Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 25
Capítulo 25 - Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Maior cap até agora. =D Aproveitem a leitura e comentem. =D ♥



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Capítulo 25 – Recomeço

— Tem certeza que vai ficar bem sozinha? – Jonny perguntou quando Harley entrou no escritório do Coringa.

— Sim, Jonny. Me deixe sozinha um pouco.

Ele assentiu e saiu.

Harley sentou-se em cima da mesa onde o Coringa costumava trabalhar. Ela estava um pouco diferente, com o cabelo colorido solto, um vestido preto e dourado, parecido com o que ela usara uma vez numa boate com o Coringa, porém não tão ousado quanto aquele, e calçava saltos pretos mais altos como antes. Dois meses haviam se passado desde que tudo acontecera. Ainda era muito cedo, nem sete horas ainda. Havia deixado um bilhete para Pam avisando que iria em casa antes de se encontrarem com o Batman para resolver os assuntos que haviam ficado pendentes enquanto ela se recuperava por completo.

Observou o escritório canto por canto, lembrando-se de cada momento ali, até mesmo os ruins. Mas os bons ainda pesavam mais para ela e outra vez lágrimas vieram aos seus olhos. Conseguia esquecer da dor quando estava com Pam, Selina, e seus bebês ou quando se encontrava vez ou outra com seus amigos do Esquadrão, mas queria provar a si mesma que poderia sobreviver a isso sozinha, por isso pedira a Jonny para buscá-la naquela manhã.

— Eu sou uma idiota – murmurou para si mesma cobrindo os olhos com as mãos enquanto as lágrimas começavam a escapar de seus olhos – Como pude pensar que eu conseguiria ser tão forte sem ele? Talvez eu nunca tenha sido.

Depois de se lembrar de todas as coisas ruins que o Coringa lhe fizera passar e se lembrar com clareza o que realmente acontecera naquela madrugada, parou de se culpar pela morte dele, mas ainda sentia a falta, a dor, o medo... Desceu da mesa e caminhou lentamente pelo lugar, abrindo um pouco a cortina para ver a rua. O céu começava a mudar de cor e logo a cidade estaria acordada. Tornou a fechá-la e sentou-se na cadeira onde seu Pudinzinho sempre ficava trabalhando. Observou mais uma vez o que havia em volta, as paredes e teto revestidos de cedro, o chão de carpete verde escuro, os quadros, a cristaleira com garrafas de bebida e as gavetas cheias de armas e planos contra o Batman. O tira ao alvo preso à porta com a foto do Batman, o cinzeiro em cima da mesa e algumas caixas cheias de papéis.

— Ghotam está há dois meses comemorando sua morte, mas eu nunca vou esquecer você.

Sozinha, Harley cruzou os braços sobre a mesa, escondendo seu rosto entre eles, e chorou novamente. Se esforçou para ficar calma, precisaria ir embora em breve e não podia encontrar o Batman naquele estado. Ergueu os olhos para o escritório mais uma vez e ficou quase uma hora lá. Quando finalmente se levantou, já com uma aparência melhor, abriu a porta e olhou o cômodo uma última vez antes de sair. Caminhou solitariamente pelos outros cômodos do primeiro andar, já havia feito o mesmo no térreo, e por fim entrou no lugar que vinha evitando, seu quarto. Agora unicamente seu, sem ninguém com quem dividir a cama com ela. Fechou aporta e observou, tudo estava quase do mesmo jeito da última vez que estivera ali. As paredes brancas, o guarda-roupas, a cama bem arrumada com cobertas verde claro e roxas. A cortina bege sobre a janela, a cômoda e algo que lhe chamou atenção, uma marca na parede do lado direito. Como se algo tivesse sido atirado ali. Talvez uma garrafa atirada com raiva na noite em que ela fora embora.

