First Page 2/3 escrita por Liids River


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

HELLO THERE SWEETIESSSSSS
saudades
eu sei
tá tardis né? eu sei
eu tô com esse trem pronto tem uns dias já ( eu mudei),mas o tempo pra postar tava bem dificil
pra falar a verdade,eu tô com muitas coisas prontas - e coisinhas que só faltam final - pra postar. E eu estou arrumando um tempinho para isso. E para responder todos os comentários novos de vocês ( e antigos)
Aos novos leitores ( que eu reparei que são uma cota) : Sejam bem vindos! Eu sou grudenta,e ja amo todo mundo ♥
e aos meus chuchuzinhos antigos
NHAAAAAAW QUE SAUDADES DE VCS,ME CONTEM TUDO COMO QUE TÁ A VIDA HEIN? MEU,QUE SAUDADE DE VCS MEUS DOCIN DE COCONUT

vamos a one
2/3 pq? pq não acabou ainda
é continuação de First Page? é sim,vá reler que eu sei que vc já esqueceu tudo
pq que tá tão confusa? pq sou eu,gente. Tem muita coisa minha aqui,é pra ficar confuso mesmo,pois vcs entenderão na ultima parte

pq tem tanto erro de ortografia? pq são 23:59 e eu terminei de escrever esse trem (mudei o final,sorry) e n dá pra revisar agora,perdon

enfim
até ali



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Esperar. Se tem algo mais irritante do que respiração no cangote,isso é esperar.

Talvez seja a sua impaciência,ou talvez você só seja um resmungão chato pra caramba,mas esperar é uma das coisas que definitivamente me tiram do sério. Isso e respiração no cangote. Quando você é obrigado a esperar alguns minutos,tudo bem. Afinal,são minutos. Você não vai precisar ficar naquela espera e na ansiedade tremenda,sõ minutos.

Quando você é obrigado a esperar algumas horas,é um pouco mais complicado mas não impossível. Afinal,muitos minutos são uma hora. Se você consegue esperar 10 minutos,20 minutos,30 minutos,40 minutos,50 minutos,60 minutos....

...bem,faça as contas. Se você pensar no coletivo de minutos,você terá uma hora.

Se você pensar em duplicar a quantidade de uma hora,você terá o sextagésimo de minutos e aí por fim : duas horas.

Pensar em horas,como um monte de minutos. E já foi dito que esperar alguns minutos é menos pior de ruim do que esperar horas,certo?

Talvez isso tudo não faça sentido – e eu sei que não – mas há algo pior que esperar por minutos ou horas. E respirada no cangote.

Esperar por dias.

E o meu chefe,estava me matando nessa de esperar por dias.

Vocês sabem que eu sou jornalista. Sabem que sou azarado. Não vou dizer que sou ansioso ou algo do tipo,porque todo ser humano é.

Mas eu estava quase que literalmente escalando as minhas paredes.

Boa! Aí algum colega de trabalho seu poderia publicar algo sobre o Spider Man da vida real.

Cabeça idiota.

Esperar deveria ser uma das coisas proibidas do livro de proibições. Deveria existir um livro de proibições. Duas semanas inteiras e nada. Sem respostas.

Ficar sem respostas também deveria ser uma proibição. Todo mundo deve resposta,seja ela positiva ou não. Seja ela ruim ou boa.Não deixe ninguém sem resposta se você está lendo isso. Hipócrita como sou,mas não deixe! Pegue agora seu celular e vá responder aquele coleguinha no whatsapp.

Eu puxei a cabeça do meu cachorro para cima da sua caminha pequena de novo. O cachorro estava maior que a cama,coitado do animal ficava caindo para os lados.

Igual um copo cheio de leite. Ficava caindo pelas beiradas.

Passei mais alguns canais com o controle enquanto tentava não enlouquecer. Poucas coisas boas costumavam acontecer. De um tempo pra cá,isso havia sido esquecido,mas foi só ela se afastar que tudo desmoronou de novo.

Ou o que? Vocês acharam que eu e Annabeth já tinhamos nosso “Feliz para sempre”? Isso não existe.

