Vampire Heart escrita por Tsutsu


Capítulo 1
O Coração do Vampiro.


Notas iniciais do capítulo

A intenção é que seja CastNath, mas estão livres para shippar qualquer um deles, haha.



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Meus pais sempre foram pessoas bem-sucedidas, com ótimos contatos e títulos, e dinheiro que sobrava. Bem, isso foi antes dos meus pais serem vitimas de um golpe, obrigando a família retornar a sua cidade natal perto das montanhas, o que desagradou a todos nós, porém, aos poucos fomos acostumando e fazendo novas amizades, estas que meus pais consideravam “necessárias”, ou seja, não incluía pessoas como Rosalya e Lynn, duas amigas minhas consideradas plebeias e de má índole pelos meus pais, mas, honestamente, sempre ignorei estas coisas que eles diziam e aceitava ser castigado todas as vezes que ia visita-las ou até mesmo falar com elas. Pois, em minha opinião, elas eram as únicas não interessadas nos títulos que minha família possuía.

Por ser o único filho homem, meu pai sempre exigiu muito de mim e eu sempre dei o meu melhor. Ao contrário de mim, minha bela irmã, Ambre, é sempre mimada pelo meu pai, mas acho até compreensível, já que até mesmo eu a mimo, às vezes. E é claro que eles esperam que alguém rico e de “boa índole” venha e, se case com minha irmã. Só que o que eu não esperava era que fosse tão depressa e tão de repente. Mesmo estando na cidade há mais de seis meses, meus pais disseram que conseguiram arranjar um pretendente para Ambre e este morava numa mansão nas montanhas, além de ser um jovem lorde e rico, muito rico. Naturalmente meus pais organizaram tudo para que Ambre pudesse encontrar-se com o lorde e também para que eles pudessem receber o dinheiro necessário, que pagaria o resto de nossas dividas.

Mas se eu gostei disso? Não, nem um pouco! Meus pais enlouqueceram! E Ambre, apesar de estar interessada em ter uma vida de luxo de volta, está assustada, por causa dos rumores que rondam a mansão do lorde localizada nas montanhas acima e tais rumores são passados de gerações a gerações pelas famílias.

— O que devemos fazer? — Ambre me questionava, enquanto andava de um lado para o outro dentro do meu quarto. Era de noite e faltava um dia para o cocheiro do lorde vir buscar Ambre e trazer o dinheiro. — Nath, você é meu irmão, tem que me ajudar!

— O que eu posso fazer? — a questionei. Gostaria de ajudar, mas tudo que passa pela minha cabeça é uma fuga, só que Ambre não conseguiria viver sozinha no mundo a fora e eu também não me perdoaria se algo de ruim acontecesse com ela.

— Se ao menos você tivesse nascido menina... — ela lamentou sentando-se na ponta da minha cama, na qual eu estava deitado apreciando um livro até ela vir.

Se eu tivesse nascido menina...?

Tive uma ideia. Uma desagradável ideia. Mas talvez fosse uma forma de livrar minha irmã – e até mesmo de me livrar— das garras dessa família maluca. Não me entendam mal, amo meus pais, só que dessa vez eles passaram dos limites. Entregar sua única filha mulher para um completo estranho por causa de dinheiro? Não me parece correto que pais façam isso com seus filhos.

— Ambre. — a chamei e ela me olhou. — Talvez eu tenha a solução para isso...

— E qual seria? — perguntou empolgada.

— Vamos trocar de lugar.

— Hã?! Mas você é um garoto!

— Escute e fale baixo. — pedi e ela obedeceu. — Somos irmãos gêmeos, certo? — ela assentiu. — Você não viu o lorde e nem nenhum criado dele, certo? — novamente assentiu. — Logo eles desconhecem sua aparência e como somos parecidos, eles não vão saber que não é você já que não te conhece, entendeu?

— Sim, mas isso não vai mudar o fato de você ser um garoto... — ela não entendeu, terei que ser direto.