Deslizou os dedos sobre a mancha na tinta da parede e depois sentou-se na cama e olhou para o travesseiro dele. Livrou-se de seus saltos e deitou-se, fechando os olhos e aspirando o tecido, ainda tinha o cheiro dele, como todo o quarto, escritório e outros cômodos ainda teriam por muito tempo. Harley permitiu que mais algumas poucas lágrimas silenciosas deixassem seus olhos e se virou para o outro lado, só então notando algo que não sabia como não havia reparado antes, estava mesmo distraída. Os berços rosa e azul de Lucy e Joe estavam de volta, bem como a banheira de bebê e os baús coloridos com roupinhas, fraudas, brinquedos e outras coisas. Harley enxugou os olhos e se levantou, indo até os baús e abrindo um deles. Estava vazio, significava que era o baú das fraudas, xampus, perfumes e outros itens que agora precisariam ser repostos. Abriu o outro e viu algumas poucas roupinhas que havia guardado, brinquedos e portas-retratos. Fechou os dois compartimentos e ergueu-se, observando os berços e os móbiles presos neles, com estrelinhas amarelas e palhacinhos azuis no de Joe, e palhacinhos verdes e coraçõezinhos rosas no de Lucy. Harley finalmente conseguiu sorrir.

— Você tem que ser forte agora, Harley. Agora preciso finalmente encarar o mundo com meus próprios olhos e tenho a obrigação de sobreviver a ele... Mamãe ainda não sabe como – disse olhando para os berços – Mas vai dar um jeito de aprender.

Entrou no banheiro, vendo que também continuava do mesmo jeito, sentindo outra pontada no coração ao lembrar-se que não era apenas a cama na qual ficaria sozinha a partir de agora, mas aquela grande banheira também. Virou-se para o espelho e tentou concentrar-se em retocar sua maquiagem borrada, para evitar perguntas. Quando julgou que estava perfeita, voltou ao quarto e procurou algo no guarda-roupa entre algumas coisas que já havia levado de volta e vestiu uma meia calça opaca num tom mais escuro que sua pele. Observou uma última vez o quarto e saiu. Desceu as escadas e encontrou Jonny a esperando. Pediu que ele a acompanhasse até a garagem.

— Tem certeza que vai usá-la, senhorita Quinn. Ela recebe manutenção constante e está perfeita, mas se não em engano faz muito tempo que a conduziu, e depois de tudo que houve... Está bem pra isso?

— É claro que estou, Jonny. Por favor, posso ser louca, mas ainda me lembro como se dirige uma moto. Especialmente essa, eu nunca esqueceria.

******

Pam já começava a se preocupar e pensava em ligar para Harley quando ouviu o som incomum de uma moto enorme estacionando dentro da mansão. Ficou em alerta e pegou sua arma, verificou se as crianças estavam no cercadinho na sala e saiu, trancando a porta. Respirou aliviada e guardou o revólver quando viu Harley no salão de entrada.

— Onde conseguiu isso?! – A ruiva perguntou impressionada – Não me diga que roubou. Isso vai complicar as coisas.

— Não, Pam. Esqueceu da minha antiga moto?

— Essa é “aquela” moto? – Perguntou surpresa, jurava que a enorme moto de Harllen Quinzel nem existia mais, mas estava em perfeito estado – Você não a usa há séculos. Achei que tivesse se destruído.

— Não, só tava encostada na garagem. Eu tinha mandado reformar antes de tudo acontecer. Onde estão as crianças?

Pam abriu um sorriso enorme.

— Você tem que ver o que aconteceu! – Exclamou, puxando Harley pela mão até a onde estava antes e destrancando a porta – Espere aqui – disse antes de entrar a sala.

Harley esperou curiosa no corredor e sorriu quando Bud e Lou vieram correndo até ela fazendo um escândalo de alegria.

— Calma, meninos! – Ria enquanto abraçava os dois.

Harley abriu outro sorriso quando Lucy veio andando na direção dela chamando “mamãe” com perfeição. Mesmo um pouco atrapalhada, a menina já andava tinha algumas semanas, mas Joe ainda estava tentando. Harley se abaixou e estendeu os braços para a filha.

— Vem pra mamãe, meu amor!

Lucy estendeu os bracinhos em sua direção e as duas se abraçaram quando a bebê a alcançou. Harley quase gritou de alegria ao ver seu menino também chamando “mamãe” de forma perfeita, e vindo em sua direção um pouco vacilante com uma sorridente Pam andando atrás dele para evitar que caísse.

— Vem querido! – Estendeu uma mão para ele, abraçando Lucy do outro lado.