Foi um beijo. Um beijo na minha sala que me deu inspiração para a história da primeira página. Mas foi só um beijo. Um beijo muito bom,claro. Mas só um beijo.

Até porque,qual é....a gente se conheceu na estação. Ficamos amigos em um mês e nos beijamos duas semanas depois.

Feliz para sempre.Tá.

Aqui vai um balde de água gelada em você,querido leitores : Isso.Não.Existe.

Não existe porquê amor é uma coisa para poucos.

Muitos que tem pouco e poucos que tem quase nada.

Eu me encontro em primeiríssimo na segunda opção.

No dia seguinte,quando mostrei minha história para Annabeth,ela já estava estranha. Nas duas semanas seguintes,ela estava demorando mais para responder as minhas mensagens. E no dia em que ela me veio,no trem com a bomba,eu já tinha certeza do que ela diria :

— É melhor...você sabe,a gente ser amigo,Percy.

Se eu concordei com isso? É claro. O que você queria que eu fizesse? Que eu me arrastasse e pedisse que pelos Deuses ela ficasse comigo? Que ela parasse de bobagem e que fosse minha menina?

Eu quase fiz isso. Quase.

Mas uni o pouco de dignidade que eu tinha e respondi :

—Eu também acho,sabe.

Cheguei em casa e limpei as lentes dos meus óculos,me perguntando porque as mulheres eram tão complicadas. De fato,muitas coisas mudaram depois que eu me tornei amigo de Annabeth. Quero dizer...amigo amigo de Annabeth. Ela me apresentou aos seus amigos de  faculdade e eu a apresentei aos meus cactos. Ela me apresentou seus pais e eu lhe apresentei minha estante de séries. Ela me mostrou vídeos dos shows aos quais ela já havia ido e eu lhe mostrei como eu era um mestre em fazer omeletes.

Então eu percebi que ela estava certa. Nós éramos opostos....

... mas opostos se atraem.

Se você pensa assim,se retire.

Mas é química! Opostos se atraem. Cargas negativas só se juntam com cargas positivas!

Se retire.

Ou você já viu um cachorro e um gato de patas dadas? Passarinhos e peixes juntinhos no cinema? Moriarty e John Watson dando voltas pela Baker Street?

Não me venha com essa de opostos se atraem.Não.

Puxei meu celular pelo bolso da frente e suspirei vendo as mensagens dela ali.

Eu sei que fiz todo aquele monólogo sobre respostas e ...ah,me deixa.

Talvez essa seja a resposta que eu esteja esperando. Não estar com Annabeth significa não ter tudo que eu deveria. Certo? Quero dizer,desde o momento em que ela me achou naquela estação até o momento em que eu fiz a burrada de beijá-la,eu tive tudo.

Agora...eu era só o Percy de antes. Azarado e...bem,Percy.

Bufei irritado e peguei novamente o celular no bolso. Maldita.

Em casa”

— PJ.

Enviei e esperei um tempo. Eu ia me arrepender. Ah como ia. Olhei para Sherl e o maldito parecia ler a minha cabeça.

É só um cachorro.

Shiu.

—Você não entende – suspirei,sentando-me no chão ao lado dele. Imediatamente ele colocou a cabeça gigantesca e desproporcional no meu colo e olhou-me – Queria eu ser um cachorro,ter flexibilidade para lamber meu saco o dia inteiro – revirei os olhos. O cachorro lambeu minha mão e eu acariciei sua cabeça – Você não deve ter problemas com garotas,hun sherl? É claro que não.

Ou com trabalho. Ou estudos. Ou com nada.

E os dias que se seguiram depois...bem,depois de concordamos em “sermos amigos” foram os piores. Aqui vai uma revelação para quem nasceu para ser feito de bobo pela vida : você é feito de bobo até mesmo quando pensa que não vai ser feito de bobo pelo vida.

Haviamos encerrado o assunto,certo? Éramos amigos,éramos apenas bons amigos....

...então por que na minha cabeça,eu ainda criava expectativas?

