Scorpius Malfoy vulgo: PERIGO escrita por Maga Milla


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Uma onezinha super fofa que está guardada em meus arquivos a bastante tempoe e finalmente resolvi posta-lá, então obrigada por estar aqui e por ler e espero te encontrar nos comentários ;)



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Scorpius Malfoy sempre fora um perigo constante em minha vida. O seu sorriso extremamente sexy era a representação perfeita do perigo. Sua voz levemente rouca e melodiosa era perigosa. Seus olhos extremamente acinzentados era um maldito lembrete do perigo que ele representava em minha vida. Estar perto dele era arriscado e porque não dizer insuportável. Scorpius era o meu inferno pessoal encarnado em figura de gente.
E infelizmente as lembranças de tudo que ele representava em minha vida ainda estavam perfeitamente preservadas em minha memória.

*

"Rosinha..." Papai me chamou urgentemente. Eu o olhei atenta. Estávamos na estação, pronta para embarcamos pela primeira vez no Expresso de Hogwarts. Ele parecia preocupado e um tanto incomodado. Com um manear leve de cabeça ele indicou uma família um pouco a nossa frente. Estreitei os olhos a fim de observar atentamente as pessoas. Era apenas um casal com um garoto.

"Aquele ali, Rose... São os Malfoy's! Quero que fique longe dele, certo? Vovó Arthur ficaria extremamente decepcionado caso um dia você viesse se tornar amiga de um Malfoy e bem, eu também!" Analisei mais calmamente as três pessoas indicadas por meu pai.

Embora eu soubesse tudo que Draco Malfoy fizera em sua juventude, não conseguia sentir nenhum tipo de aversão ao homem. Ele parecia alguém extremamente comum, tirando o fato dos cabelos extremamente loiros e a expressão cansada que parecia impregnada em seu rosto. Obviamente que mamãe havia-me contato que Tio Harry havia absorvido a família Malfoy, por Narcisa em dado momento da guerra tê-lo ajudado, Ronald não fizera menção de ter interesse em me falar desta parte da historia.

Embora o filho de Draco, parecesse uma copia fiel do seu pai; com seus cabelos loiros e sua pele alva, havia algo nele que remetia a mulher extremamente delicada e bonita que sua mãe era. Talvez fosse o sorriso acolhedor e sincero estampado no rosto de ambos, ou a forma como sincronizadamente eles reviraram os olhos para algo que Draco havia dito. Peguei-me sorrindo divertida, diante do ato. E foi ali, naquele momento, que os olhos daquele garoto me jogaram em um céu extremamente cinza e frio que eram seus olhos. Meu corpo formigou rapidamente e meu rosto esquentou automaticamente.

Maldita genética, Weasley.

Desviei rapidamente o olhar e pude pegar um vislumbre do sorriso de canto de lábios que ele dera e, naquele momento, eu soube... Scorpius Malfoy representava um perigo eminente para minha sanidade mental.

*

Suspirei, tentando fixar minha concentração no livro que tinha em mãos. O quarto estava mergulhado na penumbra da noite e somente a luz da lua trazia a pouca luminosidade que usava para leitura. Com certeza pela manhã me aprenderia de ter ficado ate tarde acordada, entretanto, os milhões de pensamentos e lembranças que ocupavam minha mente, não me permitiam um minuto de sossego.
Antes que eu pudesse me controlar mergulhei em uma enxurrada de lembranças novamente.

*

Durante onze anos eu havia sonhando com este momento. Este exato momento! Antes eu tinha tanta convicção que nunca esperei que poderia sentir medo do que poderia vir acontecer ali. Obviamente que minha segurança caiu por terra no momento em que ouvi o Chapéu Seletor mandar Alvo Potter para Sonserina. Convenhamos um Weasley Potter na Sonserina não era algo muito provável. Mas foi exatamente o que aconteceu, no momento em que o Chapéu foi colocado na cabeça do meu primo preferido, ele gritou em alto em bom som Sonserina.
Um momento de surpresa rompeu pelo castelo e o silêncio fora constrangedor. Até que contrariando todas as expectativas o Malfoy batera palma, arrastando o resto da mesa consigo. Alvo sorriu agradecidamente para o loiro e deu de ombros, caminhando meio desconfiado para mesa.

