Bella PDV.

Eu não via a hora de embora daquele lugar. O aperto em meu peito clamava cada vez mais para que eu saísse de perto dele. Eu havia percebido a presença de alguém e até mesmo um cheiro diferente- um tanto adocicado- mas eu estava focada inteiramente na minha filha e em suas “sensações” que pensei que fosse algum tipo de impressão. E eu também achava que Rose devia ter se voltado apenas para Renesmee, pois nem ela mesma percebeu que havia alguém lá.

Depois de Edward ter dito para que eu encontrasse com ele na antiga casa dos Cullens, um receio imenso tomou conta de mim. Aquela casa me trazia muitas lembranças. Lembranças humanas ao lado dele e meus últimos momentos antes dele partir. Porém mesmo assim decidi assentir e encontrá-lo lá. Não queria que ele percebesse o quanto mexia comigo. O quanto tudo que nos lembrava me afetava.

Já estávamos saindo da campina, preferi nem olhar para trás. Não queria me torturar mais do que eu já havia me torturado. Mas antes de sairmos notei que Renesmee olhara para trás e sorriu. Não entendi o porquê e preferi não olhar para não ter que cruzar com o olhar do homem que mais amei em toda a minha existência.

Eu havia sofrido demais com um simples toque de sua mão, que parecia irradiar em minha pele. Não queria ter que olhar no fundo daqueles olhos inebriantes. Rose aconchegou Renesmee em seus braços e partimos em direção a estrada de Forks, pois lá estariam o meu carro e assim eu poderia ir para casa como uma “humana” normal. Naquela altura do campeonato eu não iria mesmo correr o risco de voltar para casa ao lado de Edward pela floresta. Era ser masoquista demais.

Renesmee havia adormecido no colo de Rose enquanto estávamos a caminho de casa.

Pude perceber que Rose estava pensativa. Resolvi questionar.

 “- O que tanto está pensando?”
 “- Nessa situação e o quanto isso vai mudar a vida dessa pequena”- ela disse enquanto olhava minha filha em seus braços.
 “- Nem gosto de pensar o que vai acontecer. Eu... estou com medo, Rose”.
 “- Não creio que precisa ter medo, Bella. Edward vai ser um bom pai.”
 “- Não quero que ele a magoe. Não vou permitir... - minha voz falhou me impossibilitando de terminar a frase.
“- Vai dar tudo certo. Sabe que pode confiar em mim. ”
“ – Eu sei Rose. Eu sei. ”

Chegamos a minha casa. Eu e Rose entramos e subimos direto para o quarto. Lá trocamos Renesmee colocando nela um pijama e a pomos na cama em seu quarto.

Quarto de Renesmee: http://i42.tinypic.com/f1ihqt.jpg

Resolvi tomar um banho- mesmo não sendo preciso. Ás vezes era realmente necessário optar por essas necessidades humanas. Eu não fazia a idéia do por que, mas elas surtiam um efeito relaxante sobre mim.


                Edward PDV

Eu estava esparramado no sofá a espera dela. Eu não sabia a que horas ela iria chegar. Eu estava muito ansioso por essa conversa. Eu não me sentia nervoso de tal jeito desde que eu decidira partir.

Era tantas coisas que eu precisava dizer a ela. E a principal delas era que eu a amava. Mais do que fosse possível colocar em palavras. Mais até mesmo que eu achei possível que meu peito suportasse.

Eu errei e sabia as conseqüências que isso poderia me causar. Mas algo nos olhos dela me dissera que nem tudo estava perdido, afinal de contas antes de eu ter partido ela me amava. Eu não sabia necessariamente o porquê, mas ela me amava. Tal sentimento não acabaria em tão pouco tempo, acabaria? Eu não tinha a total certeza, pois Bella era humana naquela época, e humanos não amam na mesma intensidade do que um vampiro.

Todas as nossas emoções são muito mais intensas. Mais profundas.
Revirei os olhos.

 “Para de pensar Edward! Apenas diga o que sente.” - pensei.

