Capítulo 17 – Open Windows

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POV Narrador

- Meu carro ou seu?

- O quê? – Selena levantou o olhar do notebook e encarou Jennifer que estava parada na porta de seu camarim parecendo empolgada com alguma coisa pois não conseguia deixar de mexer as mãos e sorrir daquele jeito único.

- Nós vamos com o meu carro ou o seu? – Jennifer perguntou novamente perdendo um pouco do entusiasmo.

- Pra onde? – Selena estava confusa com a empolgação da amiga.

- Hoje é sexta-feira. – Jennifer explicou estranhando o comportamento de Selena. Quando viu que a amiga ainda não tinha entendido ela completou. – Toda sexta-feira nós gravamos e depois comemos pizza juntos. O David já esta esperando no carro dele junto com o Jake e eu fiquei de te chamar.

- Eu tinha esquecido completamente, desculpa. – Selena passou a mão no cabelo que estava solto e enrolado nas pontas, ainda estava vestida como Alex Russo.

- Tudo bem, eu espero você se trocar. – Jennifer disse e se sentou ao lado de Selena.

- Eu não vou. – Selena sussurrou e fechou o notebook.

- Por quê? Você adora as noites de pizza.

- Minha mãe e o Brian estão em casa. – Selena abriu um sorriso enorme. – Ela vai cozinhar e nós vamos ficar conversando o resto da noite, quem sabe ver algum filme depois.

- Que legal. – Jennifer sorriu e abraçou Selena pelos ombros. – Se divirta com a sua família enquanto eu aturo o David e o Jake discutindo sobre quem é a garota mais bonita da pizzaria.

- Sinto muito. – Selena deu risada pensando em todas as noites de sexta feira que ela passou com o grupo. – Se você quiser eu posso te ligar inventando alguma emergência pra você sair de lá.

- Não precisa, eu vou sentir falta disso e quero aproveitar o maximo  possível. – Jennifer disse e quando viu o olhar de arrependimento na cara da amiga se sentiu culpada por ter mencionado o fim da série. – Desculpa, não foi por querer. Nós ainda vamos ter varias noites como essa, mas hoje você tem que aproveitar a sua família.

- Eu vou sentir muita falta de vocês. – Selena sussurrou encostando a cabeça no ombro da amiga.

- Nós não vamos embora. – Jennifer respondeu segurando a mão da garota. – A única coisa que vai mudar é que nós vamos nos ver fora desse estúdio e não teremos mais aquela pressão de fazer as coisas certas, pode ser uma boa mudança.

- Tomara que você esteja certa. – Selena disse e depois se endireitou no sofá. – Vou me trocar e sair daqui logo, senão começo a chorar.

- Bom mesmo, você sabe que eu não gosto de te ver chorar. – Jennifer se levantou e andou em direção a porta. – Da mesma forma que você me ofereceu a ligação de ‘‘emergência’’ eu a ofereço a você.

- Eu espero que não precise usá-la, mas obrigada mesmo assim. – Selena sorriu e observou a amiga fechar a porta a deixando sozinha mais uma vez no camarim. Ela se levantou do sofá e começou a trocar de roupa e tirar a maquiagem.

Trinta minutos depois ela já estava dirigindo seu carro por Los Angeles com o rádio ligado e cantando a plenos pulmões. Parada no meio da rua envolta de vários carros ela pensou se deveria ter esperado mais um pouco no set ao invés de sair apressada pra ver os pais e acabar pegando a hora do rush da cidade. Depois de algum tempo percebeu que o transito começou a melhorar e que já conseguia dirigir alguns minutos sem ter que parar nenhuma vez. Parou em um cruzamento na luz vermelha e aproveitou para trocar a estação de rádio, enquanto se decidia na música ouviu varias buzinas dos carros atrás de si e quando ergueu a cabeça percebeu que o sinal já estava verde. Começou a atravessar o cruzamento e imediatamente viu uma luz vinda do seu lado esquerdo e por reflexo apertou o freio do carro que parou abruptamente no meio do cruzamento, com a adrenalina correndo a mil em suas veias ela observou o motoqueiro desviar de seu carro e continuar correndo pelas ruas atravessando mais um sinal vermelho. Pelo retrovisor do carro viu que os outros carros também tinham parado e algumas pessoas estavam saindo pra ver se tinha acontecido alguma coisa com ela, e antes que alguém pudesse se aproximar ela pisou no acelerador e mesmo começando a tremer dirigiu o carro por mais algumas quadras até parar na calçada de uma rua qualquer e tentar se acalmar. Desligou o rádio e deitou a cabeça no volante respirando fundo. Ninguém tinha se machucado, mas poderia ter sido um acidente sério pela velocidade do motociclista e a direção que ele estava indo. Só esse fato já era suficiente para a cabeça de Selena imaginar o pior e começar a hiperventilar dentro do carro. Ela ligou o rádio novamente e ouviu uma das vozes que menos queria ouvir no momento, ou pelo menos era isso que ela queria acreditar.