— Você dormiu bem? Tá com olheiras horrorosas – ela sussurrou ao meu lado enquanto íamos a sua faculdade. Ela estava me arrastando para uma das festas do campus dela. Eu sei,também me pareceu uma droga ir até lá,mas ela estava certa. Eu precisava me distrair enquanto esperava respostas do meu chefe,afinal a minha primeira página inteira era para ser posta em circulação na segunda-feira,dia 13. Já era sexta e nada. Talvez...talvez ele não tenha sido aquilo que eu gostaria que tivesse sido. – Já disse pra você não se preocupar com isso. Talvez seu chefe esteja esperando vagar alguma página mais próxima da primeira para colocar suas crônicas em circulação. Talvez ela esteja tão boa,que ele não quer coloca-la na ultima.

Seu otimismo ainda me irritava. Irritava profundamente. Irritava ali,bem no meu âmago.

— É,deve ser isso – sorri de lado. Ela ajeitou minha camiseta no lugar e puxou meu casaco mais para frente – O que cê tá fazendo,Annabeth? Tá ruim?

—O que? – ela estreitou os olhos cinzentos e riu baixinho.

— Cê tá me ajeitando desde que pegamos o trem. Tá irritando. Minha roupa não tá boa? Meu cabelo tá bagunçado? Talvez eu deva passar um daqueles seus pós na cara? – perguntei irritado. Ela estava mesmo  pedindo por aquilo,mas eu odiava ser rude com ela.

Annabeth levantou a sobrancelha direita e fingiu dar risada.

—Com esse seu humor,talvez seja melhor você ficar em casa. – ela soltou.

— E eu voltaria se não estivéssemos a nove estações da minha casa – resmunguei,pegando meu celular,tentando me distrair de sua reação.

Não costumávamos “soltar farpas”,como diria minha mãe. Éramos o casal de amigos mais tranquilo que eu já havia visto. E também éramos o casal de amigos mais errado que existia. Será que só nós mesmos não percebíamos isso?

— Você sempre pode descer na próxima e ir para casa,Perseu. Não estou segurando você aqui – ela soltou,agora mais irrtada,cruzando os braços em seguida.

—Você tá com medo que eu envergonhe você na frente dos seus colegas – concluí. E bem,agindo do jeito que ela agia,parecia mesmo isso.

—Não é nada disso,seu babaca – murmurou,mordendo os lábios – Eu odeio quando você começa a concluir as coisas na sua cabeça de maneira errada.

—Desculpa se nem todos pensam como a fantástica mente de Annabeth Chase – apertei o celular com força. Droga. Droga

Eu odiava ter que agir feito um imbecil com ela. Mas...mas bem,vejam é reciprocidade.

Reciprocidade é o que define o que eu sou : se você desmontar amor,eu vou demonstrar amor.

Se você demonstrar nariz empinado feito uma garotinha mimada...bem....

...dois podem fazer isso.

—Tá indo longe,Perseu.

—Você começou,Annabeth.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— Você jamais me envergonharia,Percy- ela sussurrou,passando as mãos nas minha costas – Eu...eu falo mais de você para eles,do que de mim mesma.

—Então qual é o problema? – perguntei,olhando-lhe finalmente. Ela estava perfeitamente bem encaixada em um vestido rosado,pouco acima dos joelhos,os cabelos jogados de lado,os lábios rosados no mesmo tom do vestido. Passei um dos braços ao redor do seu copo e a ouvi suspirar incomodada,fazendo-me tirar o braço imediatamente. – Qual é o problema?

—Você não vai em envergonhar – ela afirmou de novo. – Eu sei que não.

Então era isso. Ela estava, mesmo com medo de que eu a envergonhasse? Eu...alguém me ilumina aqui. Quer dizer,alguém ilumina Annabeth.

Cara ela esperava demais de um cara que ela encontrou jogado no chão da estação como um perfeito fracassado. Esperava demais.

Levantei-me esperando a próxima estação.

— Vou poupar você disso  - sorri,colocando meu casaco no lugar.

—Percy...não é isso,você tá entendendo tudo errado –ela colocou as mãos na cabeça.

