Simplesmente escrita por Helly Nivoeh
Notas iniciais do capítulo
Hey pessoinhas!
Boa leitura!
Uma das coisas que Layla mais odiava no mundo, era quando seus pais brigavam. Diferente dos pais de comuns — ou, pelo menos, dos pais que ela via em livros e televisões —, eles não gritavam, xingavam ou, tampouco, se agrediam. Eles simplesmente fingiam que tava tudo bem, o que era muito pior.
A pequena Grace-Di Angelo estava sentada na mesa de jantar, enquanto sua mãe, Thalia, a servia com batatas assadas. Na ponta da mesa, seu pai, Nico, estava calado, olhando fixamente para o próprio prato, ignorando o silêncio incômodo.
Thalia terminou de servir a filha e sentou-se do lado direito do marido, sem sequer olhá-lo, colocando a própria comida.
— Como foi na escola hoje, Layla? — A garotinha de seis anos teve o pensamento desperto pela voz do pai, e forçou um sorriso.
— Foi legal. Aprendemos uma musiquinha do alfabeto. — Respondeu prontamente, lembrando-se de tudo que professora a havia ensinado.
— Qual a musiquinha? — Ele perguntou, com a atenção apenas pela metade na filha, sorrindo enquanto ela cantava metade da letra, balançando os cabelos lisos amarrados em maria-chiquinha.
— Eu não aprendi tudo. — Layla parou, ao confundir-se com 'J's, 'L's, 'M's e 'N's. — Gostou?
— É linda, meu amorzinho. — Nico sorriu, antes de virar-se para a esposa. — E você, querida?
Aquele era o sinal de que a briga estava piorando. Sempre que o pai chamava a mãe de “querida” era com ironia para irritá-la, ou em um tom forçado. Ele quase sempre a chamava pelo nome próprio, ou de “Lia”, mas quando só os três se encontravam, às vezes se rendia ao clichê de chamá-la de “amor”, ou, para implicá-la, de “Cara de Pinheiro”, “Pinha” e outro apelidos derivados de piadinhas íntimas.
Thalia desviou os olhos da própria comida e ajustou a postura, antes de virar-se para o marino com um sorriso frio.
— Maravilhosamente comum, querido. E o seu?
Layla abaixou a cabeça, triste. Da mesma forma que Nico, Thalia usar termos como “querido” era sinal de guerra, sinal de que estava profundamente irritada e/ou magoada. Mas nenhum dos dois davam o braço a torcer, pareciam acreditar que realmente eram bons mentirosos e a filha nada percebia.
— Perfeito. — Nico retrucou seco e, para quebrar o silêncio incômodo, Layla começou a tagarelar sobre a escola e seus desenhos animados favoritos até o fim do jantar.
Já se aproximava da hora de dormir quando Layla puxou o pai para o quarto de casal do apartamento, obrigando-o a se sentar na cama.
— Fica aqui, tá bom? — Pediu.
— Lay, o papai tá muito cansado pra brincar de boneca agora. — Nico tentou argumentar, sentindo o corpo pedir cama depois de um dia exaustivo ensinando esgrima no Acampamento Meio-Sangue.
— Por favorzinho! — A garotinha pediu, fazendo uma expressão pidona e fofa.
— Só um pouquinho. — Nico suspirou, pensando em como ia passar da hora de Layla ir dormir e isso irritaria Thalia e, talvez, assim ela voltasse a falar com ele. Lógica completamente errada e estranha, não?! — E só porque amanhã é sábado!
— Vai ficar aqui? — A menina perguntou, séria. — Até eu falar que pode sair?
— Vou, meu amor. Eu sempre fico, não é?
— Jura?
— Layla… — Começou a advertir.
— Pelo Rio Estige? — Ela questionou, olhando fixamente para ele.
Nico sempre se sentia derrotado, os olhos da filha eram tão persuasivos e azuis como os da mãe — talvez de um azul mais escuro e menos elétrico, mas igualmente persuasivos —, e, para nenhuma das duas ele conseguia dizer “não”. Mesmo que envolvesse juramentos sagrados, algo que a filha adorava impor, como agora. Ele ponderou que não era algo difícil de cumprir, então assentiu.
