Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 16
Capítulo 16 – Mamãe está aqui


Notas iniciais do capítulo

Gente eu tô muito feliz com os acompanhamentos, favoritos, mas tô triste com a quantidade de comentários. =( Espero que gostem do capítulo. Boa leitura!



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Capítulo 16 – Mamãe está aqui

— Já estava começando a pensar que nunca mais ia vê-la – disse a soltando calmamente, ainda atento caso ela o atacasse.

— Eu... Preferi ficar longe um tempo. Eu precisei ficar longe.

Por alguns segundos os dois apenas se olharam quase com um sorriso. Apesar de serem inimigos declarados, não conseguiam esconder tão bem que sentiam uma forte simpatia um pelo outro, mas logo tais pensamentos foram deixados de lado.

— Antes que comece a fazer perguntas só vou lhe dizer que é melhor sair do meu caminho. Você não tem nada a ver com isso.

— Se vai fazer isso, vai fazer do jeito certo – ele respondeu se colocando à frente da máquina.

Ela ficou chocada com a atitude totalmente contrária a que esperava.

— Do que precisa?

— Bom... – começou ainda perdida por receber ajuda e não voz de prisão – Fraldas. O estoque acabou. E dois cobertores, está muito frio aqui essa noite.

O homem morcego retirou algumas moedas de seu uniforme e as colocou na máquina, programando-a em seguida para receber o que desejava, e entregando os itens à Mulher Gato, que guardou as fraldas em uma bolsa infantil ao lado das crianças no banco, e os cobriu com os cobertores.

— Eu preciso ir agora, e espero que não me interrompa.

— Não pode ir sozinha. A brincadeira em Gotham não acabou ainda, caso não tenha percebido.

— Alguém mais além do Coringa resolveu de divertir as suas custas hoje?

— Uma agente do governo mandou Espatalho e Charada para matá-lo e recuperar Arlequina. Na mesma noite o Coringa e eles dois decidiram tomar Gotham e as coisas ficaram desse jeito há algumas horas.

— Então me escolte até onde preciso ir e depois desapareça. Só devo encontrar quem vim procurar pela manhã depois de toda essa bagunça. Vou ficar em algum lugar por enquanto. Tentei contatar a pessoa muitas vezes, mas tenho encontrado dificuldades pra usar o telefone – ela disse tentando esconder seu espanto ao ouvir sobre Harley.

— A mãe deles está sendo cuidada num restaurante a alguns minutos daqui.

A gata arregalou os olhos.

 - C-como sabe disso?! – Perguntou baixo olhando em volta – Eu não contei nada a ninguém! Você causou tudo isso e agora vem me dizer que estava nos espionando?! Quanto você sabe?! E o que quis dizer com ela estar sendo cuidada?!

— Muita coisa aconteceu nas últimas horas. Não sei explicar porque Arlequina estava separada do Coringa esta noite, mas de alguma forma a briga dos três chegou até ela. Eu a vi cair de um prédio abandonado e a peguei antes que morresse com a colisão. Estava confusa, claramente sob efeito do gás do medo, e sangrando muito com uma bala do Espantalho cravada no corpo. Sofreu muito, mas está viva e provavelmente desacordada. Ela chorou quando citou bebês e me culpou no momento em que delirava semiconsciente, e entendi tudo na mesma hora.

— Harley?! Separada do Coringa?! E ferida?! Não! Ela não pode morrer depois de tudo! Onde está a Hera Venenosa?!

— Está com ela.

— Leve-me até elas agora! Por favor! Espero que não seja muito pedir pra você dirigir. Eu preciso dar mamadeira aos dois urgentemente.

— Com o que os está alimentando?

— Amas de leite, tive ajuda e solidariedade de duas delas.

