Reverso escrita por Camila J Pereira


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco dessa vez, mas aqui estou com um novo capítulo.
Acho que nesse capítulo vocês verão um pouco mais da complexidade dessa família.
Todos estão muito amarrados ao passado, a época das mortes de Renée, Esme e Carlisle.
Sinceramente, espero que gostem.



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Sentia que estava despertando. Entrara agora num estado sonolento, mas consciente. Não ousava abrir os olhos, pensava que se o fizesse poderia estragar aquele momento gostoso. A cama era macia, estava aprovada, muito mais do que isso. Aquela cama tinha suportado o amor desenfreado do Edward. Ele se agarrou a ela por trás, uma das pernas por cima da dela, o braço envolvendo a sua cintura, seu rosto devidamente encaixado em sua nuca. Ela sorriu, era muito bom aquilo.

Conseguia sentir o cheiro dele, incrivelmente ele permanecia cheiroso pela manhã. De corpos colados agora, Edward forte e rijo estava parcialmente sobre dela. Foi inevitável não lembrar dos momentos da noite anterior. Surpresa foi descobrir que Edward era um amante caloroso e selvagem. Ele que sempre era tão contido, parecia que era diferente quando se tratava de sexo.

— Bom dia. – Arriscou que ele estivesse acordado. Olhou para a perna sobre a dela e pensou se um homem poderia ter pernas tão bonitas como aquelas.

— Bom dia. – Ele respondeu baixinho. – Você dormiu bem?

— Sim, e você? – Edward beijou o seu ombro carinhosamente e depois o seu rosto.

— Muito bem. – Voltou a se aconchegar nela. Depois de alguns minutos em silêncio, dando-lhe carinhos no braço e cintura, Edward tomou coragem para falar o que estava pensando. – Bella, ontem... Enquanto fazíamos amor, fui muito... Quero dizer, foi um tanto bruto para você? –Bella achou engraçado Edward falar daquele jeito todo cheio de dedos. – Bem, eu já tinha tentado falar com você antes sobre isso, por isso quis adiar nossa primeira vez, eu queria me preparar, eu sou um tanto... – Bella virou e ficou de frente para ele. Edward estava com os olhos estreitos em uma expressão preocupada.

— Está tentando explicar que fode com força? – Edward ganhou um ar surpreso e depois sorriu um tanto sem jeito.

— Sim.

— Sexo selvagem combina com você. Posso supor que ontem não me mostrou tudo.

— Desde quando é tão aberta ao sexo?

— Sempre fui, só não tive muitas oportunidades e sabemos de quem é a culpa.

— Vendo você falando tão abertamente sobre esse assunto, não sinto nenhum remorso por ter afastado aqueles garotos espinhentos. – Ele se tornou birrento.

— Mas deveria, deveria sentir vergonha. – Edward girou e ficou sobre ela. Bella sentiu seus lábios esmagados em um beijo feroz que se tornou doce no final.

— Não posso sentir remorso e nem vergonha por isso, mas sinto muito por outras coisas, Bella.

— Sobre o que esta falando? – Ela sentiu a intensidade das palavras dele.

— Terei que ir contra você sobre o Jared. Eu sinto que está decidida a mantê-lo inocente e que desenvolveu uma amizade bizarra com ele. – Bella esperou, ouviria o que ele tinha para dizer, tentaria entender. – Afastarei o Jared de nós, manterei ele longe. Farei isso de maneira gentil, estou fazendo isso por você. Não o procure depois disso.

— Edward, o que pretende fazer com o Jared? Deixe-o em paz, faça isso por mim.

— Você não entende que estou afastando ele por você? Jared não é confiável, ele é traiçoeiro, sua família toda é.

— Você ainda não me respondeu. O que pretende? – Ele a beijou ligeiramente nos lábios. – Não o machuque. – Pediu. Edward mordeu o lábio odiando que ela se esforçasse tanto por aquele cretino.

— Já disse que estou sendo gentil. – Bella percebeu um brilho perverso atravessando seus olhos, era o mesmo que via antes, o mesmo que seu pai lançava.

— Edward...

— Ele receberá uma proposta irrecusável para estudar em outra cidade. Mesmo sendo idiota ele não vai poder dizer não.

