— AAAH! - gritei com o susto. - Quem é você? Ou melhor, o que é você?

— Ei, fique calma! Digamos que eu sou alguém que pode te ajudar. - a encarei confusa. - Você vai entender com o tempo, agora acorda. - dei um pulo e acordei na minha cama. Olhei para os lados e não vi nada de diferente, apenas a bagunça do meu quarto. Depois olhei para minhas roupas e notei que estava com a mesma que havia voltado da escola.

Talvez tenha sido apenas um sonho.

Me arrumei para ir a escola e no caminho, li no jornal que o item que impedi Dr. Octopus de roubar, não tinha sido devolvido. Obviamente o Clarim culpava a Spiderbug do furto. Mas se ele não foi devolvido, com quem estava?

Assim que cheguei no colégio, Alya veio falar comigo.

— Então, como foi o trabalho com o Adrien? - ela me cutucou e lançou um olhar travesso.

— Não foi. - suspirei.

— Não acredito que você esqueceu de novo.

— Eu não esqueci.

— Então ele esqueceu? - Alya arqueou uma sobrancelha.

— Quem dera fosse isso. - contei a ela resumidamente o que aconteceu. Obviamente Alya teve um surto quando eu terminei.

— Ah, não! Pode deixar, vou dar na cara dela. E dele.

— Não precisa fazer isso. Adrien provavelmente vai me odiar mais ainda.

— Você que sabe. - ela fez sinal de rendição - Mas se precisar, já sabe. - ri sem humor e avistei Adrien no fim do corredor conversando com Nino.

Pensei em ir até ele me desculpar ou algo do tipo. Porém, antes de qualquer coisa Lila Rossi passou por mim e esbarrou no meu ombro, me fazendo cair no chão. O pior de tudo foi que Chloé passou por ali e tropeçou, derrubando sua água na minha cabeça.

— Marinette, me desculpa dessa vez eu realmente... - a loira tentou dizer algo, mas eu explodi.

— Não me interessa! Já estou cansada de você me tratar como lixo como faz com todo mundo! Você não é melhor que ninguém, muito pelo contrário, é uma pessoa desprezível! - seu olhar demonstrava tristeza, mas eu nem ligava. Senti uma mão me ajudar a levantar e dei de cara com Adrien quando fiquei de pé.

— Me desculpe pelo que disse ontem, mas você não devia... - puxei meu braço de volta bruscamente, o deixando pasmo.

— Eu não preciso das suas desculpas! Cansei de ter que agradar à todos! - disse furiosa e saí pisando firme.

— Marinette... - Alya ficou na minha frente.

— Me deixa em paz! - contornei ela e corri o mais rápido que pude para longe da escola. Sinceramente não estou com vontade de ter que aguentar essas pessoas chatas.

Entrei em um beco qualquer, pronta para me vestir de Spiderbug, no entanto, aquela coisa vermelha com bolhinhas pretas começou a tomar conta do meu corpo. Mas espera, não tinha sido um sonho?

Rapidamente peguei meu celular e o usei como espelho. Eu estava com a mesma roupa de Spiderbug, porém agora a estampa era vermelha com as bolinhas pretas - inclusive a máscara - e haviam alguns detalhes inteiramente pretos na roupa.

— Como é que eu tiro isso? - duas viaturas da polícia passaram em alta velocidade pelo beco onde eu estava e eu alternei meu olhar para minhas mãos e a rua. - Mais tarde eu vejo, agora preciso impedir um crime. - lancei teias que pareciam sair da própria roupa e saí por cima do prédio.

Acho que posso estar até me sentindo diferente. Parecia que eu estava mais forte e com mais energia.

Parei em frente ao museu, prendi a câmera e desci indo até os policiais.

— Quem é você? - eles apontaram as armas e eu levantei as mãos no susto. Esqueci que estava de roupa nova.

— Spiderbug só com outra roupa. - eles assentiram e baixaram as armas. - Um artefato foi roubado, mas o criminoso fugiu e não deixou pistas.

— Será que posso dar uma olhada? - eles concordaram e me levaram até o local. Analisei o chão e vi que tinha um pouco de areia perto de onde ficava o artefato. Marko. - Acho que foi o Homem-Areia, ou melhor, Flint Marko. Vou procurar por ele. - corri para fora do museu e com a ajuda das teias, subi no prédio a frente.

