Minha terra tem palmeiras... escrita por Tyke


Capítulo 13
Os Piscadelas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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As estufas de Herbologia pareciam quatro grandes casinhas de vidro abarrotadas de plantas no interior. Dentro de uma delas a turma do primeiro-ano tinha aulas sobre uma planta muito peculiar. Muito mesmo! Danilo observava sua plantinha, em um vasinho, com um misto de nojo e admiração.

A planta possuía folhas e caules verdes, mas o que impressionava eram os frutos dela. Pequenas bolinha de um laranja vivo, uma casca dura que hora ou outra se abria. Dentro da casca havia uma polpa branca e uma bola preta que era a semente. Não parece tão ruim, certo? Então tente ver dessa forma: um olho! Os frutos pareciam olhinhos que piscavam e pela forma que planta se movimentava deixava evidente que ela enxergavam através deles.

— Muito bem, meninos! — Professor Florêncio anunciou assim que terminou de entregar o último vasinho de planta — Apresento a vocês exemplares de guaraná piscadela. A partir de hoje eles serão suas provas finais.

Murmurinhos ecoaram pela estufa. Todos se perguntando como uma planta poderia ser a prova final. No meio do cochichos ouviu-se um: "E a babosa pru cabelo?". Alguns riram, outros sentiram receio de achar graça e o professor imediatamente fechou a cara tomando uma postura severa.

— Quem disse isso? — Elevou a voz irritado. O silêncio invadiu o ambiente imediatamente — Eu não vou admitir brincadeirinhas com a minha pessoa durante as aulas, entenderam? Mais uma piadinha inoportuna e o responsável ficará de detenção, catando esterco, até as férias de inverno.

Os alunos nunca tinham ouvido aquele delicado professor falar tão alto, por isso nenhum ousou mexer um singelo músculo. Até os guaranazinhos estavam assustados. Eles fecharam seus olhinhos e tremiam os caules.

— Oh não, meus queridos! Não estou bravo com vocês — O homem se voltou para as plantinhas amansando a voz. Pouco a pouco elas foram abrindo a casca laranja e tomando atitudes mais alegres — Estão vendo? — dirigiu-se aos alunos — Os piscadelas são muito sensíveis. O vasinho que dei a cada um de vocês agora são suas responsabilidades. Devem cuidar deles adequadamente de acordo com minhas instruções e as dos livros. Ao final do ano devem me trazê-los em perfeito estado e produtivos caso queiram uma boa nota. Se eles morrerem a nota será zero. Estão dispensados.

Os alunos se puseram rapidamente em movimento. Agarraram suas plantinhas piscadelas e foram em direção a entrada oeste do castelo. No caminho Tião e Danilo conversavam animadamente e distraídos quando de repente algo entrou no caminho do garoto de cabelos enrolados. O impacto. Sebastião gritou em desespero tentando não deixar seu vaso cair no chão. O piscadela fechou os olhinhos tenebroso e, graças a Merlin, o vaso foi equilibrado e não caiu evitando uma imensa tragédia na nota final do garoto.

¡Lo siento! ¹ — Disse a menina, que entrou no caminho, caída no chão.

Danilo esperou o colega responder, esperou mais um pouco... e esperou... A resposta não veio, então o garoto olhou da menina para o colega que segurava a planta com uma expressão perdida. Vendo que Tião não reagia, Danilo se adiantou estendendo uma mão educada para ela que usava uniforme laranja. Por alguns instantes pensou acha-la familiar.

¡Gracias! — Sorriu. O garoto pensou nas poucas palavras que sabia e nenhuma delas parecia satisfatória para representar um "Não foi nada". Então apenas maneou a cabeça. Ela se virou para Tião que continuava a mira-la sem reação.

O ambiente transpirava um certo desconforto para os três cuja a culpa, sem dúvida, era do garoto paralisado. A menina castelhana agradeceu e pediu desculpas novamente, usou as mãos para arrumar o cabelo castanho dourado, deu as costas para eles e seguiu pelo corredor. Tião só voltou a vida quando Danilo lhe cutucou a costela. Piscou algumas vezes e disse:

— O que?

Não foi possível segurar. Aquela risada cuspido que sai pelos narizes invadiu o ambiente vindo de Danilo. Ele se divertia tanto as custas do colega que pouco se importou com o olhar de desaprovação que lhe foi direcionado. Até mesmo as piscadelas, no vaso de ambos, começaram a balançar de um lado para o outro felizes. Assim seguiram para o dormitório, onde aconchegariam as plantinhas, com Danilo rindo de tempos em tempos e Sebastião pisando duro constrangido.