Um sorriso se formou em meus lábios inconscientemente.

Renesmee...
Eu era Pai. Havia me tornado um em menos de 24 horas. Eram informações demais até mesmo para alguém que já viveu 100 anos.

Eu nunca imaginara que tal coisa poderia acontecer. Porém eu não deveria ter me surpreendido, pois eu e Bella nunca fomos o típico casal “normal” digamos assim.

O que também martelava em minha cabeça era o porquê dela ter me escondido aquilo. Ela não podia me privar de participar da vida de alguém que eu contribui para que ganhasse vida.

Uma filha minha... Era uma benção para um monstro como eu era. Era até injusto.

Havia tantas coisas que eu precisava perguntar a Bella. Mas antes de ela ter chegado, decidi ligar para Carlisle mesmo sabendo que ela já saberia o que havia acontecido. E o nome da pessoinha irritante que teria o contado, todos vocês já poderiam fazer uma idéia.

Sim, ela mesma. ALICE CULLEN. Não teria possibilidades de haver outra pessoa que fosse extremamente irritante e ao mesmo tempo tão pequena.

No bolso esquerdo da minha calça, peguei meu telefone. Quando olhei no visor havia duas mensagens.

ALICE...

Eu fora um tolo ao pensar que ela deixaria tal acontecimento passar despercebido aos olhos dela.
Comecei a ler uma das mensagens. E nela estava escrito:

 “AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH! EDWARD EU NÃO POSSO ACREDITAR! COMO ISSO ACONTECEU? PORQUE ELA NOS ESCONDEU TAL COISA? E PORQUE ROSALIE SABIA E EU NÃO? BELLA NÃO PODIA TER FEITO ISSO COMIGO”

Eu não pude conter o riso que se formou em meu peito. Ela estava mais preocupada o porquê de Bella ter contado para Rosalie ao invés dela, do que qualquer outra coisa.
Mas o motivo de Bella ter optado por Rose ao invés da minha irritante irmãzinha eu também necessitava saber.

Decidi acabar com a tortura e ler a outra mensagem.

“ EU SEI QUE ESTÁ RADIANTE! TODOS NÓS ESTAMOS. CARLISLE E ESME ESTÃO AFLITOS, MESMO EU TENDO OS FALADO QUE TUDOE STAVA SOB CONTROLE. LIGUE ASSIM QUE PUDER. MESMO SABENDO BASICAMENTE O QUE SE PASSOU POR AÍ. PORÉM EU PRECISO DE DETALHES... ”

BEIJOS MEU IRMÃO PREDILETO!

PS: LIGUE-ME EM 24 HORAS OU IREMOS PARA FORKS IMEDIATAMENTE.

Decidi ligar para o telefone de Carlisle imediatamente. A última coisa que eu necessitava naquele momento era a vinda de meus familiares a Forks. Eu precisava ter uma conversa a sós com Bella, sem a intervenção de ninguém. Apenas eu e minha fonte de existência.

Disquei o número.

 “- Alô ”– Carlisle atendeu.
“- Sou eu, Carlisle ”
“- Oi meu filho. Que bom que você ligou, Edward”- ele respondeu um tanto aliviado.
“- Recebi as mensagens de Alice... E liguei para lhes dizer que não venham a Forks, pelo menos por enquanto.”
“- Mas Edward...- o interrompi.
“- Por favor Carlisle! É um favor que lhes peço. ”
“- Tudo bem Edward. Compreendo-lhe, porém nós queríamos tanto conhecê-la... E saber como Bella está... ”

“- Estão todas bem. E Renesmee é simplesmente linda... Ela é muito parecida conosco. ”
“- Você deve estar um pouco surpreso... Mas radiante ao mesmo tempo “
“- Ainda estou sobre o efeito do acontecimento, mas não posso lhe negar que estou feliz com o acontecido. ”

“- Bem, Edward nós estamos muito contentes e ansiosos para conhecê-la. E... Alice está ao meu lado querendo falar com você. ”
“- Em breve vocês irão conhecê-la. Coloque a pequena fadinha irritante na linha. ”

“- Edwaaaaaard. Ela é realmente linda. Mal consigo acreditar que sou TIA. Porém até agora fico me questionando como não pude prever isso. Acho que quando decidimos ir embora, meu vínculo com Bella ficou um pouco abalado... - a interrompi.

