O que "pilhéria" quer dizer? escrita por Zoey


Capítulo 2
Capítulo 2 - Donzelas em queda livre


Notas iniciais do capítulo

Para quem já leu A Sugestão, considere isso um easter egg.
Espero que gostem ♥



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Meia noite, Sala de Troféus.

A Weasley está quase atrasada. Eu estou encostado no batente de uma porta com os braços cruzados. O zelador bizarro da escola está com uma cara quase feliz olhando para o grande relógio na parede.

“Floresta Proibida se houver atraso, não é mesmo?”.

Ele diz sorrindo malevolamente com dentes podres. Rose aparece correndo na sala e coloca as mãos nos joelhos tentando acalmar a respiração. O zelador rapidamente volta a agir como carrancudo.

“Vocês sabem o que têm que ser feito. Já fizeram isso tantas vezes que fico perguntando-me quando darão uma punição descente para os dois pestinhas”.

Filch estende a mão e entregamos nossas varinhas a ele. Ele sai deixando atrás de si panos e produtos de limpeza.

“Perdeu a hora, Weasley?”.

Ela não responde. Iniciamos a limpeza.

“Por acaso não estava com algum garoto por ai, estava, Weasleyzinha?”.

Ela cora e eu murcho. Imediatamente, finjo diversão.

“Isso não é da sua conta, Malfoy”.

Mas eu não desisto, quero saber quem é o desgraçado que está beijando ela.

“Quem é o felizardo, Weasley?”.

Ela está tão vermelha quanto seus cabelos ruivos. Nem as sardas ajudam ela a esconder o rosto em chamas.

“Isso não é...”

“Não é da minha conta. Mas, Weasleyzinha, veja bem, acontece que é sim”.

“O que você quer dizer com isso?”

Ela para e encara-me. Eu sustento seu olhar.

“No momento que qualquer pessoa possa interferir nos meus passatempos, isso é da minha conta”.

“Como é?”.

Ela soa indignada.

“Ora, vamos, Weasley. Se você começar a andar com um namorado para cima e para baixo como é que eu vou incomodar você? Além disso, vão vir as mudanças de comportamento e você vai começar a agir como superior”.

“Você não pode estar falando sério”.

Ela aparenta descrença.

“Claro que estou”.

“Isso quer dizer que você só é capaz de perturbar a paz de garotas menores que você?”.

“Não, Weasley, isso quer dizer que eu sou capaz de perturbar somente a sua paz. Você é facilmente irritável e tem reações impagáveis”.

“Você é um idiota, Malfoy”.

“Olha, vejam só, ela encontrou um adjetivo”.

“Seu imbecil”.

Ela diz virando-se e voltando a limpar uma taça especialmente grande.

“Viu? É exatamente disso que eu estou falando? Mudanças comportamentais. Você já nem está respondendo-me mais como fazia. Onde estão os tapas e as ameaças?”.

Ela fingia não ouvir, decidiu tentar a sorte nas prateleiras mais acima. Ignorando-me, subiu a escada até chegar na última prateleira.

Volto a limpar. Preciso descobrir quem é o babaca que está colocando as mãos em Rose e quando eu descobrir...

“Então, basicamente, eu não devo namorar porque isso vai estragar a nossa relação?”

Ela pergunta ainda limpando.

“Sim”.

Respondo limpando.

“Espera, que relação?”.

Questiono em dúvida com o que ela quis dizer.

“Você sabe... A relação: eu te incomodo, você me incomoda...”.

“Ah. É isso mesmo. Namorados trazem apenas desvantagens, Weasley”.

“É mesmo, Malfoy? E você também se encaixa nessa teoria?”.

“Bom, primeiramente, você teria que considerar que eu namorasse alguém, o que eu posso garantir que não vai acontecer”.

“Talvez namorar você traga apenas desvantagens”.

“Você não seria capaz de dizer isso, nunca me namorou”.

