Pov's Peeta

Eu ainda não sei o que está acontecendo comigo. Já se passou 1 semana, mas nada mudou! É sempre a mesma coisa: Toda vez que fecho os olhos, vejo aqueles olhos cinzas brilhantes, o sorrisinho debochado brincando nos lábios e aqueles cabelos negros como a noite caindo sobre os ombros. Como pode, um único encontro fazer a imagem de uma pessoa impregnar sua mente de tal forma? E o pior: eu nem sei o nome dela.

08h00 da manhã, droga, já estou atrasado. Passei em um Starbucks antes de ir trabalhar, para comprar um café e acabei perdendo a hora pensando naquela morena maravilhosa que não sai da minha cabeça desde a semana passada. Cheguei na grande casa e me deparei com a srta. Trinket na recepção.

— Bom dia, Peeta! - Ela cumprimenta com um sorriso, como sempre.

— Bom dia, Effie! - Respondo sorrindo também, e vou para minha sala.

— 5 minutos atrasado, garoto! Posso saber porque você anda tão distraído essa semana? - Haymitch, meu chefe, pergunta assim que entro na sala.

— Eu só perdi a hora, Haymitch. - Reviro os olhos.

— Claro que sim! Se essa perdida na hora se trata de uma morena dos olhos cinzas, isso vai ser resolvido logo. - Ele me lança uma piscadela e sai, me deixando completamente sem graça e confuso. Como ele percebeu que eu ando pensando nela? E como ele sabe que é ela e não outra coisa qualquer? E o que ele quer dizer com "isso vai ser resolvido logo?". Não tive tempo de continuar com minhas indagações, pois logo o loiro sarcástico também conhecido como meu chefe, volta com uma tela enorme e alguns baldes de tinta novos.

— Essa encomenda é pra amanhã. - Haymitch me entrega uma foto de uma família aparentemente francesa. Olho para a imagem captando bem os detalhes! Não é muito difícil de reproduzir em pintura, já fiz coisas bem mais difíceis, então amanhã é um bom prazo. Você deve estar se perguntando do que exatamente eu estou falando. Bom, a grande casa que estou no momento é na verdade uma galeria de arte! Haymitch é o dono. Ele é um ótimo pintor e desenha super bem. É um bom homem, apesar de ter um temperamento difícil de lidar as vezes, somos bons amigos, além dele ser meu chefe, claro. E eu, bom, também sou pintor. Eu amo pintar e desenhar, e modéstia parte, eu sou muito bom nisso! Trabalho na Haymitch's gallery há exatos 10 anos. Sim, eu comecei a trabalhar aqui quando era apenas um garoto de 15 nos. Lembro que na época, Haymitch abriu vagas para ajudantes e eu me candidatei. De começo, ele não queria me deixar participar, pois eu era "uma criança" como diz ele. Mas eu insisti tanto que o homem acabou deixando eu mostrar o que sabia. Quando acabei meu desenho, o loiro ficou impressionado. Pediu para eu reproduzir em pintura, e quando o fiz ele dispensou todos os outros concorrentes, e cá estou...

Tinha acabado a primeira encomenda do dia e fui até a recepção deixar o quadro com Effie. Quando entrei no cômodo olhei em direção as cadeiras de espera e lá estava ela. Sentada em uma das cadeiras, com um saia perigosamente curta e uma blusa com um leve decote, deixando a mostra uma pequena parte de seus seios fartos. Ela estava concentrada em um livro qualquer e nem notou meu olhar indiscreto sobre ela. Meu Deus, como uma pessoa pode ser tão perfeita como ela? Deveria ser pecado..

— Quer um pano pra limpar a baba, garoto? - Haymitch me desperta dos meus pensamentos pervertidos e me encara com um sorriso sarcástico.

— Muito engraçado. - Reviro os olhos. - Quem é ela? E não venha me dizer que é a moça da semana passada, porque isso eu já sei! - Pergunto em um sussurro, para só ele me ouvir.

— Katniss Everdeen! Ela é uma amiga minha de anos, e também uma cliente. Veio fazer uma encomenda. - Ele responde no mesmo tom de voz que eu. Amiga e cliente de anos? Então como eu nunca a encontrei antes? Que desperdício de tempo, Peeta!

— Bom, ele vai fazer pra você, docinho! - Ouço a voz de Haymitch me despertando novamente, quando ele toca meu braço. Olho para a morena que me encara e sorrio, fazendo-a sorrir também. E que sorriso!

— Garoto, Katniss precisa dessa imagem na maior tela que tiver. Pra hoje! deixe qualquer outra para depois. Ela vai esperar ficar pronta. - Meu chefe ordena e eu assinto, analisando imagem.