Joe também esticou as mãozinhas na direção dela e se abraçaram quando ele a alcançou. Harley beijou cada um dos bebês, ouvindo-os morrerem de rir quando ela se levantou com os dois nos braços e foi sentar-se no sofá junto com Pam, que vestia roupas normais ao invés de seu tradicional uniforme feito de folhas.

— Parabéns, meu bebê! – Harley dizia a Joe o beijando.

— Eu fiquei tão feliz! Uma pena você não estar aqui, Harley. Eu os coloquei no tapete para brincarem. Lucy saiu andando, Joe se segurou no sofá, ficou de pé e saiu andando atrás dela. Levou uma eternidade pra dar cada passo, mas conseguiu! – Ela falava mal conseguindo conter sua felicidade – Mas agora diz... Tá tudo bem?

— Sim.

— Tem certeza que quer ir? Sabe que pode ficar aqui pra sempre se quiser.

— Eu quero ir, Pam. Eu vi hoje que vai ser muito difícil no começo, mas eu preciso. Tenho que dar um jeito de aprender a viver sem ele. Acho que vou reformar algumas lugares depois.

— É bom mesmo.

— E agora você pode dormir lá com a gente sempre que quiser.

As duas trocaram um sorriso.

— Tudo bem – a ruiva lhe disse – Mas vá com calma. E lembre-se que estou aqui, sempre que precisar.

Deixaram os bebês no cercado. Os dois morriam de rir com Bud e Lou andando em volta e rindo para eles fingindo tentar morder as mãozinhas que se agarravam na rede. Pam já estava pronta, mas Harley trocou seu vestido, meia e saltos por uma calça jeans, uma camisa branca e coturnos pretos que seriam melhores para conduzir a moto. Prendeu seu cabelo num rabo de cavalo, misturando as cores azul e rosa nas pontas cacheadas. Logo Selina chegaria para ficar com as crianças. Harley estava se habituando a sair com os dois, mas o Batman achara melhor não levá-los para a delegacia onde encontraria alguém para discutir sua situação e a de Pam perante a justiça. A gata voltara a morar em seu apartamento após Harley se recuperar completamente e aparecia de vez em quando. Quando terminou de se arrumar saiu do quarto e ouviu vozes nervosas na sala e viu Pam falando com uma Selina quase desesperada.

— Senta aí – Pam pediu entregando um copo de água para ela – Tem que se acalmar e nos contar o que houve.

A gata usava seu uniforme negro e tinha os olhos marejados e cheios de medo. Bebeu toda a água e respirou fundo.

— É melhor vocês irem. Conversamos quando voltarem.

— Tem certeza que consegue cuidar deles assim?

— Vou ficar bem, Pam. Só estou nervosa. Não é nada terrível, é só... Muito preocupante. Vão, nós vamos ficar bem. E se o morcego perguntar por mim... Digam que converso com ele mais tarde.

— Vocês brigaram? – Harley perguntou.

— Não... Não ainda... Por favor, não digam nada a ele.

— Tudo bem. Mas liga pra nós se precisar.

— Ok.

Se despediram dos bebês e das hienas e saíram.

— Acho que ele não vai gostar de te ver nessa moto.

— O morcego não pode reclamar. Minhas carteiras estão em dia. Até tenho algumas multas do carro por excesso de velocidade, ultrapassagem proibida, avanço de alguns poucos sinais vermelhos e por eu quase ter destruído alguns monumentos da cidade, mas a moto não tem multa nenhuma.

— E você acha isso pouco pra ele reclamar, Harley?

— A gente comete alguns errinhos e parece que ninguém nunca mais esquece. Nós somos vilões, é o que a gente faz – disse ouvindo a ruiva rir.

— Só não vá nos matar no caminho.

— Se segura.

Levaram a moto para fora e Harley riu ao ouvir Pam pronunciar uma prece e emitir um ruído assustado quando Harley arrancou com a moto.

******

— Você tem certeza que vai deixar ela continuar dirigindo?! – O agente de Arkham perguntou ao homem morcego enquanto olhavam da janela do primeiro andar.

Dirigindo como uma louca, apesar de não ter batido em ninguém na rua, Harley entrara no estacionamento da delegacia, junto com uma mulher ruiva, nenhuma das duas usava capacete.

— Eu vou cuidar disso depois da nossa conversa.

