Canceriana - Meewy Wu

Caótica, eles dizem.

Eles simplesmente não entendem todo esse sentir. Esses sentimentos a flor da pele, essa incapacidade de esconder seu coração.

Caótica. Deslumbrada com o brilho fraco das luzes florescente, e com o cintilar de lustres de cristais. Perdida no sonho de longas valsas e vestidos negros esvoaçantes ao anoitecer.

Pequena canceriana, perdida nos sonhos de um amor que dure, e que alguém que a ame tanto quanto ela ama a si mesma. E que entenda que ela sempre se colocará em primeiro lugar.

Não é por mal, longe disso, embora ela possa ser mesmo bem cruel. É apenas a forma como nasceu para ser. Criaturinha frágil e manipuladora, de qualidades tão distintas uma da outra. Tão confusa de se entender, quanto de entender a si mesma.

Uma dama medieval, esvoaçante, com sentimentos tão nítidos e certezas tão amplas. Com uma facilidade inexplicável de passar por momentos difíceis, e uma facilidade tão confusa de se magoar com coisas pequenas.

Pequena canceriana, tão caótica. Uma tempestade de lágrimas cristalinas, um desespero acolhedor, cheia de verdades tão falsas e certezas tão equivocadas. Tão ambiciosamente desprendida de todo, e tão apegado ao nada.

Tão apaixonada por si mesma, e tão auto destrutiva.

Uma estrela de um filme antigo, com ideias que só podem pertencer a um futuro distante, e sonhos que só seriam possíveis em um passado esquecido.

Caótica, eles dizem.

Sim, ela é caótica.

E nesse caos, encontra toda a maravilha de seu ser, como uma borboleta aproveitando suas míseras horas de vida sem se preocupar com os fatores instáveis do mundo cruel para qual despertou.

Criaturinha aérea, etérea, sonhadora. Eternamente jovem, e momentaneamente antiga.

Caótica.