— Então me explica Annabeth – sussurrei,olhando desesperadamente para meus sapatos. – Porque....eu juro que não sei o que fazer mais.

— Eu não quero...não quero que você pensei que vai me envergonhar. Na verdade,eu acho – ela suspirou,revirando os olhos – Quer saber? Faz o que quiser.

E aí estava uma característica que um mês,duas semanas e um beijo não revelaram sobre Annabeth até aquele dado momento : ela era complicada. Era sorridente,oismista e complicada. Tinha tantos probleminhas na caixola quanto eu. Tinhamos isso em comum pelo menos.

Mas não era o suficiente.

Não para ela.

— Eu vou mesmo – murmurei sorrindo de novo – Boa festa.

—Vai me deixar sozinha no trem?

—Tá agindo feito uma...uma idiota – murmurei batendo os pés. Estação longe da peste bubônica!

— Você não entende. –ela negou bagunçando os cabelos.Ficando ainda mais bonita.

Se eu soubesse que ela era essa bagunça,não tinha aceitado tomar aquele café.

—Você não explica. – suspirei. Finalmente: Ao desembarcar,cuidado com o vão entre o trem e a plataforma – Boa festa Annabeth.

— Percy-

Mas eu já havia descido do trem. Ela seguiu o caminho até a cidade universitária.Ela,e sua cabeça complicada. A gente acha conhecer as pessoas vendo o que elas são em conversas superficiais,mas não. Isso não é assim que funciona. Até você saber o que de verdade se passa na cabeça de alguém,você não a conhece.

E Annabeth,era extremamente boa em esconder algumas coisas que se passavam na sua cabeça.

E mais isso,tínhamos em comum.

O cachorro no meu colo já babava meu pijama inteiro. Era tarde,provavelmente umas dez ou onze da noite. Era sexta,a cidade inteira estava de pé,e eu ali : jogado no chão junto com o meu cachorro.

Talvez aquele saco de granola esteja no armário..... Não me lembro se joguei fora.

O fato é : as coisas ficaram estranhas. Relações interpessoais nunca foi o meu forte. Pedir desculpas pessoalmente também nunca foi o meu forte. Na verdade,se você voltar e ler a primeira etapa desse relato,vai ver que a única coisa que é o meu forte é o azar e a escrita. E olhe lá,porque várias canetas já mancharam várias camisetas minhas enquanto eu escrevia.

Azar e escrita juntos.Esse dia foi louco.

Naquela madrugada,eu não consegui dormir. Eu só conseguia pensar em Annabeth em sua festa cheia de colegas e coleguinhas e mais colegas e...

“Eu voltei para casa.Caso você esteja se perguntando” – AC.

Eu estava.Estava mesmo. Eu estava tão em modo rage,que deixei meu cachorro lamber a minha cara e deitar-se comigo em minha cama para dormir comigo e tentar me acalmar.

“Eu não estava” – PJ.

....

....

Ah me deixa.

Ela demorou mais dez minutos para responder. A escuridão do quarto fora preenchida pela luz de alerta de mensagem novamente e eu imediatamente abri.

Parecia uma garotinha apaixonada. Que ódio.

“Eu não estava com vergonha de você. Estava com vergonha deles” – AC.

O que diabos...?

“WTF?” – PJ.

“Eles não são como nós. Nós somos demais,você sabe disso. Eu estava com medo de que você...você não gostasse deles. E bem,eles são meus colegas de faculdade,você é meu amigo. Eu quero que vocês se deem bem” – AC.

“Bobagem.....com a minha sorte,eles iriram fazer com que até você se afastasse de mim.” –PJ.

“ Não faça isso.” – AC.

“O que?”- PJ.

“Está agindo como o antigo Percy de novo.” – AC.

“Eu não tenho ideia do que você está falando....não quando você acha que pode controlar o que as pessoas vão sentir em relação umas as outras.” – PJ.

Eu sabia que podia ter magoado Annabeth de verdade desta vez. Eu aprendi com algum tempo,que se tem algo que machuca mais que mentiras e omissões,isso é a verdade. Jogar a verdade na mesa de quem não vê,é como um soco na boca do estomago.

