Capítulo Oito

Titio Gaara

Escrito por G. de Oliveira

Sentimentos como solidão, desprezo, ódio, medo e ressentimento eram muito familiares para Gaara. Ele era quem era, mas descobriu que poderia se tornar alguém muito melhor e tudo isso graças a Naruto. Ele não conseguia acreditar como aquele garoto havia mudado completamente sua vida. A conexão que se estabeleceu entre eles era algo real que ele preservava a todo custo.

Para Gaara, era um grande prazer (e honra) observar toda a evolução e crescimento de Naruto. Além de se tornar um ninja excepcional, era um homem maduro e muito mais esperto do que as pessoas poderiam sequer imaginar um dia. Estava, definitivamente, orgulhoso do amigo. E receber a notícia de que Naruto Uzumaki logo seria um pai, deixou-o em plenitude.

Naquele momento estava viajando para Konoha, esforçando-se para usar sua velocidade máxima. A verdade era que estava ansioso para encontrar com Naruto e também conhecer Boruto Uzumaki, como ficou sabendo que ele se chamaria. A carta havia chegado dois dias antes e ele quis ir imediatamente. E não havia ser naquele momento para impedi-lo disso. Mesmo sabendo que a viagem demoraria alguns dias, ele chegaria.

Ao lado dele, ia Kankurou, e mais alguns ninjas da vila de Suna fazendo sua escolta. Todos seguiam em silêncio, deixando Gaara pensativo sobre todas as coisas que estavam acontecendo. Ele via todo o desenvolvimento das pessoas ao seu redor. Temari estava perto de dar à luz também e ele confiava que ela e Shikamaru seriam bons pais. Muitas pessoas estavam construindo famílias, e ele, sinceramente, começava a pensar em formar uma.

Para Gaara não seria complicado escolher uma mulher. Era inacreditável a veneração delas para com ele, no entanto, ele não se sentia a vontade com nenhuma delas. Eram tantas e nenhuma conseguia despertar nele a vontade de construir algo maior e sólido. Por que algumas coisas eram tão problemáticas? Quando olhava para Naruto com Hinata, pensava se seria olhado daquela forma por alguém ou se olharia para alguém assim. E a forma como aqueles dois se olhavam era tão encantadora; realmente despertava a vontade de ter algo assim. E mesmo quando olhava para Temari e Shikamaru, mesmo tão diferentes, havia tanto amor entre eles — Gaara esperava mesmo encontrar algo assim, um dia.

Quando, finalmente, estavam em Konoha, o ruivo não perdeu tempo e foi se informar sobre Naruto e Hinata. Pelo tempo que demorou, eles nem deveriam estar no hospital mais. Shikamaru o informou que eles já estavam em casa, e que ele poderia ir até lá. O rapaz o levou e, ao chegarem a casa, Hinata já era capaz de atender a porta.

— Gaara-san! — ela disse surpresa, porém sorridente. — Entrem!

Gaara e Shikamaru deixaram os calçados na entrada da casa e Hinata os guiou até a sala. No sofá, estava Naruto, sentado com um Boruto agitado nos braços. Por incrível que parecesse, o Uzumaki praticamente sussurrava para o filho, contando histórias de quando era criança e sobre ninjas fortes e incríveis, como Neji e Jiraya. Boruto tinha os olhos azuis arregalados e curiosos, parecia entender tudo que o pai dizia.

— Naruto-kun. — chamou Hinata, aproximando-se. — Temos visitas.

Ela sorria lindamente para a cena do marido com o filho. Naruto sorriu timidamente para ela, deixando a mostra o brilho intenso em seus olhos azuis a mostra. Para Gaara, aquilo era uma forma de amor belíssima. Existia uma intimidade entre eles que era impossível quebrar.

Naruto levantou-se e, após um beijo na testa da esposa que foi fazer chá para os visitantes, aproximou-se de Gaara com um sorriso em seus lábios que parecia que rasgariam sua face em qualquer momento. O ruivo apenas observava aquela felicidade plena nos olhos de seu amigo e sentia-se tão feliz quanto.

— Gaara! Achei que fosse demorar um pouco mais. — ele falava sorridente, controlando o tom de voz para não assustar Boruto.

— Eu vim o mais rápido que pude. — ele disse também falando baixo. Mesmo assim, chamou a atenção de Boruto que parecia perceber que aquela voz era nova. — Quero que saiba que estou imensamente feliz por vocês. E desejo ainda mais felicidade a vocês.

O loiro parecia emocionado com as palavras do amigo. Sabia que Gaara era um homem muito bom e o entendia como ninguém. Eles tinham passado pelas mesmas situações, eram as mesmas dores e só assim puderam entregar esperança um ao outro. Ele sabia que Gaara tinha um espaço em seu coração para sempre.

— Obrigado. E espero que em breve seja você, ‘ttebayo! — disse, fazendo Shikamaru rir. — Aqui, esse é Boruto-chan. Boruto, esse é Gaara.

O ruivo, receoso, acolheu Boruto em seus braços. Estava um pouco nervoso com a criança ainda tão pequena e frágil em seus braços, mas foi se acomodando. Quando, finalmente, observou Boruto melhor, viu que seus olhos eram tão azuis quanto os do pai, assim como os cabelos ralos e louros. Suas bochechas eram coradas, mas tinha ele tinha certeza de que aqueles olhos eram os da mãe. Olhos de príncipe.

— Boruto-chan, você já é um príncipe, não é mesmo?! — sussurrou para o menino que, mesmo sem entender, esboçou um sorriso desdentado. — Aposto que sim.

Naruto, por si só, já era uma luz para todos. Tinha aquela energia gostosa e confiante, uma presença que fazia com que todos se sentissem empolgados e esperançosos. E pelo que sabia da história de amor entre Naruto e Hinata, ela havia captado essa energia do louro. Vendo Boruto, Gaara tinha certeza de que o menino era o próprio Sol. Um belo e brilhante Sol.

— Puxou a mãe, é claro. — brincou Shikamaru. — Afinal de contas, é filho da Princesa do Byakugan.

Hinata que estava chegando, corou com o comentário e sorriu timidamente. Chamou-os para o sofá, servindo o chá. Gaara entregou Boruto para a mãe e, enquanto bebericava a bebida, observava o clima tão agradável e confortável naquela casa. Ele estava feliz, porque Boruto teria muito amor para receber dos pais. Ele teria uma vida linda, diferente do que ele e Naruto tiveram.

— Mas ele também é filho do herói da Konoha, então, podemos esperar um guerreiro, não é, Bolt?! — ela disse, sorrindo para o filho que agitava as minúsculas mãos para capturar as bochechas da mãe.

Gaara estava certo. Boruto seria muito feliz e amado, mas também entregaria muito desse amor por aí. Era uma luz na vida de todos, afinal de contas.

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