— Não acha que já se envolveu na vida dele demais? – Aquilo foi como beber veneno. Um veneno amargo e intragável que o fez odiar ainda mais Jared Cameron por Bella desprender tanta convicção em defendê-lo. Ele, a quem ela deveria querer distancia. – Se quer ajudá-lo com os estudos, converse com ele primeiro.

— As vezes eu juro que não entendo você. Mesmo que eu tente duramente.

— Eu já te disse o que penso. Isso nos amarra mais do que nos afasta. Esse ciclo de ódio nunca vai acabar.

— Você quer que eu converse com ele? Mais do que já foi dito? – Edward afastou-se dela e mirou o teto por um momento. Bella sabia que ele estava no limite, sua expressão era séria, as linhas finas que eram seus lábios dizia isso também. - Ele vai embora. Controle-se e apenas o deixe ir.

— Edward... – Aquilo não estava certo, ela não podia deixar que ele bagunçasse a vida de Jared novamente.

Edward a deixou na cama não lhe dando oportunidade de questionar mais sobre os seus planos. Ela teria que investigar sobre aquilo, saber o que o namorado estava tramando. Se fosse apenas bancar os estudos dele, Bella poderia até aceitar, Afinal, Jared merecia uma nova oportunidade. Não foi como se fosse ele quem mandou sequestrar a sua mãe e ela, muito menos foi ele quem apertou o gatilho.

Edward saiu do banheiro molhado e apetitoso. Ela engoliu em seco com aquela visão e tudo piorou quando presunçosamente ele lhe deu um sorriso torto. Edward, todo dono de si, caminhou até ela e lhe beijou nos lábios.

— Vou preparar algo para nós. – Ela sabia que estava sendo boba, mas sentiu grande satisfação ao ouvir Edward dizer aquilo.

Quando chegou até a cozinha, Edward estava terminando de pôr a mesa. Ele a olhou com naturalidade, antes de sorrir rapidamente.

— Temos que comprar alimentos.

— Não tive muito tempo. – Bella percebeu que ele falou no plural, como se estivessem morando juntos ali.

— Sente-se. – Pediu afastando uma cadeira para ela. Edward fez questão de sentar-se ao seu lado, seu corpo roçando no dela. Era como estivessem em uma lua de mel.

— Onde aprendeu a cozinhar?

— Morei sozinho no último ano, Bella. Algumas vezes tive que me virar.

— Não vai aparecer nenhuma coreana grávida atrás de você, vai? - Ele a fez lembrar-se de que ficou sozinho em outro país. Edward era bastante atraente e era óbvio que as mulheres se jogavam aos seus pés aos montes.

— Não.

— Tem certeza? - Ela quis saber, mas seu sorriso morreu ao vê-lo tão intenso naquele momento. – O que foi?

— Você me fez imaginar. – Ele voltou a sorrir lindamente. Quando se acostumaria com aquilo?

— O que?

— Você esperando um bebe nosso.

— Oh, meu... – Bella levou as mãos a boca. Foi pega de surpresa e ficou um pouco assustada com o que Edward havia imaginado. – Você não acha que está indo rápido demais? Controle a sua imaginação.

— Deve ser rápido para você que só me notou agora, mas pra mim... Venho pensado, desejado e amado você por muito tempo. – E novamente o Edward romântico e sensível estava ali, muito diferente de quando falava de Jared, por exemplo.

— Eu não te notei só agora. Eu só tentei ignorar o homem divinamente atraente que você é.

— Porque? Porque me ignorou?

— Porque pensei que o plano era crescermos como irmãos. – Admitiu.

— Eu nunca poderia ser apenas como um irmão. – Edward a beijou longamente até que ouviu o som de um celular ao fundo. – Seu celular.. – Disse entre o beijo.

— É só o alarme... – Ela tinha acabado de lembrar e por isso se afastou. – Preciso me arrumar.

— Tem compromisso hoje?

— Sim. – Bella correu para desligar o celular e voltou para o lado de Edward. – Voltarei a ter sessões com a psicóloga que me atendeu na época da morte da mamãe. Eu estive conversando com a Sue e ela conseguiu lembrar do nome da doutora. Conversarei com ela e então ela me indicará outra pessoa para que me consulte já que ela é especializada em atender crianças. Então farei isso.

