Desviei do ataque saltando para o lado ao mesmo tempo que puxava uma pessoa que estava atrás de mim e seria eletrocutada se eu não tivesse tirado ela dali com a minha teia.

Os presentes no local começaram a aplaudir, o que deixou o cara mais irado.

— Vocês são pessoas horríveis! Idolatram essa garotinha idiota só porque ela tem poderes. Porque garanto que se não tivesse, nem iam ligar para ela.

— A idolatramos porque ela é uma heroína. Com ou sem poderes, ela não é uma ameça a ninguém, diferente de você. - olhei na direção da voz e vi Adrien parado. O faísca olhou para ele com ódio. Não, não, não. Péssima hora para me idolatrar loirinho. Espera! O Adrien me idolatrou?

— Eu odeio as pessoas! - não tive tempo de surtar porque o vilão estava pronto para atirar seus raios na direção de Adrien e eu precisava fazer alguma coisa, antes que o amor da minha vida virasse churrasquinho.

Corri o mais rápido que pude e me atirei por cima de Adrien antes que o faísca o atingisse. Olhei para ele que estava sob mim, e senti minhas bochechas queimarem.

— O-Obrigado.

— Eu q-que agradeço. - levantei e puxei junto - É melhor ir para outro lugar Adr... Garoto! - ele assentiu e correu pro lado da cafeteria, enquanto o faísca deu as costas para nós e saiu andando. - Ei, onde pensa que vai... ér, Electro?! - ele parou de caminhar e virou lentamente na minha direção.

— Gostei desse nome. De agora em diante serei o poderoso Electro, e nem você nem ninguém me deterá! - continuei pulando e desviando dos seus ataques. - Argh! Será que você não pode ficar parada para que eu acabe com isso de uma vez por todas?

— Sinto muito, mas meu trabalho é não facilitar para caras como você.

— Se não posso te acertar, posso acertar outra pessoa, não é mesmo? - ele riu e jogou seus raios em uma criança que estava segurando a mão da mãe. Rapidamente saltei na frente dela, levando o tiro em seu lugar. A onda de choque invadiu meu corpo e era quase como se meus sentidos estivessem sumindo. - Há há há! Eu sabia que ia fazer algo do tipo. Diga adeus porque chegou seu fim, Spiderbug. - ele atirou, entretanto o raio foi desviado por duas lâminas.

— Não tenho tanta certeza disso. - nunca pensei que diria uma coisa dessas, mas estava muito feliz por ouvir a voz dele.

— Chatpool?

— Em charme e garras. Agora, se me der licença, preciso auxiliar uma bela dama. - ele veio até mim e me ajudou a ficar de pé - Está tudo bem, my lady?

— Não muito, mas eu sobrevivo.

— Já chega! Ninguém nunca mais vai me fazer de bobo! - as pessoas que assistiam até então, correram assim que uma corrente elétrica se formou ao redor do corpo dele.

— O que faremos?

— Acho que um bom banho vai acalmar esse cara. - falei apertando os olhos e encarando o hidrante que estava atrás dele. Corri desviando dos raios que eram lançados em mim e parei em cima do hidrante. - Aí, você é bem ruim de mira. Aposto que não consegue me acertar. - ele grunhiu de raiva e atirou um forte raio que como previsto, pegou no hidrante.

Rapidamente atirei minhas teias na parede do estabelecimento, pulei, peguei a placa e coloquei e cima da água, redirecionando o jato que acertou Electro em cheio.

— NÃO! - ele gritou.

— E Spiderbug acerta de novo! - comemorei, enquanto a polícia chegava.

— Foi ótima como sempre. - o gato elogiou, porém ele parecia entristecido.

— O que aconteceu?

— Nada com que precise se preocupar. - coloquei minhas mãos na cintura e o encarei com descrença - É que, sinto que não sou útil nas batalhas. Talvez eu devesse parar de aparecer e te atrapalhar. - Fiquei completamente chocada. O Chatpool que eu conheço nunca falaria algo do tipo.

— Na verdade, se você não tivesse aparecido, eu teria fritado. - tá, talvez ele tenha sido útil mesmo - Muito obrigada.

— De nada, mas isso é só uma coisa boa que fiz pra você, dentre as outras ruins. - suspirei e coloquei a mão no ombro dele. Sim, eu estou prestes a consolar Chatpool.

— Você me ajuda mais do que imagina. Pare de pensar essas coisas e volte com aquele sorrisinho malandro que infelizmente você adora estampar no rosto. - ele riu de leve - Não importa o que você pense de si mesmo, para mim, você sempre será um herói.

Dito isso, saí por cima dos prédios, peguei a câmera e saltei no beco que tinha escondido minhas coisas. Verifiquei se tudo estava certo e corri para a cafeteria.

— Oi, amiga. Conseguiu as fotos?

— Sim, até posso ceder uma pro seu blog se quiser. - falei baixo e os olhos dela brilharam.

— Muito obrigada. Eu queria ter muito ter ido ver a luta, só que como o Adrien tinha saído, alguém tinha que guardar a mesa. - ela fez bico.