(Our hearts are both on overdrive come with me, let's run tonight don't let these memories get left behind)

 Segurou o choro e sem mudar a estação de rádio continuou o trajeto para casa sem nenhum incidente dessa vez.

Estacionou na garagem e saiu do carro um pouco mais calma e ainda tremendo, mas feliz por pensar na noite que iria ter. Entrou dentro de casa e encontrou as luzes apagadas, sem querer se desanimar tão rapidamente entrou na cozinha e encontrou um bilhete em cima do balcão.

Nós tentamos te ligar, mas seu celular estava desligado.

Tivemos que viajar pra Nova Iorque porque um dos contratos deu um problema. Deixamos um dinheiro pra você pedir uma pizza ou qualquer coisa que queira.

Te amamos.

PS:Prometo que vou fazer um jantar bem especial pra você da próxima vez.

- Cansei de acreditar nas suas promessas. – Resmungou pra si mesma amassando o papel e jogando-o no lixo mais próximo. Subiu as escadas para o seu quarto e novamente ligou o rádio, mas dessa vez colocando um CD com músicas mais animadas e depois de tirar toda a roupa entrou no banho.

****

Dallas estava na cozinha fazendo um sanduíche quando ouviu um toque de celular diferente, sabia que não era do seu celular, pois o mesmo estava em seu quarto e o barulho indicava que ele estava perto demais. Olhou ao redor de si e encontrou o celular de Demi na bancada tocando sem parar. Chamou pela irmã e quando viu que o celular parou de tocar resolveu deixar pra lá, mas meio minuto depois ele voltou a tocar e ela, já cansada de ouvir aquele toque estranho, pegou o celular e atendeu.

- Alô?

- Demi, nós precisamos conversar. – Uma voz conhecida falou do outro lado da linha.

****

Demi desceu as escadas e foi em direção a cozinha procurar alguma coisa pra comer e assim que entrou sua irmã parou de falar e deixando o celular no balcão saiu apressada da cozinha subindo as escadas. Ignorando a irmã já que elas ainda não estavam se falando muito depois da briga, ela abriu a geladeira e pegou algumas coisas para fazer um sanduíche natural e só quando colocou as coisas no balcão que percebeu que o celular que sua irmã estava usando era o seu, curiosa ela pegou o celular e checou a ultima ligação: Lena. Mais curiosa ainda ela largou as coisas em cima do balcão e ainda carregando o celular subiu as escadas correndo atrás de sua irmã.

- Por que você tava falando com a Selena pelo meu celular? – Demi perguntou assim que chegou à porta do quarto de Dallas.

- Não é do seu interesse. – Dallas respondeu sem parar o que estava fazendo.

- Claro que é, você falou do MEU celular e porque raios você esta se trocando? – Demi perguntou ficando irritada com a atitude da irmã.

- Porque eu vou sair e realmente não é do seu interesse.

- Dallas, foi uma chamada recebida, ela ligou pra MIM. – Demi enfatizou. – Ela queria falar COMIGO.

- Ela não estava pensando direito, acontece. – Dallas disse impaciente. – Eu preciso passar. – Demi estava parada no batente da porta impedindo a passagem da mulher.

- Não vai passar ate me falar o que ela queria. – Demi disse abrindo os braços e fechando mais ainda a passagem.

- Porque você se importa? Pelo que eu me lembro foi você que quebrou o coração da menina em milhares de pedaços e depois começou a festejar por aí.

Demi foi pega de surpresa pelas verdades que Dallas disse e em um momento de distração ela abaixou os braços, a irmã aproveitou e saiu do quarto.

- Dallas... – Demi chamou.

- O quê? – Dallas perguntou irritada.

- Ela esta com problemas?

- Nada que eu não possa resolver. – E desceu as escadas sem dar atenção aos pedidos da irmã.

Demi se estressou com a atitude da irmã e sem pensar jogou o celular na parede e passou a mãos pelos cabelos.

- Raiva não te trouxe aqui e não vai te levar a lugar nenhum. – Dianna disse entrando no corredor depois de presenciar a briga das filhas.

