Contra o Tempo escrita por LohRo


Capítulo 9
Ameaças




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Instintivamente Grissom se levantou, tentando bloquear a visão que Peter tinha de Sara. Ele viu o sorriso cínico se formar em seu rosto com a sua postura protetora.

Aquele homem não chegaria perto de Sara!

—Fique longe dela! - Grissom rosnou.

—Deveria repensar em seu tom, Dr. Grissom. Não se esqueça que sou eu quem dita como as coisas devem ser e acontecer!

Grissom se aproximou dele, pouco se importando com a arma engatilhada em sua direção.  

—Seu canalha! Você bateu nela!!!

—Mais um passo e eu atiro! - Peter o ameaçou.

­_Grissom, por favor ... - Seu coração acelerou. Ela sabia que Peter não hesitaria em fazer exatamente aquilo.

—Está tudo bem, querida. Ele não pode mais te machucar.

No próximo passo que deu, um estampido alto ecoou pelas paredes e ele olhou em horror para trás, na direção da cama de Sara. Ela estava pálida, os olhos arregalados, e em completo estado de choque. O tiro havia acertado a parede, perto o suficiente de sua cabeça.

Deus, o que ele havia feito ? Quase provocara uma tragédia.

—Da próxima vez ela não terá tanta sorte, não queira pagar para ver!

Grissom engoliu o nó na garganta e tentou retardar sua respiração.

Eles viram Peter tirar algo de dentro de sua jaqueta e o lançar ao chão.

Grissom imediatamente reconheceu o gps de seu carro completamente destruído!

—Nada e nem ninguém vai interferir nos meus planos!

Ele mesmo havia se esquecido completamente daquele detalhe. Aquilo só provava que este psicopata estava sempre um passo a frente deles.

—Sara, venha até aqui agora! - Peter ordenou olhando nos olhos de Grissom como se o desafiasse a mover um único músculo para impedir aquilo.

Grissom sabia que só o fato de tentar remediar aquela ordem, seria motivo o suficiente para aquele bastardo punir Sara apenas para atingi-lo e lembrá-lo de quem estava no poder. Ele cerrou os punhos com força com essa sensação de impotência.

Sara manobrou seu corpo com lentidão e conseguiu se levantar. Seus músculos todos protestaram, mas foi a súbita tontura que quase a levara ao chão. Em apenas dois passos Grissom estava ao seu lado lhe amparando, sem se preocupar por ter desobedecido a ordem silenciosa para não se mover. Seu corpo estava blindando o dela, se alguém fosse receber um tiro, seria ele.

—Não me sinto bem ... - Ela murmurou.

—Você está fraca. Não se alimentou em nenhum momento, não é ?

Ela balançou a cabeça confirmando suas suspeitas. Fazia mais de trinta horas que estava em cativeiro e antes disso, haviam dobrado o turno no laboratório quando ele a tirou do caso. Não se lembrava quando havia sido sua última refeição, talvez há dois dias.

—Paciência não está entre as minhas qualidades, traga-a até aqui!

Grissom apertou a mandíbula bastante nervoso, não havia outra alternativa senão obedecer.

­_Venha, querida ... se apoie em mim ...

Ele praticamente a carregou e permaneceu segurando-a quando pararam a alguns metros de Peter, sentindo que do contrário ela desabaria no chão.

—Não acho que será divertido com você nessas condições, Sara. Mal pode ficar em pé, quanto mais se defender!

Grissom a apertou ainda mais contra o seu corpo, rezando silenciosamente que ele seria capaz de protegê-la daquele monstro. Naquele momento ele desejou ter avisado alguém sobre seus planos, sobre a descoberta de onde Sara estaria e sua ida até ela, mas não havia tempo e a menor possibilidade de colocá-la em perigo, ainda mais. Peter havia feito exigências e ele não estava em posição de descumprir.

Peter notou aquele gesto e sorriu. Estava mais do que claro que o chefe nutria sentimentos por sua subordinada que iam além dos profissionais. Não foi à toa que resolveu inclui-lo em seus planos, cada vez mais gostava do que estava por vir.

Nunca amou ninguém de verdade, só havia se casado com Melissa por pressão de seus próprios pais. Ela estava grávida e disse que o filho era dele. Seus pais o obrigaram a fazer seu papel de homem e bem, ele tinha, quando fez sexo com ela!

De repente, ele não se reconheceu mais, vivendo aquela vida. Ser marido e pai era estressante demais, desgastante demais. As brigas eram constantes, a bebida lhe ajudou, era o seu único alento. Foi nesta época que descobrira aquele galpão, havia sido por acaso, e após constatar que há muito tempo não era utilizado, o tornara seu pequeno reduto.

Quando seus pais morreram em um acidente de carro no ano seguinte, a situação piorou. Ele passou a agredir a mulher quase todos os dias durante os últimos anos. Gostava de se impor, de ser o macho alfa. A vida era boa ou pelo menos foi, até a semana anterior, onde acabou passando do limite e matando-a no auge de um dos abusos.

Ele havia se apresentado na delegacia com o seu advogado e realmente se viu surpreso quando fora autorizado a sair pela porta da frente depois de seu depoimento. Seu sorriso presunçoso provocara a ira de Sara, que prometera colocá-lo atrás das grades.

Ele havia a ameaçado e ainda assim ninguém havia feito nada. Eram todos um bando de idiotas mesmo!

Finalmente era um homem livre, em todos os sentidos, sua mulher estava morta e sua filha sob a guarda do estado, nunca havia sido um pai para ela de qualquer maneira.

—Ela precisa se hidratar, comer alguma coisa ...

Peter foi tirado de seus pensamentos por Grissom. A preocupação em sua voz era nítida, quase palpável.

—Se ela se comportar, eu prometo pensar no assunto.

—Mas você mesmo disse que ...

—Cale a boca! - Ele gritou visivelmente alterado. _Se eu ouvir mais uma palavra sua, juro que não vai gostar do que estou pensando em fazer com ela aqui na sua frente!

Sara reprimiu um soluço.

O toque de um celular chamou a atenção de todos.

—Você está brincando comigo, Dr. Grissom ? Eu vou te mostrar o quanto gosto ser feito de idiota!

Ele puxou Sara à força pelo braço, sem dá-lhes tempo de reação.


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