Os dois entraram no carro e o morcego deu partida enquanto a gata alimentava as duas crianças. Quando era possível olhava rapidamente para os gêmeos no banco de trás, captando aos poucos os detalhes de ambos. Ele sabia que era mais de um, só isso. Apenas suspeitava que fossem dois, mas sem ter ideia se eram meninos, meninas, ou um casal. Ambos louros, olhos azuis, pele muito clara. Se pareciam muito com Harley antes de se tornar Arlequina, e os traços do Coringa também estavam presentes. Duas crianças encantadoramente lindas e aparentemente saudáveis. A julgar pela cor das mamadeiras que Selina segurava eram um casal. Mil pensamentos enchiam a cabeça do Batman enquanto dirigia. E aquela visão tão inocente e bonita de repente lhe trouxe dor. Lembrou-se dos pesadelos que o tomaram ao ser atacado pelo Espantalho horas atrás. Visões do seu garoto, de um Robin feliz e inocente, antes das alucinações mostrarem incontáveis cópias do Coringa rindo e agredindo os dois. Apesar do desejo de vingar a morte de seus pais e do empenho em lutar contra o Coringa e outros criminosos, Robin mantinha seu coração gentil, sendo muitas vezes o que impedia o Batman de se tornar alguém completamente frio e indiferente, e o homem morcego sentiria falta daquilo para sempre.

— Por que os trouxe pra cá agora?

— Eu não vou discutir isso com você.

— Não importa... Farão bem à mãe. Só temo pelo que vai ser com o pai.

— Onde está seu Batmóvel?

— Ele ficará bem.

******

— Então esse é o lugar? Bem longe de onde tudo aconteceu, mas ainda não sinto segurança – ela dizia quando ainda estavam dentro do carro – É melhor entrarmos rápido, pegarmos as duas e tirarmos todos daqui.

Em alguns minutos começaria a clarear. Tinham feito algumas paradas para Selina trocar fraldas dos bebês e descartá-las em alguma lixeira. E também para ter certeza que estavam tomando um caminho seguro. Não sabiam porque Coringa, Espantalho e Charada estavam tão quietos. Deviam estar brincando de esconde-esconde e recarregando seu arsenal de armas. As duas crianças haviam dormido.

— Eu vou primeiro, espere por mim.

Ele saiu do carro, sendo o mais silencioso possível. Não havia ninguém em volta. Selina saiu segurando os dois bebês um em cada braço.

— Eles eram tão mais leves há um ano – ela disse baixinho com um pequeno sorriso e suspirou.

Só naquele momento o Batman pode observá-los melhor. Os cabelos dourados brilhavam com a luz dos refletores da rua, os olhinhos azuis, que estavam fechados,  variavam entre os do Coringa e de Arlequina, a pele branquinha levemente rosada. Eram tão parecidos que mal poderia dizer que eram um casal e não dois meninos ou duas meninas. Lembrou-se das lágrimas correndo pelo rosto de Arlequina no momento em que amparou sua queda e outros vários pensamentos se cruzaram de novo.

— Vamos logo – ele disse, mas se deteve.

— O que foi? – Selina sussurrou.

— Acho que temos companhia.

— Ah, não!!

— Não entre em pânico, só fique atenta, me escute e seja rápida.

— Eu nunca ia pensar nisso se você não me dissesse – ela respondeu revirando os olhos.

Uma risada arrastada e inconfundível ecoou pela rua. O morcego e a gata olhavam em todas as direções à procura do Coringa, mas não o viam em lugar algum.

— Não vai tocar nenhum dedo neles! – Selina falou quando o palhaço apareceu no fim do quarteirão olhando os dois pequenos em seus braços.

Ele vestia calças coloridas, meias do Batman, botas pretas, sobretudo roxo com as tatuagens a mostra pela falta da camisa, e várias correntes penduradas no pescoço. Não havia mudado nada desde a última vez que o vira. O palhaço passara um bom tempo vigiando o Espantalho e Charada de longe, e rindo e se divertindo com a fobia de sangue de Charada. Os dois também reorganizavam suas munições. Ótimo, seria mais divertido assim. Iria esperar por eles. Ainda teve tempo de trocar de roupa pegar novas armas e ia verificar Harley quanto viu a movimentação estranha em frente ao restaurante.

