Contra o Tempo escrita por LohRo


Capítulo 7
Frente a Frente




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Grissom freou praticamente em cima de um veículo que havia parado de repente na pista. Seu corpo ainda em movimento fora barrado pelo cinto de segurança.

Ele não se importou com a pressão dolorida em seu peito. Só queria voltar a pisar fundo no acelerador, mas o veículo aparentava estar com problemas mecânicos, fazendo com que ele praguejasse alto pelo tempo que estava perdendo.

Deu marcha ré em seu carro e tentou ser paciente enquanto alguns veículos vinham da pista contrária. Seus dedos tamborilavam nervosos no volante.

O olhos temerosos deram uma rápida olhada no relógio sobre o painel.

00:27:38 ... 00:27:37 ... 00:27:36 ...

Quando sua atenção foi retomada para a pista agora livre. Ele contornou o veículo à sua frente, acelerando até onde seu carro pudesse suportar. Seus pneus quebravam o silêncio por onde quer que passassem.

Tinha a sensação que seu peito explodiria a qualquer momento com a carga de adrenalina que seu coração vinha constantemente recebendo.

Um desespero se abateu sobre ele quando sua mente começou a maquinar os muitos quilômetros que ainda teria pela frente.

Não daria tempo.

Lágrimas quentes começaram a deslizar em seu rosto com aquela sensação de perda.

Ele mal conseguia respirar. A dor em seu peito era insuportável.

“Deus do céu, eu não vou conseguir ... Sara ... me perdoe, querida ... mais uma vez decepciono você ...”

Ele tentou secar suas lágrimas, em vão. Elas caíam livremente, denunciando o quanto ele parecia apenas um garoto assustado.

De repente uma imagem linda surgiu em meio à escuridão.

Ela!

Os cabelos castanhos em cascata, o sorriso quase misterioso. Seus olhos lindos pareciam lhe atravessar a alma, como se pedissem para não desistir dela.

Foi por um breve momento, alguns segundos apenas, mas a sua determinação pareceu dobrar de tamanho.

Seus olhos nublados aparentavam uma certeza quase palpável.

Não. Desta vez ele não a decepcionaria!

Seu carro parecia ganhar ainda mais velocidade, obedecendo aos comandos exigentes de seu dono.

Uma de suas mãos se instigou por dentro do bolso esquerdo de sua jaqueta, buscando pela foto dela, mas não a encontrou.

Ele tinha certeza que havia a colocado ali. Em algum momento a perdera.

Ele voltou a segurar o volante com as duas mãos. A pista estava praticamente deserta e ele agradeceu por aquilo.

Um forte trovão e segundos depois um raio iluminou o céu escuro.

Ele apenas desejava que a tempestade caísse depois que chegasse a seu destino.

As horas do relógio decresciam na velocidade de um foguete.

Minutos mais tarde, ele freou bruscamente em frente à um galpão que parecia estar abandonado há anos.

A respiração descompassada, os olhos fixos no relógio enquanto ouvia os primeiros pingos de chuva sobre o capô de seu carro.

00:00:21 ... 00:00:20 ... 00:00:19 ...

Com as mãos trêmulas, se desfez de seu cinto e abriu o porta luvas. Retirou sua arma e a guardou no bolso de sua calça, depois pegou o relógio sobre o painel e abriu a porta de seu carro.

Quando olhou para o relógio outra vez, percebeu que havia gasto apenas três segundos.

Sem perder tempo, correu até o galpão o mais rápido que suas pernas permitiam.

Estava tudo muito silencioso, absolutamente nada ali levantaria qualquer suspeita.

Ele só queria encontrar a primeira porta que lhe desse acesso ao interior.

As duas primeiras estavam com correntes grossas fixadas por seus respectivos cadeados. E foi assim com a terceira e a quarta.

O vermelho intenso que destacava o tempo restante começou a piscar nos últimos dez segundos e então um barulho de tempo acabando pôde ser ouvido.