— Eu vou me disfarçar de garota e ser sua “irmã gêmea”.

— ... — ela ficou vermelha, pois segurava o riso.

— Não ria! — quase gritei irritado.

— Mas o lorde vai acabar descobrindo no dia do casamento, tem a noite de núpcias, sabe... — ela já estava rindo, imaginando a cena.

— Escute o resto do plano. — falei irritado.

— Ok, ok... — ela secava as lágrimas que escaparam de tanto rir.

— No dia do casamento, que é... Quando mesmo?

— A mamãe disse que é para daqui duas semanas, segundo o criado é assim que funciona lá.

— Certo. Então, um dia antes do casamento você vai se encontrar comigo e vamos fugir com o dinheiro que eu consegui pegar do lorde.

— Você vai roubar o lorde? — ela me olhou assustada.

— Não me olhe como se fosse roubar tudo dele, seria impossível, vou apenas pegar “emprestado” uma quantia o suficiente para nós dois fugirmos daqui e recomeçarmos em outro lugar.

— Você planeja fugir de casa?

— Sim. Você não está cansada dessa falsidade toda e dessas pessoas interesseiras? Você não está assustada com o fato de ir para a mansão e ficar lá para sempre?

— Sim, mas como vamos fazer isso tudo sozinhos?

— Não faremos sozinhos. — ela me fitou. — Sei que não gosta da Lynn e da Rosalya, mas elas são as mais confiáveis e elas irão nos ajudar, com certeza, e preciso que você aceite a ajuda delas e vice-versa, preciso que vocês se aturem, pelo menos, por mim, senão serei eu que terei problemas com o lorde e com os nossos pais, entendeu?

— Entendi. Mas como vai explicar sua ausência?

— Vou dizer que surgiu um serviço que paga bem e que ficarei fora por alguns dias, eles vão aceitar, ainda mais se envolver algo que pague bem.

— Tem razão. — esse é um daqueles raros momentos em que minha irmã aparece com uma expressão preocupada, o que me faz segurar as mãos dela e entrelaçar nossos dedos.

— Está tudo bem. — encosto minha testa na sua e dou meu melhor sorriso. — Com certeza irei proteger você, custe o que custar, porque você é minha bela irmãzinha. — ela me abraçou e eu retribui.

Na manhã seguinte, logo pela manhã contei sobre meus planos a Lynn e Rosalya, que entenderam perfeitamente e aceitaram “aturar” minha irmã, além de me ajudarem a se disfarçar.

— Sempre quis colocar um vestido em você. — disse Rosa com um estranho e assustador sorriso.

Claramente meus sentidos disseram que é perigoso e eu deveria correr e me esconder, mas precisei engolir seco e ignorar meus sentidos.

— Posso cuidar da maquiagem e do cabelo. — falou Lynn igualmente empolgada.

— Por que estão tão empolgadas? — questionei ficando desconfortável com as conversas delas sobre quais cores seriam melhores para o meu tom de pele e se eu deveria usar salto ou não; eu nem sei usar isso...

— Porque, Nath, você sempre teve uma beleza mais feminina. — explicou Lynn.

— E também tem medidas femininas. — completou Rosalya.

Elas falaram isso como se fosse algo bom e motivador, basicamente disseram que sou parecido com uma garota. Se estou arrependido de fazer isso? Sim! Com certeza! Se eu sou obrigado a fazer isso? Mais ou menos! Se eu deveria correr? Ainda pergunta?!

— Mas fique calmo e não se preocupe, nós vamos deixa-lo perfeito, eles nem vão notar que você é um garoto. — dizia Rosa tentando, apenas tentando me tranquilizar. — E também vamos aproveitar que você está livre hoje e ensinar algumas coisas que você precisa, porque não poderemos ir lá te maquiar e nem vestir, certo? — apenas assenti já sentindo a morte por perto e como esse seria um longo dia.

— Também precisa mudar sua voz e falar mais no feminino. Pode começar a praticar. — exigiu Lynn.