Minutos depois as duas entraram na sala. Harley se surpreendeu ao ver Rick Flag ao lado do Batman, e abriu um sorriso debochado.

— Olha só quem voltou... Até parece que comprou os direitos da minha ficha criminal.

— Fica quieta menina – ele entrou na brincadeira – Você e sua amiga deviam se considerar com sorte que foi eu quem o Batman chamou – ele disse se sentando d outro lado do birô – Sentem-se.

As duas se entreolharam e sentaram-se nas cadeiras em frente à Flag, o Batman também sentou-se.

— Lembra dele, Pam? Eu te falei sobre ele, nas nossas missões do Esquadrão.

— Eu me lembro.

— Bom... Eu não posso dizer que sinto muito pelo que aconteceu – Flag começou – Mas foi decidido que você terá uma chance, Arlequina, e a Hera Venenosa também, então é isso que vamos discutir aqui.

— Vai nos mandar pra Arkham de novo? Espero que minha máquina de café continue lá.

— Isso depende de você.

— Nós comprovamos que apesar de ser apontada como cúmplice foi não teve participação direta na morte de Jason Todd, apesar de ter ajudado a tocar fogo na mansão Wayne – o Batman falou sério, tentando não se alterar diante daquele assunto – Por outro lado você fez muita coisa junto com o Coringa, com a Hera Venenosa e até sozinha. Estamos dispostos a colocar as duas em condicional, perante visitas semanais, bom comportamento, e algumas outras condições, incluindo não usar armas ou venenos pra fazer mal a ninguém.

— Que?! Não posso mais usar meu taco?!

— Você pode mantê-lo como recordação ou pode jogar baseball com ele, acho que lhe faria bem – Flag falou meio sério, meio irônico.

— Você já falou com seus amigos sobre a nova vida deles, deve saber como serão as coisas – o Batman tornou a falar.

— Sim...

— Cinco anos e vocês estão livres do acompanhamento, mas se fingirem ou planejarem pelas nossas costas, nós vamos saber – Flag ameaçou.

— O que exatamente querem de nós? – Pam perguntou.

— As coisas agora são diferentes – o Batman falou – Agora você tem um motivo pra seguir uma vida correta, Harley. Aquelas duas crianças precisam de um lar saudável e precisam de sua mãe para isso. Sem armas, sem crimes, sem mortes ou planos malignos, nem vingança. Ou voltarão a Arkham, e não vai poder criar seus filhos como tanto quis. Essa decisão não foi somente minha.

— Você pode fazer isso – Flag disse – Você pode ser louca, mas no pouco tempo que fiquei com você e os outros... Eu consegui ver que todos vocês têm um bom coração escondido em algum lugar aí dentro, embora vocês não tenham percebido. Eu não sei quem vocês eram antes de se tornarem Arlequina e Hera Venenosa, mas eu ouvi histórias. Eu sei das boas pessoas que eram, e eu não acredito que tenham se perdido no meio de tudo que aconteceu, por mais dor que vocês tenham passado e por mais irreconhecíveis que tenham ficado.

— Harleen está morta há muito tempo.

— Você não precisa voltar a ser ela, mas pode ser uma outra Harley, uma Harley melhor – Flag lhe disse.

— Essa é a parte que você vai nos lembrar de toda a dor que causamos aos outros? – Pam perguntou séria.

— Não – o Batman respondeu – Essa é a parte que vamos dar as duas a chance de recomeçarem, apesar de tudo que aconteceu.

Conversaram por mais de uma hora, discutindo termos, condições, uma possível ajuda psicológica para Harley, mas o Batman julgara ser ainda cedo demais para isso, especialmente por medo de Harley enlouquecer ou manipular o psiquiatra. Seu tratamento seria o mais simples e mais inesperado do mundo, amor. O morcego acreditava que a convivência com os bebês traria de volta a Harley o coração gentil de Harleen Quinzel, embora ele não tivesse usado o nome da antiga médica, sabia que ela não gostava de lembrar.

— E o que vamos fazer com nossas vidas agora? – Pam perguntou.

— Você era bióloga antes – Flag falou olhando alguns papéis – Você é muito habilidosa, só precisa usar tudo que sabe pra fazer coisas boas.

— Acha mesmo que alguém vai me empregar depois de tudo que fiz? E quanto a Harley?