Prendi a respiração instantaneamente quando meu nome fora anunciado por Minerva. Andei cautelosamente até o banco centralizado no Salão e suspirei confusamente.
Por anos eu julguei que minha casa era a Grifinória. Tinha tanta certeza que lá era meu lugar. Entretanto, vendo meu primo sentando ali, desejei com vigor pertencer a Sonserina. Alvo sempre fora meu melhor amigo e gostaria de estar na mesma casa ao qual ele estava. Suspirei, inflando o peito e criando coragem, pronta para o que quer que pudesse acontecer naquele momento.

"Weasley... Granger... Caracterizas interessante! Tão inteligente quanto a mãe e tão parecida com o pai... A Lufa Lufa lhe aceitaria de bom grado! Você se encaixaria perfeitamente na Sonserina, tão astuta e esperta..." Prendi a respiração tentando manter-me calma. "Entretanto, parece que seu coração já fez sua escolha, bom se e assim, não há dúvidas...Grifinória!" o Chapéu gritou em alto e bom som.
A mesa da Grifinoria rompeu em palmas e meus primos sorriam felizes. Troquei um olhar rápido com Alvo, me desculpando e, ele sorriu indicando minha mesa e dando de ombros.

Depois da seleção o breve discurso de boa vindas de Minerva foi feito e o jantar fora finalmente iniciado. Eu estava feliz por estar ali, sentia-me realmente em casa. Sempre desejei pertencer aquela casa, embora, uma parte de mim quisesse estar ao lado de Alvo. Direcionei brevemente meu olhar para a mesa da Sonserina e estreitei os olhos ao ver Scorpius Malfoy e Alvo Potter conversando.
Senti um arrepio percorrer minha espinha quando Scorpius subitamente olhou em minha direção. Nossos olhares fixaram-se por um breve momento e algo dentro de mim palpitou. Desviei o olhar rapidamente, determinada a cumprir a ordem que papai havia me dado.

Malfoy's são inimigos. Não confraternize com os inimigos, Rose! Alertei-me, enquanto tentava fixar minha atenção em qualquer outra coisa que não tivesse a ver com Scorpius.

*

Esfreguei os olhos tentando dissipar as lágrimas que estavam se acumulando em minhas retinas, tentando me convencer de manter-me indiferente e completamente alheia a ele.
Bufei sentindo a decepção me preencher completamente. Balancei a cabeça negativamente, frustrada. Scorpius conseguia fazer com que todo o controle que havia aprendido a obter durante todos esses anos, ruíssem lentamente.

*

Estávamos no terceiro ano. Alvo e Scorpius haviam tornando-se melhores amigos. No inicio fora realmente constrangedor os primeiros contatos que a família Weasley tivera com o Malfoy, embora com o tempo as coisas passaram-se a normalizar e o costume veio. A única pessoa que resistia bravamente era meu pai. Ronald Weasley sempre fora teimoso como uma mula e, mesmo, Hermione tentando intervir a favor do garoto, ele continuava irredutível e sempre me pressionava a manter certa distância do garoto. No ultimo Natal ele recusou-se a ir para Toca enquanto o Malfoy ainda estivesse lá, alegando que poderia encontrar com Draco Malfoy por lá.