- Eu não sei o que eu faço mãe. – Demi cruzou os braços e encostou-se à porta do quarto. – Eu tenho medo de estragar as coisas.

- Mais do que você já estragou? – Dianna perguntou surpreendendo Demi. – Ah, qual é. Você não acha que só fez o bem até agora. Você mudou, isso é verdade, mas não é tarde demais pra tentar arrumar as coisas.

- Eu não sei como.

- Acho que você teve uma boa dica agora. – Dianna disse indicando o quarto de Dallas com a cabeça.

- Eu não sei aonde ela foi.

- Você sabe sim, só não quer admitir porque ai você sabe que tem que ir atrás de todas as besteiras que fez. – Dianna se aproximou da filha. – Eu te amo demais, mas às vezes você age de forma um pouco egoísta. Eu sei que pra terminar com a Selena você teve motivos, mas precisava considerar a opinião dela também.

- Mas e se eu fiz isso pra ajudar ela? – Demi perguntou abraçando a mãe e colocando a cabeça em seu ombro.

- Você parou pra se perguntar se ela queria ser ajudada?

- Eu não queria que nada de ruim acontecesse com ela, mãe.

- Eu não sei o que poderia ter acontecido com ela, mas eu sei que ela esta se sentindo muito mal pelo que aconteceu e essa é a realidade. Você pode ter tido as melhores intenções do mundo ao fazer aquilo, mas precisava ter contado pra ela o porque.

- Você tem razão, o que eu faço agora? – Demi perguntou se separando da mãe.

- Vai atrás da garota que você ama. – Dianna disse e segurando o rosto da filha lhe deu um beijo na testa. – E fala que eu sinto falta dela.

- Pode deixar. – Demi sorriu e desceu as escadas correndo em direção a garagem.

20 minutos depois

Demi parou o carro na calçada da residência dos Teefey e sem duvida alguma encontrou o carro de Dallas parado lá. Todas as luzes estavam apagadas e depois de Demi desligar o carro e andar até a porta ela tocou a campainha e esperou. Ouviu barulhos de dentro da casa e se preparou para encarar Selena e pedir perdão até de joelhos se fosse preciso.

- O que você esta fazendo aqui? – Dallas abriu uma fresta da porta e colocou a cabeça pra fora.

- Arrumar as coisas. – Demi respondeu tentando abrir mais a porta.

- Ela esta ocupada agora. – Dallas disse e fechou a porta na cara da garota.

Demi tocou a campainha mais uma vez e quando isso não funcionou ela chamou pela irmã e pela ex-namorada. Percebendo que não era bem vinda na casa pensou em dar a volta e ir embora, mas ouviu a voz da mãe na sua cabeça lhe dizendo que devia lutar por seus sonhos e ter Selena de volta era o maior deles.

Arrependeu-se de não ter trazido a chave extra que tinha da casa e depois de pensar um pouco resolveu que não era aquele pequeno empecilho que iria estragar o plano, então sorrateiramente deu a volta na casa até chegar ao lado da cozinha.

- Agora vem a parte difícil.

Colocou o celular e as chaves do carro no bolso e torceu para que elas não caíssem durante a subida e pra que ela também não caísse, essa parte era essencial para o plano e eventualmente para o resto da sua vida.

Agradeceu aos céus que já tinha anoitecido, caso contrario os vizinhos podiam estranhar ver alguém subindo pelo telhado do deposito ate uma das janelas do corredor da casa dos Teefey e chamar a policia. Se os executivos da Disney não queriam que elas namorassem pra não dar publicidade negativa, Demi tinha certeza que eles também não eram fãs de invasão domiciliar, mesmo que tecnicamente a casa fosse de uma pessoa conhecida.

Se concentrou, passou o plano mais uma vez na cabeça e começou a subir. Enquanto tentava se equilibrar pensou em todas as vezes que escalou arvores no Texas com Selena e nunca imaginou que estaria em uma posição dessas: Tentando entrar escondida na casa dela pra tentar recuperar o relacionamento enquanto Dallas vigiava Selena como um cão de guarda. Alguns minutos e muitas farpas de madeira nas mãos depois, ela conseguiu chegar até a janela e se equilibrando na parede ela conseguiu abrir mais a janela que já estava entreaberta e entrar na casa.

Para sua sorte, ou não, ouviu barulhos vindo de alguns quartos a direita e caminhando devagar pra não anunciar sua presença para a irmã chegou na beirada do quarto e já conseguia definir a conversa.

- Agora pra cama. – Dallas disse.

- Mas ta muito cedo Dal. – Ouviu Selena resmungando e apenas pela voz da ex identificou que ela estava bêbada, claro que a risadinha que ela soltou depois ajudou muito.