 “- Ok Alice! Depois teremos bastante tempo para desvendar o porquê de você não ter visto o acontecido... Mas agora Bella está para chegar e iremos conversar... - fui interrompido.

“- AAAAAAAAAAAAAh! Vocês vão conversar! Vão reatar e se casar. Vão ser uma família Edwaaaaaaard. Não acredito que não estou aí para ver isso!
“- Vamos com calma Alice. É apenas uma conversa! Não tenho tanta certeza de que Bella pense igual a você.
“- Bella lhe ama. Não preciso das minhas visões para prever isso. É mas do que óbvio!
“- Não tenho tanto do seu otimismo. Mas tarde nos falamos, ela está por vir.

“- Tudo bem... Mas vou ligar assim que terminarem a conversa.
“ - Tudo bem Alice, Tudo bem.

Desliguei o telefone antes que Alice tivesse mais um de seus ataques alucinados.
Eu adorava Alice desde que a conheci, mesmo muitas vezes ela sendo inconveniente. Mas eu definitivamente a considerava como uma irmã legítima.

Já passava das 7:00 hrs e Bella não havia dado nenhum sinal. Eu já estava começando a achar que ela não viria.

Resolvi esperá-la do lado de fora da casa. Lá estava mais arejado e o vento em meu rosto sempre foi um calmante para mim.




                                               Bella PDV


Já passava das 7:00 hrs e Renesmee já havia ido dormir. Fora um dia muito cansativo para ela. A minha pequena  brincou e se divertiu mesmo sem saber que aquele seria o seu último dia sem a presença dele. Eu não sabia o quanto a presença dele afetaria a ela. Eu simplesmente não fazia a menor idéia.

Decidi vestir uma roupa casual. Nada muito deslumbrante ou esfarrapado demais. Estava bastante frio - não para mim- por isso resolvi vestir uma roupa mais “quente”, digamos assim. Eu iria de carro e por isso não ficaria bem se eu saísse para rua com apenas uma regata e um jeans. Os humanos reparariam.

Roupa da Bella: http://i41.tinypic.com/15dv2op.jpg

Ainda era estranho para mim se referir as pessoas como humanas sem me englobar nessa citação. Afinal, eu não era mais humana.

Terminei de me arrumar e desci as escadas.

Rose se encontrava na sala ao telefone. Pude reconhecer a voz que estava ao telefone. Era Edward e ele perguntava se eu realmente iria encontrá-lo. Assenti  para Rose e ela logo entendeu que eu iria e disse a ele.

“- Ela está bem aqui a minha frente. Está pronta, creio que dentro de alguns minutos deve estar chegando por aí. ”

Passaram se alguns segundos e pude o ouvir dizendo para ela.

“- E pense sobre o convite que lhe fiz”.
“- Tudo bem, Edward. Até mais”
“-Até mais”- ele disse, finalizando a conversa.

Esperei ela desligar e indaguei logo na pergunta que estava corroendo o meu ser.

“- Que convite ele lhe fez?”
“- Ele pediu para que eu ficasse lá com ele... Em nossa antiga casa. ”
“- E você vai?”- perguntei ansiosa.
“- Ainda não sei Bella... Ficarei só mais alguns dias. Tenho que voltar para o Alasca... Mas não devo permanecer por lá por muito tempo. ”

“- Por quê?”
“- Você e sua cabeçinha de vento- ela sorriu – A essa altura todos os Cullens já sabem da existência de Renesmee e provavelmente vão querer conhecê-la. ”

Não tive reação. Fiquei parada ali por alguns segundos. Eu havia esquecido os outros Cullens. O que será que eles deveriam estar pensando? Vir para cá conhecer a minha filha? Mas ela nem sabe quem eles são?