— Como vamos manter essas coisinhas vivas até o final do ano? — Danilo perguntou assim que passaram pela grande porta de pedra do dormitório masculino.

— Está no livro. Procure — Tião respondeu sem olha-lo, mas fazendo carranca, e andou apresado para o quarto no corredor das carpas.

Mas gente! Danilo não soube se no momento ria ainda mais da atitude do colega ou se ficava irritado por ele agir inadequadamente para a idade. Nem uma das opções vai ajuda-lo a amansar aquela "cabra de duas cabeças"! Então ele escolheu fazer o mais sensato que lhe veio à cabeça.

— Hey, me desculpe — Pediu logo após entrar no quarto e depositar o vaso de planta no criado mudo.

Surtiu efeito! Danilo sorriu. No mesmo instante o nervosismo de Tião se esvaiu deixando no lugar uma visível sensação de quem quer falar algo, mas não consegue. Com certeza era sobre a garota. Até que aquilo era bonitinho. O menino de cabelos escuros se lembrou de súbito que a castelhana da trombada era a mesma garota que deixou Tião avoado no primeiro dia na escola, quando esperavam pelo Auxiliar para entrarem pela primeira vez no dormitório.

Tom Tom Tom!

Os sinos da escola tocaram anunciando a chamada para o Refeitório. Danilo e Sebastião descerram apresados para o lugar e ao chegarem Lucas, Ylara e Pablo já estavam acomodados na mesa do canto esquerdo (o local que sentavam sempre) Danilo se adiantou para ficar do lado da amiga e Tião foi para o lugar vazio ao lado do hermano. A refeição foi servida. No salão inteiro barulhos de talheres se fez ouvir junto com burburinhos de conversa que aumentavam pouco a pouco o volume.

— Você pode me dar uma ajudinha depois das aulas? — Ylara indagou o menino ao lado.

— Acho que posso. Com o que? — Danilo ajeitou-se na cadeira para vê-la melhor do ângulo que estava.

— Ajeitar e catalogar uns troféus no Centro de Memórias. Fiquei com essa função essa semana no Clube de Antiguidades Antigas. Infelizmente ninguém do clube vai poder me ajudar. É só pra fazer companhia até eu acabar, aquele lugar me dá um pouco de arrepios quando fico sozinha — Ela explicou — E como Lucas se recusou pensei em chamar você.

— Não me recusei, apenas estou ocupado — Protestou o acusado.

— Com o que? Dormir? — A menina questionou irônica.

— Mas é claro! — Maneou a cabeça como se fosse obvio.

Ylara bufou nitidamente decepcionada.

— Falando nisso, eu vou entrar pro coral no Clube da Musica — Anunciou Tião com todos os dentes a mostra para os outros.

O som de escarno alto, que ecoou por quase todo o salão, veio de Lucas. O menino tampou a boca com as mãos e ria tanto que seu rosto ficava vermelho. Ylara e Danilo também riram, porém contidos. Não, ele não pode estar falando sério! Ou talvez sim... uma vez que fechou a cara (pela segunda vez no dia) para todos à mesa. Incluindo Pablo que também ria, quem aparentemente entendia o ocorrido.

— Está falando sério? — Lucas perguntou incrédulo e buscou o apoio dos outros com o olhar. Sim, a dúvida estava em todos.

— Estou! — Ele respondeu cruzando os braços.

— Ah, nossa... — Ylara interviu evidentemente sem graça — Legal, você sabe cantar?

Um ar presunçoso agitou-se na figura de Tião e ele respondeu cheio de orgulho de si.

— Eu cantava na capela lá de casa, bichinha.

— Tem uma capela na sua casa — Lucas indagou ou melhor: afirmou, se servindo de suco de abóbora.

— Tem, fica do lado da senzala.

Glup! — Lucas se engasgou com o suco que bebia. Deu algumas tossidas desesperadas e foi acudido por Ylara quem lhe deu palmadinhas nas costas ao mesmo tempo rindo dele. Assim que se recuperou quase gritou pelo salão — Você tem escravos?

— Claro que não! — Tião arregalou seus pequenos olhos e os virou na direção da mesa mais próxima para se certificar que ninguém havia escutado o berro de Lucas, mas quase todos escutaram — Lá fica apenas os elfos domésticos e muito bem acomodados segundo as recentes Leis de Tratamentos dos Elfos, viste?

Lucas abriu a boca, fechou, abriu e fechou. Virou a cabeça para o lado e encarou Ylara. Ela deu de ombros e voltou a atenção para seu prato. Quando ele buscou Danilo com olhar este tentou deixar claro que não entendia muito bem a conversa com uma simples expressão. Pablo estava alheio a tudo e esperava animado a chegada das sobremesas... Fazer o quê? Lucas escolheu deixar o papo da senzala para trás assim que a sobremesa surgiu em uma travessa. Eram doces redondinhos, marrons chocolate e no meio entre duas metades havia um creme de baunilha.