As duas me arrastaram para dentro da casa de Rosalya, na qual sua família vivia basicamente da costura, enquanto a família de Lynn tem uma fazenda. Elas não eram ricas, mas não estavam passando fome também, como meus pais pensam.

O dia passou lentamente para mim, que ficou “estudando” o comportamento feminino, que teve suas malas arrumadas (cheias de cosméticos e vestidos) e que ainda teve que explicar sobre o “novo serviço que paga bem” para seus pais exigentes. Também deixei tudo acertado com minha irmã, onde ela deveria se encontrar com o cocheiro no inicio da floresta e sozinha, estas eram as exigências do lorde. Ao chegar a hora, Ambre se despediu de meus pais e foi, mas foi para uma direção perto dali, onde ficaria em um lugar seguro, conhecido como a cabana de Lynn e Rosalya, que elas usavam para brincar quando crianças. Enquanto segui em direção à floresta, pois para os meus pais eu já estaria embarcando em um navio no meu “novo serviço”.

Era uma das noites mais bem iluminadas pela lua que eu já tinha visto, chegava a ser uma bela paisagem e fiquei ali parado, usando meu vestido e o cabelo (peruca) comprido, com perfume e maquiagem, além de um penteado que não saberei explicar como foi feito isso. De onde vieram tantos jeitos de se usar um cabelo comprido?

Demorou um pouco, porém, logo pude escutar as rodas da carruagem e minha atenção voltou-se para a floresta escura, deixando a bela lua cheia de lado, resolvi adentrar um pouco mais ali, peguei as duas malas de mão e fiz de alguma forma que o vestido não rasgasse, caso isso acontecesse Rosa me mataria antes que o meu pai ou o lorde.

Parei de andar quando vi a carruagem parar, o cocheiro descer e caminhar na minha direção. Não pude ver seu rosto perfeitamente porque usava uma capa com capuz preto, mas tinha uma aura, no mínimo, diferente. Ele parou na minha frente e pude ver melhor seu rosto, tinha olhos verdes e a pele clara, não é muito alto, de fato, eu sou mais alto que ele.

— Senhorita? — perguntou me olhando seriamente como se me analisasse.

Ele tem uma voz gentil...

— Natha... Nathalia. — disse. Uffa, meus pais não disseram o nome da Ambre. — Mas pode me chamar de Nath. — assim fica mais fácil de eu atender pelo nome.

— Senhorita Nathalia, siga-me, por favor. Permita-me carregar suas bagagens. — assenti entregando as duas malas e caminhei ao seu lado.

Ele colocou as malas no bagageiro e abriu a porta da carruagem fazendo uma reverência, adentrei sem cerimônias, a porta foi fechada e agora não à volta. Os cavalos começaram a cavalgar rapidamente ao seu destino.

Não sei quando, mas acabei pegando no sono e gentilmente o cocheiro me acordou e, me ajudou a descer da carruagem, quase manchei a maquiagem quando pensei em esfregar os olhos, mas me lembrei de Lynn me dizendo o que deveria ou não fazer enquanto uso maquiagem – as palavras delas serão meus fantasmas durante minha estadia aqui.

Olhei em volta e era simplesmente um lugar enorme, grande demais, eu diria. Era lindo. O jardim estava impecável assim como toda a mansão. De repente a grande porta de madeira da mansão se abriu e pude ver claramente dois rapazes, gêmeos idênticos, exceto pelas cores dos cabelos e olhos, um de cada lado da porta como se me esperassem e de fato, estão.

— Senhorita Nathalia, levarei seus pertences até seus aposentos. A senhorita pode seguir em frente, os empregados lhe mostrarão o caminho. — disse o cocheiro carregando minhas malas e adentrando a grande porta de mão dupla, sumindo da minha vista, enquanto eu subia os degraus para adentrar o recinto também.