— Está mesmo pronta para isso?

— Quero superar meu trauma, talvez até recuperar parte das minhas memórias. Eu não quero me sentir tão mau ao tentar lembrar daquela época, porque foi quando estive com a minha mãe. – Bella começou a hiperventilar. Edward prontamente lhe entregou um como d’água e a acariciou nas costas tranquilizando-a enquanto ela se servia. – Talvez... Fizesse bem para você também. Seria bom que marcasse uma sessão, você também sofreu um trauma. – Edward a beijou na testa e sentiu que ela relaxava um pouco.

— Se acha que está pronta, ficarei do seu lado. Quanto a mim, não acredito que precise, estou bem.Sinto-me bem com tudo. – Bella aceitou o que ele disse naquele momento, mas quanto mais ficava próxima dele, mais percebia o quanto ele foi afetado também.  

***

— Cameron. – Edward aproveitou que Bella tinha se ocupado e petulantemente foi até o trabalho de Jared esperar por ele. O outro lhe recebeu com uma revirada de olhos e estalar de língua.

— Não foi suficiente ontem ao telefone? – Edward sorriu arrogante. – Apenas leve esse sorrisinho e seu topete para longe de mim.

— Então se deu conta de que tem que se manter longe da minha namorada? – Jared não quis encarar Edward, porque sabia que aquilo o irritaria como na noite passada. Irritaria mais ao ter certeza de que os dois haviam dormido juntos. – Eu estou te fazendo um grande favor, Cameron.

— Mas que diabos está falando? – Tranquilamente, Edward retirou do bolso um cartão e entregou a ele.

— Você falava tanto em um dia fazer parte de uma grande escola de música. Deve conhecer a Curtis Institute of Music. Você ganhou a chance de fazer parte dela, sem testes, sem dificuldades. Ligue e confirme. – Jared estava boquiaberto e sem acreditar em seus ouvidos, olhava do cartão de visitas da escola em suas mãos para o grande idiota em sua frente.

— Isso... Isso se trata de ficar longe da sua família?

— Longe da Bella. – Edward frisou.

— E você supõe que eu aceite. Que eu aceite esse presente muito generoso.

— É a sua chance de ser o que sempre quis, de fazer o que sempre desejou. Estou te dando com a única ressalva de nunca mais se aproximar da Bella.

— Você é um cretino. – Jared mal controlava a vontade de socar Edward violentamente. Ele o estava humilhando e despedaçando a sua dignidade.

— Eles não esperarão muito, nem eu. Te dou uma semana para se decidir. Caso contrário, terei que entregar o seu caso ao meu tio e ele não será nada generoso como estou sendo.

— Como você se transformou nisso? A Bella não sabe sobre você, por isso ela o atura ainda.

— Bella sabe sobre mim e ela me ama. – Jared cerrou os punhos e piscou algumas vezes para voltar a enxergar com clareza. Edward estava se deliciando ao vê-lo se quebrar. Falar que Bella o amava tinha sido o ponto final da sanidade de Jared. – Vai me socar aqui? Tenta. – Ele provocou.

— Ela não pode saber sobre você e amá-lo. – Ele não podia aceitar aquilo. – Escuta bem a minha resposta, Cullen: Enfia. Esse. Presente. No. Seu. Traseiro. – Jared jogou o cartão no chão e totalmente abalado entrou no prédio.

Edward entrou e convicto que Jared mudaria de ideia, pediu para a recepcionista entregar o cartão a ele quando o visse.

***

Não havia sido nada demais naquele encontro. Foi como tinha dito a Edward mais cedo. A Doutora Maggie conversou um pouco com ela sobre a época que lhe atendeu e lhe indicou uma outra pessoa. Bella iria durante a semana para a sua primeira sessão. No entanto, assim que saiu do consultório recebeu leu uma mensagem deixada por Alice que a preocupou. Ela foi correndo ver a amiga.

— Céus! Você está bem? – Alice estava recostada na cama com um pé engessado sobre almofadas. Jacob estava sentado ao seu lado, aparentemente vendo vídeos em seu notebook. Bella a abraçou, estava aliviada, pois Alice estava com uma expressão tranquila.

