Let me know escrita por Miss Fuck You


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Será que eu demorei? Provavelmente sim e dessa vez eu nem tenho desculpas, mas gente, toda vez que eu sentava pra escrever, as coisas que eu escrevia simplesmente eram horríveis!
Não estou lá muito satisfeita com esse cap não, mas acho que consegui tirar o melhor da situação. Ultimamente não tenho conseguido me concentrar direito pra escrever.
Okay, agora um AVISO de verdade, provavelmente este é o penúltimo cap da história.



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O que eu deveria fazer? Assim que a ligação foi encerrada continuei fingindo estar no telefone e olhei discretamente para os dois que agora estavam abrindo todos os armários da cozinha, quer dizer, a mãe de Yoongi estava abrindo todos os armários e gavetas que encontrava e o pai dele estava falando alguma coisa pra ela que eu não podia escutar. Certamente não era algo bom, devido a sua careta. Assim que me viram os olhando, mudaram a postura, a Sra. Min parecia um pouco envergonhada e logo parou de mexer nos armários, ela deu um sorriso amarelo e veio pra sala, guardei o celular que ainda estava na minha orelha.

A quanto tempo estávamos todos sentados na sala sem ninguém falar absolutamente uma palavra?

—Gostariam de comer alguma coisa? - Finalmente quebro o silêncio, mas antes mesmo deles responderem eu já me levantei e fujo para a cozinha o mais rápido possível. Abro a geladeira em busca de alguma coisa pra fazer, agora ela estava cheia de coisas que só vi em restaurantes e coisas que nunca tinha visto na minha vida. O que eu faço com isso? Será que eles comeriam ramyon? Ou isso seria considerado uma falta de respeito?

—Precisa de ajuda querida? - Quase infarto, não tinha percebido que ela tinha me seguido até a cozinha.

—Sim… - digo meio hesitante.

Ela é muito gentil e paciente, me ensinando devagar e respondendo todas as minhas infinitas perguntas sobre a cozinha coreana.

Antes que eu possa perceber estamos conversando confortavelmente e até mesmo rindo, ela me contou várias coisas sobre o Yoongi e eu lhe contei sobre várias coisas que descobri sobre ele pelo tempo que estivemos juntos.

—Yoongi me contou sobre a sua mãe. - Ela diz depois de um tempo que ficamos em silêncio, eu tinha meus olhos na panela que começava a ferver e não tive coragem de olhar para mais nenhum lugar. - Eu imagino como esse momento deve estar sendo difícil para você. É nesses momentos que mais precisamos de nossa família.

—Eu sinto falta dela. Muita. - Digo quando me sinto confiante que a minha voz não vai falhar. - Quando eu comecei a pensar no casamento, nas coisas que eu precisaria fazer, experimentar e escolher… eu só consegui pensar na minha mãe. Quando comecei a pensar na lista de convidados… as pessoas que eu mais queria não poderiam estar lá… Omo! O que tem de errado comigo? - Dou uma risada forçada pra disfarçar a tristeza e limpo rapidamente as lágrimas que deixei cair.

Antes que eu perceba estou chorando e abraçada a mãe de Yoongi, ela dá leves tapinhas nas minhas costas, depois acaricia e diz que está tudo bem chorar, o que acaba comigo, então estou chorando mais, nem se quer tento controlar ou impedir meu choro. Assim que me acalmo e começo a pensar claramente, começo a ficar com vergonha de ter chorado abraçada a mulher que pode ser que vire à minha sogra.

—Desculpa. - Digo sem olhando para todo lugar e menos pra ela.

—Está tudo bem. Você se sente melhor? - Assinto lentamente, eu me sinto melhor depois de expor um pouco dos meus pensamentos e chorar, mas principalmente me sinto melhor por ser reconfortada por uma mãe, não é a minha mãe, mas por um segundo fingi que fosse, e agora me sentia mil vezes melhor.

—Obrigada. - Ela dá um sorriso brilhante que fazem seus olhos praticamente sumirem.

—Você é uma menina tão educada! Meu filho escolheu bem. Vocês já sabem uma data para o casamento?

—Hum… não. Na verdade, ainda não decidimos nada. - Será que eu digo que é possível que nem mesmo tenha um casamento? - A senhora deveria conversar com o Yoongi sobre isso. - Ela terminou de colocar a comida em suas devidas vasilhas e virou a cabeça em minha direção, me olhando assustada.