— Seja bem-vinda, senhorita Nathalia! — disseram os dois em uníssono (animados) e se aproximando de mim, ficando cada um de um lado meu.

— A senhorita é muito bonita, se me permite dizer. — disse o moreno de olhos azuis. Minha vontade era de sair correndo de perto desse pervertido.

— Senhorita Nathalia, também parece apetitosa. — falou o de cabelos azuis e olhos violetas. Outro pervertido.

— Alexy, o senhor Castiel vai ficar zangado se você comer a sobremesa antes do jantar. — alertou o moreno.

— Armin, o senhor Castiel também gosta de fazer um jantar invertido, às vezes. — o que os dois estão falando e por que estão segurando meus braços? Estranho. Muito estranho. — E também não devemos falar desse assunto perto de uma bela dama, certo?

— Certíssimo.

Eles ficaram quietos e me levaram até uma enorme mesa de jantar, onde tudo já estava posto, me ajudaram a sentar e notei que havia apenas o meu prato posto, e o resto dos lugares vazio.

— A senhorita deve estar faminta, não é? Nós, os gêmeos empregados da mansão do lorde, vamos te servir. — disse o garoto que se chamava Alexy.

Tudo está muito estranho. Parece até que os rumores são verdadeiros... Impossível. O lorde deve ser apenas um homem excêntrico ou um gênio mal compreendido... Ele não é um canibal... Não é?

Olhei para os vários pratos que me traziam. Pareciam maravilhosos e sim, provei, me arriscando com qualquer possibilidade de ser envenenado pelos empregados igualmente excêntricos do lorde, mas a comida estava boa e eles tinham razão, eu estava faminto já que a Lynn e a Rosa não me deixaram almoçar direito, nem café tomei.

— Estava delicioso. — elogiei com um sorriso. — Quando poderei ver o lorde? — admito estar curioso em conhecê-lo.

— Em breve, senhorita Nathalia. — disse Armin.

— Podem me chamar só de Nath, não é o necessário “a senhorita”. — falei olhando ambos, que se entreolharam.

— Diferente. — disseram juntos novamente e levaram a louça em silêncio.

Diferente são vocês! Pensei comigo.

— A senhorita está livre para explorar a mansão se quiser, apenas não adentre a floresta, pode ser perigoso. — disse Alexy quando retornou com um sorriso.

— Mesmo? — achei que eles fossem ficar em cima de mim o tempo inteiro, mas até que parecem ser legais.

— Sim! — eles disseram juntos com um sorriso.

— Certo. — pedi licença e me levantei, caminhando perdido por dentro da gigantesca mansão.

Tudo era muito bonito e bem mobiliado, tudo ali parecia caro. Fez-me lembrar das coisas como eram antes do golpe, antes de meu pai ser enganado por “amigos”. Mas esta é outra história. O fato é que a mansão é bela e bem cuidada, os empregados devem realmente amar seu trabalho.

Quando me dei conta, tinha subido as escadarias e parado no andar de cima, distraído com a decoração e também memorizando cada canto até eu bater de frente contra alguém.

— Perdão. — falei imediatamente, dando um passo para trás e olhando a costas da pessoa, que se virou.

Era um jovem rapaz de cabelos brancos e pontas destes negras, os olhos um de cada cor (dourado e verde), bem chamativos e um sorriso doce, de quem realmente não se importou. Ele era mais alto do que eu, o que me fez erguer um pouco a cabeça para olhá-lo.

— Está tudo bem, minha bela dama. — ele dissera tomando uma mão minha e beijando seu dorso. Sua voz é monótona e bem suave, também tem certa gentileza. Quem seria ele? — Está perdida? Às vezes também me perco nesta mansão. — dissera soltando minha mão com delicadeza.

— Na verdade, não, senhor. Estou conhecendo o lugar.

— Oh, você deve ser a noiva. — ele sorriu docemente.

— Sim, senhor. Chamo-me Nathalia, é um prazer conhece-lo. — fiz uma mesura.

