Foram longos os minutos que se passaram perante o silêncio de ambos chef's acomodados na amplas sala de estar. Rosalie levantou a cabeça e fitou o homem à sua frente por um longo momento antes de suspirar vencida.

A garota levantou-se e num gesto de paz estendeu-lhe a mão para um aperto, era o máximo que se auto-controle permitia sem que ela tentasse matá-lo, tamanha era a raiva que ainda guardava em seu peito.

Emmett prontamente aceitei a mão de Rosalie e deixou que um lindo sorriso de covinhas tomasse seu rosto, afinal, poder estar perto daquela mulher e em paz, era tudo que ele queria e precisava, além de reaproximá-la de sua família que tanto lhe tinham apreço.

—Isso quer dizer que somos amigos?- o jovem pediu.

Rosalie revirou os olhos para aquela palavra, ela jamais seria amiga dele, jamais lhe daria uma abertura para tentar, prometeu a si mesma que não se enganaria com aquele falso pedido de paz por parte dele. Em sua cabeça, ela apenas pensava em o quão mentiroso aquele homem lhe parecia.

—Claro.- Ela respondeu com um sorriso amarelo, beirando o sarcasmo.

—Então, ótimo. Estou muito feliz!- Emmett disse feliz como um garotinho de oito anos na manhã de natal.- Você não sabe como estou aliviado, minha família gosta muito de você e eu realmente quero muito que possamos nos dar bem.

—Sim, isso é ótimo.- a loira respondeu-lhe ainda forçando o sorriso amarelo de antes.

—É.. bom, eu já vou então.- o rapaz disse desnorteado observando a figura de Jacob parado junto ao batente da porta que separava a sala do corredor que levava aos quartos das garotas.

Jacob fora apenas buscar um copo de água para Anna, mas não resistiu e parou na sala para observar e ouvir o assunto que aquele homem, até então desconhecido, teria com Rosalie. 

Emmett, desconcertado, passou as mãos pelos cabelos e em seguida direcionou um olhar envergonhado para Jacob, acreditando que aquele fosse um afair de Rosalie, já que no restaurante nada se comentava sobre ela ter um namorado ou algo do gênero. Alguns funcionários que não gostavam tanto da Chef, até chegavam a dizer que a mulher era lésbica não assumida, já que esta nunca dissera ou mencionar o nome de um homem ao longo dos dois anos que dirigia a cozinha do Pallais.

Imediatamente, Rosalie virou a cabeça em direção a quem Emmett olhava, num ímpeto percebendo que ele estava envergonhado e até um pouco acuado mediante a forma grande e ameaçadora de Jacob. A loira andou tranquilamente ao encontro de seu vizinho e segurou sua mão, recebendo um sorriso em troca, estava claro que ela apenas queria que Emmett ficasse tão afastado quanto podia dela, e para isso ela decidiu que contaria com o apoio do homem maravilhoso que Jacob é.

—Quer que eu te acompanhe?- Jacob perguntou ríspido dando um passo a frente sem soltar sua mão da mão de Rosalie.

—Não, eu sei o caminho.- Emmett respondeu no mesmo tom que o homem, encarando as mãos de ambos entrelaçadas.

O chef dirigiu à porta do apartamento e retirou-se rapidamente, mas antes lançou um último olhar às mão de Jacob e rosalie que sorriam amarelo em resposta. Quando a porta fechou-se atrás de seu corpo, Emmett não sabia ao certo o por que, mas sua maior e única vontade era socar o que quer que estivesse em sua frente. O homem lembrava-se das palavras ríspidas do rapaz que encontrava-se no apartamento de Rosalie, em seguida, a imagem de seus dedos entrelaçados nublava sua mente, fazendo-o sentir ainda mais raiva.

Rapidamente ele chegou até sua caminhonete estacionada em frente ao prédio, suspirou pesadamente e socou o volante, em seguida depositou a cabeça em cima dos braços tomando mais uma grande lufada de ar, acalmando seu espírito. Minutos se passaram desde que o grande homem entrara na caminhonete,  enfim acalmando-se, dando partida e arrancando com o veículo às pressas para longe daquele lugar.

No apartamento, uma Rosalie atordoada encontrava-se jogada sobre a poltrona grande e macia, vez ou outra deixando que algumas lágrimas escorressem ávidas por sua face. Ao seu lado, Jacob apenas afagava seus cabelos trazendo uma sensação de conforto. 

Anna que escutava toda a conversa do corredor, escondida para que os adultos não notassem, percebeu que a movimentação havia sessado na sala de estar. A garota ouvindo o choro da tia aproximou-se do lugar em que ela se encontrava e abraçou com força pelo pescoço, chocando os dois adultos ali, já que desde que perdera a mãe, Anna evitava toda e qualquer demonstração de afeto para com sua tia.

Rosalie acolheu-a em seus braços com carinho puxando-a para seu colo e a segurando firme enquanto absorvia o cheirinho doce do shampoo infantil dos cabelos da garotinha. Jaboc comoveu-se ao ver a cena e já ia saindo para dar-lhes espaço quando Rosalie puxou-o pela mão e o enganchou naquele abraço.

O momento fora interrompido pelo som estridente da campainha tocando, os adultos trocaram um olhar significativo, conversando através dele, Jacob passando calma e segurança para Rosalie caso fosse Emmett quem tivesse voltado. O homem levantou-se de sua posição, já que este havia ajoelhado-se para alcançar o tamanho das garotas quando fora abraçá-las e foi diretamente atender a porta. 