Fora uma enorme confusão. No fim, mamãe havia o convencido a ir, com a ameaçada de dormi pelo resto do ano no sofá.
Foi engraçado observar o desconforto de papai em frente aos Malfoy’s, principalmente com Scorpius, porque embora, houvesse algumas coisas em comuns entre eles, meu pai manteve-se completamente indiferente ao menino. Scorpius ignorou o máximo que pode, quando percebeu que ele era tão irredutível como eu.
Obviamente que eu não tinha nada contra ele. Tinha curiosidade de saber como de fato Scorpius era, tinha algo que me atraia constantemente para ele. Uma força invisível que fazia meu corpo inteiro reconhecer sua presença ou perceber quando ele me olhava. No entanto, eu sabia o quanto Ronald ficaria magoado caso eu desobedecesse a sua primeira e perpetua ordem. Portanto eu me mantinha indiferente ao garoto o tempo todo.

*

Assim como minha mãe, eu tinha uma paixão indescritível por livros e, passava a maior parte do meu tempo na enorme e magnífica Biblioteca de Hogwarts. Ali, ao longo dos três anos que vivi no castelo, tornara-se meu refugio. Sempre que precisava fugir da minha família e amigos, trancafiava-me lá e permanecia até o toque de recolher.
Só havia uma pessoa que se atrevia a ir até lá me procurar: Alvo. Embora, hoje eu estivesse planejando ficar todo o dia ali, Alvo claramente discordava da minha decisão. Era um sábado, estávamos prestes a voltar para casa para as férias e James daria uma festa na Sala Precisa, e eu me negava a participar.
"Rose." Alvo chamou calmamente, assim que tomou o lugar a minha frente. Puxei o ar com força para os meus pulmões e neguei rapidamente com a cabeça. Ele soltou um sorriso divertido. "Rosinha..." Alvo falou lentamente, com uma voz manhosa e completamente envolvente. Revirei os olhos, soltando o livro na mesa e passei a fita-lo com atenção. Ele ergueu as sobrancelhas alinhada e piscou brevemente.
"Vai ser divertido!" Ele anunciou, segundos depois. Neguei rapidamente.

"Não acho o fato de estar com vários adolescentes bêbados e com hormônios em ebulição, divertido, Alvo!" Resmunguei. Ele bufou claramente chateado.

"E você considera divertido trancar-se o dia inteiro dentro desta Biblioteca e ler, enquanto, poderia estar escrevendo sua própria historia?" Ele olhou-me fixamente. "Você precisa começar a viver sua vida, Rose. Tenho a impressão de que você vive fugindo de alguma coisa." Revirei os olhos diante da indireta enraizada naquela afirmação – porque Alvo adorava o fato de que, de alguma forma poderia existir algo entre seus dois melhore amigos - e dei de ombros convencida.

Não havia nenhuma maneira de prolongar mais aquilo, de uma forma ou de outra, eles arrumariam um jeito de me arrastar para aquela festa. O melhor que poderia fazer era aceitar de bom grado e tentar sair o mais cedo possível do local.
Alvo sorriu satisfeito, levantou-se, depositou um beijo em minha testa e falou:

"Tenho certeza que não vai se arrepender!" Embora eu tenha me arrependido.

Naquela noite, eu me arrependi de todas as escolhas que havia me levado aquele momento. Amaldiçoei-me milhares de vezes, enquanto tentava recuperar o juízo.
Porque veja bem...De todos os garotos que poderiam se aproximar de mim naquela festa, dentre tantos, Scorpius Malfoy fora o individuo. E por Merlin, aquele olhar extremamente frio e acinzentado de Scorpius era um tanto quanto difícil de esquecer. Ou ignorar.
Eu ainda não conseguia entender como havia deixado aquilo acontecer. Como foi que eu havia parado nos braços de Scorpius Malfoy?

Eu sinceramente não sabia. Poderia até culpar os três copos de cerveja amanteigada que havia tomado, no entanto, a única coisa que eu conseguia me concentrar era nos seus lábios frios traçando um caminho perigoso na curvatura do meu pescoço.

