Tarem, o início escrita por Alph


Capítulo 1
Tarem, o início




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/707474/chapter/1

As histórias mais antigas já contadas estão escritas e detalhadas nas estrelas, em um tempo muito anterior aos homens e deuses que viviam em Tarem. Em uma era sombria onde apenas eu e meus outros três irmãos chamados de Arquitetos, seres celestiais e supremos, reinávamos no vácuo eterno usufruindo do poder de uma mulher feita de diamante poderoso.

Não era um diamante qualquer cujo ela era feita, pois seus poderes eram inimagináveis e eles eram capazes de fazer qualquer coisa. Suas forças mágicas nos mantinham eternos e jovens, por isso nós a aprisionamos no templo mais alto do espaço escuro.

Anos, décadas e milênios se passavam diante de meus olhos. Era estranho como eu via meus outros irmãos se divertindo com a moça de diamante a torturando e machucando. Porém ela estava lá, firme e forte recarregando-nos com seus poderes.

Olhava para os templos construídos sobe aquele vácuo escuro sem nenhum brilho e via meus irmãos de divertindo com seus corpos todos feitos de prata, nus, correndo. Como nunca me encaixei nessas brincadeiras e sempre se sentia excluído dos demais, fui visitar a moça de diamante.

As mãos da mulher estavam amarradas com duas correntes mágicas douradas enquanto estava sentada sobre o chão branco que a refletia como um espelho. Ela tinha um peso nos olhos e sua boca carnuda agora estava comprimida em uma fina linha de tristeza. Ao me aproximar ela levantou seu olhar até me os meus fuzilando-me friamente.

— Não devia estar com seus irmãos? — Ela levantou o pescoço se acomodando no chão. Sua voz saía como se um diamante estivesse estilhaçando-se em pedaçinhos. 

— Sim, mulher de diamante... — Tentei formular as palavras corretas, mas fraquejei ao encará-la. — Não consigo interagir com meus irmãos.

— Meu nome é Hidrazy, não mulher de diamante.

— Não sabia. Nunca tive oportunidade de perguntar, pois é assim que meus irmãos te chamam.

Quando Hidrazy ia falar algo, Venarys, minha irmã que brincava lá fora com meus irmãos interrompeu. Ela era muito bonita com sua pele prateada e estava grávida do meu irmão mais velho, Alefhes.

— Por que está aqui Profheus? — falou calmamente enquanto desferia olhares de nojo para a moça de diamante.

Antes que eu a respondesse, ela me puxou pelo braço me arrastando para fora enquanto a mulher de diamante, ou melhor, Hidrazy me olhava indo embora. Quando cheguei ao espaço aberto entre os templos onde meus irmãos conversavam permaneci afastado enquanto minha cabeça ficava me pregando devaneios.

 

 

Décadas se passavam e sempre que dava eu ia escondido até o templo onde a Hidrazy estava e passava horas conversando com ela. Achava incrível como tínhamos pensamentos em comum e cada dia que passava eu conseguia me encantar mais e mais com ela.

Alguns dias depois, minha irmã deu à luz a quatro deuses maravilhosos, dois meninos e duas meninas, cujo espírito era bem diferente dos meus irmãos. Eles cresceram rapidamente e logo apresentaram peculiaridades e pensamentos totalmente diferentes e com isso receberam a rejeição de Venarys e de Alefhes que era os Arquitetos pais deles.

Eu acolhi os filhos de Venarys e percebi que nos dávamos muito bem. Eu mostrei para eles de onde vinham a fonte dos poderes dos seus pais e isso pareceu à gota da água para os jovens filhos. Cada dia que passava eu, a Hidrazy e os filhos rejeitados nos dávamos muito bem, era como se eles tivessem vindo para me livrar da solidão.

 

 

Então teve um dia que Amidh, que era a filha mais jovem de Venarys brigou com ela e seu pai, pois achava errado manter a moça de diamante presa. Sua mãe ficou revoltada e queria matar a própria filha e dizia ter dado a luz a um demônio por ter pensamentos tão opostos aos dos pais.

Apaziguei Amidh e seus outros três irmãos que se revoltaram com a situação. Então começamos a planejar a queda dos Arquitetos, meus irmãos.

Hidrazy me dizia que tínhamos como, nós Arquitetos, mantermos nossos poderes sem ter deixar ela presa.

— Primeiro de tudo, um dos Arquitetos terá que dar toda sua imortalidade e poder para que isso aconteça. — Ela me fitou. — Você Profheus, terá de criar os humanos. Esses seres terão de viver em um local habitável, pois eles vão rezar para que os poderes de vocês — ela disse apontando para mim e para os deuses — sejam nutridos e isso vai os manter jovens eternamente e poderosos.

— Quanto a ti?  — Amidh perguntou.

— Se vocês me libertarem, prometo ajudá-los em tudo que precisarem. — Hidrazy me fitou.