— Hmm biscoito! — Ylara vibrou se adiantando para pegar um.

— Bolacha — Lucas murmurou, a corrigindo, com a boca abafada pelo copo de suco que momentos antes levou à boca.

— Biscoito — A garota disse complacente enquanto separava as duas metades do doce e comia o recheio cremoso.

— Bolacha — Ele sorriu falso para ela e puxou um cachinho dos cabelos dela, que desenrolou e voltou ao normal como uma mola assim que foi solto.

— Lucas! Não faz isso! — Ylara levou as mão aos cabelos cheios e os puxou para o ombro esquerdo, bem longe do amigo. Ela ainda arrastou a cadeira para o lado ficando mais próxima de Danilo e longe do outro.

Por alguns segundos uma pontada de desconforto bateu e as únicas íris azuis presente na mesa observou os dois segundanistas. Eram amigos a mais de um ano, se davam muito bem, conversavam e estavam sempre se divertindo. Eles formariam um casal bonito. Pensou não tão feliz quanto deveria. Danilo se perdeu pelo tempo não pensando em nada a seguir, apenas nos ecos de seus últimos pensamentos. Acompanhou com os olhos atônitos Lucas falando com Tião. "É biscoito" declarou o barão para o desapontamento do outro. Em seguida Lucas, contrariado, virou-se para ele e fez a pergunta que não foi em tempo processada.

— Oi? — Danilo cerrou as sobrancelhas tentando raciocinar.

— O nome — Lucas apontou o doce que enchia a travessa centralizada na mesa.

O menino encarou de volta as íris meladas do amigo e depois os cachinho da garota ao lado que apoiava o queixo sobre uma mão. Ele não queria escolher um lado, então se lembrou de um rosto redondo da Vila dos Círculos... Brilhante ideia! Sorriu para os dois e dando de ombros respondeu:

— Cookie.

— Ah não! Não vale — Lucas tentou protestar, mas não teve apoio dos demais que estavam ocupados rindo e maneando a cabeça a estilo "boa resposta".

Uma sombra cobriu a mesa quando menos se esperava. Danilo se perguntou se estava nublando dentro do Refeitório. Virou o rosto em direção à presença, que na verdade era de uma pessoa, parada bem do lado de Sebastião. Um rapaz de traços rústicos, cabelinho de lado, uniforme escolar azul e um bigodinho falhado em baixo do nariz, olhava com desprezo para Lucas. O garoto se encolheu diante do olhar que recebia. Tião fez o mesmo quando sentiu a mão do estranho tocar-lhe nos ombros.

— Precisamos conversar — O rapaz sentenciou e saiu a passos rápidos para fora do Refeitório.

Só então Danilo percebeu o silêncio que inundava, com certa estranheza, o ambiente. Todos os alunos observaram Tião se levantar e seguir o aluno do Segundo Ciclo para fora do salão. A Inspetora Branchela Del Rio havia se adiantado com a presença do aluno clandestino pronta para dar uma bronca, mas ela estancou no meio do caminho assim que visualizou de que pessoa tratava-se. Ela nada fez a partir daí, apenas observou o desenrolar da cena como todos os outros. E em uma mesa bem distante Grimondana sorria direto para uma pessoa específica: Lucas.

— O que ela... o que... quem é esse? — Lucas se voltou para os outros cochichando, tenebroso e receoso. Confuso com a situação.

— Acho que é o irmão dele — Danilo logo respondeu e só então percebeu como sua garganta estava seca. Sabia! Sabia que cedo ou tarde aquele ocorrido na festa de Carnaval teria consequências.

¡Sí! Es hermano de elle ²— Pablo confirmou seguro e dessa vez não estava distante da situação.

— O que ele quer? — Lucas deixava uma dor de culpa transparecer em cada palavra.

— Acho que todos sabemos — Ylara apoiou uma mão nos ombros do amigo e este afirmou com um balançar melancólico de cabeça.

Pelo resto do dia, durante as aulas, Tião não quis dizer nada sobre a conversa com o irmão, que se chamava Afonso. Danilo também não ousou ser inconveniente e perguntar. Mesmo que o colega de quarto parecia triste o tempo todo.

