— Mel? – murmurou Seth, olhando para sua aprendiza ali, na sua frente. A mesma garota que há poucos meses havia morrido em seus braços, acabara de salvar sua vida. Lena, ainda ofegante, não conseguia tirar os olhos de Carter e Marin encarava Mia.

Li, com o braço ainda sangrando, tentava tirar Drica debaixo de Luna enquanto Derek se contorcia, ainda sendo esmagado por Damon. Os animais não haviam sido mortalmente feridos e começavam a se mover.

— Melhor vocês darem espaço pra gente. – disse Carter para Lena, que ainda assustada, correu para Marin, aproveitando a distração de Cassandra.

Respirando fundo, Melanie correu na direção de Jed, pulando e agachando para desviar das flechas que ele lançava. Quando finalmente chegou até ele, jogou-se de joelhos na grama para passar por entre as pernas do atirador, e quando fez isso, usou suas espadas para cortar os joelhos dele. Ao invés de sangue jorrar, fogo dourado pareceu sair dos joelhos abertos, mas logo se curaram.

— É, não sangramos. – constatou a de cabelos curtos antes de dar uma cambalhota para fugir de um soco do inimigo. Ao finalizar o giro, cortou o pescoço dele e deu um chute girando novamente. A cabeça de Jed pendeu para trás, rasgando-se do pescoço e deixando mais fogo dourado jorrar antes de voltar ao normal. Melanie ficou de pé movendo suas espadas rapidamente, o impedindo de atirar e frustrando seus golpes físicos.

Cassandra avançou para Mia, manteve distância para poder atacar com seu chicote, mas aquilo também era vantagem para a arqueira, que enchia o corpo da inimiga com flechas enquanto se esquivava habilmente das chicotadas.

Carter parecia brincar com Charles, o mangual havia ficado preso enrolado em sua espada, então ele o puxava e batia no mais velho com seu escudo, às vezes na cabeça e outras no abdômen, esperava deixa-lo confuso, mas aquilo parecia impossível.

Finalmente, Li conseguiu tirar Derek e Drica debaixo dos animais e jogou-se no chão depois disso. Caleb e Hunter também se levantavam, Apolo juntou-se a Ruby e Jane como se para conferir se estavam realmente vivas, e felizmente estavam. Luna e Damon grunhiam ainda despertando.

Logo todos assistiam aquela luta, os que estavam desmaiados demoraram a entender o que era aquilo. Poderia ser uma dança, ou mesmo seis anjos brincando. As vestes brancas de todos davam um aspecto muito irreal para o que estava acontecendo.

Então, em um movimento inesperado, Melanie jogou uma de suas espadas contra a cabeça de Cassandra, Carter jogou seu escudo na testa de Jed e Mia atirou uma flecha na orelha de Charles.

Os três mais velhos caíram no chão, os olhos vidrados.

— Não foi tão difícil. – comentou Melanie.

Tudo ficou quieto, os animais observavam aqueles outros mortos, mas deles não tinham medo.

Marin, abraçada a Lena, observou enquanto Mia chegou perto e se ajoelhou para olhá-la nos olhos. A cigana deu um leve sorriso. Marin apertou os lábios e levantou a mão como se fosse dar um de seus tapas, mas a morena não reagiu, apenas continuou sorrindo enquanto seus olhos violetas brilharam.

Não se contendo, a mulher de cabelos brancos abraçou a aprendiza e começou a chorar. As duas se apertaram e logo, Lena juntou-se ao abraço. Apolo tinha quebrado duas patas na queda, então bateu forte as asas para se impulsionar até Carter, ainda lembrava de quando aquele rapaz o tinha encontrado e esfregou seu bico contra o rosto dele. Seth finalmente despertou de seu transe e correu tropeçando até abraçar Melanie, seu rosto estava vermelho e ele não conseguia pronunciar nenhuma palavra enquanto a garota lhe dizia “Olá”.

Os outros não sabiam bem como reagir, alguns choraram, outros tinham tantos pensamentos em suas cabeças que não se moviam.

Então, enquanto todos estavam distraídos, os três mortos que haviam caído se puseram de pé em um salto. Cassandra jogou longe a espada de Melanie e estufou o peito expelindo as flechas de Mia, Charles puxou a flecha de sua orelha e recolheu a corrente do mangual, Jed pegou a besta que tinha deixado cair e os três correram para a floresta.

— Então... – falou Mia para sua mestra, depois da fuga dos outros ressuscitados. – Acho que a gente precisa conversar, né?