—Por quê? - Estava mais envergonhada ainda, fui confortada por essa mulher que acreditava que eu seria sua nora em breve e agora tenho de lhe falar que briguei com seu filho e que estou saindo do país. Me sentia como se tivesse me aproveitado dela.

—Hum… daqui a alguns dias vou para Paris.

—A trabalho?

—Sim e não. Uma representante de uma revista muito famosa de lá viu minha exposição e me convidou para conhecer a revista e também me ofereceu um curso. Um muito difícil de entrar. Basicamente é o meu sonho participar desse curso desde que decidi me tornar uma fotógrafa. - A cada palavra que saia da minha boca eu via o cenho dela se franzir mais e mais, então continuei me justificando, querendo que ela me entendesse e não me odiasse assim como todas as pessoas que contei minha decisão de aceitar essa oferta.

—Olá mãe. - Nem sequer tinha escutado ele entrar, fiquei com medo de me virar e o olhar, mas não foi preciso, logo a sua mãe tomou toda a sua atenção, o abraçando e fazendo um monte de perguntas, aproveitei esse momento para o olhar, ele parecia o mesmo, não parecia ter bebido e nem se matado de trabalhar, me senti aliviada.

—Hum… Estou indo. Foi muito bom reencontrá-los. - Digo quando estamos todos na sala e eles estão distraídos colocando as novidades em dia.

A mãe dele insisti que eu fique e coma com eles, não sei o que fazer, se devo aceitar para não ser rude com os mais velhos, ou se devo recusar para não ultrapassar algum limite do Yoongi.

Me decidi por ir, Yoongi diz que vai me acompanhar até o térreo, e logo estamos saindo juntos, o que é bom e estranho ao mesmo tempo.

—Achei que iríamos conversar. - Ele diz assim que a porta se fecha atrás dele.

—Achei que não quisesse falar sobre isso na frente dos seus pais, ou… eu não sei… quisesse conversar em particular com eles sobre… sobre… sobre qualquer decisão que você tenha tomado. - Finalmente cuspo as palavras, continuo olhando para as portas do elevador, morrendo de medo de olhar nos seus olhos e descobrir que ele se cansou de mim.

O elevador chega, as portas se abrem, nós entramos e as portas se fecham, pressiono o botão do térreo e há o silêncio entre nós dois, somos os únicos dentro do elevador.

—Não quero terminar. - Acho que poderia desmaiar de alívio naquele momento. - Mas me irrita pra caralho que você esteja sempre escondendo coisas de mim, ou que não confie em mim pra contar seus medos e que esteja sempre fugindo. Estamos planejando nos casar… eu pelo menos estou planejando me casar com você, mas não tenho certeza se você vai aparecer no dia. Isso fica rodando a minha cabeça, fico me perguntando até quando você vai estar por perto, ou quando alguma coisa vai te assustar e você vai sair correndo.

—Eu… estou apavorada. - Admito pra ele. Quero contar tudo, mas finalmente chegamos no térreo. Não ouso mexer um músculo se quer, com medo da sua reação as minhas palavras. As portas se fecham e o elevador está subindo novamente. - Não é só o casamento, é… tudo. Estou apavorada com a cerimônia, com medo das pessoas olharem com pena para mim por não ter nenhum dos meus pais comigo, com medo de enfrentar uma vida diária com você, medo de você se cansar de mim. Eu conheci seus pais, eles não foram as pessoas mais calorosas na primeira vez que nos vemos, mas dessa vez eles foram tão gentis comigo e eu apenas sei que você veio de um lar amoroso, de uma família boa e bem estruturada. A minha família era fodida, me dói pra caralho dizer isso… mas é a verdade.  - Parei de falar assim que senti o elevador parar.

Duas adolescentes entraram no elevador, vi seus olhos se ampliarem quando reconheceram o Yoongi, eu já estava começando a me afastar com medo de receber cotoveladas e olhares de fúria, mas antes ele segurou a minha mão e me puxou para mais perto dele, ele me abraçou de lado e escondeu seu rosto nos meus cabelos. Ainda bem que eu tinha lavado meu cabelo.

