— O Barão está em sua espera. – Ela me avisou, aquilo era torturante.

Adentrei o escritório do Barão No Sabaku, e o vi olhando pela janela, quando minha presença foi notada, ele virou com o meio sorriso que sempre mexia comigo. A governanta saiu do escritório fechando a porta, então eu cruzei os braços e vesti minha expressão mais entediada que consegui.

— Saiba que vim de contra gosto! – Lhe informei e ele riu.

— Quer mesmo que eu acredite nisso senhorita Yamanaka? – Odiava como ele se direcionava a mim com tanta confiança, como um cachorro que cheira o medo.

— Pra que me quer aqui? – Desconversei, não queria ficar sozinha com ele, muito menos na situação que estávamos.

— Você me deve uma resposta. – Eu não disse nada, então ele continuou. – Me deve uma resposta decente. – Ele acrescentou se aproximando.

Ele queria que aceitasse seu súbito pedido de casamento, mas eu não era capaz de aceitar, não tão jovem e com o mundo a explorar. Ele sabia, mas não aceitava.

— Você já tem a minha resposta. – Eu recuei. – Case-se com Matsuri, ela quer filhos, quer ser Baronesa. – Insisti, mas isso não o convencia.

— Ela não tem sua beleza. – Ele se aproximou de novo então eu o contornei indo até a sua mesa no centro do escritório. – Nem o seu charme. – Acrescentou insistindo ir até a mim, eu estava entre as cadeiras, quase chegando à mesa e ele viu, e soltou de novo o sorriso de lado. – Nem o seu cheiro. – Completou próximo demais, eu não tinha pra onde fugir.

— Sinto muito. – Foi só o que eu disse.

Não poderia dizer mais, estava controlando meu corpo, afinal tudo nele também me agradava e eu tinha que resistir a ele.

— Eu largo tudo por você! – Ele respondeu me colocando em cima da mesa, derrubando várias das coisas que estavam nela. Não tive tempo de ter reação, ainda bem.

— Você nunca deixaria seu titulo por uma mulher. – O lembrei ainda em cima da mesa sentindo suas mãos quentes segurarem minha cintura por cima do longo vestido que eu usava.

— E você não deixaria o mundo por um homem. – Retrucou me roubando um beijo que não tive como não retribuir. Ele controlava meu corpo.

Passamos do beijo para uma busca desenfreada do corpo um do outro. Arranquei sua gravata e desabotoei seu colete e depois sua camisa. Ele puxou meu longo vestido para cima pegando firme nas minhas coxas. Eu soltei um suspiro e joguei minha cabeça para trás enquanto ele beijava meu pescoço.

— Seja minha. – Ele pediu num sussurro e por um momento eu quis dizer que sim, mas não podia. Precisava ser minha antes de ser dele.

— Eu não posso. – Segurei seu rosto e olhei no fundo dos seus olhos verdes e ele olhou ainda mais fundo nos meus.

— Um dia terá que se casar. – Ele me disse sem se afastar e eu sorri.

— Quando esse dia chegar, eu venho a sua procura. – Respondi o beijando e entre os beijos complementei. – Se ainda me quiser.

— Eu sempre vou te querer. – Ele disse num murmúrio me levantando da mesa. – Sei que seu barco vai sair ao fim da tarde, queria me despedir. – Acrescentou fechando a blusa.

Eu odeio despedidas e pensei que conseguiria fazer tudo em segredo, mas não poderia naquela cidade. Senti um frio na barriga estranho quando ele revelou de forma natural que já sabia da minha partida.

Seu modo frio me causava desconforto, já que estava sempre acostumada com seu modo galante. O seu lado racional ficava para os outros e não pra mim, então pensei por um momento se deveria ficar.

— Não se incomode com o meu silencio. – Ele disse em me ver pensativa, eu ajeitei meu vestido e retomei minha postura.

— Não estou incomodada. – Respondi orgulhosa, teria que agir com frieza, não podia desistir de ir. Não agora.

— Está com medo. – Respondeu o que me assombrou naquele momento, e me encarou pela primeira vez depois da revelação. – Viva sua aventura e estarei aqui quando você voltar. – Me encorajou e eu o abracei por impulso, ele retribuiu com firmeza e senti me cheirar como se quisesse guardar meu cheiro com sigo, e eu fiz o mesmo. Uma lágrima escorreu.

— Serão dois longos anos. – Eu falei quase de forma inaudível secando a lágrima rebelde. Ele me encarou da maneira mais séria que eu já o tinha visto e disse:

— Sou um homem de palavra. – E me beijou a testa, me acompanhou até a porta. Um até logo e não um adeus. – Bata nessa mesma porta daqui a dois anos e eu te receberei com um amor maior do que o que tenho hoje!

Foi a primeira vez que ele havia confessado o seu amor. Então tive certeza que deveria ir conhecer o mundo, me tornar mulher e depois voltar para ser uma Baronesa digna do título. Digna do Barão No Sabaku que aos seus 24 anos já conhecera o mundo.

— Eu também te amo! – O beijei, e o longo beijo foi a ultima coisa que foi feita antes de eu sair pela porta sem olhar para trás, com a postura de uma dama, de cabeça erguida e passos confiantes. O mundo seria meu e depois eu seria dele.