Sasuke Uchiha poderia ser considerado o pai do ano. Ele era o cara que se desdobrava para conseguir colocar sempre a sua família em primeiro lugar. Ia buscar todos os dias os gêmeos na escola e dava carona para Sarada até a Universidade. Agora, a primogênita havia se formado, mas estava num programa de pós-graduação em composição. Sasuke tinha muito orgulho de Sarada. Depois que a menina teve seu coração partido por causa do casamento de Boruto, ela havia se dedicado em tempo integral a música. Assim, conquistou uma boa posição na orquestra sinfônica de Konoha e viajava constantemente para concertos fora da cidade. A única pessoa que vencia Sarada no número de viagens era Sakura. A digital influencer ainda mantinha muitos negócios em Nova York e ainda tinha que ir para as famosas fashion week!

— Outra viagem? – Reclamou Sasuke com a xícara de café na mão.

— Emergência, querido! Deu um problema na modelagem de uma peça que é mega importante para o próximo desfile da La Haruno. Shizune não consegue resolver isso sem mim! – explicou Sakura enquanto arrumava o café da manhã dos gêmeos.

— E aí você precisa ir hoje pra Nova York? E as crianças? – Questionou com seu costumeiro mau humor matinal.

— Já falei com a sua mãe e ela não vê problema em ficar com os meninos após a escola. É só você ir buscar eles como sempre e deixar com ela! – Sorriu.

— Ok. Você volta quando?

— Amanhã cedo eu to de volta. Vocês conseguem sobreviver 24h sem mim, não?

— Sakura, eu preferia que você não fosse, mas sei que não tenho esse poder. – Confessou.

— Que bom que não tem! Seria muito chato se você mandasse na minha agenda! – Riu a mulher depois de beijar rapidamente o marido.

— Cadê Sarada? – Perguntou Sasuke.

— Essa aí madrugou. Hoje tem uma palestra com um maestro super importante e ela tava muito empolgada. Saiu e nem tomou café. – Informou Sakura enquanto dava o café da manhã pros gêmeos.

— Cada dia que passa, ela tá mais parecida com você. – Disse Sasuke.

— Que isso querido! Ela é a sua cara! Aliás, ninguém nessa casa parece comigo! Olha só Indra e Ashura! São iguaizinhos a você também! – Bufou Saura inconformada.

— Fazer o que se meu gene é predominante? – Brincou Sasuke.

— Bobo! Eu tenho que ir! Leve as crianças na escola ok?

— Ok. Já estamos com saudade da mamãe, não é pessoal? – Disse Sasuke e os gemêos concordaram.

— Você faz falta mamãe. – Disse Indra.

— Volta logo mamãe! – Pediu Ashura.

— Vocês estão ficando muito carentes por causa do pai de vocês! Ele que fica ensinando essas coisas! Juízo crianças! E obedeçam a avó de vocês na minha ausência tudo bem?

— Ok mamãe! – Concordaram Indra e Ashura.

— Tchau, Sakura. – Despediu-se Sasuke beijando a esposa.

— Eu volto logo, meu amor. – Respondeu Sakura antes de pegar a mala e sair.

Sasuke ficou a sós com os filhos, terminou de ajeitar a mochila dos dois para a escola e então pegou o carro para deixá-los na aula.

— Por que a mamãe viaja tanto, papai? – Perguntou Ashura.

— Faz parte do trabalho da mamãe. Já conversamos sobre isso. – Disse Sasuke.

— Ela escreve num site. Por que precisa viajar? – Perguntou Indra.

— Sim, ela escreve, mas para o site ter conteúdo ela precisa fazer essas viagens. Fora isso tem a coleção de roupa. Vocês gostam das roupas que a mamãe faz não é? – Disse Sasuke prestando atenção no trânsito.

— As roupas da mamãe são as melhores. – Elogiou Ashura.

— Eu queria que a mamãe ficasse mais tempo com a gente. – reclamou Indra.

— Eu também gostaria, mas ela se esforça muito pra ficar o máximo de tempo que pode. Temos que valorizar isso. – Pediu Sasuke ao estacionar na frente da escola.

— O senhor vem buscar a gente? – Perguntou Ashura após saírem do carro.

— Como combinamos com a mãe de vocês. Eu venho buscar os dois quando as aulas acabarem e levo para a casa da vovó. – Informou Sasuke e beijou os filhos na testa – Boa aula!