Olhei discretamente para as duas meninas que estavam envergonhadas mais ainda sim sorrindo. Dessa vez quando o elevador parou no térreo descemos, segurando a minha mão, Yoongi me levou lentamente para fora do prédio, arrisquei um olhar em seu rosto, mas ele tinha uma expressão neutra, ele parecia imerso em pensamentos, mas não tinha certeza quais eram a natureza desses pensamentos.

—Seus pais estão te esperando no seu apartamento. - Eu me lembro subitamente, por mais que eu quisesse resolver logo as coisas não era certo deixar seus pais esperando.

—Eu vou avisar eles. - Ele diz tirando o celular, ele solta a minha mão e tenho o estúpido pensamento que talvez ele não volte a segurar quando parar de mexer com o celular e então já não sei mais o que fazer com as minhas mãos ou como me mover direito, muito autoconsciente do meu corpo e cada movimento.

Ele termina de mexer no celular, provavelmente mandou uma mensagem e enquanto ele guarda o celular volta a segurar minha mão de forma tão natural e tão alheia a todas as minhas preocupações de segundos atrás.

Acabamos entrando em uma loja de conveniência, ele comprou sorvete e estávamos os dois calados, encarei meu sorvete que começava a derreter, me lembrei da vez que ele terminou comigo. Tudo era tão parecido, a única diferença seria que se ele terminasse comigo agora, estaria me destruindo.

—O problema é a cerimônia? - Ele me pergunta comendo seu sorvete de modo relaxado.

—Eu… não sei. Você me perguntou se eu cheguei a pensar no casamento. Eu não fiz outra coisa do que pensar nisso. Tanto que achei que ia ficar louca e aí aquela mulher apareceu com uma proposta que é o meu sonho e eu… olha… no começo era apenas curiosidade, saber como as coisas eram nesse curso, eu sabia que era impossível para mim, mas ainda estava curiosa e então ela deu um jeito de as coisas serem possíveis. De funcionar de algum modo com o meu trabalho e passagens e lugar para ficar lá e… e tudo o que restava eram as pessoas que amo e eu sabia que você estava empolgado com a cerimônia de casamento, eu pensei que poderíamos adiar e não seria grande coisa. Achei que você pudesse ficar chateado, mas não tão furioso como ficou. - Ele tinha um rosto sério que não me deixava saber o que ele estava pensando, dei uma mordida no sorvete, ansiosa pra saber o que ele diria, ela está me encarando de um modo intenso até quando abre um sorriso.

—Você está fazendo isso de propósito?

—O quê? - Yoongi olha para os lados e então se inclina na minha direção, meu coração disparou e senti minhas bochechas esquentarem. Acho que estava muito acostumada a cultura da Coréia. Seu rosto parou muito próximo do meu é ele estava com aquele sorrisinho safado estampado no canto da sua boca. Seu dedo deslizou pelo meu lábio de forma lenta, deixando um rastro quente, eu o vi umedecer os lábios e seus olhos se tornarem famintos.

—Tinha sorvete aqui. - Ele diz antes de colocar seu dedo sujo de sorvete na boca. Quero mais do que tudo o beijar nesse momento, quero me jogar em seus braços e apenas matar a saudade que tenho dele, mas me controlo, engulo com dificuldade e a muito custo desvio meus olhos da sua boca. - O que você quer fazer? - Sua pergunta faz tudo dentro de mim se revirar em desejo, talvez eu tenha deixado muito óbvio o que estava pensando porque ele solta um risinho convencido. -Sobre o casamento e a viagem.

—Ah! - Totalmente virando um tomate agora, se antes minhas bochechas estavam quentes agora elas estão em chamas. - Eu ainda quero viajar, vou voltar com frequência pra Coréia. - Ele desvia os olhos e permanece em silêncio, tento ser paciente.

—Você pensa que aqui é a sua casa? - Ele pergunta com seu olhar ainda distante.

—Você é a minha casa. - Ele virou depressa pra me olhar e me arrependi no mesmo segundo que terminei de falar, talvez tivesse assustado ele com isso. Será que isso soava muito psicótico?

—Fico feliz. - Ele diz abrindo um sorriso, que dura alguns segundos até que ele volta pra sua expressão séria e pensativa. - Mas ainda não estou confortável em deixar você partir desse modo.

—Eu juro que não estou fugindo Yoongi… é verdade que eu fiquei um pouco assustada e muito triste quando comecei a pensar na cerimônia, mas… esse é o meu sonho. Por favor me entenda. - Seguro a sua mão e fico feliz quando ele não se afasta.