Scorpius era habilidoso com as mãos, com os lábios e com as palavras. Porque ele simplesmente havia conseguindo me envolver sem nem ao menos dar-me conta do que de fato estava se desenrolando. Seus lábios fixaram-se sob os meus e um beijo tenso e cheio de verdades escondidas iniciou. Era uma mistura de sentimentos confusos e um tanto quanto complexos. Se por um lado parecia perfeito, por outro parecia um erro e, foi com este pensamento que em dado momento, a voz do meu pai soou em minha cabeça... E antes que eu pudesse atingir limites que não teriam retorno eu subitamente o afastei.
Ele me olhou confuso, com os lábios extremamente vermelhos e a respiração entre cortada. Sexy pra caralho!

Arfei. E antes que mais alguma insanidade me acontecesse, sai correndo como nunca havia feito antes. Corri com toda força que podia impor as minhas pernas. Corri com todo o desespero que sentia se apoderar de mim. Quando finalmente cheguei ao quarto, deixei que as lágrimas molhassem meu rosto livremente. Deixei que a dor me sufocasse e fosse expelida, solucei, tendo noção do quão errado aquilo era...E da dor que sentia.

Aquilo não poderia ter acontecido. Não devia acontecer e nunca mais iria acontecer. Prometi a mim mesma que fora a primeira e única vez. Que não quebraria minha promessa desta vez.

Quantas promessas vazias eu fiz naquela noite. Porque ao contrario de tudo que havia prometido, aquilo tornou a acontecer milhares de vezes depois daquela noite.
Era sempre da mesma forma. Nos encontrávamos pelos corredores escuros de Hogwarts, discutíamos por algo completamente sem nexo e sem relevância alguma e, acabava prensada em uma parede qualquer com Scorpius colado ao meu corpo. Eram beijos desesperados. Cheios de paixão, de suplica, de raiva do que sentíamos, de mim, dele. De dor.
Quando eu recuperava o controle das minhas ações o empurrava e gritava escandalosamente para que ele não voltasse a me tocar. Que aquilo não podia e não iria acontecer de novo, e ele apenas sorria ironicamente, e revirava os olhos. Scorpius sabia que eu não era forte o suficiente para resistir. Para impedi-lo.

Vivemos mais três anos nessa loucura. Três anos completamente tensos e complicados, onde nos envolvíamos cada dia mas em algo incompreensível, tóxico e completamente insano.

Malfoy's e Weasley's não deviam se envolver romanticamente. Era errado. Quase um pecado. Nossos pais se odiavam. Havia muitas pessoas envolvidas para sermos egoístas daquele jeito. Era errado. Mas não parecia.
Era confuso. Muito confuso.

*

Suspirei, enquanto me despia. Entrei no Box deixando a água quente percorrer pelo meu corpo e expulsar um pouco a tensão dos meus músculos. Era difícil fugir de algo que estava enraizado dentro de suas entranhas.
Eu odiava admitir, me sentia fraca e um total fracasso mais não havia mas nenhuma maneira de negar que eu estava completamente apaixonada por Scorpius Malfoy.

*

Minha mente me lançou novamente para horas antes daquele momento. Estava fazendo a ronda, embora o frio estivesse incomodando naquela noite, eu como Monitora tinha deveres a cumprir. Já havia quase terminado minha ronda, quando o encontrei na Torre de Astronomia. Ele estava curvado sobre a mureta e observava absorto à noite.

Suspirei completamente tensa e pigarreei. Ele ergueu levemente a cabeça e seus olhos queimaram sobre mim.
"Você não deveria estar no dormitório, Malfoy?" Perguntei áspera e ele revirou os olhos.

"Deveria." Deu de ombros, indiferente.

"E porque não esta?" Tornei a perguntar. Ele sorriu abertamente.

"Se vai me dar uma detenção, vai em frente de uma vez, Rose." Ele sussurrou lentamente.

O amaldiçoei internamente. Maldita mania que ele tinha de falar meu nome tão lento e rouco. Maldito olhar penetrante que ele fazia questão de me dar. Maldito sorriso. Maldito Malfoy.
Revirei os olhos e suspirei.
"Você deveria ir de uma vez, Scorpius." Afirmei segura. Ele ergueu levemente as sobrancelhas loiras e soltou um sorriso irônico.