Eram tantas perguntas que eu estava me fazendo naquele momento. Respirei fundo e me lembrei de como falar novamente.

“ -Como assim vir conhecê-la? Ela nem faz idéia quem são eles. ”
“- Vou conversar com eles ainda. Alice me ligou umas mil vezes e... - a interrompi.

 “- Alice... ligou?”- perguntei com uma voz embargada.
 “- Sim... Umas mil vezes”- ela sorriu

Um sorriso se formou em meus lábios. Alice... Eu veria Alice. Eu senti tanta a falta dela. De suas maluquices e de seu jeito prático e intrometido de resolver as coisas. Eu a veria... Mesmo não sendo da maneira que eu esperava.

Fui retirada de minha divagação por Rose.

“- Bella eu acho melhor você ir... Ele está esperando. Depois conversamos. Eu realmente preciso ligar para eles.”

 “- Tudo bem, depois conversamos. Até mais”

Vire-me e fui em direção a saída. Quando eu já estava prestes a entrar em meu carro, ouvi Rose gritar.

 “- Boa sorte e tudo vai dar certo”- e logo em seguida virou-se e subiu às escadas.

Sorri e entrei em minha Captiva. Mesmo não sendo de meu costume, decidi acelerar bastante. Eu precisava do vento em meu rosto para me fazer relaxar antes da conversa que eu teria dentro de alguns segundos com ele.

                       Edward PDV

Eu não estava apenas impaciente. Eu estava eufórico, impaciente e ansioso. Não via a hora de Bella chegar. Havia tantas coisas que precisávamos esclarecer. Havia tantas palavras que precisavam ser ditas.

Pude ouvir com a minha audição aguçada que um carro se aproximava a mais ou menos uns 60 metros levando em conta a distância da estrada até a nossa casa.

Deve ser ela... - foi o que eu pensei

Levantei-me dos degraus os quais eu estava sentado.  Inspirei fundo.

Ela chegaria dentro de exatamente 5, 4, 3, 2, 1 e...

Bella adentrou em meu campo de visão em seu carro assim que terminei de fazer a contagem mentalmente.

Para certas coisas era um bom ter uma audição aguçada. Digamos que era útil.
Esforcei-me para tentar ler algo em sua mente, mas apenas o que encontrei foi o vazio. O imenso vazio que já existira quando Bella ainda não era uma de nós.

Ela desceu do carro. E não pude controlar o gemido de satisfação que dei assim que a vi.
Ela estava linda. Literalmente linda, da cabeça aos pés.

Não se vestia como antes- apesar de que para mim era um de seus charmes. Porém ela estava casualmente magnífica.

Eu deveria estar realmente com uma cara de abobalhado, pois ela teve que pigarrear para que assim eu parasse de olhá-la como se fosse um maníaco.

E eu era isso mesmo. Maníaco. Louco. Porém apenas por Ela, mesmo ela não acreditando em mim.

 “-Me atrasei?”- ela perguntou enquanto fitava o chão. Eu tive total certeza que se ela ainda fosse humana, naquele momento Ela teria ruborizado.

Eu iria sentir falta de ver aquilo. Porém não me restava escolha a não ser me acostumar com a nova vida a qual o amor de minha existência havia escolhido.  E eu sei que foi por uma cauã maior. Foi por Renesmee...

 “- Não... Acho que eu é que estava um tanto ansioso para a sua chegada”- respondi
“- Hum...”- foi isso que ela se limitou a dizer.

Nos entreolhamos por mais alguns segundos.

“ Oh! Onde estou com a cabeça?! Entre, por favor Bella.”
“- Tudo bem”

Sentamos no sofá branco que se localizava na sala principal de minha casa.

Mais segundos se passaram...

Nunca imaginei que em algum  momento dessa vida desprezível o qual eu tinha a 100 anos, eu estaria enfim, sem saber o que dizer a uma pessoa.