 

 

Enquanto todos os Arquitetos dormiam, eu andava pelas construções com os quatro deuses, e fomos até o templo do Arquiteto mais novo.

Ao chegar lá, notei que ele dormia. Seu peitoral cor de prata subia e descia, então sem nenhuma piedade, os deuses seguraram os braços de Hazos, enquanto eu posicionei minhas mãos contra seu tórax sugando todo os seus poderes. Vi o meu irmãos mais novo morrendo diante de minhas mãos. Suas expressões variavam de assustado até triste.

Senti todo o poder dele arder em meu corpo, aquela sensação era ótima. Minha vitalidade estava mais forte do que nunca. Olhei para o corpo do meu irmão morto em cima daquela cama e de repente ele começou a derreter virando um líquido prateado que logo se dissipava pelo vácuo escuro.

Sem perder tempo, eu e os deuses começamos a vagar pelo vácuo escuro para poder criar um local para os humanos viverem. Longe dos templos dos Arquitetos, comecei a liberar meus poderes pelo espaço. Senti meu corpo queimar, pois não consegui segurar tanta magia. Deixei que esvaísse toda aquela força e todo o calor concentrado formando bilhões de corpos celestes ao redor de todo o espaço. Porém um planeta em especial seria o melhor, o mais seguro e mais habitável.

Comecei a formar de longe aquela bola de fogo criando várias formas diferentes de terras e planícies. Depois adicionei mares e matas. Olhei para aquele planeta perfeito, a melhor coisa que já havia feito em toda minha existência.

— Amidh, você vai ficar responsável pelos mares, rios e oceanos e todas as formas de vida que habitar esses locais — ordenei. — Méfazya, você vai cuidar de todas as matas e terras, e todos os seres que habitarem elas.

Enquanto meu corpo feito de prata brilhava como nunca liberando poder eu dizia a responsabilidade de cada deus, sentia que fazia o certo e não deveria  me sentir culpado.

— Você Avelum, cuidará do submundo, de todo o caos e recebera a alma dos mortais. — Fitei-o enquanto me concentrava para liberar os poderes. — Nifeus, você mandará em todos os céus e vai ficar responsável pelos humanos e seus irmãos.

Quando terminei de dar as ordens, o planeta estava pronto. Ele era a obra prima, a mais perfeita, mas precisava de mais alguma coisa. Comecei a criar humanos semelhantes a minha imagem e dividi-los nos continentes do planeta que fiz. Ao tentar fazer as pessoas, eu não conseguia por algum motivo mantê-las vivas. Todo ser que eu colocava em terra firme, morria, congelando-se automaticamente e seus corpos ficavam jogados pelos chãos do planeta.

Aquele problema estava me deixando frustrado, então fui recorrer ajuda para Hidrazy voltando aos templos dos Arquitetos. Ao aparecer por lá, a mulher de diamante presa fuzilou-me arqueando sua sobrancelha transparente com reflexos brilhosos.

— Os humanos não estão vivendo, Hidrazy! — falei preocupado.

— Liberte-me. Só eu posso consertar isso, Profheus — ela clamava por liberdade.

Os poderes queimaram em meu corpo sendo liberados pelas minhas mãos por rajadas até as correntes que as prendia. Hidrazy estava solta. Levantou-se mostrando suas belas curvas brilhantes de seu lindo corpo, cada parte sua era incrível. Ela me abraçou agradecendo pelo meu ato enquanto os deuses que estavam ao redor observavam a cena.

Saímos escondidos do templo onde Hidrazy estava presa, então ao caminharmos pelo campo aberto do lugar. E fomos até o espaço escuro onde o planeta para os humanos que fiz estava localizado.

— Profheus, os humanos não vivem sem a temperatura ideal. Calor é o que vai fazê-los viver. Eles precisam de estrelas que transmitam calor para que eles possam evoluir — ela falava calmamente.

— E como vamos fazer isso?

Antes que ela respondesse, Venarys e Alefhes os Arquitetos chegaram raivosos e surpresos com a quantidade de corpos celestes que encontraram ao seu redor, e em particular o planeta que agora estava na frente deles.

— O que aconteceu por aqui? O que é isso? Cadê Hazos? — Alefhes brandou, estava extremamente nervoso e quando viu Hidrazy ao meu lado ele enlouqueceu. — O que ela está fazendo fora do templo?

— Calma Alefhes, eu posso explicar tudo a ti. Eu e Hidrazy criamos uma forma melhor de nutrir nossos poderes sem precisar manter ela aprisionada. E para fazer isso eu precisei das forças de Hazor — falei tentando manter a calma.

— Hidrazy? Você destruiu nosso irmão? Você é maluco! — Alefhes voava em minha direção com muita rapidez para me socar, mas os deuses, seus filhos o impediram.