Ele atravessou a Torre rapidamente e antes que eu pudesse fugir, seus braços me envolveram rapidamente me guiando ate a parede gelada. Arfei.
"Scorpius." Suspirei irritada com o poder que ele exercia em meu corpo e antes que eu pudesse pedir para ele parar, seus lábios já haviam se colado aos meus e, um beijo quente iniciou.

Nossas línguas travavam uma batalha, enquanto meu coração batia completamente enlouquecido em meu peito. Era uma merda saber que aquilo era errado. Era sacanagem provar do fruto proibido e não ter coragem de consumi-lo por completo.
Era frustrante saber que assim como em todas as outras vezes, assim que recuperássemos completamente a consciência a culpa me dominaria por completo e eu fugiria.

Eu gostaria de ser forte o suficiente para decepcionar o meu pai. Eu queria ter coragem para dizer a ele que estava apaixonada por Scorpius Malfoy. Queria poder me libertar do medo, da dor, da culpa que carregava constantemente comigo. Embora eu não pudesse. Eu amava Scorpius, mas amava Ronald também. Ele era meu pai. Sempre estivera ao meu lado, me apoiando em tudo que precisava. E eu sabia que ele se decepcionaria muito se ele soubesse que sua garotinha estava apaixonada por um Malfoy. Era ridículo que mesmo depois de tanto tempo e de todas mudanças que ocorreram, meu pai ainda tivesse tanta raiva daquela família! Mas quem poderia julga-lo? Só ele sabe as dores que Draco representava em sua vida. Ele sempre acompanhou de perto o que Draco fazia a minha mãe. O preconceito e humilhações ainda eram dolorosas para ele.

Scorpius era completamente diferente do pai nesse aspecto. Ele provara durante esses anos que não tinha a intenção de repetir os mesmo erros. Embora, papai nunca fosse aceitar isto.

O beijo lentamente fora se findando e os lábios frios dele percorreram lentamente o meu queixo e desceu pela curvatura do meu pescoço.
"Scorpius... PARÁ!" Resmunguei antes que ultrapassemos todos os limites.

"Não... Rose... Por favor." Ele resmungou contra a minha pele me causando arrepios. Suspirei. Havia uma dor explicita em sua voz, um desespero em seus beijos, uma anseio diferente, Scorpius estava tão saturado de fugir daquilo quanto eu, talvez mais, ele estava sofrendo e perceber aquilo machucava ainda mais a mim mesma, saber que de alguma maneira eu era responsável por aquilo, pela sua dor, pelo seu cansaço.

"Isso não esta certo, Scorpius, por favor... Você tem que parar com isso, droga! Não pode simplesmente me agarrar e achar que todos os problemas irão se resolver." Falei firme, enquanto tentava me livrar dos seus braços.
Subitamente e mais cedo do que previ ele soltou-me. Fixou seus olhos sobre os meus e pude enxergar ali, diante dos meus olhos, algo que antes nunca havia visto: magoa.

"Não esta certo? Quando e que você vai parar de fugir e assumir o que esta sentindo Rose?" Ele vociferou. Encolhi-me rapidamente. "Você vai negar o que sente? Tem certeza que pode fazer isso? Porque sinceramente até um cego consegue ver o que acontece entre a gente... Você estremece cada vez que eu te toco Rose. Você sente tanto quanto eu!" Balancei a cabeça negando.

"Não." Resmunguei tremula. Ele riu amargo.

"Cansei Rose. No dia que você resolver honrar sua casa e seus sentimentos me procure que estarei disposto a enfrentar seu pai com você... Até lá prefiro manter distância."
Aquelas palavras martelavam em minha cabeça. Ele havia cansado. Jogou a toalha, desistiu. Ele havia assumido que nutria sentimentos, ele havia olhado dentro dos meus olhos e me mostrado toda mágoa que carregava consigo de todas as vezes que eu o afastei, o reprimi e lhe culpei por toda a situação.

