Reiko.

Terminei de passar por entre as últimas árvores e cheguei no lago que ficava perto da mansão. Senti a brisa passar por meu rosto e levar meu cabelos para trás.
Quando eu queria ficar sozinha na mansão eu vinha ali, era raro encontrar alguns dos Sakamakis ali, mas não era impossível. Me aproximei do pier mas antes de conseguir chegar até o início dele senti uma tontura e cai no chão, por sorte havia feito minha mão de apoio.

— Justo agora ? - Indaguei.

Me levantei, meu vestido sapatos e meias haviam ficados imundos com barro, mas isso não era importante agora. Minhas pernas pareciam estar perdendo a força, ao longos dos anos eu parecia ficar mais fraca e com a saúde mais deplorável, mas sempre quando se aproximava das noites de lua cheia tudo ia ficando pior, até finalmente a noite passar. Me arrastei até o pier e em me sentei no chão, atrás da primeira coluna que o sustentava no chão, tinha algo que eu precisava recuperar. Comecei a cavar o chão, não me importando com a terra úmida que começava a se acumular em baixo das minhas unhas. Logo consegui senti algo rígido e gelado em meus dedos, tirei de lá.

Olhei para o pequeno revolver de prata em minhas mãos, era um revolver de prata que possuía uma roleta russa com seis espaços vagos para balas, as balas eu escondia em outro lugar. Me aproximei do lago e lavei o revolver e depois o guardei entre meus seios me certificando que não dava para vê-lo. Comecei a andar em direção a mansão. Eu não podia desperdiçar minhas balas, já que não tinha muitas. E duvido que conseguiria ver Seiji novamente para ele me dar outras balas, segundo ele as balas eram suficientes já que era cada uma para um dos irmãos. Não me permitindo chance de erro, embora meus interesses tenham mudado sutilmente com o tempo.

Parei de andar por um tempo e me escorei em uma árvore. Recuperei minha respiração e voltei a andar, eu precisava chegar em meu quarto logo. Não queria me arriscar e acabar encontrando algum Sakamaki no caminho. Eu não sabia como eram esses fundadores, mas eu não queria morrer ainda, sem antes realizar minhas preteções. E eles não precisavam de mim só de Yui, então o que me garantia que não seria morta ?

Consegui realizar minhas pretensões, cheguei ao meu quarto com sucesso. Tomei banho e troquei de roupa, vesti um vestido preto rodado de mangas longas. E depois escondi meu revolver embaixo do coxão. Saí do meu quarto apressadamente e entrei no quarto de Yui, meu antigo quarto ela não estava lá e isso era ótimo, ergui o coxão dela depois de muito esforço e dentro do coxão estava lá, as balas. Arrumei a cama dela e voltei ao meu quarto, carreguei o revolver e abri meu gesso, era bem mais duro do que imaginava. Tirei o “miolo” da parte superior do gesso e apenas deixei uma fina casca, escondi meu revolver lá dentro. A verdade era que, meu braço já estava bom a algum tempo. Mas o gesso era conveniente.  Eu estava cada vez mais próxima do despertar, eu pudia isso notar com a minha regeneração cada vez mais rápida, mas isso não importava muito pois todas as outras noivas sacrifício já haviam morrido antes do despertar e eu tinha certeza que eu não seria diferente, isso se um dos fundadores não me matasse antes. Terminei de esconder o revolver no meu gesso. E soltei um suspiro, estava aliada por não ter sido pega no "pulo."

Yui Komori.

— M-Neko-chan.

Abri meus olhos e pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a claridade. Apoiei meus cotovelos e ergui meu corpo. Levei um pequeno susto assim que avistei Kou a minha frente. Ele estava com um sorriso amistoso no rosto e com uma mão no quadril.

— Kou-kun. - Falei.

Kou se aproximou e se abaixou até que seu rosto ficasse na mesma altura que a minha.

— M-Neko-chan. Te encontrei! - Ele disse sorrindo e fechando os olhos de uma maneira aparentemente pura.

— Me encontrou ? - Indaguei.

— Sim. -Ele disse arrumando a postura e abrindo os olhos.

Kou colocou as mãos nos quadril e assumiu um expressão um tanto empurrada.

 - Ayato-kun não queria me contar onde você estava. - Reclamou ele. - Deu um certo trabalho andar pela mansão, até conseguir sentir seu cheiro. Até porque o cheiro daquela outra garota estava muito forte e isso me atrapalhou um pouco.

— Outra garota… - Disse. - Você fala da Reiko-chan?

"Será que está tudo bem com a Reiko-chan." Pensei.

— Mas é claro, de quem mais seria ? - Kou riu de forma simpática. - M-Neko-chan, não acha que eu mereço uma recompensa ? Afinal eu me esforcei tanto…

— Uma recompensa… - Falei. - O que você gostaria ?

Kou levou as mãos aos meus ombros me empurrando me fazendo deitar novamente sobre o sofá.

— Seu sangue é claro. - Ele falou abrindo mais ainda seu sorriso constante.

Kou começou a se aproximar, olhei para o lado e bati no pulso dele o empurrando e após me levantei de maneira rápida e fui em direção a porta, tentei puxar a maçaneta inúmeras vezes mas a porta não se abria. Ayato tinha me trancado no quarto ?

— M-Neko-chan mesmo eu sendo tão gentil você insiste em ser egoísta… - Ele falou mudando drasticamente o tom gentil de sua voz.

Senti a mão dele em meu braço, logo o mesmo o puxou me obrigando a se virar.

— Kou-kun, não… - Falei.

— Você continua com isso ? - Ele disse semicerrando os olhos.

Kou levou sua mão em minha cintura e me puxou contra ele. Fechei os olhos, ele foi rápido cravou suas presas em meu pescoço sem nenhuma gentileza, emiti um grunhido de dor. Levei as mãos ao peitoral dele e tentei empurrá-lo mas não teve efeito algum, apenas em resposta ele segurou ainda mais forte meu pulso, estava doendo! Enquanto isso Kou drenava cada vez mais o meu sangue.

— Kou-kun, pare. - Pedi.

Kou cessou a mordida e aproximou sua boca do meu ouvido.

— De jeito nenhum! - Sussurrou ele.