— É aos poucos que as coisas dão certo. Não vamos oferecer trabalho em Arkham porque obviamente não vai ser bom pra vocês, mas nós sabemos que tudo que vocês têm no momento, apesar da maioria ter sido conseguido de forma não muito honesta... É suficiente pra se manterem por algum tempo. Até lá nós vamos ajudar. Nós temos outros ex detentos engajados em bons empregos e reconstruindo suas vidas, apesar de serem detentos não tão peculiares. Vocês podem fazer isso também. Eu sei que você gosta do que faz e Harley pode voltar à antiga profissão, apesar de tudo ainda é boa nisso, deu pra perceber na missão do Esquadrão – ele falou ironicamente lembrando-se do momento em que Harley jogara conversa para tentar invadir a mente dos companheiros – E se não quiser, eu sei que pode descobrir novos talentos. E... Eu sei que você não quer tocar no assunto e que foi algo terrível pra você, mas tudo que aconteceu há dois meses e o que você fez – disse a Harley – Deixou as pessoas de Ghotam mais tranquilas. Agora elas têm duas ameaças a menos, incluindo a maior delas. Sei que não foi algo bom pra você, Harley, mas pode ajudar daqui pra frente.

— O mundo não fez nada por nós. O mundo nos odeia. E agora você nos pede pra aceitá-lo e sermos boazinhas com todos?

Flag e o morcego se entreolharam.

— Harley – o Batman chamou tentando pensar bem em quais palavras usar – O mundo foi terrível pra todos vocês, eu me incluo nisso, e já lhe pedi perdão... O mundo foi terrível pra todos nós, caso contrário o Batman não precisaria existir. Eu não sei porque vocês caíram desse lado do muro, talvez porque não havia ninguém lá para vocês quando aconteceu – falou pensando em Alfred – Mas agora há. Nada do que aconteceu de ruim pode ser apagado, mas estamos dando a vocês um recomeço. Lucy e Joe vão precisar de um mundo feliz pra viver, eles vãos crescer, vão ser boas crianças, e vão querer acreditar no mundo e nas pessoas, ainda que o mundo e algumas pessoas sejam más. Mas não poderão fazer isso se sua mãe estiver de mal com o mundo. O que você quer pra eles dois?

Harley ficou em silêncio com mil pensamentos se embaralhando em sua cabeça e sem ter ideia de como responder. Após mais algum tempo de conversa deram o assunto por encerrado, e a partir do dia seguinte as duas estariam em condicional monitorada como Floyd e os outros.

— O Batman me disse mais cedo que você tem crianças. Então se chamam Lucy e Joe... Eu posso ver? – Flag perguntou com um sorriso gentil.

Harley sorriu de volta e pegou o celular, procurando por uma foto recente de Lucy e Joe e escolheu a que haviam tirado alguns dias atrás, ela sentada no sofá junto com os dois, abraçados e sorrindo, e entregou o aparelho a Flag, que abriu um grande sorriso e passou algum tempo observando a foto antes de devolver o celular a Harley.

— São muito lindos!

— Estão com um ano e cinco meses. Meu menino começou a andar hoje. Lucy já conseguiu há um tempinho.

— Parabéns, Harley! Se as coisas ficarem difíceis em algum momento, e eu sei que vão, lembrem-se do quanto eles precisam de vocês.

Um choro de bebê os interrompeu e Flag olhou para a porta. Ouviram uma doce voz feminina falando com o bebê tentando acalmá-lo. Logo o choro parou e alguns segundos depois a porta se abriu, revelando June Moon com um bebê nos braços e uma bolsa infantil branca e lilás. A menina tinha cabelo castanho claro e olhinhos cinza, muito parecida ao mesmo tempo com Flag e June, não parecia ter mais que alguns poucos dias de vida, usava um macacão branco e rosa claro fechado cobrindo os pezinhos da bebê e uma tiara rosinha com uma pequena borboleta lilás na cabeça. June pareceu surpresa ao ver que as duas vilãs, que tiveram a mesma reação ao verem a criança, mas Flag a tranquilizou com um olhar e ela entrou, os saudando com um aceno cabeça.