Por algum tempo tentei me convencer de que Scorpius não levaria aquilo adiante. Que era apenas um momento de raiva e que iria passar.
Embora no fundo eu soubesse que ele estava falando serio, era doloroso ver ele me ignorar completamente. Os dias estavam passando cada vez mais lentos e tediosos e eu me sentia cada vez mas perdida.

Em uma noite fria, perto do Natal, eu tornei a encontrá-lo na penumbra da noite. Seus olhos focaram-se nos meus por breves segundos e antes que eu tivesse uma chance de reencontrar minha voz, ele havia desaparecido na escuridão do castelo.

Chorei sentindo a rejeição me machucar. A única coisa que havia conseguido enxergar dentro dos olhos dele era um vazio. Um terrível e profundo vazio.
O natal finalmente havia chegado. Ao contrario de todos os outros anos, desta vez eu não me sentia feliz ou ansiosa para rever meus pais. No fundo eu sabia que no momento em que eles colocassem os olhos sobre mim, saberia que algo estava errado.

Durante todos esses dias eu me mantive distante o máximo que pude de todos meus primos e meu irmão. Mal conseguia comer alguma coisa, não me concentrava nas aulas e não conseguia ler mais que um ou dois capítulos dos meus livros preferidos por dia.
Estava mais magra que o normal. Meus cabelos estavam secos e sem brilhos, havia olheiras em meu rosto e estava cada vez mais absorta em minha própria covardia.
E aquilo não se devia somente por causa dele, na verdade se tratava de mim: da minha incapacidade de ser corajosa e desapontar meu pai, de enfrentar as consequências de cabeça erguida sem se preocupar com o futuro como qualquer adolescente normal, porque eu tinha que ser tão patética? Por que não podia ser egoísta e pensar apenas no que eu queria?!?

Assim que coloquei os pés para fora do Expresso senti os olhares de Hermione e Ronald pesarem sob mim. A morena estreitou os olhos e fitou o marido ameaçadoramente, como se inconscientemente o culpasse por o que quer que fosse que estivesse acontecendo comigo.

Intuição de mãe, talvez. Embora Ronald tivesse boa parcela de culpa naquilo, a maior culpada fora eu. Eu deveria ter sido forte e decidida o suficiente para assumir o que estava sentindo.

Entretanto era difícil escolher entre Scorpius e meu pai. Eu sabia que a partir do momento em que Ronald descobrisse que sua Rosa, sua querida filha estivesse apaixonada pelo inimigo, ele fechar-se-ia completamente para mim e nossa relação nunca mais seria como antes.
O abraço que eles me deram fora caloroso e por um breve momento um pouco daquela dor dissipou-se.
Era reconfortante estar em casa novamente. O meu quarto tinha um aroma suave de café e livros. Sorri satisfeita por tudo continuar como sempre fora ali, ao menos ali eu me sentia bem.

Embora o vazio ainda prevalecesse dentro de mim. O natal decorrera bem, e o ano novo também e como em todos os outros anos as breves ferias passaram-se rápidas. Não que eu estivesse reclamando sobre isto, na verdade estava aliviada. Durante as duas semanas que passara em casa, Hermione e Ronald tentavam arrancar alguma informação que pudesse lhes mostrar o real motivo da minha indiferença a tudo e qualquer coisa. Eles me pressionaram de todas as maneiras possíveis para me abrir.

Minha mãe me olhava atenta sempre que estávamos no mesmo ambiente e eu desconfiava que ela sabia exatamente do que se tratava. Hermione sempre fora uma ótima observadora e algum tempo atrás ela já havia me questionado quando eu contaria para o papai que estava apaixonada. Ela sabia perfeitamente do que se tratava e de quem. Embora, tivesse respeitado minha privacidade e ter me dado liberdade para fazer minhas escolhas.
Aquele era o último dia que passaria em casa e estava finalizando minha mala quando meu pai surgira em meu quarto.