— Alefhes, os humanos que criei vão manter nossos poderes mais fortes do que o que ela. — Apontei para Hidrazy. — A crença deles em nós vai nos nutrir!

— Ótimo! Que bom que ela criou uma forma de nos fazer mais fortes! — Venarys gritava com angústia e ironia, desferido um raio tão forte de seu corpo que parecia sugar todas as suas energias contra Hidrazy, atingindo a mulher de diamante certeiramente.

Venarys feriu Hidrazy com um raio tão poderoso que causou um grande clarão nos nossos olhos e queimando nossa pele. Quando todo aquele brilho acabou, notei a face de Hidrazy lentamente rachando junto ao seu corpo, e escutei-a sussurrando Eu sou o que eles precisavam. Ao terminar de se rachar por completo, seu corpo virou uma rajada sobre todo aquele escuro espalhando bilhões de estilhaços do seu diamante por todo o lugar.

Então surgiu outro clarão no local após os estilhaços de Hidrazy se dissipar pelo escuro, e quando ele acabou eu olhei ao redor e toda a escuridão que existia começou a diminuir dando espaço a um brilho extremo.

O lugar que era escuro, agora estava cheio de estrelas e galáxias que cintilavam por todo universo. Hidrazy não morreu, apenas expôs todo o brilho que tinha dentro de si para todos.

Olhei para Venarys que destruiu Hidrazy. Ela estava fraca, seu olhar caído. Minha raiva estava alarmante o ódio tomou conta de mim e eu queria me vingar. Então com todas as forças que eu tinha em meus poderes lancei de minhas mãos um calor extremamente forte capaz de desmaterializar qualquer coisa. Olhei para os deuses e eles jogaram o Alefhes ao lado de Venarys. Meu corpo que antes era feito de prata, agora se transformava em um tom negro, totalmente escuro.

Deixei esvair todas as minhas forças que estavam dentro de mim desferido-as contra Venarys e Alefhes. Eles começaram a derreter e tentavam revidar, porém os deuses, filhos deles, os cercava impedindo. A face de ambos começava a se desmanchar em um líquido prata. Todo o fogo preso em mim destruiu os dois que começaram a virar uma grande bola de calor bastante quente. Todo aquele calor varria os templos dos Arquitetos.

Aquela bola se tornou quatro vezes maior que o próprio planeta que fiz. E de repente ele começou a atrair os corpos celestes para sua órbita fazendo os planetas girarem ao seu redor.

 

 

Agora restava apenas eu e os deuses, meu corpo estava frágil, mas ainda tinha forças suficientes para terminar minha jornada. Desci a terra daquele planeta maravilhoso que fiz. O local agora estava aquecido e bastante propício para vida humana. Acordei os humanos congelados que lá estavam.

Passei um bom tempo caminhando com os seres e ensinando eles o que era certo e errado e que tinham que rezar para mim, Arquiteto, e aos deuses. Eles se reproduziam e começaram a evoluir aos poucos. Os deuses criaram templos só para eles aos céus onde cuidavam de todas as minhas criações.

Com os humanos rezando, aos poucos minhas forças voltavam. Coloquei mais seres e animais naquele planeta para manter o equilíbrio. Tudo estava certo, do jeito que era para ser.

Nas matas eu colocava animais e seres mágicos. Os humanos pararam de viver em cavernas e passaram a morar em casas. Nos mares agora tinham outros seres feitos pelos deuses e vários animais marinhos.

Minha criação estava completa, meu legado agora seria espalhado. Era minha vez de me juntar a Hidrazy. Tudo estava nas mãos dos deuses. Então voltei para o espaço, mas não queria abandonar minha melhor obra então deixei que meu corpo negro se transformasse na noite. Aos poucos fui me deformando assumindo uma forma esférica menor que o planeta. Eu estava perto de Hidrazy e de meus irmãos mortos agora, eu me transformei em uma lua.

Das minhas memórias que tinha com Hidrazy, fiz outra lua e juntos iríamos orbitar a nossa criação. E cada quatro anos nós dois iríamos ficar um de frente para o outro tampando a luz daquela grande bola de fogo quente formando assim o eclipse e isso seria um acontecimento mágico para nós e para os seres que vivam no meu planeta.

Nós Arquitetos agora somos presentes na vida dos deuses e dos seres. Eu sou a Lua de Profheus. Hidrazy é mãe de todas as galáxias e estrelas no universo e minha esposa, minha segunda parte ficando junto a mim orbitando nossa criação, Lua de Hidrazy.  Alefhes e Venarys ambos juntos são a estrela Azerherys que trás calor aos planetas que a orbitam. E por último temos meu planeta que vou chamá-lo chamado de Tarem, pois para mim ele é forte e único e representa meu irmão que destruí.

Agora Tarem é o planeta da constelação de Hidrazy que orbita Azerherys e nutri os poderes dos deuses.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!