- Você vai me agradecer amanha, agora vai. – Dallas deu uma risada e depois de colocar a coberta em cima da amiga e lhe dar um beijo na testa, sentou na beirada da cama esperando que Selena dormisse.

Demi ficou do outro lado da porta tentando ouvir mais da conversa e algum tempo depois da irmã dar boa noite pra Selena, ela ouviu Dallas levantar da cama e aparentemente sair do quarto. Pensando rápido ela se virou e tentou entrar na primeira porta que viu, antes de conseguir entrar e se esconder acabou de atrapalhando e batendo o ombro no batente da porta e como ela é humana, acabou soltando um pequeno palavrão quando sentiu a dor. Como a casa estava em completo silêncio ela teve certeza de que Dallas ouviu, mas mesmo assim se escondeu. Encostou a porta e se virou para o interior do quarto e percebeu que estava no antigo quarto de Selena. Imediatamente esqueceu que estava se escondendo da irmã e ligou a luz para poder ver melhor o lugar que estava constantemente presente em seus pesadelos. O escritório agora era aqui depois que a fiação foi trocada, mas ela sabia que Selena evitava entrar aqui a todo custo e preferia usar até mesmo o corredor ou o quarto pra mexer com alguma papelada ou qualquer coisa referente ao escritório.

- Faz tempo não é? – Demi se virou rapidamente e viu Dallas parada na porta com os braços cruzados, ela estava tão distraída com o quarto que não tinha escutado a irmã abrindo a porta.

- Ainda bem. – Demi respondeu se virando mais uma vez para o quarto. – Não vai me expulsar daqui?

- Quem você acha que deixou a janela aberta e desativou a segurança? – Dallas perguntou dando risada.

- Pra que desativar a segurança? Eu sei onde posso pisar. – Demi disse estranhando.

- Ta brincando comigo? Eu acabei de ouvir você entrar com tudo no batente da porta, acho que eu ouvi o seu ombro estralando até.

- Eu me distraí. – Demi se defendeu.

- Eu te conheço, não queria que você levasse um choque por ter tropeçado no próprio pé. – Dallas continuou rindo e Demi acompanhou.

- Isso quer dizer que eu estou perdoada? – A irmã mais nova perguntou um tempo depois.

- Isso quer dizer que eu estou te dando outra chance, vê se não estraga. – Dallas respondeu apontando um dedo para a irmã. – Amanha você resolve isso, ela esta dormindo mesmo.

- Falando nisso, o que aconteceu?

- Ela bebeu demais e te ligou, eu atendi o celular e quando vi que ela não estava em condições de decidir se devia ou não fazer qualquer coisa eu resolvi vir pra cá e ajudar. – Dallas respondeu. – Cheguei aqui e ela estava bem acabada, praticamente dei banho e coloquei-a pra dormir. Agora preciso me livrar das evidencias antes que os pais dela cheguem.

- Eu vou ao quarto dela ver se esta tudo bem. – Demi disse passando pela irmã.

- Só que você não vai dormir com ela ou nem mesmo no mesmo quarto.

- Por quê? – Demi perguntou indignada.

- Eu vou dormir com ela e você pode escolher entre o chão da sala ou o sofá. Se eu estiver com vontade de fazer uma boa ação posso até te dar um cobertor. – Dallas disse e passou sorrindo por Demi que a encarava de boca aberta.

- Isso é muito injusto.

- Nem comece falando sobre injustiça. – Dallas disse e desceu as escadas para se livrar das garrafas.

Demi resolveu ignorar a indireta e entrou no quarto de Selena. Se sentou ao lado dela na beirada da cama e tirou uma mecha de cabelo que estava caindo no rosto, ela continuava sendo a mulher mais linda do mundo para Demi mesmo que ela estivesse com o cabelo todo espalhado pela cama e cheirando levemente a álcool.

Se levantou e depois de trocar algumas palavras com a irmã se instalou no sofá da sala e se cobriu com o cobertor que Dallas lhe deu depois de implorar muito de joelhos.

No meio da noite ela acordou abruptamente com alguém sacudindo seus ombros. Com o susto ela tentou se afastar da pessoa até bater as costas no braço do sofá e reclamar de dor mais uma vez naquele dia.

- Demi, para com isso, sou eu.

Demi abriu os olhos e mesmo no escuro conseguiu definir a silhueta de Selena ajoelhada ao lado do sofá. Mesmo sem poder olhar nos olhos da garota podia sentir que ela estava muito, muito brava.