Talvez seja até interessante se a pessoa vomitar.....

“Eu te amo,Percy. Mas você tá um porre ultimamente. Eu não quero ser seu amuletinho da sorte. Pense sobre isso.beijos,não durma tarde!” – AC

.... eu quase vomitei.

Eu não havia entendido uma sequer palavra do que Annabeth havia dito,mas não exigi por respostas naquele dia. Ela não daria,eu sabia disso. Apesar de na minha própria cabeça eu repetir diversas vezes de que a nossa amizade era uma coisa recente e inaceitável para mim,eu não acreditava em mim memso. Eu queria Annabeth.

Queria não apenas como uma amiga que sente vergonha de me levar as suas festinhas de faculdade. Queria que Annabeth me visse com os mesmos olhos de quando ela me ajudou a levantar da estação de metrô naquele maldito dia do café.

E cara... eu posso ser azarado. Eu sei que sou. Mas se Annabeth pelo menos tentasse....

...daria errado?

E veja que eu não estou afirmando. Eu estou questionando. Um azarado está questionando o seu azar.

É um avanço e tanto.

Não é?

....

....

É,não é?

— Não vai dar... –ela murmurou do outro lado da linha – Eu tenho prova essa semana,aí fica complicado sair.

Eu estava jogado em meu sofá,esperando começar os anúncios da polishop. Sherl babava no canto da sala,em cima de seu lençol,fazendo-me companhia. Era mais um dia sem inspiração e sem ânimo.

Eu havia acabado de quebrar um dos meus copos favoritos da frota estelar de Star Trek. Edição limitada de colecionador.  Além de que um dos cacos de vidro entrou na minha mão,mas vou poupá-los deste detalhe.

Apoiei o celular entre  o ombro e a orelha,tentando enrolar minha mão na faixa. As faixas também deveriam ser edição de colecionador de tantas que eu já havia usado em situações como esta.

— Entendo – murmurei. Na verdade,não entendia bulhufas. Não entendia como uma amizade boa – com beijinho – e saudável – com vários beijinhos – tinha se transformado em :

“Oi” “Oi” “Beleza?” “Beleza”.

—....ok – ela sussurrou do outro lado – O que aconteceu?

— Nada – pigarreei amarrando o final da faixa ao redor da mão e pegando um pedaço de esparadrapo do meu lado,no estofado do sofá – Eu quebrei um copo sem querer...

— Sem querer? – ela riu do outro lado – Você tem feito muitas coisas sem querer.

— Pois é – suspirei,pegando por fim o telefone com a mão boa e pedindo paciência a todos os Deuses – Talvez eu deva mesmo começar a ouvir minhas vontades.

— E o que as suas vontades dizem? – ela brincou.

—Que eu devo voltar para a cidade dos meus pais e ficar por lá por um bom tempo.

Annabeth ficou em silêncio por um tempo. Tempo o suficiente para que o meu lado desesperado por atenção tivesse achado que ela desligou. Tempo o suficiente para que eu realmente confirmasse que talvez...talvez eu devesse mesmo ir embora.

— Annabeth? – murmurei na linha completamente muda. – Annabeth Chase?

—...

— Eu sei que você ta aí. Eu ouço sua respiração! – brinquei,tentando em vão aliviar o clima.

Manual de como aliviar o clima depois de algumas notícias :

“Pessoa X morreu” “Sinto muito”

“Estou com infecção no pâncreas” “ Tome antibióticos”

“Eu tô com fome” “Toma aqui esse cheeseburguer duplo com bacon”

“Eu vou embora de volta para a cidade dos meus pais” “....................”

— Annabeth? – tentei novamente.

—...oi? – ela sussurrou baixinho – Escuta...hn,eu vou resolver umas coisas aqui,tudo bem?

—Mas..

—Eu ligo?! Pode ser? Eu ligo! – ela falou rapidamente.

— Annabeth – sussurrei – Será que dá pra você parar de fugir das coisas por...por pelo menos uma vez?