— Katniss, pode acompanhar o garoto até a sala dele e esperar por lá mesmo. Aí você já vai vendo enquanto ele faz. - Dessa vez ele se dirige a ela, que assente acompanhando-me até a sala.

— Você acha que dá para terminar hoje? - Pela primeira vez, Katniss fala comigo. Sua voz é doce e calma, e ela me observa atentamente aguardando uma resposta.

— Claro! É uma imagem muito interessante, mas nada muito difícil de desenhar. - Respondo e ela dá um mínimo sorriso assentindo.

— Que ótimo! Eu preciso disso para amanhã cedo, é para uma campanha do trabalho! Eu só fiquei sabendo hoje, por isso não vim antes. Mas Haymitch disse que "o garoto" daria conta do recado. - Ela explica e sorri. - A propósito, você vai me dizer seu nome ou eu vou ter que ficar te chamando de garoto também? Porque isso faria eu me sentir bem velha, e não acho que tenhamos idades tão distintas. - Katniss continua, com uma sobrancelha arqueada.

— Peeta Mellark, ma chère! E acredito que não tenhamos idades muito diferentes. Mas de fato eu ainda sou um garoto. - Respondo e ela ri.

— Peeta! Sou Katniss Everdeen, se é que você ainda não sabe! E bom, eu também sou uma garota. - Ela diz em um tom divertido. - Certo, quantos anos você tem? - Pergunta.

— Tenho 25. E você? - Me viro para olhá-la depois de pegar a maior tela que tínhamos.

— Tenho 25 também. Viu só, eu sabia que não era mais velha! - Mais outro sorriso. Desse jeito fica difícil me concentrar aqui, Deus.  

Peguei as latas de tinta e os pinceis, começando o trabalho. O desenho era fácil, uma imagem com várias pessoas diferentes dando as mãos, cada uma de um jeito. Tinha uma no estilo punk, uma na cadeira de rodas, uma mais magra, outra mais gordinha, alta, baixa, crianças, idosos, negros, brancos, etc. Provavelmente a tal campanha tem a ver com diferenças individuais.

— Sem querer me intrometer, mas já fazendo isso, você trabalha com o que? - Pergunto sem tirar os olhos da tela que já ganhava formas desenhadas.

— Eu sou médica! A campanha do hospital é sobre as diferenças individuais e o respeito sobre elas, como você pode imaginar! Suponho que seja isso que você queria saber, sim? - Ela levanta uma sobrancelha novamente, como se esperasse eu confirmar o que ela já sabia.

— Exatamente! Achei a imagem bem interessante. É uma boa campanha. - Comento.

— Com toda certeza! - Ela concorda.

Levei em torno de uma hora e meia para terminar. Durante esse tempo eu não falava muito para não perder a concentração, e Katniss também não falava, provavelmente para não atrapalhar. Mas vez ou outra, quando olhava em sua direção, podia ver seu olhar atento sobre mim e a tela, admirada sugiro.

— Acabei! - Anunciei me sentando em um banco do lado do quadro.

— Oh Deus, ficou incrível! Linda mesmo, eu amei! - Katniss abre um sorriso enorme enquanto caminha para mais perto da pintura, analisando-a de perto.

— Que bom que gostou. Eu achei que ficou realmente bom. - Digo, parando ao seu lado.

— Bom? Ficou ótimo! Maravilhoso! Haymitch tinha razão, você é muito talentoso, Peeta! - Ela elogia e me lança um sorriso doce, me fazendo sorrir involuntariamente.

— Obrigado! - Agradeço ainda hipnotizado pelo seu sorriso. - Bem, você ainda precisa esperar mais um tempo, para a tinta secar e você poder levar. - Aconselho e ela assente. Caminhamos até a recepção onde encontramos Haymitch e Effie conversando.

— Já acabou? - Meu chefe pergunta quando nota nossa presença.

— Já. Não foi muito difícil! - dou de ombros.

— E o que você achou, docinho? - Pergunta ele, à Katniss.

— Eu amei! Ficou incrível! Depois vai lá ver. Peeta é muito talentoso. - Ela responde e Haymitch sorri, me lançando uma discreta piscadela. Qual é o problema desse homem?

Effie ofereceu café para Katniss que logo aceitou, e as duas entraram em um papo animado sobre sapatos e coisas que eu não dou a mínima, enquanto a morena esperava sua encomenda. Haymitch voltou para sala dele para terminar outras encomendas e eu fui começar a pintura da família francesa de mais cedo. Meia hora depois, o quadro já estava suficientemente seco, e depois de pegar e se despedir de todos, a morena se foi, me deixando tê-la somente em minha mente, mais uma vez...