Para não esquecer: Carta para mim mesmo, de Y. S. escrita por starpower Ander


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Finalmente terminei esse capítulo! Me deu um pouco de trabalho mais aqui está! Aproveitem.



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Nenhum de nós disse uma única palavra durante todo o trajeto. A menina desconhecida caminhava atrás de mim, com uma expressão abatida. Durante todo o caminho eu me perguntava qual era o problema que a deixou tão preocupada. Estava escuro quando chegamos à minha casa, ambos paramos na frente de um portão de uma grande casa antiga, no estilo japonês tradicional.

— Olá... – Disse ela ao passarmos pelo portão.

Atravessamos o jardim pelo caminho de pedras. Ao chegarmos na porta eu falei para ela:

— A propósito, moro com minha avó. – Disse eu, desinteressado.

— Entendi. – Ela assentiu com a cabeça.

 Entramos juntos e tiramos nossos sapatos. Minha avó apareceu para nos receber. Ela olhou para a menina, depois para mim e para moça novamente com uma expressão que misturava surpresa e alegria.

— Bem-vindos. – Disse ela com sua animação costumeira, olhando para a desconhecida um sorriso cintilante no rosto. Era a primeira vez que eu trazia alguém da escola para nossa casa. – Incrível você ter trazido uma garota! Ela é a sua... – Eu rapidamente imaginei o que ela estava pensando. Ah... Não, ela entendeu tudo errado.

— Não, ela não é nada disso. – Esclareci rapidamente, antes que isso se tornasse uma situação constrangedora. – Por alguma razão, ela não pôde ir para casa.

— É mesmo? – Disse a vovó preocupada. – Então fique um pouco aqui. – Ofereceu olhando para ela.

— Não tem problema? – A menina perguntou nervosa.

— Claro que não! Ele e eu somos os únicos que moram aqui. Temos muitos quartos também. – A senhora sorriu calorosamente para a garota. Eu tive a impressão que a vovó estava mais barulhenta do que o normal.

— Obrigada... – Agradeceu a menina. – Então se eu puder aceitar e ficar aqui...? – Disse sorrindo timidamente.

— É claro! Pode sim! – A mais velha respondeu. – Meu nome é Yonuki Kinue. Sou a avó dele. Novamente, bem-vinda.

— M-meu nome é Miyamoto Sayumi. Obrigada, mais uma vez. – Ela se curvou.

— Estou muito feliz por tê-la aqui. Sinta-se em casa. – A vovó se despediu e seguiu para o outro cômodo, não sem antes me lançar um olhar travesso, que me pareceu suspeito. Ela entrou no seu quarto, alegre como uma adolescente.

O que a vovó está pensando? Decidi não pensar nisso. Olhei para a nossa hóspede, ela continuava a olhando para a direção que minha avó seguiu, admirada.

— Ela é bem animada... – A menina comentou.

— Sim, mesmo que já tenha mais de oitenta. – Eu disse com uma atitude cansada, ela me olhou impressionada.

As pessoas normalmente ficam surpresas quando descobrem a verdadeira idade da minha avó, sua alegria e aparência a faz parecer bem mais jovem. Eu a conduzi até o meu quarto, ansioso para ouvir a sua história.

— Ok. Conte-me o que aconteceu. – Exigi.

— Bem... – Ela começou hesitante, como se não soubesse o que dizer.

Ela suspirou, tentando organizar seus pensamentos e depois de um momento de silêncio, começou a falar.

— Bem... Por onde posso começar... – Ela sorriu um pouco tímida. – Hoje eu estava arrumando a biblioteca da escola, quando eu encontrei uma etiqueta de atleta. Pensei que alguém a tinha esquecido e resolvi devolve-la, então fui guardá-la no ginásio. No caminho eu encontrei o meu colega de classe Yuzuru e ele me pediu para levar uma bola até o ginásio...

— Espera! – Eu interrompi. – O que isso tem haver? É mesmo importante? – Disse impaciente.

— Bom... Eu não sei.  – Disse ela. – Talvez não, mas...

— Conte apenas o que você realmente achar que for necessário. Não vou ficar a noite inteira ouvindo você. – Respondi. – Sua história me cansa. – Cruzei os braços irritado.

Que tédio...

— Ok, eu vou tentar. – Ela disse depois de um suspiro. – Eram quase cinco horas quando eu voltei do almoxarifado, passei pelo campus antigo e vi aquele espelho velho que fica no final do corredor. Fiquei curiosa sobre ele e tentei toca-lo, mas minha amiga Tomoko apareceu e me impediu dizendo que alguma coisa ruim aconteceria se eu o tocasse. Nós conversamos um pouco sobre os clubes. Então ela viu alguma coisa presa no meu cabelo e nós duas pensamos que era um bicho. Tomoko emprestou-me o espelho para tirar a coisa de meu cabelo mas era só um fio... – Contou ela.

Bocejei entediado, pelo visto ela não sabe o como “ir direto ao ponto” então. Nessa parte, eu quase não estava mais prestando a atenção na sua história.

— E então, eu vi uma luz muito forte como um relâmpago, tudo ficou muito claro e não pude manter meus olhos abertos. Senti também um vento muito forte junto com a claridade intolerável, então firmei o pés. Ainda assim, não consegui manter minha força, então não pude firmar os pés muito bem. Eu apenas me perguntava o que estava acontecendo. – Disse ela.