Ele sorriu serenamente e sentou na beira da minha cama. Por alguns momentos o silêncio reinou nele. Um suspiro cansado soou do homem e ele me olhou fixamente.
"Desculpe-me, Rose!" Ele suplicou aflito. Olhei-o confusa.

"Do que esta falando pai?" Ele sorriu brevemente.

"Por estar lhe causando tanto sofrimento filha..." Ele encolheu os ombros. "Rose, eu sou seu pai e te conheço melhor do que você pode supor querida." Anunciou calmamente. Sentei-me recosa ao seu lado.

"Desculpe por ter deixado meu preconceito falar mais alto que o amor que sentia por você... Por ter permitido que a rixa do passado lhe ferisse da forma como feriu... Por ter errado tanto, querida."

"Papai...” Solucei enquanto as lagrimas fluíam em meu rosto.

"Você deveria ter me dito, Rose." Ele suspirou cansado. "Deveria ter contado que estava apaixonada por ele!" Ele suspirou. “Sabe as vezes eu sou um idiota, se sua mãe não tivesse me mostrado o quanto você sente por ele, talvez, eu nunca se quer teria notado que seus sentimentos por eles são forte.” Riu dando de ombros.
Encolhi os ombros diante da sua afirmação e desviei rapidamente o olhar.

"Eu vi como você olhava pra ele durante toda noite de Natal... Sua mãe já havia me alertado para isto há bastante tempo... Embora meu orgulho me impedisse de admitir que ela estivesse certa!" Assumiu envergonhado. "Rose eu amo você. Acima de qualquer rixa, qualquer preconceito... Qualquer mágoa, eu amo você filha! Eu sou capaz de passar por cima de qualquer coisa para vê-la sorrir novamente... Embora seja difícil e eu vou precisar de um tempo para me acostumar com a ideia, você tem minha benção, Rose!" Sorri aliviada, enquanto tentava controlar as lágrimas.

Envolvi meu pai em um abraço apertado.
"Obrigada. Obrigada. Obrigada pai, por Merlin, obrigada!" Choraminguei enquanto ele me apertava em seus braços.

"Seja feliz, filha!" Ele sussurrou em meu ouvido minutos antes de embarcar no Expresso de volta a Hogwarts.

Sorri animadamente enquanto corria os olhos pelas cabines à procura de qualquer cabina vazia para que pudesse ler em paz. Assim que encontrei me confinei na mesma com um exemplar do "Pequeno Príncipe", embora eu ainda não estivesse completamente resolvida com Scorpius, sabia que em breve as coisas estariam bem.
Teríamos tempo suficiente para colocarmos tudo em pratos limpos e ajustar completamente o ponteiro daquela relação conturbada a qual compartilhávamos.

Antes que eu pudesse terminar o último capitulo do livro, o loiro rompeu pela minha cabine. Ele ostentava um sorriso de canto de lábios e parecia um tanto relaxado. Tomou o lugar ao meu lado e me observou por alguns segundos.
Olhei-o curiosamente. Ele sorriu.

"Seu pai..." Ele resmungou. Arregalei os olhos rapidamente, assustada.

"O que ele fez?" Perguntei curiosa. Ele deu de ombros, enquanto envolvia meus ombros com seu braço.

"Disse que me lançaria Avada se não cuidasse da pequena Rosa dele!" Revirei os olhos, sorrindo.

"Desculpe." Pedi sinceramente. "Por ter sido tão covarde!" Acrescentei.

"Acho que o Chapéu Seletor errou sua casa, ruiva." Ele soltou rindo. Bufei, batendo levemente em seu braço.
"Touché, ruiva...Você tem a mão pesada!" Reclamou. "Tudo bem... O que importa e que você esta aqui agora e eu amo você!"


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de me contarem o que acharam ❤



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