— Ah sim, eu vi ele na rua. A Spiderbug salvou ele daquele tal de Electro, mas cadê ele? - olhei para os lados. Que eu me lembre o vi correndo para cá.

— Deve estar com o Nino. - ela deu de ombros.

— Aqui estão os pedidos. - Nino chegou animado - Ué, cadê o Adrien?

— Achei que estava com você. - falei.

— Oi, desculpem a demora. Estava no banheiro. - ele sorriu e sentou na cadeira dele.

— Como consegue agir normalmente sendo que quase foi transformado em churrasquinho e salvo pela Spiderbug? - Alya questionou com um olhar de detetive que só ela sabia fazer.

— N-Não sei. - ele riu de maneira nervosa. - Então, vamos comer? - isso me pareceu uma tentativa de mudar de assunto.
Será que o amor da minha vida estava escondendo algo?

*****

Por mais que eu estivesse tendo um surto por ter passado um pedaço da tarde de ontem ao lado do loiro dos meus sonhos, uma coisa estava me intrigando. Adrien parecia esconder algo.

Talvez não seja da minha conta, então é melhor não ficar dando uma de Alya e investigar tudo, não é?

— Você é uma tonta mesmo, Cheng! - me virei lentamente na direção de Chloé. Não faço a menor ideia do que eu fiz agora.

— Como é que é?

— Isso que você ouviu. - a filha do prefeito riu e cruzou os braços - Acha que só porque saiu com o Adrien ontem vai ter alguma chance com ele.

— Eu não saí com ele. Saí com Alya e Nino, só que ele veio junto. - cruzei os braços também e a encarei - Na verdade nem sei porque falei isso, não devo satisfações à você. - ela se aproximou mais, lançando um olhar raivoso.

— Não me interessa. Fica longe dele, entendeu? Nós estamos quase namorando firme, só falta uma coisinha.

— Ele saber disso? - arqueei a sobrancelha.

— Não, você sair do caminho. E se você não sair por livre e espontânea vontade, não vai gostar que eu te tire a força. Vamos Sabrina. - ela ia saindo enquanto eu ria.

— Você é hilária, Chloé. - a loira me lançou outro olhar ofensivo, mas eu nem liguei, apenas continuei colocando as coisas do meu armário.

— Oi, Marinette. Vai ver o jogo de hoje?

— Eu não s... Se-Se... I... - sim, estava agindo feito uma tonta assim que percebi que Adrien Agreste estava falando comigo.

— Vai ser legal! - ele sorriu - Então, te vejo lá? - apenas balancei a cabeça e ele saiu.

Alguém me ajuda, porque não estou conseguindo assimilar o que acabou de acontecer aqui.

*****

Alya foi comprar pipocas - já que ela não consegue assistir um jogo sem comer algo - enquanto eu e Nino ficamos sentados, guardando o lugar dela.

— Então Mari, você sempre tira fotos da Spiderbug, já conseguiu falar com ela alguma vez? - engoli em seco. Falo com ela quando estou em frente o espelho, serve?

— Ela é uma pessoa de poucas palavras. - depois que falei percebi o quão esfarrapada era a minha desculpa. Eu literalmente não calava a boca durante as lutas - Quero dizer, com a imprensa e essas coisas.

— Ah, claro. Deve ser chato as pessoas no seu pé mesmo. Não se ofenda. Porque você tira fotos dela e tal.

— Não, eu sei como é que deve ser, por isso eu tiro as fotos de longe e não fico fazendo mil perguntas.

— Tipo a Alya. - nós rimos. - Você acha que ser herói é complicado? - Muito, muito complicado. E eu não acho, eu tenho certeza. A vida de um super-herói é tão complicada que ao invés de fazer uma limonada com os limões que a vida te der, você vai ganhar a limonada e precisa dar um jeito de fazer os limões.

— Acredito que sim. Imagine toda aquela responsabilidade?

— Mas por outro lado deve ser legal ajudar as pessoas.

— Muito. Essa deve ser a melhor parte. - posso afirmar que ajudar quem precisa traz um sentimento bom. Seja com ou sem máscara.

— Então, mudando de assunto, fiquei sabendo o Adrien te chamou pro jogo...

— A Alya te contou, não é?

— Na verdade foi o próprio Adrien. - arregalei os olhos - Olha, não sei não, mas parece que ele tá te olhando com outros olhos. Se é que me entende. - senti meu coração parar por alguns segundos. Ao que parece meus sonhos estavam se tornando realidade.

— Finalmente! - pensei alto demais e Nino riu. - Por favor, ignore o que eu acabei de dizer.

— Tudo bem, tudo bem.

— Voltei pessoal. - Alya anunciou, enquanto sentava entre Nino e eu.

— Olha, vai começar. - Nino apontou e logo observei Adrien entrar em campo com o time. O olhar dele percorreu a arquibancada e quando nos encontrou, ele acenou sorridente. Fiz o mesmo enquanto suspirava apaixonada. Aquele loiro mexia com o meu coração de um jeito inexplicável.