Procura-se por Eadlyn Schreave! escrita por AndreZa P S


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Tenho preguiça de revisar os capítulos, não me julguem.

Qualquer erro, cês podem me dizer. u.u

Boa leitura.



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Casa dos Woodwork's

Jakeline está sentada na espaçosa sala de Carter e Marlee. Seus lábios estão tingidos com um batom super vermelho e os olhos marcados com uma generosa camada de rímel. Cravou o cotovelo no braço do sofá branco e apoiou o queixo na mão, seu olhar está voltado para a porta de vidro fechada, e observava dispersa o vento forte balançar a copa das ávores e algumas plantas do jardim. Quando ouviu o som de passos vindo em sua direção, voltou instantameamente seus olhos extremamente verdes para o corredor esquerdo onde, segundos depois, Marlee Temers Woodwork acabara de passar.

Marlee tem os cabelos de um castanho alourado, brilhantes, e que caiam levemente até a altura de seus ombros magros. Assim que avistou Jakeline, acenou brevemente e tentou abrir um sorriso educado para a moça.

Quando chegou perto o suficiente, a cumprimentou com um beijo em cada lado de seu rosto quadrado.

—Como você está? - Jakeline perguntou ao observar Marlee sentar-se no sofá em frente de si.

Ela suspirou antes de respondê-la.

—Estou bem na medida do possível... - falou ao deslizar uma mão nervosamente pela a sua testa franzida. - Mas acredito que você não deva estar muito melhor do que eu - murmurou enquanto lançava para Jakeline um olhar compadecido.

Jakeline pigarreou fortemente, tentanto em vão limpar a garganta do nó que instalou-se por ali.

—Na verdade, acredito que ninguém esteja bem... quero dizer, ninguém que gosta de Kile deve estar bem.

Marlee concordou com a cabeça e inclinou-se para a frente, pegando as duas mãos de Jakeline e entrelançando-as com as suas próprias.

—Sinto muito, querida. É uma situação que nunca iriamos imaginar... mas eu tenho fé que logo meu filho irá acordar e tudo voltará a ficar como antes - murmurou ela, soando com extrema convicção. Marlee realmente acreditava que não demoraria muito pro seu Kile acordar, seu filho caçula. Ela desejava isso ardentemente todos os dias, todas as horas, minutos e segundos de seu dia.

Jakeline, no entanto, não era provida de tanta fé quanto a mulher que segurava fortemente suas mãos naquele exato momento.

—Marlee... eu espero que tudo fique bem, você sabe... ele é o homem que eu sempre quis, desde o ensino médio. Não é à toa que estamos namorando já há três anos.

A loura abriu um sorriso afetado para Jakeline, seus olhos castanhos brilharam por conta das lágrimas que, a qualquer instante, poderiam transbordar.

—Você sabe porque ele estava viajando de carro para a Villa? - Perguntou, a voz levemente embargada. Marlee sempre fora muito emocional. - Digo, quando o... - suspirou e fechou os olhos com força por um segundo. - Quando o acidente aconteceu. Quando aquele maldito caminhão bateu no carro dele.

Jakeline suspeitava, mas não queria dizer em voz alta. Mesmo que não fosse sua culpa, era sempre doloroso lembrar que o seu namorado sofrera um acidente quando estava indo visitá-la à noite.

—Não - falou ao desviar o olhar para os seus saltos super altos. Seus cabelos negros e curtos, na altura do queixo, balançaram um pouco com o seu movimento um tanto brusco.

—Ele estava indo te ver - falou, dizendo à Jakeline o que ela já desconfiava. O que mais ele estaria fazendo na estrada, às 1:00 da manhã e em direção à Villa, seu bairro?

Seu corpo estremeceu um pouco e Marlee finalmente soltou das mãos da moça. Retirou de dentro do bolso do casaco que usava uma caixinha vermelha.

—Isso estava dentro do bolso dele na hora... - falou enquanto estendia a delicada e pequena caixa para Jakeline que, hesitante, a pegou.

Lentamente, a abriu e deparou-se com um anel de ouro branco, sua pedra era brilhante e robusta. Ela sempre gostou de jóias chamativas e, com certeza, Kile sabia disso quando comprou.