Mas eu sabia o porquê. Eu a amava mais do que tudo nesse mundo. Era um amor tão grande que ás vezes eu pensava que iria sair de dentro do meu peito. Eu a queria para mim.

Levantei-me do sofá e fui em direção a janela. Olhando para a parte exterior da casa, tentei buscar um pouco de coragem no amor que eu sentia por ela.

 “- Porque você não me contou que estava grávida antes de eu partir?”- perguntei, ainda olhando pela janela para o jardim de minha casa.

 “- Iria fazer alguma diferença?”- ela respondeu um tanto irônica.

Me virei bruscamente para fitá-la com toda a minha incredulidade.

“ – O que você acha que eu faria Bella? Sempre expus a você o quão errado era o nosso relacionamento e o monstro que eu era... Mas nunca pensei que duvidasse do meu caráter”.

Ela levantou-se.

 “- Que tipo de pessoa abandona a pessoa que diz que ama? Você é um mentiroso Edward Cullen! Enganou-me dizendo que me amava. Então, pois eu lhe pergunto se eu tivesse lhe contado sobre minha gravidez, o que você faria? – ela perguntou com a as voz um tanto exaltada.

“ – Eu iria ficar... Não iria lhe deixar quando você mais precisava de mim “- respondi a olhando com toda a intensidade que estava em meus olhos. “- Bella, eu tive que tentar lhe dar uma vida normal. Tranquila e feliz. ”

“- EU NÃO QUERIA UMA VIDA TRANQUILA E FELIZ! EU SÓ PRECISAVA DE VOCÊ... - ela disse olhando para mim. A essa altura já estávamos tão perto que nem tínhamos nos dado conta.

Ergui a mão para tocar o seu rosto.

Ela se desviou e virou se mantendo de costas para mim.

 “- Eu não iria lhe contar sobre minha gravidez para você apenas ficar por obrigação. Eu queria que ficasse primeiro porque me amava e depois pelo nosso bebê.”

Sorri ao ouvi-la pronunciar a palavra nosso bebê.

 “- Mas eu lhe amava Bella... Foi só por isso que parti”- disse com uma vontade fora do comum de tomá-la em meus braços.

Ela virou-se para mim.

 “- Que tipo de amor é esse que a pessoa prefere ver a pessoa amada com outra do que com ela própria? Que tipo de amor é esse que em vez de fazer feliz, abre um buraco no peito que só faz doer?”- ela perguntou com voz um tanto embargada.

Ouvir aquelas palavras doeram muito. Eu me arrependera amargamente de tê-la deixado.

Me aproximei mais dela e dessa vez ela não recuou. Manteve-se na mesma posição, sem se mover nenhum milímetro.

 “- Eu me arrependo tanto... Você não faz idéia de como me odeio por tê-la feito sofrer.”- disse e novamente estendi minha mão para tocá-la em seu rosto.

Dessa vez ela não hesitou e nem se esquivou. Apenas fechou os olhos.

Com as pontas de meus dedos, traçando um caminho lentamente começando pela mandíbula, passando pelas bochechas, contornando a boca até enfim aos olhos que se permaneceram fechados.

“- Eu me controlava todos os dias para não voltar a Forks para vê-la e lhe pedir que esquecesse de absolutamente tudo que eu havia lhe dito, e enfim voltasse para mim”- sussurrei me maravilhando com a sensação que era acariciá-la

Ela enfim abriu os olhos.



                             Bella PDV

Não resisti e me torturei com a sensação maravilhosa que era sentir a pele dele em contato com a minha. Eu sentira tanto a falta disso. Eu nunca sentira a pele dele em contato com a minha depois que eu me transformara...

Era tão... Quente. Bem diferente de quando eu era humana.

Me deliciei com o caminho que a ponta de seus dedos traçava em meu rosto. O rastro de sensações que elas deixavam por toda a extensão da minha face era simplesmente indescritível.

Mesmo de olhos fechados eu podia sentir a necessidade que tínhamos de nos tocar. A necessidade que nossos corpos clamavam que encurtássemos a distância que havia entre nós em apenas um toque simples como aquele.

