Espelho, espelho meu. Tem mais a dizer do que eu?

Tenho as verdades que escondeu, mesmo com face de pedra resistente. Anêmico palpitar o que tem no peito, fraco de vontade e piedade.

A força falsa, tão frágil quanto o silêncio de inocentes. A coragem rasa, tão amedrontada quanto uma criança dependente.

Tenta ser quem não é, instável vivência sem a sorte do forte e a coragem do pobre.

Espelho, espelho meu. Porque não mente sobre eu?

Sou um espelho qualquer, não feito de raro bronze ou comum ferro. Desde primórdios mostro o certo.

Reflexão é meu dom e maldição. Mostro o caráter e não o rosto de quem me vê, mostro o que não deseja ver.

Espelho, espelho meu. Quem mente mais do que eu?

A mentira tudo permeia e domina, consome como o tempo e engana como a magia. Não fique mal por mentir criança, todos o fazem e engana com covardia.

Seja para agradar, seja para suportar. Se entrega porque quer, se perde por não ver e se esquece por prazer.

Muitas pessoas iriam se assustar se elas vissem no reflexo que gero não o seu rosto, mas o seu caráter.

Não se sinta mal, já é algo tão banal.