“Graças ao bom Merlin, não. Mas metade do público feminino de Hogwarts já. E se elas estivessem aqui concordariam comigo. Apenas desvantagens”.

“Eu não as chamaria de ex-namoradas”.

“Merlin sabe que eu não quero saber do que você as chamaria”.

“Ora, Weasley, um ombro amigo em horas difíceis que beija bem não pode ser considerado um namorado”.

“Tem razão, Malfoy, isso se chama aproveitador”.

Mais uma vez fico perguntando-me como aquela menininha não é uma sonserina.

“Nenhuma delas diria que eu sou um aproveitador”.

Eu fecho a cara para ela. Ela ri.

“Ah, claro que não. Elas diriam que você é coisa muito pior”.

“Tem andado informada sobre a minhas conquistas pelo visto, Weasley. Interessada?”.

Ela se vira para mim, está muito vermelha e fala exasperada:

“É claro que não, Malfoy!”.

Ergo as mãos com o pano entre elas em sinal de rendição. Voltamos a limpar.

“Você sabe que essa foi a conversa mais civilizada que já tivemos?”.

Ela diz.

“Como eu disse, mudanças comportamentais”.

Ela ri. Eu gosto daquele som. É melhor do que as constantes exasperações e rosnados. Decido parar um pouco e aproveitar a vista.

Weasley tinha ganhado muitas curvas desde a última vez que eu havia visto-a. Estávamos na primeira semana de aula desde as férias de verão. Nosso sexto ano, mais um ano e estaríamos irremediavelmente separados. Isso era doloroso de se pensar.

“Malfoy! Vá limpar isso, não pretendo ficar aqui até o amanhecer”.

Ela fala indignada esforçando-se para alcançar uma taça que está muito longe. Eu percebo o exato momento que ela perde o equilíbrio e corro até seu corpo em quebra livre. Agarro-a firmemente. Os olhos dela estão fechados e uma careta de medo está formada no rosto dela. Ela abre os olhos lentamente e encara-me. Esquadrinha cada canto do meu rosto. Um longo silêncio segue.

“Você está bem?”.

Minha voz sai mais rouca do que eu pretendia. Muito mais.

“Sim”.

Ela responde fracamente e percebo que ela está sendo afetada pela nossa proximidade também. A respiração dela está tão acelerada quanto a minha e seus olhos estão arregalados.

“Eu vou soltar você, tudo bem?”.

Digo, mas, no fundo, fico imaginando que devia continuar segurando ela e leva-la para um lugar longe de todos.

“Tudo bem”.

Ela diz ainda fracamente.

Solto-a e suas pernas estão um tanto bambas.

“Eu fico com as prateleiras no alto, você fica no chão”.

Digo com firmeza. Pego meus panos e arregaço as mangas da camisa. Voltamos a limpar.

Filch aparece quando terminamos. São quase quatro horas da manhã e Rose está quase dormindo em pé. Ele examina tudo e resmunga, mas libera-nos.

Meus braços e minhas pernas estão doloridos e eu estou a caminho de dormir a qualquer instante. Todavia, Rose parece pior e o susto da queda não a ajudou a ficar mais acordada. Chegamos no patamar em que nos despedimos. Sinto que devo dizer algo, mas não sei o que dizer.

“Obrigada”.

Ela diz fitando-me. Os olhos estão cheios de sinceridade.

“Você sabe que além de um excelente apanhador de pomos, eu ainda sou um excelente apanhador de donzelas em queda livre?”

“Fiquei sabendo”.

Ela sorri, mas boceja.

“Boa noite, Malfoy. Não apanhe muitas donzelas em queda livre da sua torre, se puder”.

Ela sai bocejando mais uma vez. E eu fico parado pensando na frase.

Aquela frase supostamente queria dizer algo mais, como, por exemplo, revelar um traço de ciúme ou algo do tipo? Eu esperava que sim, mas, seja o que for, estava cansado demais para refletir sobre o assunto.


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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam desse capítulo? Comentem!!!



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