profundas que eu conheço — O Empurrei devagar.

   — Esta brincando? — Ele deu um meio sorriso não debochando.

   — Eu não brincaria com isso — Me virei novamente colocando um dos meus livros preferidos dentro da caixa, pronto, finalmente, acabei. Dei um suspiro. Damon deu a volta na mesa tirando o meu livro de dentro da caixa. — Ei! Não bagunça!

   — Sydney Sheldon — Ele olhou a capa — Não sabia que gostava de ler.

   — Eu não tinha muitos amigos quando era pequena — Peguei o livro com maior cuidado da mão dele — E ler era a minha única diversão. Além de falar sozinha, porque acha que eu queria ser atriz? Eu fingia ser os meus amigos imaginários de vez em quando.

   — Nossa, isso é deprimente.

   — Obrigada! — Disse debochada.

   — Onde você estudou?

   — Passei na Columbia College Chicago — Ele arregalou levemente os olhos — Mas não tinha dinheiro pra me sustentar lá, então, eu me formei em uma dessas escolinhas de esquina.

   — Porque não procurou um fiador ou tentou uma bolsa?

   — Nenhum dos dois estava disponível

   Peguei o durex e passei na caixa, fechando a mesma.

— Se você quiser, eu posso ser o seu fiador, pagar a sua faculdade.

   — Obrigada, vou pensar no assunto. — Disse um pouco corada.