Ele bateu desesperado na porta, como se tentasse avisar que ele já estava ali, que aquele crápula não precisava fazer nada a ela.

Ele tinha cumprido uma das malditas regras, chegando no tempo determinado.

O relógio em uma de suas mãos também estava sendo forçado contra a porta e então ele se desmanchou em pedaços.

Uma das peças pontiagudas entrou em sua mão o ferindo. Todas as outras acabaram caindo no chão quando as soltou por puro reflexo.

Grissom retirou a peça ainda presa, com o sangue já se acumulando do corte profundo e pingando no chão. Foi então que em meio aos pequenos destroços, ele encontrou uma chave. Abaixou-se até ela e em segundos tentava abrir o cadeado de mesmo modelo que os demais.

Ele ouviu o ‘clic’ dele cedendo e o desenganchou da corrente antes de jogar os dois mais ao canto, no chão.

A porta estava emperrada e com um pouco mais de força, ela também cedeu.

O barulho dela sendo aberta e sua presença ali dentro, fez com que meia dúzia de pombas levantassem voo, o assustando.

—Peter ? - Sua voz ecoou em todo o ambiente, fazendo com que mais pássaros mudassem de lugar. Em seguida, o silêncio novamente.

Ele não poderia ter se enganado daquele jeito, tinha a certeza que este era o endereço escrito naquela foto.

Como pôde perdê-la ?

Um tom de voz surpreso e ao mesmo tempo animado vindo de trás dele, interrompeu seus pensamentos.

—Olá Dr. Grissom. Vejo que conseguiu!

Grissom se virou para ficar frente a frente com ele, foi quando viu a arma apontada em sua direção.

—Onde Sara está ?

—Oh não. As coisas não funcionam do seu jeito!

Grissom se aproximou ainda mais dele, não se intimidando com a arma. O corte em sua mão ainda sangrava e ardia um pouco, mas aquilo era o menor de seus problemas.

—O que fez a ela ?

—Você disse a alguém onde estamos ? - Peter ignorou sua pergunta, se ele havia cometido aquele erro ...

Grissom viu suas feições mudarem, seu olhar semicerrado, havia ódio neles. Não havia dúvidas de que era uma pessoa perigosa, mais uma vez temeu por Sara.

—Não ... eu não arriscaria ... Sara ...

—Bom!

—Peter, onde ela está ? - Ele insistiu, preocupado. _Fiz o que você queria, cumpri a minha parte. Agora cumpra a sua.

—É justo. Mas antes, me dê sua arma!

Grissom arregalou os olhos.

—Não é possível que tenha acreditado que sou tão ingênuo. - Ele riu cínico.

—Eu não ...

—Acho que já está ciente que não é você quem vai pagar por seus erros, Dr. Grissom! - Peter o lembrou em tom de ameaça, gostando daquele ar de superioridade. Ele estava no comando e era realmente incrível.

Grissom engoliu em seco.

De alguma forma aquele homem sabia que ele amava sua subordinada. Assim como sabia que iria doer muito mais nele se todo o mal fosse direcionado a Sara do que propriamente a ele.

 _Dói muito mais quando vimos acontecer com quem amamos.

Ele ouviu Peter completar como se lesse seus pensamentos.

Sem dizer nada, tirou a arma de seu bolso e a colocou no chão, chutando na direção dele.

—Algo mais? - Peter perguntou, vendo-o negar com a cabeça. _Ótimo! Sara não acreditava que você se arriscaria à vir por ela.

Aquilo doeu nele.

Ele se lembrou de suas últimas palavras antes dela ser sequestrada.

“Você só se preocupa com esse maldito laboratório, Grissom! Eu não valho a pena! Não para você!”

—A porta branca, é lá que vai encontrá-la!

No primeiro passou que deu, ele ouviu Peter completar.

—À propósito, não se assuste com o estado dela! Esta é só uma prévia do nosso jogo, Dr. Grissom, toda a diversão vai começar a partir de agora!


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