— Por que eu faria algum mal a meus descendentes, Gata? Eu não fiz por três meses antes de você levá-los. Por que faria agora? – Ele dizia se aproximando enquanto o Batman se punha entre ele e Selina, que já não usava casaco e chapéu, deixando seu uniforme felino visível – E você, Batsy? Gostaria de explicar por que o responsável por meus filhos serem levados pra longe de mim e de Harley agora os está protegendo de mim? – Ele riu novamente.

— Nunca amou verdadeiramente a mãe deles, por que com eles seria diferente?

— Eu a amo. Posso não ser meloso e repetitivo como os idiotas aqui fora, mas amo.

O morcego continuava receoso em deixá-lo se aproximar, mas um murmúrio dos bebês chamou a atenção dos três e a expressão no rosto do rei de Gotham mudou para algo que o Batman nunca havia visto antes, não sabia definir, mas parecia algum tipo de felicidade. O palhaço se aproximou dos dois antes que o Batman pudesse ter alguma reação e observou os pequenos olhos azuis de ambos se abrirem. O Coringa sorriu.

— São exatamente como me lembro. Os olhos azuis de Harley, de um azul um pouco mais vivo por causa dos meus. E cabelos tão dourados quanto os dela eram.

O Coringa se aproximou mais e tomou os filhos nos braços, percebendo que o Batman o olhava apreensivo.

— Oi... – ele disse para os bebês, abrindo seu sorriso metálico – Sentiram saudades do papai?

Selina temeu que as crianças chorassem, mas não aconteceu. Primeiro olharam para o Coringa com expressões de espanto, mas logo se acostumaram enquanto ele fazia gracinhas para os dois. Em pouco tempo os bebês estavam rindo.

******

— Harley! – Pam a segurava de novo, embora ela já estivesse sentada no balcão, e por um milagre o ferimento não tinha aberto de novo – Você usou drogas? Não passaram nem três horas e o efeito do tranquilizante que te dei já se foi?!

— Escutei alguma coisa lá fora.

— Eu vou verificar, você fica aqui quieta.

Pam se aproximou das janelas do restaurante, fechadas por persianas, e quando olhou um segundo para Harley ela tinha alcançado seus braceletes, jaqueta e botas e recolocado tudo, estava terminando de pôr as botas, murmurando de dor de vez em quando.

— Eu te dô tranquilizante e você fica acesa ao invés de apagar? O que há com você?

— O som do perigo me chama! – Ela falou com um olhar e um sorriso loucos.

— Já que a razão não pode te chamar ouça sua melhor amiga e fique parada aí. Não está em condições de sair andando só porque não está sentindo dor. HARLEY!! – Pâmela quase gritou quando ela desceu do balcão e andou em passos vacilantes até a porta e a abriu – Está ficando louca?! Ah, que pergunta foi essa?

A Hera a segurou e já ia puxá-la para dentro quando ambas paralisaram com a visão do lado de fora e vozes de bebês chegaram a seus ouvidos.

— Vem cá, amor – o Coringa chamou quando se virou sorrindo para olhá-la.

Harley levou a mão aos lábios e chorou. Chorou de desespero de todos os sentimentos que se misturavam dentro dela e quase caiu quando tentou correr na direção dos três. Pam quase entrou em pânico e a segurou, levando-a até o Coringa. A Hera também sentia seu coração disparado e os olhos cheios de lágrimas, ainda não acreditava no que via. Abriu um grande sorriso e afagou a cabeça de Lucy enquanto Harley fazia o mesmo com Joe. O Coringa colocou cuidadosamente os bebês nos braços de Harley, ajudando-a a segurá-los, dado suas atuais condições. A palhacinha abraçou os filhos e chorou ainda mais enquanto beijava os cabelos dourados dos dois.

— Mamãe tá aqui – dizia baixinho entre as lágrimas – Meus bebês.

— Não chore, baby – o Coringa abraçou os três, deixando todos em volta abismados, nem em mil anos esperavam presenciar aquela cena.


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