—Quem você gostaria que estivesse na cerimônia?

—Hum… nossas famílias e amigos.

—Sim. Nossas famílias, mas quais amigos? Especificamente?

—Hum… Bang oppa! - Yoongi fez uma leve careta. - Namjoon, Jin oppa, Jimin, Hobi, Tae e Jungkook.

—Mais alguém?

—Não sei… não consigo me lembrar agora. Eu tenho certeza que quando pensei antes tinha mais gente… ah! A unnie da revista! Dependendo de quando for a cerimônia a bebê dela já pode estar andando e…

—O que acha de fazermos isso agora?

—Isso o quê? - Perguntei assustada, ele não podia estar falando de bebês, não é?

—De nos casamos. Agora!

—Isso… isso é loucura.

—Podemos ir e apenas registrar o casamento.

—Isso… como… eu sou uma estrangeira! Não precisa de papéis diferentes? E quanto a documentação necessária? Eu não sei como funciona os casamentos por aqui, mas no Brasil tem uma burocracia envolvida nessas coisas e… e… isso é loucura! - Tentei parar de argumentar quando ele começou a rir. - Você quase me matou do coração! - Dou um tapa em seu ombro. - Achei que estava falando sério!

—Estou falando sério. Só achei engraçado todo o seu desespero.

Congelei, ele estava realmente falando sério. Dei a mordida final no meu sorvete e comecei a pensar friamente no assunto. Comecei e pensar em todos os papéis necessários só para formalizar o casamento, quanto tempo isso levaria, eu nem mesmo sabia quais eram todos esses papéis, teria de ir até o consulado brasileiro, mas de uma coisa eu tinha certeza, o Brasil é um país burocrático e com toda a certeza esses papéis não ficariam prontos tão cedo. Sem falar em todas as pessoas que ficariam certamente magoadas com esse casamento repentino. Eu sabia que seus pais não estavam muito felizes que eu e Yoongi estávamos namorando e noivamos, eu ainda não sabia o que tinha feito que a minha sogra mudasse drasticamente de atitude, mas fugir e casar desse modo certamente não a faria feliz.

—Não. Não podemos fazer isso. – Concluo por fim.

—Claro que podemos.

—Yoongi, não podemos fazer isso. Apenas pense nisso, realmente pense em tudo o que precisamos pra oficializar isso, pense em como seus pais vão se sentir sobre isso, nossos amigos…

—Podemos convidar eles, podemos ir agora e saber de todos os papéis que precisamos.

—E se algum repórter descobrir? E se começarem a especular porque estamos indo nos casar com tanta pressa? E se inventarem que estou grávida e é por isso que estamos correndo com o casamento? De verdade, pensa nisso. Suas fãs mal acabaram de se acostumar com a ideia de você estar me namorando, você consegue imaginar se elas lerem uma notícia dessas o que pode acontecer? Não é só a sua imagem Yoongi. Tudo o que faz reflete no Bangtan. E se fizermos isso e acabar prejudicando o seu trabalho? E não me fale que não se importa com isso. – Eu o corto assim que o vejo abrir a boca. – Por que você que não seria o único prejudicado. Esse não é o momento de sermos egoístas. Temos que pensar com cuidado antes de fazer as coisas, quando começamos a namorar não pensamos direito em nada e só conseguimos um monte de problemas. Eu não quero uma repetição de tudo o que aconteceu. Eu não aguentaria.

Era visível o seu ânimo diminuindo com cada palavra que eu soltava, mas eu precisava dizer aquelas coisas, precisa ser a voz da razão.

—Você ainda vai para Paris?

—Sim.

—E não vai se casar comigo antes de ir?

—Yoongi… - soltei um suspiro cansado. – Eu te amo e eu quero me casar com você. Só que não dessa maneira. E honestamente estou pensando que vai ser bom se o nosso noivado levar mais um tempo, não vejo porque apressar o casamento.

—E ainda diz que não está fugindo. – Ele responde irônico.

—Por que você está tão chateado sobre Paris? Eu entendo que eu errei em esconder sobre a proposta e a viagem, mas você não acha que está sendo muito duro comigo?

—Não. Eu não acho. – Ele responde sem hesitar.

—Pois eu acho. Não muito tempo atrás você também escondeu uma viagem de mim!