— Igualmente. — ele também fizera uma reverência, mas não me disse seu nome, pois fomos interrompidos pelo cocheiro que agora estava sem o capuz e sua aparência é de alguém que tinha a minha idade, na verdade, ele me lembra muito alguém, mas não tem como ele ser parente dessa pessoa, impossível. — Vejo que já se conhecem, este é o cocheiro, senhor Kentin.

— Senhor. — chamou Kentin, olhando o misterioso ser de olhos bicolores. — Já está na hora do jantar, vamos? — Kentin me ignorou e foi andando na frente, enquanto o outro o seguia.

— Nos vemos mais tarde, senhorita Nathalia. — se despediu e eu assenti.

Estranho. Seria ele o lorde? Bom, sei que apenas desci as escadas novamente e fui ao jardim apreciar mais um pouco o luar, seria a primeira vez que não precisaria me preocupar em lavar a louça, porque é isso que sobra para mim a noite. Trabalho, mais trabalho. Suspirei e fui até o canteiro de rosas vermelhas, que estavam magnificas por sinal.

— Tudo aqui é muito perfeito, parece até um conto de fadas. — pensei alto; as pessoas deveriam parar de fazer rumores só porque o lorde é excêntrico.

— Contos de fadas não existem, senhorita Nathalia. — disse uma voz masculina desconhecida e olhei para o lado, havia outro rapaz ali e usando roupas de mordomo. Mais um empregado da casa, então, aquele de antes com o cocheiro era o lorde. Aliás, quando esse mordomo chegou aqui?

— Você está certo. Contos de fadas não existem, porque no final as pessoas são só interesseiras. — disse. De fato, ele está certo. Não posso me iludir mais. — Perdão, mas qual é o seu nome?

— Castiel, eu sou o mordomo da mansão Ainsworth. — disse me olhando seriamente com aqueles olhos cinza. — A senhorita não deveria ficar aqui fora, pode acabar ficando doente e isso seria um incomodo para mim. — não sei se ele está preocupado, mas isto me irritou um pouco; como eu poderia ser um incomodo pra ele? — Também é meu dever deixar bem claro as regras da mansão e também como as coisas funciona aqui.

— Estou escutando. — falei meio irritado.

— Perfeito. Primeiro: o senhor Ainsworth é muito ocupado, então, não o atrapalhe e ele também prefere jantar sozinho; segundo: não me atrapalhe, faça o que eu te mandar fazer sem nenhuma hesitação, se eu te mandar calar a boca, você vai; terceiro: você deve ser uma boa comida e obedecer aos outros empregados também, afinal, você ainda não é a senhora Ainsworth e mesmo se fosse, esta é a sua função aqui.

Minha vontade era de soca-lo, não sei se ele está falando sério ou está fazendo graça de mim.

— Eu vou obedecer se achar necessário! Você não é meu dono! — falei alto.

— ...Você não tem medo? — ele perguntou um pouco surpreso.

— Medo de você? Nunca! Você só está fazendo graça de mim!

— Estranho uma dama não ficar assustada em estar numa mansão com cinco homens mais fortes do que ela e ainda no meio da floresta das montanhas.

Isso porque também sou homem, mas agora que ele falou, eu deveria ficar assustado?

— Não estou com medo. — disse firme e retribuindo o olhar dele.

— Não sei se você é corajosa ou estúpida. — ele disse com desdém. Meu punho cerrado simplesmente deslizou para a cara dele, mas ele acabou segurando o soco com uma mão em cima da minha, foi assim que senti como ele estava gelado. — Já sei. Você é estúpida, senhorita Nathalia.

Sua pele é tão fria, será que ele está com frio? Nem estou prestando atenção no que ele disse, só sei que ele é mais forte do que eu. Abaixei meu punho e coloquei a outra mão na testa dele.

— O que você está fazendo? — ele perguntou com uma expressão confusa.