—Acho que ele iria te pedir em casamento, Jake - Marlee pressupôs, observando enquanto a nora sorria e algumas lágrimas escorriam pela a sua pele caramelo. Levantou-se e sentou ao seu lado, abraçando a garota afavelmente.

—Ele têm que ficar bem, Marlee - balbuciou ela, enquanto olhava para o anel que havia feito o seu amor por Kile aumentar subitamente, e que acabara de colocar no seu dedo anelar.

 

Hospital de Illéa - às 00:22H 

Naquela noite, Eadlyn levou até o quarto 212 um saco de biscoitos amanteigado. Ela amava tanto aqueles biscoitos que dificilmente quando comprava, dividia com alguém. Entrou e sentou-se como na noite anterior, quando pressupôs que o rapaz deitado ao leito estava em coma. Ela gostava muito daquele sofá com estofado negro e de couro, gostava mesmo, tanto que quando sentara nele pela a primeira vez, cogitou a possibilidade de arquitetar um plano para roubá-lo e levá-lo para sua casa. No entanto, naquela noite, ela não estava satisfeita em sentar-se ali.

Não que houvesse algo de errado com aquele belíssimo sofá, é só que Eadlyn queria ficar mais perto do cara em coma. Puxou uma cadeira com rodinhas que estava encostada na parede branca, até deixá-la ao lado da cama hospitalar. Cruzou as pernas e apoiou um cotovelo no joelho, repousando uma de suas bochechas na palma da mão. Mastigava ruidosamente e de forma agonizantemente lenta o biscoito que colocara para dentro da boca momentos atrás.

Observou o moreno, e o aparelho; queria confirmar que ele estava vivo. Seria muito estranho dormir num quarto com uma pessoa morta a poucos metros de distância. Reparou que o cabelo ondulado dele estava meio que penteado para o lado... Alguém devia ter ido visitá-lo pela a manhã ou à tarde. Em cima da mesinha de cabeceira, tinha um vaso de vidro fino e ultra transparente; dentro, um buquê de flores aleatórias e coloridas. Ao lado, havia um cartão.

Eadlyn queria abri-lo, ter pelo menos uma pequena ideia de quem era aquele garoto misterioso e, principalmente, saber qual era o seu nome. Ergueu o braço em direção ao papel enfeitado e duro, mas parou no meio do caminho, de repente sentindo-se enxerida demais.

Olhou novamente para o cartão.

Suspirou.

Revirou os olhos.

"Vamos, Eadlyn! Ele nunca vai saber", resmungou em sua mente, ficando mal humorada com a sua própria hesitação.

Suspirou novamente.

—Então... Boa noite. Como você está? Quer dizer... Tipo, espero que você esteja bem e tal... Na verdade, eu só queria saber se você... Ahn, sei lá... Meio que se importaria se eu lesse o cartão que te deixaram aqui? Claro, você não pode me dizer se sim ou que não... Né? Vamos fazer assim, eu vou pegar a sua mão, se você a apertar de leve, é porque eu não posso ler, OK? - Perguntou ela, sabendo exatamente que a probabilidade dele a estar ouvindo e entendendo e, principalmente, emitir algum tipo de resposta, era pouco provável.

Limpou sua mão suja de farelo nas calças de algodão verde com uma listra grossa e azul, e então, delicadamente, pegou nos dedos do rapaz como se fossem feitos de cristal.

—Vou contar até 3... 1, 2, 3... - Eadlyn esperou mais alguns segundos, e quando não obteve resposta, pegou afobada o cartão de cima da mesa.

Ele era azul escuro e um coração vermelho estava tingido no centro. Estava envolto em uma fita vermelha também. Cuidadosamente, Eadlyn desatou o laço e, afoita pela a sua curiosidade, não demorou muito para abrir o cartão.

Duas coisas a garota observou simultaneamente. 1) A caligrafia era impecavelmente elegante e cursiva, e 2) não havia o nome do garoto no remetente.

