vida longa aos ossos do rei escrita por Aphrodite Laclair


Capítulo 1
first, the overture.


Notas iniciais do capítulo

TW: menções de violência; violência doméstica implícita.
helloooo. essa fanfic foi escrita pro delipa 13 (o minilipa!!) no qual eu peguei pulseira. yay! as regras eram que tinha que usar o objeto e ter menos de 1k, o que eu achei fácil, pretty much. ha. ha. ha. what makes u ha ha ha.mp3. quando na minha vida alguma coisa foi fácil!!! o universo não ia começar agora!!!! ugh
vou resumir a epopeia dizendo que essa fic teve tipo umas sessenta versões e essa foi a que ficou semi razoável so whatever é a que vai ver a luz do dia msm pq o prazo é dia 20 e agora são 23h50 do dia 19. also eu tinha esquecido totalmente da bendita pulseira rsss então encaixei ela de última hr mesmo. ops.
a capa inclusive foi feita pra primeira versão dessa fic. não preciso nem dizer que ela faz pouco sentido agr, mas gosto mt dela então vai ela msm. thx again pantufa. love u
para os que ficam, all the love as always
enjoy

p.s.: será que alguém nesse site realmente sabe usar esses gêneros de história direito?? eu certamente não sei.



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vida longa aos ossos do rei

first, the overture.

 

Tudo que Adam Parrish conheceu na vida foi terror.

É quase um instinto de sobrevivência, quando se vive numa casa como aquela na qual ele foi criado; uma decisão semi-consciente de não esperar que as coisas boas aconteçam com ele ou, se por algum motivo acontecerem, que elas não durem; que a afeição é uma piada; que amor não é garantido; que o que a maioria das pessoas considera terreno sólido — pais, família, casa, segurança, teto — é na verdade uma areia movediça das mais traiçoeiras; que toques significam dor, dor, dor, e que quem pensa o contrário está, na melhor das hipóteses, vivendo numa bolha de ingenuidade e ilusão; que gentileza é problema e distância solução.

É um mecanismo, mais do que uma ideia. Uma coisa física muito mais que uma sensação.

Ronan Lynch entende isso.

Teoricamente.

(como pode uma criança amada realmente imaginar o que é existir como o contrário?)

“É como viver embaixo d’água”, Adam tentou explicar uma vez, meio sem paciência, como se dissesse você nunca vai entender de qualquer forma mas vou tentar mesmo assim porque no pior dos cenários eu tirei isso do caminho. É um tom que Ronan está acostumado, é talvez até um pouco apegado a isso; ele não se importa nem remotamente, muito menos se ofende. “Tão assustado que você não consegue conceber a ideia de se mexer. É claro, você tem que. Não dá para viver imóvel. Mas você tenta.”

“Por que você não foi embora?”, Ronan se lembra de ter perguntado, o que parecia uma indagação perfeitamente razoável na época, mas que desde então se tornou a munição perfeita nos argumentos intermináveis sobre como Ronan nunca será capaz de entender essa parte do passado-presente de Adam Parrish e devia só parar de tentar.

Ronan nunca parou. Há alguma coisa sobre a forma como Adam olha quando fala sobre isso, para a parede mas também além dela, como se sufocando, sufocando, sufocando, revivendo um inferno que parece que nunca vai acabar.

Ronan não entende, ok? Isso é definitivamente verdade. Mas ele está convencido que o mínimo que ele pode fazer é tentar, e ninguém vai ser capaz de convencê-lo do contrário.

 “Não parecia ter como.” Adam diz, depois de um tempo. “Era como se, naquela casa, só se saia num caixão.”

Tudo que Ronan Lynch conheceu na vida foi decepção.

O pai perfeito que, de tão intenso, de tão brilhante, esmigalhou os filhos em pedaços minúsculos quando finalmente não aguentou mais queimar; o irmão mais velho que, de tão adequado, tornou tudo ao seu redor poeira de demolição; o irmão mais novo que, de tão amável, transformou os outros em monstros por contraste; a mãe que, de tão embaçada, acabou por desbotar completamente.

Com uma família dessas, ninguém pode culpá-lo por preferir a confortável segurança da distância.

Não há um pingo de covardia no corpo de Ronan Lynch, definitivamente, mas há sim, ao contrário da crença popular, uma dose saudável de cautela.

(ninguém tem medo de nadar até sair do raso e se afogar)

“É mais pesado que sonhar”, Ronan disse, casualmente, o rosto encostado na altura do coração de Adam e contando os batimentos — um dois três quatro cinco doze vinte cem —, a prova física que ele está vivo e bem. Nós estamos aqui, o barulho dizia, nós sobrevivemos. Contra todas as expectativas; contra todas as probabilidades. Sobreviver. Viver. “Mas mais leve que estar acordado. É como quando você está ouvindo o barulho do despertador, consciente do colchão embaixo de você e do travesseiro que você empurrou para debaixo do seu braço, mas não acordado o suficiente para abandonar o sonho. Então você vai e fica naquela suspensão estranha entre o mundo que você sabe ser real e aquele que você está começando a perceber que foi inventado, por uns poucos segundos que parecem ser intermináveis. É por isso que eu mantenho essas pulseiras o tempo todo. Uma coisa que existe aqui e existe lá, inevitavelmente. Uma distração, quase tanto quanto uma lembrança.”

“É ruim?”, Adam perguntou, a voz meio baixa, quase quieta; como se estivesse com medo de alguém no quarto ao lado ouvir também. Resultado de viver num trailer durante toda minha vida, Adam disse uma vez, voz destilando sarcasmo. Com pessoas que me odeiam ficou pairando no ar, como uma partícula minúscula de poeira que só se vê quando a luz bate. Quase frágil.

“Não. Não, não é ruim. É só a coisa que prova, de uma vez por todas — definitivamente —, que eu nunca fui igual a ninguém nesse mundo além do meu pai.”

(e o que é que isso diz sobre mim? é outras das coisas que ficam no ar)


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