Wild escrita por Micheele
Depois da escola eu chego em casa, resolvi vir direto e sabia que meu pai estaria me esperando para conversar, depois dele mandar uma mensagem avisando, agora eu teria que saber o que estava acontecendo, mesmo não querendo.
"Você não é uma covarde, Lydia" – Pensei.
Abri a porta e respirei fundo, joguei minha bolsa no sofá, fui andando em direção ao escritório dele e bati algumas vezes na porta antes de entrar, o mesmo estava sério e sua expressão não era uma das melhores, tinha olheiras em sua face e seu semblante parecia cansado.
— Ei filha. – Seu tom era baixo e aquilo me destruiu um pouco, em nenhum momento eu pensei nele, eu só estava pensando em mim e em como eu estava brava com ele.
— Oi pai. – Sussurrei e acabei por sentar na cadeira na sua frente. – Só fala tudo, não me esconde nada, ok?
Algo que eu aprendi com ele é que temos que ser direto as vezes e eu não queria ficar enrolando, eu era ansiosa e sempre quero entender as coisas, odeio ficar na duvida e isso eu puxei com certeza dele.
— Bem, você conheceu a sua mãe, né? – Perguntou com um semblante triste.
— Eu não diria mãe, ela nunca me criou. – Falei a verdade e isso fez o mesmo dar de ombros.
— Isso é verdade, eu te criei, eu estive aqui sempre. – Meu pai falou e sabia que aquilo estava deixando o mesmo preocupado. – Você nunca vai me trocar?
— Jamais, nunca pense isso.
— Não sabe como eu fiquei preocupado, filha. – Me levanto e vou em sua direção dando um abraço apertado no mesmo.
— Você é minha família e sempre vai ser. – Comentei em um tom calmo, abrindo um sorriso. – Agora melhor contar sobre tudo, eu não quero que ela apareça de nova e eu estava em desvantagem, não sabendo de nada... Sendo a garota perdida no meio de tudo.
— Você tem razão, eu deveria ter falado antes. – Dei alguns segundos para ele pensar e acabo ouvindo tudo atentamente. – Sua mãe nunca morreu, deu para perceber, né? Enfim, éramos novos quando tivemos você, ela no começo não queria, mas eu insisti, ela tinha que ter você, não era o que tínhamos planejado, mas você era o nosso presente.
— E o que aconteceu depois?
— Bem, acho que ela era muito nova, mas quando você nasceu ela saia muito para festa e parecia que não tinha uma filha, e isso ficou piorando, então eu disse: ou era para ela ser sua mãe, ou ir embora e ela foi. – Solto um suspiro e sinto que já estou querendo chorar e depois de sentir meu pai me abraçar, acabo abraçando o mesmo fortemente.
— O que ela falou quando foi embora? – Perguntei.
— Isso não importa mais.
— Sim, importa... O que ela disse?
— Ela falou que queria aproveitar a vida e não iria conseguir com nós, ela nos deixou. – Meu pai disse.
Ela foi egoísta, eu entendo que deve ser difícil ter um filho novo, mas ela não tento, ela preferiu fugir e isso só me fazia sentir mais tristeza, agora eu entendi porque meu pai inventou a historia que ela tinha morrido, ele queria me proteger, para eu não me sentir triste ou me sentir jogada como eu estava me sentindo.
— Você sabe que eu te amo, né? – O homem que me abraçava tão carinhoso falou e eu só me sentia feliz em saber que tenho um pai incrível. – Ela perdeu em te ver crescer e se tornar essa garota incrível.
— Eu te amo demais, pai. – Sussurrei o abraçando fortemente. – Você é o pai mais incrível do mundo, desculpa por ter te ignorado esses dias.
— Você só estava confusa, é normal anjo.
E depois disso ele ficou fazendo carinho em meu cabelo, começou a contar algumas historias antigas de como era criança e sempre falava como eu era especial para ele, que ele nunca teria mudado nada em sua vida e eu me sentia do mesmo jeito, eu sempre quis ter uma mãe, sempre olhava as crianças e sentia inveja, mas depois eu esquecia, porque tinha um pai incrível... E ela voltou, mas agora é tarde, eu já tenho minha família.