Eu sei que citei duas ou três coisas as quais eu e Annabeth Chase temos em comum. Mas o que está nas entrelinhas são as divergências. Não que...não que eu esperasse que Annabeth fosse exatamente igual a mim. Ou que completássemos as frases um do outro. Ou que dividíssemos os fones no trem. Ou que ela pelo menos...pelo menos fosse para sempre a mesma garota a qual me ajudou na estação.

Ninguém é sempre o mesmo. Nós passamos por mudanças. As vezes,por mudanças até mais radicais e as pessoas ao nosso redor não estão prontas para isso.

Eu não estava pronto para a mudança de Annabeth. Não estava e nunca estaria.

Annabeth passou de “garota gentil que me ajudou” para “garota que foge de tudo”.

E aquilo não estava me matando ainda,mas iria me matar aos poucos.

— Eu não tô fugindo –ela murmurou com raiva. Eu percebia isso só pelo tremor em seu timbre. – Eu preciso estudar,eu estou em semana de provas.

— Ok – ri sem humor,apertando a mão em punho. Eu vi uma mancha vermelha surgir por cima da faixa mas ignorei. – Vou fingir que acredito.

— Eu não tô fugindo,Perseu – ela repetiu. – Eu tô aqui. Só porque eu não sou o que você quer que eu seja isso não quer dizer-

— Eu nunca disse que você não era o que eu queria que você fosse! – interrompi com raiva também. Com Annabeth,eu me sentia como uma bomba relógio.

As vezes : tic.

As vezes : tac.

As vezes : tic tac.

As vezes : tic tac tic tac.

Eu só esperava não chegar no “Boooom!”.

— Você...-

—Não,chega Annabeth – reclamei,suspirando – Você está sempre colocando palavras na minha boca. Sempre. É um saco!

—Você está sempre esperando mais de mim! O que você quer que eu faça,Percy? Quer que eu ande pendurada no seu pescoço 24 horas por dia? Só para....só- ela grunhiu e em seguida eu ouvi alguma coisa se quebrar ao fundo – Deixa.

—Não! – gritei com raiva,levantando-me. Eu odiava quando se esquivava. Odiava com todas as minhas forças. De todas as coisas as quais eu odiava em Annabeth...talvez esconder os seus pensamentos era o que odiava mais. – Termine!

— Só para você ter seu amuleto,não é Percy? – ela murmurou. – Só pra isso! Eu não sou um objeto seu que-

—Você está fugindo do assunto,Annabeth. Está fugindo do assunto – eu ainda não entendia essa história de “amoleto”. Eu entendia como um pretexto de Annabeth para se livrar de outro tipo de discussão. E aí está mais uma coisa que eu odeio -  Está fugindo do assunto,como foge de tudo.

— Eu não tô fugindo! – ela gritou do outro lado da linha quase me surdando.  – Eu não tô fugindo!

— Está sim! Tá em negação também!

— Eu não estou fugindo. Você está! Eu tô onde eu sempre estive –ela murmurou mais baixo,ainda com o tremor raivoso na voz -  Você que está anunciando sair da cidade. Você que foge quando as coisas não são como você quer. Você que abandona amigos no trem por neurose da sua cabeça,Percy –ela suspirou sem fôlego – É você que tá indo embora.

— Você não é mais a mesma,Annabeth –reclamei. – Não é!

—Ora,eu sinto muito Sr. Para Sempre o Mesmo. – ela ironizou. – Eu não estou indo embora. ...

—Annabeth -

— ... você quem está – e desligou.

Talvez...eu devesse fazer um café? Eu não sabia se ela estava vindo ao meu apartamento. Eu não sabia porque estava ignorando a luz brilhante no topo da tela do meu celular. Eu não queria ver sua resposta porque se ela fosse algo como : “me esquece!” “me deixa em paz!”,eu pegaria minha mala e iria embora para a casa dos meus pais.

Eu fugiria como ela sugeriu – na verdade acusou – que eu fizesse.