— Juro pelo Rio Estige. — Levantou a mão como um escoteiro e Layla saiu correndo, sorrindo.
Nico deixou o corpo cair na cama, deitado de costas e fechando os olhos escuros. Ouviu os passos de Thalia entrando no quarto poucos minutos depois, revirando as coisas.
— Ele tava aqui agora pouco, Lay. Você também deixa tudo jogado, aí fica difícil achar! — Thalia repreendia em um tom que só as mães conseguem usar. — Eu tinha certeza que havia deixado ele dentro do meu guarda-roupa… Nico, você viu o senhor Bochechas?
Nico revirou a memória a procura da lembrança do hipopótamo de pelúcia que Frank havia dado de presente para Layla no natal passado.
— Você não emprestou pro Julian? — Perguntou, lembrando-se que o filho de Percy, pouco mais novo que Layla, havia ido brincar ali na noite passada, e pegado o brinquedo emprestado.
— É verda… — Thalia nem terminou de dizer e ouviu o barulho da porta batendo. Nico sentou-se de uma vez, abrindo os olhos enquanto ouvia o ruído da fechadura da porta. — Layla! — A mãe brigou, andando a passos apressados até a porta, girando a maçaneta, sem sucesso. — Abre essa porta!
— Não! — A menininha gritou do outro lado, a voz firme. — Vocês vão ficar aí!
— Layla! — Thalia gritou e Nico levantou-se, suspirando. Apesar de boa mãe, a morena não era calma ao lidar com crianças, principalmente quando estas estavam fazendo pirraça.
— Layla, — Nico chamou, a voz firme, mas baixa. — abre a porta pra mamãe, por favor.
— Não!
— Por que não? — Ele perguntou novamente e podia jurar que ouviu a filha respirar fundo, uma mania herdada dele.
— É pra ficar aí. É pra conversar.
— Por que conversar, filhinha? — Perguntou, apesar de xingar-se mentalmente por ser tolo a ponto de achar que a filha não perceberia o clima tenso.
— Não quero vocês brigando! —Thalia recostou-se na parede, sentindo o peito doer com a fala da filha. Ela também odiava aquela situação, mas não havia razão pra tentar conversar com Nico sobre o que os estava levando a uma guerra civil.
— Nós não estamos brigando, amorzinho… — Nico tentou, o que em parte era verdade: Eles não estavam brigando, apenas se ignorando.
— Mas tá de belem-belem! — Layla retrucou. — Como quando briguei com o Julian. A mamãe fez a gente se abraçar e pedir desculpas, é pra ficar aí.
— Layla, abre essa porta. — Thalia pediu, em um tom baixo.
— Não posso, mamãe. Vocês tem que ficar aí. Papai, nem tente as sombras. — A menina advertiu. — Você prometeu ficar aí até eu deixar sair. Jurou pelo Rio Estige.
Nico soltou um palavrão baixo, apesar de impressionado pela esperteza da filha.
— Layla, abre a porta… — Thalia tentou pela última vez, sentindo-se derrotada.
É claro que Layla tinha que aprender a ser inteligente como a madrinha, Annabeth. Muito mais inteligente que os pais.
— Amanhã eu abro.
— E quem vai te colocar na cama, mocinha? — Nico argumentou, sabendo que a filha tinha medo de escuro e não iria dormir até ouvir uma história.
— O Tio Jay! Tchau!
— Layla! — Nico quase gritou, percebendo que a menina havia pensado em tudo, inclusive em refugiar-se no apartamento ao lado, que pertencia ao tio favorito dela, Jason.
O casal ouviu as portas pelo apartamento baterem, sendo deixados aprisionados dentro do próprio quarto pela própria filha. Parecia não haver outra escolha: Nico e Thalia teriam que conversar!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Hoje faz seis anos que comecei a escrever (pelo menos, que minha primeira fic foi postada), então decidi comemorar escrevendo algo especial e pequeno.
Essa é a primeira parte de uma short fic que deve ter no máximo uns três capítulos, espero que tenham gostado e eu adoraria ouvir a opinião de vocês!
Aliás, essa fic pode ou não ser um spin-off de Eu, Meu Noivo & Seu Crush!
Deixem comentários, please!