Sasuke acompanhou os dois até dentro da escola, onde eles ficaram sob a supervisão da professora. Após isso, Sasuke foi para a faculdade. Daria aula até meio-dia e depois do almoço seguiria para Uchiha’s Construção & Engenharia.

[...]

Sarada era estudiosa. Mais que isso, ela era dedicada à música como se seu violino fosse uma extensão de seu corpo e alma. Desde o casamento de Boruto, Sarada tinha amadurecido muito. Nunca mais tinha namorado ninguém. Não via graça. Talvez, os sentimentos por Boruto ainda estivessem ali escondidos. Eles ainda eram amigos, mas pouco se viam. Apesar de morarem numa cidade pequena, a rotina deles era tão diferente que os encontros eram raros. Por acaso, ele tinha passado na Universidade naquele dia para se inscrever no mestrado.

— Ei, Boruto! – Acenou Sarada ao ver o amigo no meio do campus.

— Oi, Sarada. Como você tá? Pensava que ainda estava viajando com a orquestra. – Disse Boruto.

— Eu to bem e você? Na verdade, eu voltei tem dois dias já.

— To bem. Bom te ver. Como vai a pós-graduação?

— Bem, acabei de sair de uma palestra incrível. E o que te traz aqui?

— Vim me inscrever pro mestrado!

— Oh, que legal! E Yodo?

— Ela tá bem. Vive enfurnada no hospital.

— Eu fiquei sabendo que ela perdeu o bebê. Sinto muito. – Disse Sarada.

— Já é a segunda vez. Decidimos que vamos esperar um pouco pra tentarmos de novo. – Disse Boruto.

— Uma hora vocês serão pais e serão maravilhosos!

— Que Deus te ouça! Bem, eu preciso ir trabalhar agora. Depois nos falamos?

— Claro, Boruto! Até.

— Até, Sarada! Mais uma vez, foi muito bom te ver! – Boruto abraçou Sarada e por alguns segundos o coração da garota acelerou.

Sarada observou Boruto se distanciar e a cada passo que ele dava em uma direção contrária a dela, a Uchiha sentia que entre eles um abismo se abria, como se nunca mais fossem compartilhar nada. O casamento do Uzumaki com Yodo ia bem. Eles eram um casal harmonioso, que queria filhos, mas ela infelizmente não conseguia engravidar. Sarada não era amiga de Yodo nem frequentava a casa dos dois, mas ficou sabendo por Himawari da dificuldade que ela estava sentindo em dar um herdeiro a Boruto.

Sarada sabia disso porque Himawari namorava Inojin, seu melhor amigo, então elas tinham sido forçadas a virarem grandes amigas desde então. Inojin tinha aproximado as duas, porque ele não desgrudava de Sarada. A Uchiha viu o celular fazer barulho e percebeu que era justamente uma mensagem do amigo. Inojin estava convidando-a para o jantar. Ela então respondeu que não dava porque tinha prometido a avó que passaria a tarde toda ajudando-a com os gêmeos já que sua mãe tinha ido viajar a trabalho.

Quando guardou o celular no bolso, Sarada começou a andar distraída e esbarrou em um desconhecido e derrubou o violino que ele carregava. O garoto era mais alto que ela, tinha um cabelo branco azulado despenteado, pele pálida e olhos cor âmbar. Sarada logo se desculpou.

— Que desastrada! Desculpa aí! – Disse Sarada.

— Não precisa se desculpar! Se todo dia uma garota bonita esbarrasse em mim, eu ficaria feliz. – Disse sorrindo.

— É? – Disse Sarada desconcertada.

— Meu nome é Mitsuki. E o seu?

— Sarada. – Respondeu.

— Prazer, Sarada! Você estuda aqui?

— Sim e você?

— Na verdade, não. Mas eu vim pra palestra que teve hoje.

— A palestra do maestro?

— Sim.

— Eu tava lá também!

— Não me diga que toca algum instrumento? – Perguntou Mitsuki interessado.

— Toco alguns, mas me dedico mais ao violino que é o meu instrumento na orquestra sinfônica de Konoha.

— Que coincidência! Eu também toco violino e sou o novo membro da orquestra sinfônica de Konoha! Me mudei pra cá na semana passada! – Disse Mitsuki.

— Acho que vamos ser amigos então... Conhece alguém na cidade?