As semanas em espera da resposta do meu chefe no Gallifrey Jornal foi ainda pior por saber que Annabeth tinha lido minha – nossa – história. Saber que a história destinada a primeira página não havia sido aprovado destruiria meu coração em quinhentos pedacinhos diferentes. Era como se eu tivesse o aval de que ... bem,de que não era para acontecer. De que eu estava forçando algo que não iria acontecer porque...bem porquê algum ser sobrenatural não queria que acontecesse.

Iria destruir meu coração em diferentes pedacinhos pequenos....

....e mesmo assim,ele estaria totalmente entregue a ela se ela assoviasse.

Levantei-me,colocando uma água para ferver. Faria a forma mais devagar do café : pelo bule. Depois das cafeteiras e da vida adulta sem tempo,eu não tomava um bom café manual havia um tempo.

Na verdade...

—  Esse café tá incrível – Annabeth sorriu,sentada no balcão do meu apartamento. – Vou sentir falta dele quando você for-

—Não vamos falar sobre isso,ok? –sorri,pegando sua mão e puxando-a para o sofá – Já concordamos que...bem,é um assunto delicado para nós dois,certo?

—Certo. Até por que eu vou sentir sua falta como o inferno – ela sussurrou,olhando-me em seguida. – Desculpa.

Eram esses os momentos os quais eu queria eternizar com ela. Os momentos em que ela era a personificação do anjo da estação. A garota pela qual eu sentia uma admiração tão grande a ponto de escrever sobre ela. A garota da sorte e do otimismo exagerado. O porém,é que os momentos com essa garota estavam cada vez mais  raros.

Como eu disse,eu não estava pronto para as mudanças de Anabeth. Eu nunca estaria.

— Eu queria ficar,você sabe disso – murmurei pigarreando – Mas não vai dar.

— Eu entendo –ela murmurou,sentando-se no sofá com as peninhas cruzadas em forma de índio– Eu entendo perfeitamente bem.

— Entende? – eu duvido muito.

—É difícil para você esperara respostas do trabalho –ela pigarreou e suspirou – É isso não é? Isso que está fazendo com que você vá embora?

Não. Não é.

Ser apaixonado por você é o que está me fazendo ir embora.

— É. –sussurrei,sentando-me ao seu lado – É isso que está me fazendo ir embora.

Eu não era idiota. Era outras coisas,mas idiota não.

Era azarado. Esquisito. Complicado. Dificil. Lerdo.

 Mas não era idiota. Annabeth gostava de mim da mesma forma que eu gostava dela. Eu gosto de pensar em nós dois como um show de marionetes. Somos guiados por mãos lá em cima,logo não temos controle nenhum sobre nossos sentimentos. Temos certezas : gostamos um do outro.

E isso fode tudo.

Annabeth tem receios e tem seus defeitos.

Eu tenho meus defeitos e meus receios.

E anos não conseguimos fazer com que isso se encaixe. Nós não conseguimos dizer o que sentimentos. Ficamos nas deduções e ei... nenhum de nós é Sherlock Holmes.

E isso – perdão – fode ainda mais.

Quando eu falei com a minha mãe sobre a situação ela me respondeu com aquelas coisas de mãe : Talvez você deva dar tempo ao tempo.

Mas eu não tinha tempo. Quer dizer – eu até tinha – o que eu não tinha era paciência. Eu não tinha paciência de esperar por Annabeth resolver dizer alguma coisa. E eu não podia dizer nada,porque....

....porque ia dar errado se eu dissesse.

— Dariam uma resposta até quinta-feira. – suspirei. Estava deitado em seu colo,mais tarde do que nunca. Deveria ser já umas três horas da manhã. Passagem da quarta para quinta-feira e nada. – Hoje é quinta não é? Por que não me ligaram?

— São três horas da manhã,Percy- ela riu baixinho,abaixando o volume da televisão. – Você vai ver que...que vão ligar e você não vai precisar fazer suas malas.

Eu olhei para ela do ângulo que eu estava. O queixo perfeito,os olhos centrados em meu cabelo e as mãos passeando por lá e pelo meu pescoço.