Finalmente os sinos anunciaram o fim da última aula. Danilo correu para se encontrar com Ylara. Perguntou a ela como Lucas estava, ele parecia estranho quando deixaram o Refeitório mais cedo. A garota respondeu que o amigo parecia muado, mas que não disse nada. Ela  guiou Danilo para o Centro de Memórias que, como diz o nome, ficava bem no centro do castelo. Era um grande salão... Atchu! Danilo soltou um espiro, cheira poeira o lugar e não possuía iluminação do sol. Como Ylara pode gostar dessas coisas? Ele se perguntou.

Danilo foi guiado pela amiga através de prateleiras e mais prateleiras repletas de anuários, arquivos, artefatos e tranqueiras inomináveis como um suspeito objeto que parecia de tortura. Chegaram ao fim de um corredor onde se encontravam os troféus da escola. Ylara pegou uma pena, um pergaminho e se pós a iniciar a catalogação. Danilo foi atraído direto para a estande de troféus de quadribol. Leu um por um até parar em um nome... Oh meu Merlin! O sorriso no rosto infantil dava gosto de se ver tanto quanto as palavras da peça de premiação.

Melhor Goleiro

Rangel Oliveira

Gaviões de Ouro - 1995

 

— É o meu tio! — Ele apontou animado para o troféu atraindo a atenção da garota que se aproximou para ler o nome. Então, uma ideia nasceu. Danilo encarou Ylara por alguns segundos sentindo a respiração lhe faltar nos pulmões — Pode ter algo da minha mãe aqui?

Finalmente perguntou. A amiga deu alguns passos pensativa, colocou uma mão em baixo do rosto para lhe ajudar a pensar melhor e então seus olhos escuros brilharam anunciando que ela sabia.

— Podemos ver os anuários.

Ela saiu por entre as estantes e foi seguida de perto por Danilo. Diminuiu o passo quando chegou nos arquivos dos anos 90. Em lento caminhar lia audivelmente as etiquetas nas lombares dos livros.

— 97, 98, 99... Sabe em que ano ela se formou? — Perguntou ao menino no seu encalço.

— ...Não — Danilo abaixou o olhar desanimando completamente.

Se ao menos soubesse a data de aniversário de sua mãe poderiam calcular, mas ele não sabia. Não sabia quase nada sobre ela, porque a muito aprendeu que David não responderia suas perguntas sobre ela. Toda vez que tocava na existência da mãe, o pai assumia uma expressão vazia e nunca respondia a indagação. Portando, Danilo tinha que se contentar com as poucas lembranças que sua memória ainda guardava e com os sonhos confortantes que costumava ter com ela.

Poderia ter pedido mais informações da mãe quando esteve na casa dos avós? Sim, mas ele estava ansioso demais com o início das aulas. Não cogitou essa possibilidade. Maldita ansiedade! Todavia, agora, assim que estivesse novamente na presença dos avós faria suas perguntas sobre Silvia.

— Eu posso procurar depois — Ylara se ofereceu tentando anima-lo — Ela era mais nova que seu tio?

— Sim.

— Então vai ter que estar por aqui — Apontou a prateleira da última década do século vinte — Infelizmente agora não dá tempo, tenho que terminar de catalogar.

Quase uma hora depois a menina terminou sua tarefa. Os dois andavam pelos corredores do castelo em direção aos dormitórios. Danilo um tanto triste afinal: Quase, sempre quase, pode ver uma foto nova da mãe que não fosse a que ficava no escritório do pai ou a que ficava na estante dos avós, de uma menininha com chapeuzinho de crochê. Isso só não aconteceu porque não sabia a maldita data, a maldita idade. Talvez ela tivesse nascido no mesmo ano que David, mas não tinha certeza. A esperança agora estava depositada em Ylara conseguir encontrar mais tarde, ainda sim a ansiedade e a angustia lhe corroía o coração.

De repente dois vultos mais velhos passaram pelos alunos mais novos. Um era de uma garota, o outro de um garoto. Para ser mais especifico: um era Amanda, a neta da amiga da vovó, seguindo o segundo que era Felipe correndo desnorteado em direção as escadarias do penúltimo andar.

— Lipe! — Danilo chamou, mas o primo não fez a menor menção de se voltar para ele e continuou correndo pelas escadas.

Mesmo sem entender a situação, logo percebeu que algo estava errado. Danilo então correu atrás dos dois alunos mais velhos e esquecendo completamente de Ylara ao seu lado. O que está acontecendo? Era tudo que o menino gostaria de entender. Ele subiu as escadas, atravessou os corredores seguindo o primo e Amanda que viraram para o lado direito. O dormitório do Segundo Ciclo. Rapidamente Felipe tocou a varinha na porta de pedra, que deveria ser das habitações masculinas, e desapareceu por ela ignorando os protestos de Amanda.