— Meu pai mora aqui. Ele é engenheiro e se mudou pra cá há dois anos pra trabalhar na Uchiha’s Construção & Engenharia.

— Seu pai trabalha lá? Meu pai também!

— Seu pai é engenheiro?

— Sim, ele presta consultoria pra Uchiha’s Construção & Engenharia. Aliás, a empresa é do meu tio avô.

— Você é sobrinha neta de Madara Uchiha? É uma honra conhecê-la! – Afirmou Mitsuki.

— Quem mais da minha família você conhece?

— Acho que só o seu tio avô mesmo. Meu pai me apresentou ele, porque Madara é o chefe dele. Aliás, qual o nome do seu pai mesmo?

— Sasuke e do seu?

— Orochimaru. Meu pai já falou do seu.

— Espero que tenha sido bem. – Sorriu Sarada.

— Acho que já nos tornamos amigos hein? É muita coisa em comum que nos une.

— Quer tomar um café comigo? – Sugeriu Sarada.

— Só se for agora! – Disse Mituski e os dois foram até uma cafeteria na Universidade.

[...]

Após o almoço, Sasuke foi para Uchiha’s Construção & Engenharia depois de deixar os gêmeos na casa de sua mãe. Quando chegou, ele cumprimentou a secretaria de Madara e seguiu para a sala do tio. Madara estava nervoso.

— Boa tarde, tio. – Disse Sasuke, mas a cara de Madara não estava nada boa.

— Boa para quem Sasuke? – Madara ligou a TV e no momento estava dando a notícia de que um viaduto do outro lado da cidade tinha desabado.

— Não me diga que é o viaduto que a Uchiha’s Construção & Engenharia estava construindo? – perguntou Sasuke boquiaberto.

— Sim, é o nosso viaduto.

— Alguém morreu?

— Uma pessoa morreu e tem uns 25 feridos. – Contou Madara.

— Que droga! Já soltaram algum comunicado?

— Já. A assessoria de imprensa já falou que vamos investigar as causas  e que os culpados serão punidos.

— Eu não sei nem o que falar tio. Será que foi algum erro na execução do projeto? – Questinou Sasuke.

— Já contratei especialistas para averiguarem isso. Mas se o erro for de cálculo, Sasuke...

— Ei, eu nunca errei um cálculo na vida tio! Eu sempre verifiquei muito bem os cálculos do projeto antes de entregar para o engenheiro responsável.

— Acho bom que o erro não tenha sido seu! Seria a ruína da minha empresa que o meu sobrinho tenha sido o responsável.

— Um erro de cálculo aumenta o risco de dano, mas é uma falha rara. Esses erros são facilmente detectáveis e, por isso, não costumam acontecer. – Defendeu-se Sasuke.

— Espero que tenha razão, Sasuke! Fique acompanhando a repercussão do caso na imprensa. Por causa da morte de uma pessoa, as coisas ficaram bem graves. – Disse Madara.

— Já sabem quem foi a pessoa morte? A empresa precisa entrar em contato com os familiares e oferecer suporte.

— Tenten Mitsashi. 31 anos. Jornalista daquela revista adolescente Teen Choice. – Disse Madara.

— Sei quem é. Sarada sempre comprou essa revista.  Já avisaram aos parentes?

— Minha secretária já entrou em contato com o marido dela.

— É bom que ele saiba que a empresa ficará ao lado dele nesse momento difícil. Eu já perdi uma esposa e sei o quanto dói.

— Espero só que esse escândalo se resolva. Quando tiver o parecer da perícia, volto a falar com você, Sasuke. Vá para sua sala.- ordenou Madara.

— Ok, tio. – Respondeu Sasuke e cumpriu a ordem.

Em sua sala, Sasuke ainda estava chocado. Era impossível que ele fosse o culpado daquilo Afinal, Sasuke nunca tinha errado um cálculo. Ainda mais o de uma obra grande que estava sendo feita para a prefeitura. Ele havia sido cuidadoso como sempre fora. Sasuke sabia que qualquer erro seu poderia ser fatal. Então, parte de si rezava para que o erro tivesse sido na execução ou fiscalização da obra, processos que nada tinham a ver com ele. Sasuke não queria ser culpado por uma morte. Não, era um peso grande demais para carregar. Só queria descobrir que tudo havia sido um dia ruim e no dia seguinte tudo ia passar, sua família estaria ali o apoiando e pronto.