Eu precisava dele. Na verdade precisar era minimizar a vontade imensa que eu tinha de tocá-lo.

Mas as coisas não poderiam tomar rumos tão impulsivos. Ele errou... me magoou mais do que um dia que sonhei que fosse possível.

“-Eu me controlava todos os dias para não voltar a Forks para vê-la e lhe pedir que esquecesse de absolutamente tudo que eu havia lhe dito, e enfim voltasse para mim”- ele sussurrou e eu pude sentir o seu hálito adocicado acariciar minha face.

E então eu abri meus olhos.

 “- Porque não voltou? Porque não veio concertar o erro que você havia feito?”

“- Eu queria... Como eu queria! Mas eu tive a estúpida idéia de tentar pensar por nós dois... Pensar por você. Eu achei que você estando do meu lado só estava correndo perigo constantemente. Eu te amava demais para sequer imaginar qualquer coisa de ruim que viesse a acontecer com você”

Amava... E então era no passado que ele se referia ao sentimento que um dia eu achei que fosse verdadeiro?

“- Acho que o propósito para o qual eu estou aqui era para falar de Renesmee”- disse tentando mudar totalmente rumo de nossa conversa.

Ele se afastou um pouco.

 “- Eu sei... Só estava querendo esclarecer alguns fatos e... - o interrompi.
“- Já está esclarecido! O que vim lhe dizer é que tenha um pouco de paciência. Não quero contar para ela sem antes prepará-la. ”

Ele assentiu. Puder ver que havia em seus olhos desapontamento e tristeza.

“- Compreendo. Mas Bella... Deixe-me ao menos vê-la?”
“- Claro que sim! Não estou lhe proibindo de vê-la. Só estou lhe pedindo que não conte para ela que você é o pai nesse momento! Apesar de Renesmee ser uma criança diferente das outras crianças normais de 3 anos, ela ainda continua sendo uma, e não merece saber de um fato tão importante assim tão de repente.

Ele assentiu e virou-se de costas para mim novamente e foi em direção a janela mais um vez.

“- A nossa menina é realmente tão linda...”- murmurou
“- Linda, inteligente e muito teimosa também”- sorri

“  Os filhos não negam suas origens. Ela idêntica a você”
“- Não concordo! Eu a acho incrivelmente parecida com você...”
“- Comigo? Por quê?- ele perguntou virando- se para mim com uma de suas sobrancelhas arqueada.

“- Você mesmo verá! Eu a acho parecida com você fisicamente, e sem falar que quando ela cisma com algo ninguém consegue remover essa idéia de dentro de sua cabeçinha”.

“ - Então ela herdou isso de você! Porque de nós dois você sempre foi a mais teimosa- ele disse sorrindo torto para mim.

Naquele momento tive que me lembrar de respirar. E dei graças aos Céus por não ser mais humana, pois se eu ainda pudesse ruborizar, eu teria o feito. Aquele Sorriso dele era simplesmente maravilhoso.

Ele percebeu o meu desconforto, pois ficou me fitando com uma espécie de divertimento no olhar. Ele ainda sabia que causava um efeito em mim. Um efeito não, todos os efeitos possíveis, isso sim!

Eu o amava tanto.  Mas ele me magoara demais. E eu não tinha mais certeza sobre os seus sentimentos.

“- Não sou teimosa!”
“- É sim!”
“- Não sou não!”
“- Viu como você é?!- ele gargalhou- Você continua sendo a mesma teimosa de sempre. Não mudou nada!

Me emudeci.

De repente ele tinha um pouco de razão em relação a minha teimosia. Mas não é bem uma teimosia e sim expor minhas opiniões.

“- O que você quis dizer em Renesmee ser diferente das crianças normais? Em que sentido basicamente?”- ele perguntou curioso.