—Isso é diferente! Foi a trabalho e foram três meses!

—Eu também estou indo a trabalho! Você pode ter viajado para o exterior por três meses, mas se somarmos todo o tempo em que você esteve longe de casa mesmo na Coréia, pode ter certeza que foi mais de um ano! Você está se sentindo abandonado? Bem-vindo a minha vida! Eu estou indo para minha casa e você deveria voltar para a sua casa e passar algum tempo com seus pais.

Ele não respondeu mais nada, nem se quer olhou na minha cara, então peguei minha bolsa e saí da loja de conveniência.

Dane-se isso! Dane-se tudo!

—VAI SE FUDER! – Sim, que classe Alysson. Gritar no meio da rua com toda a certeza vai resolver seus problemas!

Parei de andar, respirei fundo e me virei de volta para a loja de conveniência. Ele ainda estava lá, sentado no mesmo lugar, com a mesma maldita expressão.

—Decidimos não brigar pelas mesmas coisas. Mas estamos fazendo exatamente isso. Eu te amo. Será que podemos resolver toda essa bagunça antes que eu vá para Paris? – Ele me encara e eu não tenho a mínima ideia do que ele está pensando.

—Eu quero me acertar com você. Mas você realmente precisa ir para Paris? Quando nos casarmos você não vai precisar mais trabalhar. Eu posso sustentar a nossa família.

—Essa não é a questão Yoongi. Eu quero trabalhar, eu quero fazer a minha carreira, quero voltar a estudar, quero ir atrás dos meus sonhos!

—Você não pode alcançar seu sonho aqui na Coréia? Por que você precisa ir para tão longe? Você está chateada porque te deixei tão sozinha por todo esse tempo? – Peguei a sua mão, desejando com todas as minhas forças que ele entendesse o meu lado.

—Me diz Yoongi, você teria alcançado o seu sonho se nunca tivesse saído da sua casa, da sua cidade?

— Você está chateada porque te deixei tão sozinha por todo esse tempo? – Ele repete a pergunta que evitei responder. Desvio meus olhos, com medo de minhas próximas palavras o machucarem.

—Não posso dizer que não. Claro que me incomoda você nunca ter tempo ou nunca estar perto de verdade. Mas eu entendo e prometi ser compreensiva com isso. É o seu trabalho e eu sei o quanto você ama isso. – Forço um sorriso para tentar amenizar as minhas palavras.

—Apenas seja sincera e diga tudo que você precisa dizer. Pode dizer o quanto você odiou tudo isso. Você é uma mulher bonita e independente, mas eu sei o quanto você é sozinha. Você deve ter odiado tanto ter que ficar sozinha, quando eu me esquecia de ligar todos os dias, ou que mal mandava uma mensagem. Apenas diga. Não se preocupe com meus sentimentos, eu já sei de tudo isso. – Ele me olha em expectativa, mas as palavras ficam presas na minha garganta, tenho medo de o magoar, medo das atitudes que ele possa tomar com as coisas que eu tenho guardado dentro de mim, Yoongi é uma pessoa sensível, se eu disser tudo o que tenho pra dizer, ele certamente vai se culpas e vai se ferir. - Diga Alysson! – Ele insiste com mais força, seus olhos estão determinados, então eu cedo.

—Eu realmente odiei e me senti terrivelmente sozinha. – Limpo as lágrimas que caíram. - Eu sempre suportei todo o tempo que você esteve longe trabalhando, fazendo o que ama, seguindo seu sonho… eu suportei todos os dias que passei sozinha, todas as datas importantes que você estava longe e que esqueceu porque estava muito ocupado com o trabalho. Toda a atenção que deu para fãs, mesmo nos raros momentos que tínhamos para nós dois… todos os encontros que foram adiados ou que fomos perseguidos por fãs… todo aquele assédio… eu suportei tudo isso… eu te amo. De verdade eu te amo tanto que acho que estou louca! Mas… mas é tão errado que eu queria seguir o meu sonho? Que eu queira ser egoísta só dessa vez e pensar em mim? Que eu não queira mais me sentir tão sozinha e deixada para trás? Isso é algo tão errado e abominável assim que você me ignorou por dois dias? Enquanto eu estava esperando por você em frente à sua casa eu só conseguia pensar no desperdício que era tudo aquilo… fiquei pensando quando eu conseguiria o ver de novo… quanto tempo eu teria de esperar por algum tempo seu… - Merda, eu não conseguia mais falar, tentei controlar o meu choro, mas estava ficando difícil.