— Sim, estou bem.

— O que aconteceu?

— Eu vou deixar vocês conversarem. – Jacob sorriu abertamente para Alice que retribuiu. Bella sentou onde antes Jacob estava.

— Você se lembra da cena de ontem. – Alice deduziu e Bella assentiu. Jacob estava bêbado e ciumento. – Quando estava saindo do prédio, tropecei e cai. Jacob ainda estava lá embaixo e me ajudou. Senti que havia torcido o pé no mesmo momento. Ele me levou até o hospital e ficou comigo o tempo todo. Depois me trouxe para cá.

— Mas você está mesmo bem agora?

— Sinto uma dor chata, mas nada mais do que isso.

— Porque não me ligou?

— Eu quis ligar, mas depois lembrei que você e Edward pareciam estranhos ontem. Preferi deixar você de fora dessa.

— Não deixe, não faça mais isso. – Bella bagunçou o cabelo da amiga que ralhou com ela. - Porque eu acho que tem mais alguma coisa nessa história? – Bella olhou para a amiga desconfiada e a viu sorrir timidamente.

— Conversamos durante a minha estadia no hospital. Jacob se declarou para mim. Ficou apavorado ao me ver machucada. Uma simples torção... Bem, eu o beijei e gostei.

— Então finalmente se permitirá sentir os prazeres de um homem mais novo?

— Bella! – Alice jogou uma das almofadas nela. Ela a apanhou antes de alcançar o seu rosto. As duas riram cúmplices.

— Estava imaginando quanto tempo ainda levaria para vocês enfim ficarem juntos. Jacob é caidinho por você desde que te conheceu. Notei no primeiro dia de aula.

— Parece que quem tá de fora, realmente vê melhor. Você soube sobre Jacob antes de mim e eu soube sobre o Edward antes de você. Falando nele... – Alice ganhou um ar sapeca. Bella sabia que dali viria uma perola. – Pergunto-me se houve reconciliação.

— Você é impossível, Alie. – Bella jogou a almofada de volta para ela. – Estávamos mesmo nos estranhando ontem.

— Qual o motivo?

— Edward, ele me deu de presente um carro. Um carro saído de fabrica. Com laço e tudo.

— Uau! Qual carro?

— Alice! Você não entende? – Bella sentiu-se incompreendida.

— O que eu não entendo? Que o seu namorado é amoroso e dedicado? Ele te deu um carro para que fique mais confortável e tenha maior mobilidade agora que mora sozinha. Isso foi bem atencioso.

— Ele está agindo como o meu pai, querendo me encher de presentes caros. Além de...

— De...?

— Eu disse a ele que não queria me tornar alguém como a Lauren.

— Você nunca será como a Lauren. – Alice segurou a mão da amiga. Bella ficou feliz pelo bom juízo que Alice fazia sobre ela. – Diga-me, você veio dirigindo? – Bella revirou os olhos.

— Não. Eu não quis usá-lo hoje. Tenho que me preparar.

— Besteira. Pega logo a chave desse carro e me leve para passear.

***

— Até logo, Joanna. Bom final de semana para você. – Jared despediu-se da recepcionista.

— Instrutor! Um minuto, por favor. – Ela saiu da recepção e foi ter com ele. – Pediram para lhe entregar. – Jared pegou o cartão da mão de Joanna e viu que era o mesmo que Edward lhe dera mais cedo.

— Obrigado, Joanna.

— Até mais. – Ele saiu do prédio olhando para aquele pequeno papel com curtas informações e contatos. Suspirou, aquilo seria um sonho se não estivesse vindo daquela maneira. Jared guardou o cartão no bolso e foi para casa.

***

Bella, ainda com a Alice e Jacob, enviou mais uma mensagem para o Jared. Ela perguntava como ele estava e se poderiam se encontrar. Jared visualizava as mensagens, mas não respondia. Isso deixava Bella inquieta. Ele deveria estar muito chateado por conta das coisas que Edward lhe disse na noite passada. Se pelo menos soubesse onde ele morava. Estava prestes a ligar para ele quando o seu celular tocou, era o seu pai.