—'De sua mãe, para seu filho amado' - ela leu em voz alta e monótona. - E aí, carinha? Será que algum dia eu vou saber qual é ao menos o seu primeiro nome? - Agora, ela voltou-se novamente para o rosto dele, e o seu próprio estava franzido e pensativo. - Será que é Pablo? - Refletiu enquanto abria um sorrisinho divertido para si mesma. - Talvez Matheus? Henrique? Henry? Edward... - seu sorriso alargou-se de orelha à orelha. - Ei, se for Edward, será que você brilha no sol igual o Edward Cullen da saga crepúsculo? Bem... Tá certo que você é meio moreno, não tem cor de folha de ofício, mas mesmo assim... Imagina que foda que iria ser? - De repente, ela parou por alguns segundos e disse: - Já sei!! O seu nome é Rodolfo?

E então Eadlyn começou a rir.

Rir muito.

—Ei, sério... Espero que o seu nome não seja Rodolfo... Seria péssimo - diz, seus olhos levemente úmidos por conta da gargalhada que dera a pouco. Olhou mais uma vez para o papel em suas mãos e, mais uma vez, sua curiosidade sendo mais forte do que o seu bom senso em não violar as cartas de uma pessoa que, no momento, está incapacitada a reagir porque está em coma.

Mas, isso não a impediu de erguer o cartão diante dos olhos e começar a lê-lo em voz alta, fingindo - e bem mal - a si mesma que está fazendo um favor ao rapaz por ler a carta da mãe pra ele, mesmo que, talvez, seja em vão.

—"Meu filho... Eu nem sei por onde começar... Talvez nem exista um bom lugar para começar, afinal, você está em coma... Por enquanto. Escrevo esta carta com o coração na mão, seu pai e eu estamos desestabilizados sem a sua presença. Sempre calmo, prestativo, inteligente, competente. A empresa também está sentindo sua falta e, o seu irmão, está fazendo o possível para levar o seu projeto à cabo. Eu disse a ele que você logo irá acordar e então poderá ajudá-lo, e que ele não precisa ter pressa, mas,  mesmo assim, continua correndo, estressado. Você o conhece, seu irmão quer sempre acabar as coisas o mais rápido possível.

Eu só quero que saiba que estamos sentindo muito a sua falta, muito mesmo, e que eu sei, tenho certeza, que Deus não nos deixará na mão. Eu confio nEle, e em você, querido. Seu pai chorou ontem antes de dormir... Eu não o via chorar há muito tempo, filho. Muito tempo.

Bom, eu poderia estar lendo este cartão em voz alta pra você, mas prefiro que você leia por si mesmo quando acordar.

Te amamos,

Beijos de sua mãe que te ama irrevogavelmente, de seu pai, seu irmão, Jackeline e amigos.

Até logo."

Eadlyn largou o cartão em cima de seu próprio colo e, embora fosse a única consciente no quarto, sentiu suas bochechas corarem.

—Uou, parece que eu estraguei com a surpresa, né, sr. Misterioso? Desculpa... Espero que sua mãe nunca fique sabendo disso - murmurou ela, a voz saindo num jato, como sempre acontecia quando ficava nervosa. Dobrou o cartão novamente e tentou refazer o laço da forma mais parecida possível e, então, deixou-o exatamente onde estava.

Dois minutos depois, pegou mais um biscoito de dentro do pacote que guardara dentro do bolso da camiseta do uniforme. Mastigou lentamente e então falou de boca cheia:

—Você já comeu biscoitos amanteigado? É muito gostoso, quando eu receber meu próximo salário, vou deixar um pacote de biscoito embrulhado em presente pra você. Com certeza você nunca vai ganhar um presente tão maravilhoso quanto esse - disse antes de olhar para o relógio tiquetaqueado no alto da parede, acima da estrutura da porta, e percebeu que ficou tempo demais conversando... Ou quase isso, com aquele sujeito. - Ei, preciso tirar minha soneca... Boa noite pra você, sr. Misterioso.

Arrastou a cadeira para o mesmo lugar de sempre e, confortavelmente, jogou-se no sofá da mesma forma que fazia quando deitava em sua própria cama em casa.

Pegou no sono em seguida.


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