“- Bem, Renesmee literalmente não possui um crescimento mental igual às outras crianças. Ela simplesmente falou sua primeira palavra com 4 meses de vida. O seu crescimento também não era normal a mais ou menos 2 anos atrás. Ela crescia extremamente rápido e eu já estava começando a me preocupar com relação a isso. ”

“ Porém, quando ela completou seu primeiro ano de vida seu crescimento normalizou. Mas estou me referindo ao crescimento físico, pois o mental acelera cada vez mais a cada dia. Ela aprende as coisas com muita velocidade e expõe sua opinião como se fosse a situação mais normal para um criança de 3 anos. E sem falar que ela possui um dom! É um dom incrível, mas não sabemos se ele vai se estacionar ou vai se proliferar mais.”

Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
Logo depois um sorriso se formou em seu lábios, mas não permaneceram ali por muito tempo.

“ – Isso a incomoda? Digo esse dom a faz sentir alguma espécie de dor ou desconforto?”- ele perguntou preocupado. E essa preocupação me deixou maravilhada. Era tão magnífico vê-lo se preocupando com Renesmee. Isso me deixava muito feliz.

“- Não, de forma nenhuma! Ela até prefere usá-lo. Ele também tem haver com pensamentos, mas não os de outras pessoas. Ela nos mostra o que na verdade ela está pensando através de imagens com apenas um toque – seja ele em seu rosto ou em qualquer outra parte de seu corpo. ”
Sua expressão era de encantamento quando eu terminei a frase.

“- Ual! – ele sorriu- Ela é incrível. Bella eu preciso conhecê-la melhor. ”
“- E você irá. Só vá com calma. Ela muito desconfiada... ”
“- Tudo bem, eu irei. ”

Nos entreolhamos mais uma vez.
“ Bem eu tenho que ir, Renesmee de repente pode acordar e se ver que eu não estou em casa vai fazer a Rose milhões de perguntas. ”
Ele riu alto. Não pude conter minha curiosidade.

“- O que foi?”
“- Ainda é diferente para mim esse seu relacionamento com a Rose – ele destacou bem o apelido que a chamávamos. Afinal, quando eu era humana nunca a chamei de Rose – apenas Rosalie, pois eu não possuía o grau de intimidade com ela ao contrário do que eu possuía naquele momento.

Sorri.

“- Nó nos aproximamos muito por causa de Renesmee... Ela foi o meu porto seguro”.
Ele enrijeceu.
“-Era para eu ter sido o seu...”- ele murmurou, acho que na esperança de que eu não ouvisse.
“- Era para você ter sido muitas coisas.”- disse por fim

Fui em direção a porta. Chegando perto da saída e virei-me.

“- Até breve. E aqui está meu telefone! Me ligue quando quiser vê-la”- disse entregando-lhe um papel rabiscado com a minha letra.
“- Tudo bem”

Me virei e já estava chegando no último degrau da escada quando sinto mãos fortes segurar-me em meu braço esquerdo. Olhei em direção aos seus olhos.

“  Bella... eu queria tanto lhe dizer o que você significa para mim”
Continuei paralisada. Sem respirar e sem me mover.

“- Eu sei que eu errei e não estou me desvencilhando disso. E só eu sei o quanto me odeio por ter cometido tal idiotice. Mas eu lhe juro que eu achei que seria a melhor alternativa para você... Desse jeito você não precisaria transformar-se em um monstro como eu.”

“ Você não faz idéia do quanto eu te amo e de que eu faria qualquer coisa para voltar no tempo e tê-la em meus braços. Eu te amo só por você existir. Eu te amo por ser essa pessoa maravilhosa que você é. Eu te amo por ser a mãe da NOSSA filha... Eu te amo e te quero tanto que chegar a doer”- ele disse fazendo um gesto que aparentava que ele queria mesmo arrancar tais sentimentos de seu peito.

E por fim a pergunta inevitável aconteceu.

“- E você não me ama mais?” – ele perguntou fitando-me com tanta intensidade que se ele não estivesse me segurando naquele momento minhas pernas vacilariam e eu iria de encontro ao chão.