— Viemos visitar o papai – ela falou sorridente entregando a filha a Flag, que recebeu a pequena com o maior sorriso do mundo – Não estamos atrapalhando?

— Não. Acabamos agora. Oi, princesa – ele sorriu para a criança, que riu e agitou os bracinhos e pés em resposta.

Flag beijou a pequena mãozinha enquanto Harley e Pam observavam de olhos arregalados. Não tinham se preparado para ver aquilo. Flag trocou um olhar com o Batman, querendo ter certeza de que revelar sua família à Hera e Arlequina não colocaria ninguém em risco, mas o morcego o tranquilizou.

— Essa é Serena, nossa filha. Ela nasceu há uma semana.

Serena Avalon Moon Flag nascera na mesma noite em que o Batman o havia procurado para que cuidasse da condicional de Harley e Pâmela. Flag e June ficaram abismados ao ver o olhar de Harley se derreter diante da pequena. A palhaça fez gracinhas para a bebê, que desatou a rir.

— Você quer segurá-la? – June perguntou.

Estava apreensiva, mas ficaria de olho, e indiretamente Harley ajudara a salvar sua vida, ou Magia a teria matado. E se o Batman confiava que estava tudo bem, ela poderia ficar um pouco mais tranquila.

— Eu posso? – A palhaça ficou surpresa, mas feliz.

— Ela tem um casal de gêmeos lindos, amor. Deixa ela vê-los, Harley – Flag pediu quando se levantou para colocar Serena em seus braços e pegou o celular de Harley.

June se derreteu ao ver Lucy e Joe, mas logo estava de olho em sua filha outra vez. Harley sorria e quase chorava emocionada, parecia se lembrar de algo. O mesmo acontecia com a ruiva. June não a conhecia, mas pelos traços devia ser quem chamavam de Hera Venenosa. Após Harley e Pam brincarem um pouco com Serena, a devolveram a sua mãe.

— Ela é muito linda – Pam comentou sorrindo.

— Eu ficou realmente feliz por vocês – Harley falou sinceramente – É a primeira vez que me sinto feliz por não ter deixado aqueles monstros te matarem aquelas duas vezes – falou com tanta naturalidade que June arregalou os olhos assustada.

— Isso não importa mais – Flag falou para cortar o clima tenso – Antes de irem... Eu quero ver suas habilitações?

— O que o jeito como eu dirijo tem a ver? – Harley perguntou.

— Eu nem vou comentar sobre como você conduziu a moto até aqui, e sem capacete as duas! E tenho certeza que algumas ou muitas multas vão chegar na sua casa ainda esse ano.

Harley fez uma careta para ele, mas ela e Pam apresentaram suas carteiras, e Flag nada pode fazer, pois estavam válidas e eram verdadeiras. Ele devolveu os documentos e as advertiu.

— Paguem suas multas, porque eu tenho certeza que existem, especialmente você – apontou para Harley – E saiam daqui direto pra uma loja pra comprar capacetes. E se forem pegas dirigindo daquele jeito de novo, vão ficar sem o veículo e ainda ter que pagar fiança pra saírem daqui.

— Tá bom – ela respondeu chateada.

— Bom, vamos ver como serão as coisas. Vocês podem fazer isso. Vão com calma.

Se despediram, deixando a família junto com o Batman e seguindo a recomendação de Flag de dirigir mais devagar e comprar capacetes no caminho. Quando entraram em casa, lembraram-se do comportamento estranho de Selina e a encontraram sentada no chão brincando com as crianças e as hienas, uma cena linda e fofa que elas nunca esqueceriam. Os bebês emitiram gritinhos de alegria ao verem a mãe, que sentou-se no chão para abraçá-los e beijá-los, repetindo mesmo com Bud e Lou, que pulavam de felicidade. Pam sentou entre ela e Selina.

— Agora você vai nos dizer o que te deixou tão nervosa? – A ruiva perguntou.

— Bem...

— Não diz que você brigou com o morcego, estava tudo tão bem e tão... Ardente – Harley provocou com um sorriso cheio de insinuações.

— Essa é a questão... – Selina falou angustiada – Devem se lembrar que há dois meses eu dormi fora por uma noite, estávamos juntos.

— Sim, lembramos – Harley respondeu.

— Espera aí... – Pam começou desconfiada.

— Estou grávida dele.


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