Peguei a câmera e fiz um passeio pela cidade toda procurando pelo Homem-Areia. Impedi quatro assaltos mas nenhum sinal do Marko.

Acho que no fim não preciso me desfazer desta roupa, afinal, ela me deixa mais forte e ágil. E isso vai me ajudar muito nas batalhas. Fora que não preciso gastar dinheiro com equipamentos.

Enfim, desisti de procurar o Marko e fui para o Clarim Diário, vender minhas fotos com o novo uniforme.

— Ei! Isso é muito pouco. - falei assim que vi o valor que Jameson ia me pagar.

— Já te disse que ia dar só a metade.

— Mas essas são fotos exclusivas da Spiderbug com o novo uniforme. Foi muito difícil de conseguir.

— Spiderbug? Tá mais pra Ladybug. Mas enfim, esse é o máximo que posso pagar por estas fotinhos. - juro que tentei me segurar, mas não deu. As pessoas tiraram o dia para me irritar hoje.

— Cansei de você sempre desvalorizar o meu trabalho! Ou você me dá a droga do pagamento combinado eu vendo essas fotos para outro jornal.

— Abaixe esse tom para falar comigo, mocinha. E além do mais as edições...

— Não me interessa! Ou paga o que eu quero, ou você não vai ter as fotos. - bati a mão na mesa e ele saltou para trás com o susto. Em seguida ele me olhou, suspirou e anotou algo em um papel.

— Some daqui!

— Com prazer. - peguei o papel e fui até Bridgette. Ela me deu o pagamento e não falou nada, talvez ela tenha percebido que eu não estava de bom humor hoje.

Quando cheguei em casa, minha mãe me deu um sermão por eu ter saído da escola sem comunicá-la. Acabei brigando com ela também. Já não aguentava mais as pessoas no pé, é totalmente estressante.

*****

Estava indo para a escola, quando parei para comprar um jornal do Clarim. Na capa havia uma de minha fotos de mim mesma com a seguinte legenda: "De Spiderbug a Ladybug, criminosa ou perigosa?". Revirei os olhos, amassei o jornal e joguei no lixo. Além de ser um total idiota, J. J. Jameson ainda mente sobre mim nas matérias daquele jornal ridículo.

Assim que entrei na escola, Alya veio toda preocupada até mim.

— Mari, você está bem? Te liguei mil vezes mas você não atendeu.

— Sim, Alya. Eu estou bem. - respondi sem vontade de alongar aquela conversa.

— Tem certeza? É que...

— Mas que droga! Se eu disse que estou bem é porque estou bem! - me irritei e saí em direção ao meu armário. Algumas pessoas me olhavam com um certo receio. Simplesmente bufei e passei por elas sem me importar.

— Marinette, o que está acontecendo com você? - me deparei com Adrien parado em frente ao meu armário.

— Quer sair daí? Preciso pegar os meus livros.

— Só vou sair quando você me contar o que houve.

— Não te devo satisfações. Agora se não vai sair, eu tiro você daí. - ele arqueou uma sobrancelha como se me desafiasse. Cheguei ao lado dele e o empurrei com ajuda da minha força acima do normal. O loiro cambaleou para o lado e me encarou assustado.

— Como você... - peguei meu livros e passei por ele, indo em direção a sala.

— Sai da minha frente, Chloé! - falei para a loira que estava parada me olhando.

— Porque está agindo como uma idiota?

— Escuta aqui...

— Escuta aqui você, Marinette. Sei que brigamos por coisinhas ridículas, mas a pessoa que maltrata os outros na história sou eu, não você. Então pode parando.

— Está me dando uma lição de moral? - perguntei incrédula. - Você é uma pessoa horrível com todo mundo. Fútil, arrogante e fresca. - ela riu e cruzou os braços.

— Posso ser tudo isso, mas não estou agindo como uma idiota com pessoas importantes na minha vida.

— O que quer dizer?

— Que você é burra o suficiente para não perceber que seus amigos só estão tentando te ajudar, mas você sequer deixa eles falarem algo, porque fica agindo com uma criancinha mimada que não ganhou o doce da mamãe. Melhore suas atitudes, porque isso que você está fazendo é algo que eu faria, mas a Marinette Dupain-Cheng que eu conheço, nunca chegaria a esse nível.