XXX
Estava deitada no meu quarto, depois da conversa eu pedi para subir e fazia algumas horas que eu estava trancada aqui dentro, no meu esconderijo particular, pensando em tudo que tinha acontecido, ainda estava uma loucura e algo que eu tinha certeza era que eu não queria ver ela.
— Eu amo quando você está toda pensativa, mas tenho certeza que não deve ter muitas coisas boas passando em sua cabeça nesse momento. – Ouço uma voz na porta e acabo por olhar rapidamente para o local.
Stiles estava parado, o mesmo me encarava atentamente e acabei abrindo um sorriso e isso fez o mesmo retribuir, eles vêm andando em minha direção e me deu um abraço apertado, fazendo eu me aconchegar melhor nele.
— Seu pai me ligou. – Ele explicou depois de eu olhar um pouco confusa para ele, já que tínhamos combinado que não iriamos nós ver hoje. – Ele disse que você provavelmente iria precisar de mim.
— Devo agradecer ao meu pai, ele sempre sabe o que fazer. – Soltei uma gargalhada baixa ao pensar nele ligando para o Stiles e o mesmo ficando todo nervoso.
— Porque está rindo?
— Estou imaginando você todo nervoso falando com o meu pai. – Brinquei.
— Ele da medo ok? – Stiles fez uma careta e eu acabei voltando a rir. – Não vai rindo não, poxa.
— Por que não? – Perguntei.
— Porque eu não vou te dar o que eu acabei comprando para você. – Stiles levantou a sacola, não tinha visto que ela tinha entrado com algo.
— O que tem ai dentro? – Perguntei tendo olhar dentro da sacola.
— Só vou dizer se você falar que eu sou uma pessoa corajosa.
— Não vou mentir Stiles, você é o meu medroso. – Brinquei.
O mesmo soltou uma risada baixa e me deu um beijo em meus lábios, porem quando estávamos aprofundando, ouço alguém batendo na porta e Stiles se afasta rapidamente sua mão que já estava em minha cintura e isso faz quase o mesmo cair.
— Você não é medroso, né? – Disse baixinho, somente para ele ouvir.
Stiles estava com a face corada e meu pai estava prendendo o riso que queria soltar, meu pai era tranquilo e eu já tinha falado isso para o Stiles, mas ele não deixava de ficar com medo e sempre falava que não iria se aproveitar da bondade do meu pai.
— Só queria ver se está tudo bem, mas parece que sim. – Meu pai brincou e eu soltei uma risada alta, vendo Stiles ficar ainda mais constrangido, se isso fosse possível.
— Sinto muito, senhor. – Ele disse e eu bati em seu ombro.
— Relaxa Stiles, meu pai não vai te atacar, né? – Olhei para o meu pai e ele fingiu uma cara brava.
— Não prometo nada, não fica agarrando muito minha filha. – Seu tom era sério, mas eu conhecia muito bem para saber que ele estava fingindo, depois dele ver que Stiles já estava ficando sem cor, acabou por rir dele. – Estou brincando garoto.
— Melhor não brincar assim, perigoso ele não aguentar. – Comentei.
— Verdade, vou deixar vocês sozinhos, não apronta. – Meu pai falou antes de sair.
Encaro o Stiles que estava um pouco branco e isso fez eu abrir um sorriso descontraído em minha face e logo o mesmo soltar um suspiro.
— Não é medroso, né? – Perguntei novamente.
— Não diga nada. – Ele disse e me deu a sacola que estava na sua mão, pego o mesmo e abro um sorriso ainda maior ao ver que tinha sorvete e alguns doces. – É para te animar.
— Você é o melhor namorado, vem aqui me dar um beijo.
— Melhor não, seu pai mandou se comporta. – Brincou antes de voltar a me beijar.
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