Durante toda aquela semana que passou fora de casa, Aro não tinha entrado em contato com ela em nenhum momento. Claro que ele sabia sobre ela pro Edward, mas não era bem o que um pai deveria fazer quando a filha sai de casa intempestivamente como ela, era o que pensava. Atendeu o telefone receosa, talvez ele explodisse agora.

— Pai. – Ela atendeu.

— Bella. – Ele suspirou do outro lado. – Como tem passado?

— Estou bem, pai. – Ele parecia calmo, até demais para ela. – E como estão as coisas por aí?

— Estão bem, querida. – Bella o ouviu sorrindo. Era agora que ele falaria o que tinha que falar. – Venha jantar comigo hoje. Avisarei ao Edward para lhe buscar se quiser ou o Paul, como preferir. Mas acredito que vá querer a companhia do seu namorado.

— Pai...

— Venha, Bella. Sabe o horário, esteja pronta. Ficarei te esperando. Até mais. – Era óbvio de quem Edward aprendeu aquelas maneiras. Aro era  autoritário e intransigente.

— Seu pai te ligou? – Alice que ouviu a conversa da amiga ficou atenta.

— Sim e quer que eu vá jantar com ele. Bem, acho que tenho a oportunidade de comunicar que me mudei.

***

— Ele mandou você para ter certeza de que eu iria. – Bella abriu a porta e viu Edward diante dela. – Tem ideia do que se trata?

— Ele quer que você volte pra casa, mas também quer que vá a entrega de um prêmio, quer os três juntos para isso. E também...

— O que? – Bella ergueu uma sobrancelha.

— Quer que volte a estudar. Sobre isso...

— O que? – Bella repetiu erguendo ainda mais a sobrancelha para o namorado.

— Já se passou bastante tempo, tem que voltar ou se prejudicará.

— Eu volto quando eu puder fazer o outro curso também. Se for para isso, eu nem vou a esse jantar.

— Amor... – Ok, aquilo fez as suas pernas ficarem moles. – Venha comigo. – Ele estendeu a mão para ela. Bella olhou para ele em suspeita.

— Você quer que ele me convença a voltar a morar lá.

— Eu quero que você volte para morar comigo, mas eu moraria em qualquer outro lugar com você. O lugar não é o importante. – Bella mal pensou e se viu segurando a mão dele.

Quando chegaram em casa, Sue a recebeu com muitos abraços e beijos. Ela a encheu de recomendações já que notou que Bella estava mais magra. Aro estava um pouco afastado esperando que a filha fosse falar com ele.

— Pai. – Bella se aproximou dele. Aro a olhou de cima a baixo e tocou em seu braço, observando o lugar em que a apertou forte no outro dia. O que eram manchas amarelas tornaram-se levemente amareladas agora.

— Você está bem. – Ele constatou. – Que bom que veio. – Como se ela tivesse outra escolha. – Vamos para a mesa.

Depois de falarem sobre amenidades, Aro tocou no assunto do prêmio e como era importante a família reunida naquele momento. Bella confirmou que iria, mesmo ele não tendo perguntado, mas o fez porque Edward parecia querer que ela fosse também.

— Não acha que já abusou demasiadamente da hospedagem dos Hale? – Bella tomou um gole do seu vinho. Aquela era a sua deixa.

— Sim, por isso mesmo já não estou lá.

— Não? – Aro olhou para Edward como se ele tivesse cometido uma falta. Pelo seu modo de pensar, Edward deveria tê-lo avisado daquilo. – E onde está?

— Em minha casa. Mudei ontem, estou na minha própria casa. – A perturbação do seu pai foi nítida.

— Mudou?

— Sim. Ontem foi o meu primeiro dia lá. De modo que, eu não voltarei para essa casa. – Aro precisou de um minuto e então sorriu para os seus dois filhos ingratos.

— Está mesmo decidida a me contrariar.

— Não fui eu a começar. – Bella não se deixaria enfraquecer.

— Está medindo forças comigo?

— Pai, deixe eu fazer as minhas próprias escolhas. Eu te peço novamente, não fique no meu caminho. – Ele bateu com força na mesa.

— Tio, se deixar ela fazer o curso que quer, ela terminará Gestão de Empresas. Com a visão dela, Bella será útil no setor criativo. Ela pode ser uma líder.