— Felipe! — A garota gritou quando a porta fechou.

— O que aconteceu? — Danilo perguntou para ela assim que se fez próximo o bastante.

Amanda deu um pulo de susto e olhou para baixo na direção do menino. Ela parecia se perguntar da onde havia surgido tal criatura. Se remexeu desconfortável.

— Ann...Oi, Daniel. — Ela puxou uma mecha dos cabelos castanhos e brincou com elas desviando o olhar para toda direção menos para o menino a sua frente — Então... Felipe não passou no teste de animago.

Como? Danilo nem se importou por ela ter errado seu nome. Como assim teste de animago? Felipe estava em transfiguração avançada e Danilo nem sabia disso!... Passado o choque da informação veio o pesar: ele não passou... Provavelmente estudou por anos no grupo avançado e quando chegou o grande momento, não passou. Danilo se colocou no lugar do primo imaginando ocorrer o mesmo com ele. Um frio transpassou gélido a boca do estomago.

— Amanda! — Guilherme o Auxiliar apareceu atrás deles — Eu já soube. Felipe entrou no dormitório?

— Sim e não quer falar com ninguém — Ela informou com um semblante pesado de tristeza.

Guilherme passou as mão pelos cabelos e soltou um leve suspiro. Só então ele percebeu a presença de Danilo .

— Olá! Você é o primo do Felipe, não é?

— Sim. Eu posso falar com ele? — Afinal ele era um garoto e logicamente não haveria problemas de entrar naquele dormitório em um caso de emergência como no momento.

— Desculpe, mas não posso permitir que entre. E também é bom deixa-lo em paz agora. Mais tarde tento conversar com ele, tudo bem? — Guilherme falava tanto para o menino quanto para a garota do quarto ano.

Mas ele precisa de mim! O menino quis gritar, entretanto não o fez. Maneou a cabeça em concordância e se afastou do lado direito do penúltimo andar. Ao longe pode ouvir Amanda e Guilherme conversando algo sobre o teste, ma ignorou completamente. Seguiu seu rumo para o seu dormitório e dele para o quarto. Tião não estava. Danilo se jogou na cama com um pesar dolorido. Seu guaraná piscadela o observava e uma das frutinhas deixou uma gota de seiva transparente escorrer feito lágrima do olhinho. As outras seguiram o exemplo e logo todas choravam molhando o criado mudo.

— Não, não, não — Danilo se desesperou com medo que sua nota final de Herbologia morresse no mesmo dia que a recebeu.

Correu até a mochila e tirou o livro Plantas, Terras e Cidreiras folheou quase rasgando as páginas. Procurou, procurou achou:

 

Guaraná Piscadela

Plantinhas curiosas, nativas de regiões úmidas, tem como maior característica o sentimentalismo e o ligamento emocional com seus cuidadores. Assim sendo um ótimo ingrediente para poções de âmbito sentimental [...]

 

Não! Não é isso que interessa! Passou os dedos pelas frases até achar o que queria.

 

[...] ...um nome é sempre muito bem aceito pelos piscadelas. Indica que seu cuidador tem carinho por eles. Conversar com eles é sempre um bom para o produtividade da planta... [...]

 

Certo, nome e conversar. Sim! Conversar como o Professor Florêncio fez em aula.

— Muito bem... Er...Eyes. Isso! Está tudo bem, Eyes. Não chore — Danilo pousou o dedo indicador no olhinho que iniciou a choradeira ou melhor: "seivadeira" — Tudo bem. Calma.

Aos poucos os guaranazinhos pararam de soltar seiva, piscaram calmamente e fecharam-se apreciando o carinho que recebiam. Pobres olhinhos sensíveis... 


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Notas finais do capítulo

Traduções:

¹ Me desculpe!
² Sim! É irmão dele

Na verdade biscoito/bolacha recheado(a) em inglês se diz: sandwich cookies. Mas não é um nome que ficaria legal no diálogo por isso coloquei apenas cookie.

Espero que estejam gostando da história, esse cap foi meio triste e muitos outros ainda serão. Calma a fic não é de bad. Ela apenas balança entre momentos felizes e tristes.
Muito obrigado por lerem ♥

Eu gostaria de saber uma coisinhas:
— O que estão achando da escrita? (as vezes sinto que ela decaiu um pouco em comparação ao início)
— O que estão achando do decorrer da história? Vocês esperam grandes revira voltas ou que Danilo seja um heroi alá Harry Potter? (pois ele não será vou logo avisando)
— Estão ficando alguns furos ou erros do gênero? (me digam para que possa prestar mais atenção)
— Têm duvidas? (basta perguntar que adorarei responder)



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