Jacob sorriu para as duas garotas ainda abraçadas na poltrona quando olhou pelo olho mágico e constatou que a garota de feições delicadas e óculos que lhe conferiam um ar de nerd só poderia ser a nova babá enviada pela agência que Rosalie contratara no dia anterior. O homem abriu a porta e sorriu para moça que lhe sorriu timidamente de volta e esperou que ele lhe convidasse à entrar.

—Bom dia, sou Angela. Fui enviada pela agência.- a garota disse baixinho.

—Bom dia Angela.- Jacob sorriu lhe dando passagem.- Eu sou Jacob, aquelas são Rosalie e Anna.

—Olá. - ela disse sorrindo para as duas que lhe sorriram de volta.

Anna prontamente desceu do colo da tia e passou a analisar Angela, analisou o suéter lilás que a garota vestia, as botas de neve de cor caramelo e os óculo arredondados que ela  usava, lhe dando um aspecto quase infantil. A linda garotinha de cabelos claros sorriu quando seus olhos encontraram os doces olhos de Angela, ela lhe deu a mão arrastou-a para seu quarto sem dar tempo para que sua tia sequer falasse com ela.

Rosalie seguiu as duas com os olhos até que desapareceram virando em direção ao corredor, sorriu largamente ao notar que sua sobrinha havia gostado de Angela. Claro que mais tarde ela faria uma pequena entrevista com a garota enviada pela agência para conhecê-la melhor afim de evitar problemas, como teve no dia anterior.

Jacob pigarreou chamando a atenção da loira, sentou-se no sofá em frente ao dela e lhe sorriu ternamente.

—Obrigada mais uma vez Jacob, nem sei como lhe agradecer por tudo que fez por Anna e por mim.- A loira disse.

—Poderia começar saindo comigo.- ele disse sorrindo e lhe lançando uma piscadela deixando-a rubra de vergonha.

—Sim, acho que podemos marcar algo. - ela lhe respondeu. 

Rosalie resolvera aceitar o pedido daquele homem mais como agradecimento do que como qualquer outra coisa que pudesse lhe chamar atenção. Não que Jacob não fosse bonito e legal, mas ela nunca sentiu perto dele, ou o tocando o que buscava para um relacionamento sério e duradouro, a tão famosa e clichê "corrente elétrica" que tomava o corpo daqueles que mais do que se atraem, se apaixonam um pelo outro.

—Sério? Mas e a regra de "não saio com quem mora no mesmo lugar que eu?"- ele pediu sorrindo ainda mais largamente.

—Claro que é serio! Abrirei uma exceção para você, acho que você merece isso mais do que ninguém.- ela lhe respondeu também sorrindo, mas não com tanta intensidade quanto ele.

—Ótimo! Então quando e onde? - ele quis saber, já que a mulher não aceitava comer outra comida que não fosse a dela e suas regras loucas não lhe permitiam fazer várias coisas.

—Não sei ao certo.- Ela respondeu não querendo revelar-lhe que não sabia onde e como poderiam ter um encontro, afinal, ela nunca fora convidada para sair desde que chegara a Nova York.

—Tem um parque de diversões na cidade, é enorme e tem muitos brinquedos legais. Mas se preferir, podemos ir ao cinema.- ele sugeriu animado.

—Acho que o parque está bom.- Ela disse após ponderar e considerar que seria melhor estar com um homem em um encontro em um lugar iluminado e cheio de pessoas do que estar em uma sala de cinema escura e com possibilidade de estar praticamente vazia.

—Ótimo então. Quando você pode?- Jacob lhe perguntou com brilho nos olhos o que a fez pensar em o quão animado ele deveria estar depois de tanto tempo levando foras e agora tendo, finalmente, a chance de levá-la para sair.

—Estou de folga no sábado a noite, já que o Emm... quer dizer, que o Chef Cullen, aquele que você viu sair daqui, pode me substituir.

Apesar de odiar faltar ao trabalho e de pensar que assim poderia perder seu lugar para Emmett, Rosalie não se importou em pedir-lhe que trocasse sua folga com ela, já que ela não tirava folgas e ele escolhia as segundas e sábados como suas. A loira pensou que já que o Chef Cullen queria brincar de cozinhar em sua cozinha, então que fosse melhor ela se aproveitar da situação.

—Tudo bem então Rose, estarei aqui no sábado às 19:00.- ele disse se levantando e indo em direção a porta, já estava atrasado para o trabalho.

—Vou esperar. - Ela lhe lançou um sorriso assim que ele se retirou de seu apartamento, mas antes que ela pudesse fechar a porta, ele lhe deu beijo na bochecha, um sinal de afeto.

Rosalie fechou a porta assim que ouviu-o descer as escadas apressadamente, fechando os olhos com força em seguida. A mulher perguntou-se o que estava fazendo, e principalmente, o que estava acontecendo com si mesma. Apertou a mão que Emmett tocara e parecia ainda sentir o formigamento que a pele macia dele lhe causou com o contato, em seguida fez o mesmo com a que Jacob tocara, nada sentiu além de uma extremo carinho, mas mesmo assim pensou que a melhor coisa naquele momento seria dar uma chance ao homem que tanto lhe estava ajudando, afinal, o que tinha a perder?