— Você sabia que ela havia se mudado. É claro, você dormiu com ela. – Bella ficou vermelha naquele momento. – Avisou-me que iria dormir fora, mas estava na casa em que ela comprou e está morando sozinha. Você está encobrindo as loucuras da minha filha. Está me deixando no escuro, me decepcionando. Agora você se junta a voz dela para que eu a deixe fazer o que quer?

— Dizer que ela pretendia mudar naquele momento só fariam com que brigassem mais ainda. Estavam de sangue quente, não funcionaria.

— Eu não permitirei isso, Edward. – Aro apontava o dedo em riste para o sobrinho. – Não de você. Volte aos seus sentidos.

— Escute-me, por favor. – Edward pediu tentando manter-se no controle de suas emoções. – Deixe que ela faça as coisas do modo dela dessa vez. Bella estava indo bem na faculdade, ela não precisa estar na frente da empresa, mas pode trabalhar conosco de outra maneira. Confie em mim como sempre confiou.

— Não posso confiar quando você esconde as coisas de mim. – Aro voltou-se para a filha. – Sente-se bem agora? Está desestabilizando essa família.

— Tem certeza de que sou eu, pai? – Aro aproximou-se de Bella e acariciou os cabelos da filha carinhosamente.

— Volte pra casa imediatamente. Volte as suas obrigações.

— Adoraria voltar para as minhas obrigações, desde que fossem escolhas minhas. Adoraria voltar para essa casa, mas diante das circunstâncias, só volto quebrada! – Bella levantou sentindo que aquela conversa não havia valido de nada.

— Sente-se. – Aro ordenou.

— O que será preciso para que pare com isso? Está obcecado por essa empresa, como se ela fosse a sua esposa e família. Se a quer tanto, então viva bastante e fique a frente dela por longos anos. Agarre-se a ela mais e mais e não sinta o que é importante de verdade na vida. Não sinta nada como agora.

— Bella, pare. – Edward estava preocupado com o que as palavras dela causariam em seu tio.

— Você acha que sabe de tudo, insolente? – Aro ergueu-se também, por um momento Bella temeu diante do homem alto e feroz a sua frente. Edward temendo qualquer ação do tio, também levantou-se. – Quando eu era mais jovem, não levava a empresa tão a sério como eu deveria e permiti que uma desavença acontecesse dentro dela. Eu era fraco e inexperiente. Por isso tudo quiseram me expor e arrancar de mim aquilo que era a herança da minha família. O resultado disso? Um massacre em nossa família. Três mortes. A nossa família ficou despedaçada. A sua mãe se foi por causa da minha fraqueza. Eu mantenho a empresa de pé, firme, por vocês. Eu não vou deixar que você seja fraca. Artes? É sorte sobreviver com isso.

— Eu entendo você pai. Não foi por você ser fraco que a mamãe morreu. – Bella notou os olhos úmidos do pai. Ele realmente sentia-se daquela maneira.

— De qualquer maneira, Bella, você fará as coisas certas.

— É a sua última palavra? – Bella estava extremamente triste aquela altura. Percebia a complexidade da situação na cabeça do pai, mas ele estava irredutível quanto a ela. Bella teria que agir ainda mais agressivamente e já havia pensado como.

— Volte para a faculdade, volte para casa.

Bella caminhou em direção a sala. Antes que Edward a seguisse, Aro o deteve.

— Está indo em direção ao limite do que posso aceitar ou não, Edward. Não fique contra mim.

— Não estou, tio. Só acredito que as coisas podem ser resolvidas de outra maneira.

— Você parece um gatinho branco quando se trata dela. Onde está a sua ferocidade? Eu já disse, volte aos seus sentidos.

— Os meus sentidos são todos voltados pra ela, tio. Quando ela sofre assim, o que supõe que eu faça?

— Ah, vocês estão me deixando louco! – Aro jogou-se na cadeira e correu o olhar pela mesa. – Ela quase não comeu. Compre algo que ela realmente goste para que comam mais tarde. Vá até ela, leve-a para casa e fique por lá. Fique lá e evite que ela faça alguma loucura. Eu conheço aquele olhar.


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