—Me desculpa. Me desculpa Alysson! Me desculpa por ser tão egoísta! Eu sabia o quanto você devia estar se sentindo sozinha, que eu nunca estou em casa nas datas importantes e que quando estou em casa estou tão cansado que não consigo dar a devida atenção para você. Eu sabia de tudo isso. – Ele limpa as minhas lágrimas. – Você nunca reclamava, então era mais fácil ignorar tudo isso, toda culpa… então comecei a ficar com medo que você fosse me abandonar, que alguém iria tentar tomar o meu lugar e que iria dar toda a atenção que eu não consigo. Eu sei que você merece um homem melhor. E eu estou com medo de que você estando mais longe ainda de mim, você finalmente perceba isso e nunca mais volta para casa… para mim.

—Oh meu Deus! Eu já disse que nunca vou te abandonar! – Eu não me importo com as malditas regras de etiqueta da Coréia, eu me jogo em seus braços, o beijo e aperto forte em meus braços e choro como uma criança que acabou de perder seu brinquedo favorito.

Depois de toda a exaltação, estamos sentados nos olhando, segurando as mãos e pensando de modo desesperado como fazer isso funcionar. Eu pelo menos estou desesperada para fazer isso funcionar, não quero ter que desistir de nada, não quero abrir mão do meu sonho, mas também não quero o perder. Foco em seu rosto, ele está sério, perdido em pensamentos. Olho para cada detalhe dele, o formato de seus olhos, seus lábios… não contenho meus dedos e deixo eles percorrerem cada detalhe do seu rosto, ele sorri e seus olhos mostram todas aquelas marcas de riso que eu amo. Seu celular começa a tocar e a nossa bolha é estourada pela realidade, ele é uma pessoa ocupada, cada segundo do seu dia é importante.

—Me desculpa. – Ele diz olhando para o visor com a testa franzida, depois seus olhos vêm para o meu rosto e eu posso ver o arrependimento neles. – Eu preciso mesmo atender.

—Claro. Sem problemas, eu entendo. – O sorriso quase sai de forma natural agora, não preciso mais fingir com tanto afinco, pego meu celular para fingir estar ocupada, mas ainda posso escutar seu telefone tocando e ele ainda está do meu lado, ergo meus olhos do celular. – Você não vai atender? – Pergunto confusa com sua atitude.

—Porra!

Ele pega minha mão outra vez e me faz levantar, me levando para fora da loja de conveniência, ele anda a passos rápidos, tropeço mas consigo me recuperar antes de cair de cada no chão, ele para de andar e eu esbarro no seu braço o fazendo tropeçar também, ele não liga, ergue seu braço, e joga contra um muro alguma coisa. Tarde demais percebo que é o seu celular.

—O que você está fazendo?

—Quando começamos a namorar a empresa disse que me apoiaria se eu me dedicasse ao grupo, se eu continuasse as minhas promoções. Eu achei que era um bom acordo, achei que iria poder fazer isso funcionar… mas esse acordo não faz sentido se eu não tiver você, se a cada vez que estamos no meio de algo importante meu telefone tocar e eu tiver que sair. Isso não vai funcionar do jeito que as coisas estão. Você vai acabar me odiando. Um dia você vai se cansar de fingir que está tudo bem e já vai ser tarde demais. Eu não quero isso.

—Eu já disse que entendo. Eu sabia de tudo isso quando começamos a namorar.

—Eu sei disso. Eu sei, mas… desde aquele disse que você estava indo para Paris comecei a pensar nisso, mas principalmente sobre a nossa última conversa, eu comecei a me imaginar no seu lugar. E eu não gostei, não gostei nenhum pouco. – Ele segura meu rosto em suas mãos, seus olhos estão marejados. – Fica! Por favor! Fica! Eu prometo que as coisas vão ser diferentes, eu vou ter mais tempo para você. Eu não posso prometer isso imediatamente, mas pelo menos vou trabalhar mais em casa, e aos poucos… eu juro… eu vou ter mais tempo para você! Não vá…


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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que acharam da história.
Bjoo até o próximo cap e leiam as notas iniciais (ou pelo menos a última linha!)



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