Contra o Tempo escrita por LohRo


Capítulo 1
Decepção




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Sara se sentou no banco do vestiário, sentindo as primeiras lágrimas caírem.

Não era por causa do caso em que trabalhara, mesmo sendo tão familiar para ela. Violência, pai abusivo, um lar que nunca existiu. Não, definitivamente este não era o motivo de suas lágrimas.

O que provocara aquela dor, ou melhor, quem provocara aquela dor, tinha nome e sobrenome ... Gilbert Grissom.

Seu supervisor havia sido insensível, ainda mais!

Já havia se acostumado com suas constantes rejeições e havia prometido a si mesma que seguiria em frente, sozinha como sempre. Não podia lhe obrigar a amá-la e muito menos demonstrar algum tipo de feição como se preocupasse com ela.

Não havia nenhuma preocupação de sua parte, era triste admitir, mas ela não era importante o bastante para ele.

O relacionamento deles sempre seria profissional e nada mais. Eram apenas supervisor e subordinada.

Mas desta vez, ele havia questionado o seu trabalho, colocando em dúvida a sua capacidade como perita.

Ele não tinha o direito.

Somente ela sabia o quão difícil fora lidar com aquele caso sem se envolver, sem se colocar no lugar daquela criança que havia perdido a mãe pelas mãos do próprio pai.

A cada novo passo que dava na cena do crime, ela precisou lutar contra todos aqueles fantasmas de seu passado. Mal conseguia respirar, sufocada pelas lembranças ainda tão nítidas de sua própria tragédia familiar.

Havia o mesmo cheiro, a mesma bagunça e horror que vivera quando era apenas uma garotinha inocente.

Ela havia dado o melhor de si, trabalhando fervorosamente, e prometeu durante o interrogatório que colocaria aquele monstro atrás das grades.

Pouco se importou com a presença de Grissom e Jim, ambos estarrecidos com a ira que suas palavras foram lançadas na pequena sala. Ela pouco se importou que havia sido ameaçada por um assassino frio e calculista.

Ela explodiu quando se viu sendo retirada do caso ... por ele!

Seu supervisor havia lhe afastado sem lhe dar uma única chance de rebater e como se não bastasse, ainda lhe enviara outra vez para o aconselhamento. Como se falar com uma pessoa estranha fosse fácil e resolveria todos os seus problemas.

Segundo ele, ela estava comprometendo a investigação, estava emocionalmente instável e a justificativa que mais lhe doeu ... ela precisava de ajuda e ele lhe daria o tempo que precisasse para se tratar.

Ele havia lançado essas palavras com um certo desdém que lhe feriu a alma, mal havia olhado em seus olhos, ocupado demais com o caso que há poucos minutos ainda lhe pertencia.

Droga! Ela não era um perigo ambulante como ele havia insinuado!

Suas ações lhe machucaram profundamente.

Ela tapou a boca para reprimir um soluço dolorido.

Agradeceu por estar sozinha, não queria quebrar na frente de ninguém.

Seu corpo tremia em espasmos e ela a todo custo tentando se controlar, tentando conter suas lágrimas.

Precisava sair dali mesmo com o rosto todo manchado, os olhos vermelhos e inchados pela crise.

Sara Sidle precisava juntar seus cacos ... mais uma vez.

Seu corpo frágil se levantou, parecia pesar toneladas, tamanha a dificuldade.

Ela abriu seu armário, depois tirou seu colete, a arma e sua identificação de CSI, guardando tudo ali e fechou em seguida.

Ela caminhou pelo corredor, fingindo não notar que algumas pessoas estavam a acompanhando com olhares curiosos.

Ela só queria ficar longe daquele lugar, ficar longe do homem que lhe fazia tão mal amá-lo. O preço era alto demais pelo quase nada que vinha dele.

Talvez o melhor a se fazer fosse mesmo sumir, ninguém sentiria sua falta de qualquer maneira.

O homem que tanto amava estaria agradecido por finalmente se ver livre dela. Seria um problema a menos para alguém tão ocupado, casado com aquele maldito laboratório, a única coisa que realmente importava para ele.

Sua carreira era a sua vida e ele jamais a colocaria em perigo.

Sara Sidle não valia o risco.

Ele mesmo quem havia dito aquilo.

A verdade sempre esteve ali, mas não queria enxergar.

Assim que se viu fora do suntuoso prédio do departamento, o vento frio da noite castigou sua pele pálida. Seu corpo bastante frágil e desprotegido.

Seu médico vinha tentando várias alternativas, mas ela ainda não conseguira recuperar a quantia considerável de peso que havia perdido com a falta de apetite e as constantes noites sem dormir.

O progresso era lento, mas porque ela teria pressa ? Ninguém se preocupou em notar a diferença.

Seu peito ardia, ela queria gritar, ela queria simplesmente não existir mais.

Ela se protegeu dentro de seu carro e enxugou as lágrimas que ainda teimavam em cair.

Longos minutos se passaram enquanto olhava para a frente, nada em especial, sua mente estava longe.

Suas mãos agarraram com força o volante, o estacionamento estava lotado, todos ainda estavam no meio do turno. Todos, menos ela.

Ela deu partida no carro e manobrou com precisão.

Antes de ganhar as ruas de Vegas, ela ainda olhou através do retrovisor para o prédio que ficava para trás.

Ainda assim, não dera importância para o carro desconhecido que vinha logo atrás dela.

Não iria demorar para descobrir que havia sido um erro tão grande que pudesse lhe custar a vida!

Ela retomou sua atenção para a frente e fungou, sentindo seu nariz congestionado.

Sua mente maquinando coisas que talvez não teriam oportunidades de acontecer.


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