Nah...eu precisaria sim. Eu tinha que ir,mesmo que a resposta fosse a que fosse. Eu jamais conseguiria os dois.

Eu queria a página.

Eu queria a garota.

E queria um final feliz.

E já foi dito que isso,meus amigos,não existe.

— Annabeth? –ssurrei,levando-me devagar para não acordar Sherl. Ele era já um senhor de idade (não),precisava descanor em sua vida canina.

—Sim? –ela franziu a testa,vendo-me sentar ao seu lado.

Sem medo,peguei sua mão e entrelacei nossos dedos. Annabeth tinha as mãos geladas por conta da má circulação do sangue. Tinha veias verdinhas e as unhas comidas por ser  muito nervosa. Ela tinha os dedos finos que se encaixavam perfeitamente no espaço dos meus.

Por que ela não via isso?

— Eu vou embora,Annabeth. – sussurrei,fechando os olhos. – Seja lá qual for a resposta.

— Mas.... –ela engoliu em seco – Você vai me deixar?

Balancei a cabeça em descrença. Ela era tão absurda que eu quase fui grosso em minha resposta....

— Deixa de ser ridícula.

.... certo,talvez eu tenha sido um pouco grosso.

— Então você vai embora mesmo se conseguir? –ela arrebatou sua mão da minha imediatamente e se levantou. – Mesmo se você conseguir com que a crônica seja colocada na primeira página?

 - Ela não vai... já se passaram duas semanas e nada até agora – reclamei,puxando sua mão novamente,porém ela arrebatou com mais força ainda. Franzi as sobrancelhas – O que?

— Você tá fugindo. – ela riu sem humor – Tá fugindo na cara dura.

— O que você quer que eu faça? – sussurrei. Que eu me arraste por você?

— Eu quero que você fique. –ela pediu baixinho –Por nós.

—Nossa amizade,você quer dizer? – perguntei.

Ela desviou os olhos para o chão. Torceu a camiseta nas mãos e suspirou.

—Não é suficiente para você? – perguntou baixinho,ainda sem me olhar.

Eu tinha que ser honesto pelo menos uma vez. Ser honesto comigo mesmo,certo? Me colocar a frente de todos os outros,por pelo menos um milésimo de segundo. Penser no meu bem-estar,pensar no meu futuro,seja ele com “sim” ou “não” do trabalho.

Eu tinha que pensar em mim,certo?

Então não. Não era suficiente.

— Sim –sussurrei.    

Eu sei. Eu menti.

— Então você vai ficar? – ela perguntou baixinho. Ainda torcendo as mãos na camiseta,agora olhando-me nos olhos. O cabelo bagunçado,a boca vermelha.

Sim.

Quer dizer.... pensar me mim mesmo.

Não.

Mas....nossa amizade.

Talvez.

Batia com o punho fechado na geladeira.

Seria tão,tão mais fácil se ela só....fosse apaixonada por mim. Fosse apaixonada apor mim ou se fosse a mesma pessoa da estação. Seria mais fácil se ela...se ela ainda acreditasse em mim,certo?

A luz de alerta do meu celular ainda piscava em cima do sofá. Agora com a frequência maior,indicando mensagens a mais.

A minha mala estava aberta no chão da sala,ao lado de Sherl.

E – só para variar - eu não tinha ideia do que fazer.

A única certeza que eu tinha era a de que daria errado.

Seja lá o que eu fosse fazer.


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Notas finais do capítulo

meus docin de coconut
eu juro que venho revisar amanhã pela manhã
meu trabalho é legal (marromenos)e eu amo cada um de vcs que mandou mp perguntando
e mais : eu tenho muita coisa guardada pra vocês ♥
eu amo cada um de vcs de coração


ps : essa fic foi escrita ao som de Save Tonight - Eagle Eye Cherry (e eu recomendo. E olha que eu nunca recoemndo trem ruim,visse)
ps mais um : alguém que vá pra comic con no final do ano,que vai para o show do the kooks em outubro,ou que vá para o lollapalooza do ano que vem? pfvr me mandar mensagem

bj,amo oces