Quando o amor se torna uma obsessão também se torna perigoso.

Kruzes

Minha vida com certeza não é o que podemos chama de “conto de fadas”. Na verdade, está mais para um conto de falhas.

Costumava pensava positivo, sabe, sempre fui do tipo de pessoa que buscava vê o lado bom nas pessoas, o tipo de garota que acreditava em almas gêmeas e príncipes encantados.

Patético! Eu sei, mas era no que acreditava, era inocente. Muito inocente. Ou talvez burra mesmo. Pra mim dá no mesmo. Mas um dia você cansa... Cansa de acreditar que dias melhores virão. E a esperança de que toda a dor que sinto irá embora um dia e nunca mais voltará, agora é apenas um distante sonho do passado, impossível de ser alcançado. E a felicidade? Apenas uma mera ilusão.

Em um determinado momento você se cansa de se espelhar em pessoas famosas, que assim como você comeram o pão que o diabo amassou, porém deram a volta por cima e hoje lacram, sambando na cara do recalque.  

Se sente cansado de tentar... E se conforma com a vida. Aceita a realidade de que nunca vai deixar de ser um fracasso e que talvez o único jeito de terminar com tudo isso seja a morte. É, pode parecer fraqueza. É o que muitos irão dizer. Então, se é isso, admito, sou uma fracasada.

Mas é claro, como nada na vida é justo, não é simplesmente fácil ir a alguma ponte qualquer e se jogar de lá de cima, ou, cortar os pulsos e sangrar até a morte. 

Obvio que não é fácil pra mim. Pois por mais que eu queira estar morta todas as manhãs no exato momento em que abro meus olhos e tenho a plena consciência de que terei que levantar e sobreviver a mais um dia infernal. Sei que não conseguirei me matar. Por quê? Eu tenho medo.   É eu sei. Sou uma piada. Nem pra me matar sirvo.

Enfim, príncipes encantados só existem em desenhos infantis assim como os finais “felizes para sempre”.

Na vida real tudo é muito diferente...

Existe crueldade. Muita crueldade. E uma coisinha chamada loucura que no fundo todos possuímos um pouco.

E os monstros são muito mais reais do que os pais teimavam em dizer que não.

Eu conheci vários monstros.

Tinha até um dentro da minha cabeça. Mas nenhum deles sequer pode ser comparado a ele.

Ele é o próprio demônio encarnado sob uma máscara de anjo. Minhas lágrimas nunca o comoveram. Meus gritos soam como música aos seus ouvidos. Meu desespero o diverte.

Minha dor parece lhe dar prazer.

 O inferno que ele faz da vida é como seu mais perfeito paraíso. Seu paraíso particular.

Eu o odeio! E tenho meus motivos. É natural odiá-lo. Mas ele não. Seu ódio não tem explicação. Por que ele me odeia?

A única coisa que fiz foi lhe sorrir que nem uma idiota de doze anos tentando fazer um amigo. E então me tornei seu alvo.  

Porque um garoto como ele, popular, bonito, que tem tudo o que quer, perderia seu tempo comigo? Torturando uma garota simples e fracassada como eu?

Bem, talvez seja esse o motivo. Sou uma piada ambulante. Uma esquisitona. Já ele é totalmente o oposto. Fim. Esse deve ser o motivo mais ridículo, mas deve ser esse. É o que penso e confirmo com suas atitudes cruéis.

Mas então, descobri a razão de todo esse ódio, da maneira mais assustadora possível. E soube naquele momento que minha vida ia mudar a partir daquele dia e não seria para melhor. E descobriria que toda aquela merda de conto de falhas da minha vida se tornaria ainda pior. E infelizmente eu não estava enganada.

Ele conseguiu com seu jeito, seus atos e suas atitudes derrubar todas as minhas barreiras e destruir o resto de sanidade que ainda restava em mim...

6 meses antes...