Essa parte me chamou a atenção e eu olhei para o seu rosto.

— Devo ter desmaiado, porque não me lembro de mais nada. Quando acordei estava deitada na cama da enfermaria. Nesse ponto você me encontrou e nós tivemos aquela conversa. Eu fiquei surpresa quando você me disse que a enfermeira se chamava Araki-sensei, quando sempre tinha sido Yunoki-sensei, o professor enfermeiro desde de que cheguei a escola. – Eu me lembrei da cena na enfermaria, ela só me perguntava sobre esse tal Yunoki-sensei.

— Quando eu sai da enfermaria fui até a minha sala, ou melhor, onde eu achava que era a minha sala. – Ela continuou – Mas quando cheguei, eu não consegui reconhecer nenhum dos meus colegas de classe e nem o professor. No entanto, todos pareciam me conhecer. – Ela suspirou tristemente. – Outra coisa estranha é que antes de desmaiar já era a hora da saída, mas quando eu acordei estava na hora do almoço em vez disso. Eu não entendi o que estava acontecendo e imaginei também que talvez não pudesse voltar para casa, por que era possível que estivesse outras pessoas desconhecidas morando lá, ao invés dos meus pais.

Quando ela finalmente terminou eu coloquei a mão atrás da cabeça e suspirei profundamente, pensando no que ela disse. Como eu poderia explicar uma coisa assim? Achei que se ouvisse o que a desconhecida tinha a dizer, entenderia o que estava acontecendo com ela. Mas ao contrário, quanto mais a garota contava o que lhe aconteceu, mais confusa sua história de tornava.

— Que esquisito – Eu disse, depois de um momento de silêncio.

— Também não sei o que aconteceu. – Disse a menina. – Hum... Que dia é hoje? – Perguntou preocupada, como se tivesse lembrado de algo importante.

— Hã? 26 de novembro. – Respondi.

Ela pegou rapidamente um telefone móvel, eu olhei para ele um pouco curioso. Havia visto um parecido com esse em um comercial na televisão certa vez, eles eram muito caros e poucas pessoas os tinham. Mas um telefone móvel desse modelo eu nunca tinha visto, ele era muito pequeno e parecia muito mais leve que o da TV. Ela virou-se preocupada.

— Qual é o ano? – Perguntou ansiosa.

— Hã... É... – Fui surpreendido com essa pergunta.

Que estranho... pensei. Já estamos em novembro. É possível alguém não saber em que ano está? Geralmente não me lembro de coisas, como por exemplo o nome das pessoas ou onde deixei a minhas coisas, mas nunca esqueci do ano.

Naquele momento quase a chamei de burra, mas quando vi a menina respirar fundo, aguardando minha resposta com uma expressão apreensiva, segurei minha língua.

— É 1995. – Respondi eu.

A garota me olhou completamente espantada.

— O que?? – Ela exclamou.

Ela ficou chocada. Que estranho... Mas o que tem de errado com o ano que estamos? Ela realmente não sabia? Como alguém pode se esquecer disso? Não sei dizer se era burrice ou esquisitice mesmo.

— O que há de errado? – Olhei para a menina cheio de dúvidas.

— Hum... – Ela emudeceu, olhando nervosamente para as suas mãos. Depois de algum tempo de silêncio a garota disse: – Oh... Acho que nunca perguntei o seu nome! – A menina deu sorriso nervoso. – Eu sou Miyamoto Sayumi. Qual é o seu nome?

 Levantei uma sobrancelha, sabia que ela estava evitando o assunto. No entanto, deixei isso passar.

— Soutaro. – Respondi indiferente.

— Como? – Ela pareceu surpresa por alguma razão. – E... seu sobrenome?

— Yonuki-kun – A menina empalideceu e olhou perplexa para mim de queixo caído.

Não conseguia entender a sua reação. Ela não disse nada, apenas ficou olhando chocada para mim, como se eu fosse um ser de outro planeta. Fiquei incomodado com o seu olhar direto e desviei os olhos. Fui surpreendido quando ela ergueu a mão até o meu rosto e beliscou minha bochecha com força.

— Mas que diab...?! – Exclamei, surpreso e sentindo um pouco de dor.

— Oh, é macia. – Observou ela.

— Ei... Que diabos está fazendo? – Perguntei em tom baixo, mas irritado.

— Pensei que tudo isso fosse um sonho... – Explicou ela.

— Então por que não faz isso em você mesma? – Perguntei irritado.

— Desculpe... – Ela abaixou a cabeça para mim e suspirou.

— Ei, conte-me o que está acontecendo. – Exigi respostas.

Fiquei cansado de tanto segredo e seu comportamento estranho estava me incomodando. Por alguma razão ela não queria me contar o que estava pensando e evitava o assunto. Mas agora não vou deixa-la continuar fugindo. Quero saber a verdade.

— Hã... – Ela engoliu seco. Eu a olhava fixamente esperando a verdade, ela viu que não teria escapatória e abriu a boca para falar. – Na verdade... – A garota começou. – Eu venho de dez anos no futuro.

Eu olhei incrédulo para o seu rosto.

— O que? – Foi minha única reação após ouvir isso.   


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Notas finais do capítulo

Espero que me perdoem por ter adicionado algumas coisas, eu achei que deixaria a história mais realista, vocês querem que eu continue adicionando? Me contem nos comentários!



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