— Vendo se você está com febre. — a testa também está gelada, peguei ambas as mãos dele. — Você está congelando! — como alguém pode ficar se mexendo tão bem estando congelando? O olhei e ele deu um sorriso um tanto assustador para mim.

— Eu não sou humano. Você já deve ter ouvido os rumores sobre a mansão Ainsworth. — ele falava. Ele está mentindo, está fazendo graça de mim de novo. — Não é mentira.

Não sei quando foi que ele me puxou para perto de si e nem quando ele começou a segurar meus punhos, me impedindo de fugir, mas estávamos próximos demais um do outro e eu pude ver claramente, graças à luz da lua, seus olhos irem do cinza para o vermelho. Uma única palavra veio na minha mente neste instante.

“Os rumores são sobre um jovem e belo rapaz, cujo titulo de lorde foi lhe dado há muito tempo... ele mora em uma bela mansão nas montanhas acompanhado pelos seus criados... dizem que ele é uma espécie de canibal, um demônio sugador de sangue... e ele transformou seus criados nisso também para que não ficasse sozinho...”

— Vampiro. — senti algo perfurando meu pescoço juntamente com um líquido quente escorrendo e a língua gelada dele, saboreando aquilo.

— Você começou sem nós, senhor Castiel! — reclamou a conhecida voz recentemente, era Alexy reclamando.

— Irmão, fique calmo, nada nos impede de nos divertir junto deles! — disse Armin. E mais dois pares de presas penetraram a minha pele, Armin ficou no outro lado do pescoço atrás de mim e Alexy pegou meu punho esquerdo, mordendo ali.

“Os rumores são esses, sobre um mordomo sádico, empregados gêmeos e um cocheiro... todos são vampiros, todos são demônios sugadores de sangue... é por isso que a cada ano eles vêm e escolhem uma noiva para ser seu alimento, de preferência uma bela dama virgem e de sangue doce, em troca dessa dama eles dão dinheiro aos pais desesperados em pagar suas dividas...”

— Meu lorde, gostaria de metade ou quer a taça cheia de sangue? — perguntou Kentin que apareceu ao lado do lorde Ainsworth.

— Metade já está bom e é bom se controlarem ou vão matar a bela dama. — falou naturalmente, enquanto Kentin caminhava em minha direção, os outros três vampiros pararam de sugar meu sangue, mas ainda me seguravam.

— Seja bem-vinda a mansão Ainsworth. — disse Kentin pegando minha mão e a mordendo, sugando um pouco de sangue e depois deixou escorrer dentro da taça.

Nessa altura minha cabeça doía e meu corpo estava pesado demais, as lágrimas escorriam e tudo que eu senti foi dor e, medo.

— O sangue dela é doce demais. — reclamou Castiel.

— Senhor Castiel odeia coisas doces, não é, Armin?

— Sim, Alexy, acho que podemos ficar com sua parte, certo, senhor Castiel?

— Vocês são muito abusados, isso sim! — irritou-se Castiel, enquanto Kentin levava a taça preenchida com metade do meu sangue.

Estou sem forças para me mexer, sinto que vou perder a consciência a qualquer instante mesmo que eu lute contra, minhas pálpebras estão pesadas.

— Não briguem pela bela dama, ela ainda é minha noiva e deve ser bem tratada. — disse o lorde bebericando seu “drink”. — Foi rude da minha parte mais cedo, senhorita Nathalia, eu não me apresentei adequadamente. Meu nome é Lysandre Sinclair Ainsworth e sou dono da mansão, também mestre destes vampiros. Por favor, sinta-se em casa.

“As noivas que vão para lá jamais retornam.”

Lembrei-me de todos os rumores que Lynn me contara antes de perder a consciência e, a última coisa que senti foram os braços do mordomo me carregando no seu colo e também a última coisa que vi foram seus olhos cinza e o cabelo vermelho, depois disso apaguei por completo.

Espero que seja apenas um sonho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, foi um pequeno devaneio. Deixem seus reviews para eu saber se ficou bom :3.